“Now, in order to answer the question, ‘Where do we go from here?’, we must first honestly recognize where we are now” (Martin Luther King Jr., 1967)

black_gestapo

Não é racismo se insurgir contra branco, diz ministra
Denize Bacoccina, de Brasí­lia

A ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Polí­tica da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), diz que considera natural a discriminação dos negros contra os brancos.

Em entrevista í  BBC Brasil para lembrar os 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, tido como o ponto de partida para o fim da escravidão em todo o mundo, ela disse que “não é racismo quando um negro se insurge contra um branco”.

black_panther_coloring-book

“A reação de um negro de não querer conviver com um branco, eu acho uma reação natural. Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”, afirmou.

Ribeiro disse que ainda vai demorar até que as polí­ticas públicas implantadas nos últimos anos comecem a dar resultados concretos e diminuam a diferença econômica e social entre as populações branca e negra do paí­s.

“Ainda temos muito o que fazer”, afirma, enumerando ações que já começaram, como na área de educação e saúde.

Ela diz que, embora a abolição da escravatura tenha chegado atrasada ao Brasil, hoje o paí­s tem uma das legislações mais avançadas do mundo em relação a direitos iguais, mas ainda falta uma mudança de postura da sociedade.

BBC Brasil – De acordo com as estatí­sticas, a proporção de negros abaixo da linha da pobreza na população brasileira é de 50%, enquanto entre os brancos é de 25%. Quando isso vai começar a mudar?

Matilde Ribeiro – As ações neste momento ainda são na ordem da estruturação das polí­ticas. Por exemplo, no Ministério da Saúde estamos incluindo o quesito cor nos formulários. Precisamos ter referência do que adoece e morre a população brasileira, para poder ter programas especí­ficos.

BBC Brasil – A secretaria já tem quatro anos, o que se pode perceber de resultado prático neste perí­odo?

Matilde Ribeiro – Na educação, uma lei de 2003 obriga o ensino da história e cultura afro-brasileiras para as crianças, desde o iní­cio. O processo de implementação está em curso. É muito difí­cil ter números, resultados concretos. Mas já tem alguns resultados. Por exemplo, o (programa) Prouni, de bolsas de estudos para alunos carentes de escolas, já concedeu em menos de três anos mais de 200 mil bolsas no Brasil, dos quais 63 mil negros e 3 mil indí­genas.


black_pharaoh

BBC Brasil – E em quanto tempo a senhora acha que poderemos ter uma situação de igualdade, onde as pessoas sejam julgadas pelo mérito, independentemente da raça?

Matilde Ribeiro – O Brasil tem 507 anos. Há quase 120 anos, em 1888, foi assinado um decreto como este que o presidente assinou dizendo que não havia mais escravidão no Brasil. Só que não houve uma seqüência. Hoje, o fato de os negros e os indí­genas serem os mais pobres entre os pobres é resultado de um descaso histórico. Então fica muito difí­cil hoje afirmar quanto tempo.

BBC Brasil – Como o Brasil se coloca no contexto internacional? O Brasil gosta de pensar que não tem discriminação e gosta de se citar como exemplo de integração. É assim que a senhora vê a situação?

Matilde Ribeiro – É o seguinte: chegaram os europeus numa terra de í­ndios, aí­ chegaram os africanos que não escolheram estar aqui, foram capturados e chegaram aqui como coisa. Os indí­genas e os negros não eram os donos das armas, não eram os donos das leis, não eram os donos dos bens de consumo. A forma que eles encontraram para sobreviver não foi pelo conflito explí­cito. No Brasil, o racismo não se dá por lei, como foi na ífrica do Sul. Isso nos levou a uma mistura. Aparentemente todos podem usufruir de tudo, mas na prática há lugares onde os negros não vão. Há um debate se aqui a questão é racial ou social. Eu diria que é as duas coisas.

BBC Brasil – E no Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?

Matilde Ribeiro – Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, polí­tica ou numérica coí­be ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.

BBC Brasil – Neste mês, a Grã-Bretanha comemora os 200 anos da proibição do comércio de escravos, coisa que no Brasil só aconteceu muito tempo depois. O Brasil ainda continua atrasado nesta área?

Matilde Ribeiro – Não, nós temos acompanhado os fóruns internacionais. O Brasil é um dos paí­ses mais progressistas neste aspecto de legislação e de ação efetiva. A legislação no Brasil é extremamente avançada. Não é pela via legal que o racismo acontece. O que falta é mudança de postura das pessoas. Não adianta só o governo fazer. Muito já foi feito, mas como você disse no iní­cio: alterou os í­ndices? Ainda não, portanto temos muito a fazer.

martin_luther_king

).conSertoupGraDesencontro.(

Valores

* colaboração
* descentralização
* diversidade
* liberdade

Princí­pios

(artifí­cios intelectuais para caminhar dos valores í s práticas)

* agilidade e invisibilidade sem crise;
* autonomia de ação;
* ausência de ní­veis hierárquicos de decisão;
* ausência de centro determinado de atuação e produção;
* comunicação multidirecional, veloz e ampliada por ferramentas digitais;
* desobediência civil como re-existência;
* explorar estados alterados de consciência;
* ênfase em processos abertos, documentados e visí­veis publicamente;
* humanização das relações entre pessoas;
* multifoco;
* otimização de recursos;
* respeito, confiança e benefí­cio mútuo;
* redundância positiva;
* rotatividade de funções e atribuições;
* tomada de decisão por consenso;
* valorização e respeito aos processos subjetivos;
* ‘dar tempo ao tempo’

Atores

* o abacaxi
* conselho deliberativo
* conselho consultivo

Processos

Ação interna

* institucional;
* burocrática;
* comunicação;
* documentação (banco de dados com how-to);
* planejamento;
* captação de recursos;
* desenvolvimento e finalização de projetos;
* remuneração;
* produção (quem vai varrer a casinha?);

Ação interconexões

* relacionamento com gringos
* relacionamento com mov. sociais
* relacionamento interno
* relacionamento com .gov
* descobertas


Ação publicação e difusão

* Periódicos
o cadernos submidiáticos
o pub
o distribuição web
o print on demand

* Edições
o traduções
o coleções BR
o livros BR
o distribuição web
o print on demand
o distribuição parcerias

* Selo
o álbuns completos
o coleções
o programas de rádio
o transmissão
o distribuição

Ação metodologia e projetos:

* captação
* execução
* formato de projeto
* manutenção do banco de projetos
* banco de dados de metodologias de oficina

Ação plataforma tecnológica:

* planejamento
* desenvolvimento
* uso

Ação polí­tica:

* ação direta
* crí­tica teórica
* polí­ticas públicas
* prática radical

Ação arte, pesquisa e exploração:

Exemplo de Caso: desencontro + upgrade

1.surge um edital emergência

2.discussão pública

3.pequeno grupo focado reage com agilidade

4.tempo (espera)

5.ganha edital

6.convite pra concretizar

7.decisão

ruido/mm/interluxartelivre/conserto

ruidointerlux

treinamento: s. m.,
acto ou efeito de treinar.

treinar:

do Fr. traí®ner

v. tr.,
exercitar para competições desportivas;
acostumar a ave de altanaria í  treina;
fig.,
adestrar;
acostumar;
v. refl.,
exercitar-se;
fazer exercí­cio fí­sico;
praticar determinado exercí­cio para se tornar ágil.

Conjugação do verbo
treinar

Presente do Indicativo
Pretérito Perfeito do
Indicativo
Pretérito Imperfeito do
Indicativo

treino

treinas

treina

treinamos

treinais

treinam



treinei

treinaste

treinou

treinámos

treinastes

treinaram


treinava

treinavas

treinava

treinávamos

treináveis

treinavam


Pretérito
Mais-que-Perfeito do Indicativo
Futuro do Indicativo

Condicional

treinara

treinaras

treinara

treináramos

treináreis

treinaram


treinarei

treinarás

treinará

treinaremos

treinareis

treinarão



treinaria

treinarias

treinaria

treinarí­amos

treinarí­eis

treinariam

Presente do Conjuntivo
Imperfeito do Conjuntivo

Futuro do Conjuntivo

treine

treines

treine

treinemos

treineis

treinem


treinasse

treinasses

treinasse

treinássemos

treinásseis

treinassem



treinar

treinares

treinar

treinarmos

treinardes

treinarem

Infinitivo pessoal
Imperativo

Gerúndio

treinar

treinares

treinar

treinarmos

treinardes

treinarem


treina

treine

treinemos

treinai

treinem



treinando


Particí­pio Passado
 

 

treinado


 
 

Inutensílio

foto por elefante

Inutensí­lio – Paulo Leminski

A ditadura da utilidade
A burguesia criou um universo onde todo gesto tem que ser útil. Tudo tem que ter um para quê, desde que os mercadores, com a Revolução Mercantil, Francesa e Industrial, substituí­ram no poder aquela nobreza cultivadora de inúteis heráldicas, pompas não rentábeis e ostentosas cerimônias intransitivas. Parecia coisa de í­ndio. Ou de negro. O pragmatismo de empresários, vendedores e compradores, mete preço em cima de tudo. Porque tudo tem que dar lucro. Há trezentos anos, pelo menos, a ditadura da utilidade é unha e carne com o lucrocentrismo de toda essa nossa civilização. E o princí­pio da utilidade corrompe todos os setores da vida, nos fazendo crer que a própria vida tem que dar lucro. Vida é o dom dos deuses, para ser saboreada intensamente até que a Bomba de Nêutrons ou o vazamento da usina nuclear nos separe deste pedaço de carne pulsante, único bem de que temos certeza.

Além da utilidade
O amor. A amizade. O conví­vio. O júbilo do gol. A festa. A embriaguez. A poesia. A rebeldia. Os estados de graça. A possessão diabólica. A plenitude da carne. O orgasmo. Estas coisas não precisam de justificação nem de justificativas.
Todos sabemos que elas são a própria finalidade da vida. As únicas coisas grandes e boas, que pode nos dar esta passagem pela crosta deste terceiro planeta depois do Sol (alguém conhece coisa além- Cartas í  redação). Fazemos as coisas úteis para ter acesso a estes dons absolutos e finais. A luta do trabalhador por melhores condições de vida é, no fundo, luta pelo acesso a estes bens, brilhando além dos horizontes estreitos do útil, do prático e do lucro.
Coisas inúteis (ou “in-úteis”) são a própria finalidade da vida.
Vivemos num mundo contra a vida. A verdadeira vida. Que é feita de júbilo, liberdade e fulgor animal.
Cem mil anos-luz além da utilidade, que a mí­stica imigrante do trabalho cultiva em nós, flores perversas no jardim do diabo, nome que damos a todas as forças que nos afastam da nossa felicidade, enquanto eu ou enquanto tribo.
A poesia é u principio do prazer no uso da linguagem. E os poderes deste mundo não suportam o prazer. A sociedade industrial, centrada no trabalho servo-mecânico, dos USA í  URSS, compra, por salário, o potencial erótico das pessoas em troca de performances produtivas, numericamente calculáveis.
A função da poesia é a função do prazer na vida humana.
Quem quer que a poesia sirva para alguma coisa não ama a poesia. Ama outra coisa. Afinal, a arte só tem alcance prático em suas manifestações inferiores, na diluição da informação original. Os que exigem conteúdos querem que a poesia produza um lucro ideológico.
O lucro da poesia, quando verdadeira, é o surgimento de novos objetos no mundo. Objetos que signifiquem a capacidade da gente de produzir mundos novos. Uma capacidade in-útil. Além da utilidade.
Existe uma polí­tica na poesia que não se confunde com a polí­tica que vai na cabeça dos polí­ticos. Uma polí­tica mais complexa, mais rarefeita, uma luz polí­tica ultra-violeta ou infra-vermelha. Uma polí­tica profunda, que é crí­tica da própria polí­tica, enquanto modo limitado de ver a vida.

O indispensável in-útil
As pessoas sem imaginação estão sempre querendo que a arte sirva para alguma coisa. Servir. Prestar. O serviço militar. Dar lucro. Não enxergam que a arte (a poesia é arte) é a única chance que o homem tem de vivenciar a experiência de um mundo da liberdade, além da necessidade. As utopias, afinal de contas, são, sobretudo, obras de arte. E obras de arte são rebeldias.
A rebeldia é um bem absoluto. Sua manifestação na linguagem chamamos poesia, inestimável inutensí­lio.
As várias prosas do cotidiano e do(s) sistema(s) tentam domar a megera.
Mas ela sempre volta a incomodar.
Com o radical incômodo de urna coisa in-útil num mundo onde tudo tem que dar um lucro e ter um por quê.
Pra que por quê?

In ANSEIOS CRIPTICOS, Ed. Criar, Curitiba, PR, 1986, p. 58-60.

NOTA: Este ensaio foi acrescido ao final do ensaio ARTE IN-ÚTIL, ARTE LIVRE? e publicado com pequenas modificações sob o tí­tulo A ARTE E OUTROS INUTENSíLIOS no jornal Folha de S. Paulo, caderno Ilustrada, p. 92, 18/10/1986, e apresentado como primeira aula do curso POESIA 5 LIÇÃ?â?¢ES ministrado por Leminski na Fundação Armando ílvares Penteado, em São Paulo em 20/10/1986.

http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/kamiquase/nindex.htm

Vai ter música ? IV Fórum Brasileiro sobre as Agências Reguladoras

Debatendo o marco legal das agências reguladoras e a regulação econômica no Brasil

“Ergo sum, aliás, Ego sum Renatus Cartesius, cá perdido, aquí­ presente, neste labirinto de enganos deleitáveis – vejo o mar, vejo a baí­a e vejo as naus. Vejo mais. Já lá vão anos III me destaquei de Europa e a gente civil, lá morituro. Isso de “barbarus – non intellegor ulli” – dos exercí­cios de exilio de Ovidio é comigo. Do parque do prí­ncipe, a lentes de luneta, contemplo a considerar o cais, o mar, as nuvens, OS ENIGMAS e OS PRODíGIOS de BRASILIA. “

P. Leminski Catatau – pg1

hino_brasilia.jpg

Hino a Brasí­lia
Versão oficial

Letra: Geir Campos
Música: Neusa Pinho França Almeida

Todo o Brasil vibrou
e nova luz brilhou
quando Brasí­lia fez maior a sua glória
com esperança e fé
era o gigante em pé,
vendo raiar outra alvorada
em sua História

Com Brasí­lia no coração
epopéia a surgir do chão
o candango sorri feliz
sí­mbolo da força de um paí­s!

Capital de um Brasil audaz
bom na luta e melhor na paz
salve o povo que assim te quis
sí­mbolo da força de um paí­s!

Brasí­lia, Capital da Esperança
(Hino mais popular e mais interpretado)

Letra: Capitão Furtado
Música: Simão Neto

Em meio í  terra virgem desbravada
na mais esplendorosa alvorada
feliz como um sorriso de criança
um sonho transformou-se em realidade
surgiu a mais fantástica cidade
“Brasí­lia, capital da esperança”

Desperta o gigante brasileiro
desperta e proclama ao mundo inteiro
num brado de orgulho e confiança:
nasceu a linda Brasí­lia
a “capital da esperança”

A fibra dos heróicos bandeirantes
persiste nos humildes e gigantes
que provam com ardor sua punjança,
nesta obra de arrojo que é Brasí­lia.
Nós temos a oitava maravilha
“Brasí­lia, capital da esperança.”

no secreto semblante da verdade

Desprendido de imagens que se rompem a um capricho dos deuses,

drumo.jpg

te regressas ao que, fora do tempo,

mimosx-0.jpg

é tempo infinito

poema500cruzadosnovosweb.jpg

no secreto semblante da verdade.

moeda.jpg

Poema de Carlos Drummond de Andrade, na cédula de 50 cruzados novos.

POUND CONFOUND VIBRAFONE – MODALISMO/SERIALISMO

logo_conserto.jpg


Paulo Bearzoti Filho lendo o Canto I do “The Cantos” de Ezra Pound. In ConSerto, 24/03/2007, í s 23 horas.

confound fiction and fact

confound fiction and fact

Canto I

And then went down to the ship,
Set keel to breakers, forth on the godly sea, and
We set up mast and sail on tha swart ship,
Bore sheep aboard her, and our bodies also
Heavy with weeping, so winds from sternward
Bore us out onward with bellying canvas,
Circe’s this craft, the trim-coifed goddess.
Then sat we amidships, wind jamming the tiller,
Thus with stretched sail, we went over sea till day’s end.
Sun to his slumber, shadows o’er all the ocean,
Came we then to the bounds of deepest water,
To the Kimmerian lands, and peopled cities
Covered with close-webbed mist, unpierced ever
With glitter of sun-rays
Nor with stars stretched, nor looking back from heaven
Swartest night stretched over wretched men there.
The ocean flowing backward, came we then to the place
Aforesaid by Circe.
Here did they rites, Perimedes and Eurylochus,
And drawing sword from my hip
I dug the ell-square pitkin;
Poured we libations unto each the dead,
First mead and then sweet wine, water mixed with white flour.
Then prayed I many a prayer to the sickly death’s-head;
As set in Ithaca, sterile bulls of the best
For sacrifice, heaping the pyre with goods,
A sheep to Tiresias only, black and a bell-sheep.
Dark blood flowed in the fosse,
Souls out of Erebus, cadaverous dead, of brides
Of youths and at the old who had borne much;
Souls stained with recent tears, girls tender,
Men many, mauled with bronze lance heads,
Battle spoil, bearing yet dreory arms,
These many crowded about me; with shouting,
Pallor upon me, cried to my men for more beasts;
Slaughtered the heards, sheep slain of bronze;
Poured ointment, cried to the gods,
To Pluto the strong, and praised Proserpine;
Unsheathed the narrow sword,
I sat to keep off the impetuous impotent dead,
Till I should hear Tiresias.
But first Elpenor came, our friend Elpenor,
Unburied, cast on the wide earth,
Limbs that we left in the house of Circe,
Unwept, unwrapped in sepulchre, since toils urged other.
Pitiful spirit.And I cried in hurried speech:
“Elpenor, how art thou come to this dark coast?
Cam’st thou afoot, outstripping seamen?”

And he in heavy speech:
“Ill fate and abundant wine. I slept in Circe’s ingle.
Going down the long ladder unguarded,
I fell against the buttress,
Shattered the nape-nerve, the soul sought Avernus.
But thou, O King, I bid remember me, unwept, unburied,
Heap up mine arms, be tomb by sea-bord, and inscribed:
A man of no fortune, and with a name to come.
And set my oar up, that I swung mid fellows.”

And Anticlea came, whom I beat off, and then Tiresias Theban,
Holding his golden wand, knew me, and spoke first:
“A second time? why? man of ill star,
Facing the sunless dead and this joyless region?
Stand from the fosse, leave me my bloody bever
For soothsay.”
And I stepped back,
And he stong with the blood, said then: “Odysseus
Shalt return through spiteful Neptune, over dark seas,
Lose all companions.” And then Anticlea came.
Lie quiet Divus. I mean, that is Andreas Divus,
In officina Wecheli, 1538, out of Homer.
And he sailed, by Sirens and thence outward and away
And unto Circe.
Venerandam,
In the Creatan’s phrase, with the golden crown, Aphrodite,
Cypri munimenta sortita est, mirthful, orichalchi, with golden
Girdles and breast bands, thou with dark eyelids
Bearing the golden bough of Argicida. So that:

Ezra Pound

confucio1.jpg

Confucio

ENVOI (1919)

Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz

Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.

Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.

(tradução de Augusto de Campos)

SAUDAÇÃO

Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famí­lias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.

(tradução de Mário Faustino)

poundcoin.jpg

zhamevul beace

Canto xvi, Pound contra Trotzky:

Y lá dinha uma bolcheviki, y eles dirarum zaro dele:
Veja zó o que o zeu Trotzk veiz, ele veiz
a baz geia de bergôí±a!!
“Ele veiz a baz geia de bergôí±a, ã?
“Ele veiz a baz geia de fergôí±a?
“Um Brest-Litovsk, dá? Bocês no escuuta?
“Ele benzeu a guera.
“As dropa estón lifre do vront ozidentall, dá?
“Y entón eles veio pru vront orientall,
“Quandos dinha lá?
“E os que dinha lá estavum tón geio de rhevoluçón
“Quando os vranzeses endrarum, dá?
“Eles disserum, quê?” Y o cara dize:
“Bocês no escuuta? Eu digo, nos demos um rheffoluçón.”

(tradução de Rodolfo Brandão de Proença Jaruga)

Dey vus a bolcheviki dere, und dey dease him:
Looka vat youah Trotzk is done, e iss
madeh deh zhamefull beace!!
“He iss madeh deh zhamefull beace, iss he?
“He is madeh de zhamevul beace?
“A Brest-Litovsk, yess? Aint yuh herd?
“He vinneh de vore.
“De droobs is released vrom de eastern vront, yess?
“Un venn dey getts to deh vertern vront, iss it
“How many getts dere?
“And dose doat getts dere iss so full off revolutions
“Venn deh vrench is com dhru, yess,
“Dey Say, “Vot?” Un de posch say:
“Aint yeh heard? Say, ve got a rheffolution.”

(Ezra Pound)

( fonte do player retirado de http://www.artesonoro.org/ )

tá falando em prótese na casa de binguela?

imagens: Haroldo Viegas – Cuiabá MT

haroldo.jpg

eu: fala haroldo!
17:50 câmbio
17:52 estamos por aqui o computador vai fica aberto direto
de um oi
17:53 instala o vlc ai pra voce ouvir a gente
tem um link de radio na pagina de conSerto

18:04 eu: alo
ta me vendo aqui?
18:05 caiu meu telefone
ta me enxergando?
18:06 haroldo: não
eu: blz
já estamos no chat
vc tá em casa
?
ou numa lan house
diz ae
caiu a ligação
meu celular tá uma bósta
18:07 haroldo: tô em casa
eu: masssa
você pode ligar na radio que a gente tá transmitindo
vc tem alto falantes ligados no computador?
pra ouvir audio?
ou fone de ouvido?
haroldo: como? tenho
eu: então faz o seguinte
18:08 instala o vlc no teu computador
vou te dizendo como se faz isso
passo a passo
mas antes
diga como tão as coisas
tô com saudades
este chat é legal
é um meio da gente trocar uma ideia com mais frequência
haroldo: as coisas vão indo

18:20 melhor seria tomar uns chopps com vc
eu: com certeza
vai rolar em breve
18:21 haroldo: assim espero

18:32 dá um toque pro andre
vamos logar ele também
e por dentro da máquina
pra ficar de saci na garrafinha
18:33 e conversar com nois
18:34 haroldo: o bicho não tem computador em casa nem telefone fixo
é capaz dele estar certo…
eu: não duvido
mas os filhos dele tem
hehehe
18:35 vamo começar com as crianças primeiro
depois puxamos ele
pra dentro da máquina
na tentativa de salvar os guris
e capaz de dar certo
haroldo: é vero
18:36 o download não acabou ainda: o tal nem tá se mexendo
eu: então faz o seguinte
talvez teu processador não esteja dando conta
das duas operações
fecha tudo
18:37 volta proo link do vlc
e espera baixar
fecha o mozila
etc e tal
haroldo: tá bão

se isto não der certo
degavarinho a gente vai descobrindo as maneiras
outra coisa
neste tipo de chat
18:38 bate papo
fica mais facil
parece mais “humano”
quando vc vai escrevendo
e batendo enter
de frase em frase
parece mais uma conversa
de verdade
porque não perde o fluxo
de estar junto
uma técnica de comunicação
na rede
haroldo: então me dá um cigarro aí­
eu: vc tem telefone?
18:39 hehe
blz
vamos dar um tempo
vou dar uma volta no bosque do papa
e comer um sanduba
e volto daqui uma hora
vou tomar uma cerveja tb
haroldo: inté

haroldo2web1.jpg

afinação – temperamento – 440 ou 442?

Afinação do piano em conSerto por Mauro Carmo da Silva

os videos estão disponiveis na página de conSerto:

fotos por (Simone Bittencourt)

http://conserto.ath.cx/videos/o_afinador/

mauro1web.jpg

viu, não deu certo por isso
uma corda aqui eu não mexi
quer ver como você vai sentir a diferença?
agora bata lá outra vez
pode bate ó
essa deu certo
a outra tava baixa
aqui você sente a onda
a outra tava baixa
essa deu
e ela tava assim
por isso que não ia dar essa aqui. ó, bata mais uma vez
agora tem que erguer isso aqui ó
essa diferença aqui ó, quer ver?
vamos ter que mexer inteira
tudinho
agora vai parar
440 ó

chaves.jpg

The “Just Scale” (sometimes referred to as “harmonic tuning” or “Helmholtz’s scale”) occurs naturally as a result of the overtone series for simple systems such as vibrating strings or air columns. All the notes in the scale are related by rational numbers. Unfortunately, with Just tuning, the tuning depends on the scale you are using – the tuning for C Major is not the same as for D Major, for example. Just tuning is often used by ensembles (such as for choral or orchestra works) as the players match pitch with each other “by ear.”

The “Just Scale” (sometimes referred to as “harmonic tuning” or “Helmholtz’s scale”) occurs naturally as a result of the overtone series for simple systems such as vibrating strings or air columns. All the notes in the scale are related by rational numbers. Unfortunately, with Just tuning, the tuning depends on the scale you are using – the tuning for C Major is not the same as for D Major, for example. Just tuning is often used by ensembles (such as for choral or orchestra works) as the players match pitch with each other “by ear.”

The “equal tempered scale” was developed for keyboard instruments, such as the piano, so that they could be played equally well (or badly) in any key. It is a compromise tuning scheme. The equal tempered system uses a constant frequency multiple between the notes of the chromatic scale. Hence, playing in any key sounds equally good (or bad, depending on your point of view).

There are other temperaments which have been put forth over the years, such as the Pythagorean scale, the Mean-tone scale, and the Werckmeister scale. For more information on these you might consult “The Physics of Sound,” by R. E. Berg and D. G. Stork (Prentice Hall, NJ, 1995).

The table below shows the frequency ratios for notes tuned in the Just and Equal temperament scales. For the equal temperament scale, the frequency of each note in the chromatic scale is related to the frequency of the notes next to it by a factor of the twelfth root of 2 (1.0594630944….). For the Just scale, the notes are related to the fundamental by rational numbers and the semitones are not equally spaced. The most pleasing sounds to the ear are usually combinations of notes related by ratios of small integers, such as the fifth (3/2) or third (5/4). The Just scale is constructed based on the octave and an attempt to have as many of these “nice” intervals as possible. In contrast, one can create scales in other ways, such as a scale based on the fifth only.

Interval Ratio to Fundamental
Just Scale Ratio to Fundamental
Equal Temperament
Unison 1.0000 1.0000
Minor Second 25/24 = 1.0417 1.05946
Major Second 9/8 = 1.1250 1.12246
Minor Third 6/5 = 1.2000 1.18921
Major Third 5/4 = 1.2500 1.25992
Fourth 4/3 = 1.3333 1.33483
Diminished Fifth 45/32 = 1.4063 1.41421
Fifth 3/2 = 1.5000 1.49831
Minor Sixth 8/5 = 1.6000 1.58740
Major Sixth 5/3 = 1.6667 1.68179
Minor Seventh 9/5 = 1.8000 1.78180
Major Seventh 15/8 = 1.8750 1.88775
Octave 2.0000 2.0000

You will note that the most “pleasing” musical intervals above are those which have a frequency ratio of relatively small integers. Some authors have slightly different ratios for some of these intervals, and the Just scale actually defines more notes than we usually use. For example, the “augmented fourth” and “diminished fifth,” which are assumed to be the same in the table, are actually not the same.

The set of 12 notes above (plus all notes related by octaves) form the chromatic scale. The Pentatonic (5-note) scales are formed using a subset of five of these notes. The common western scales include seven of these notes, and Chords are formed using combinations of these notes.

As an example, the chart below shows the frequencies of the notes (in Hz) for C Major, starting on middle C (C4), for just and equal temperament. For the purposes of this chart, it is assumed that C4 = 261.63 Hz is used for both (this gives A4 = 440 Hz for the equal tempered scale).

Note
Just Scale Equal
Temperament Difference
C4 261.63 261.63 0
C4# 272.54 277.18 +4.64
D4 294.33 293.66 -0.67
E4b 313.96 311.13 -2.84
E4 327.03 329.63 +2.60
F4 348.83 349.23 +0.40
F4# 367.92 369.99 +2.07
G4 392.44 392.00 -0.44
A4b 418.60 415.30 -3.30
A4 436.05 440.00 +3.94
B4b 470.93 466.16 -4.77
B4 490.55 493.88 +3.33
C5 523.25 523.25 0

Since your ear can easily hear a difference of less than 1 Hz for sustained notes, differences of several Hz can be quite significant!

…)UpgradeSalvador<->conSertoCuritiba).(pulso).(…

cavaco

Acontece de 26 a 29 de março em Salvador o encontro “Upgrade!Salvador – des).(encontro”.
A Orquestra Organismo estará representada lá pilhando uma conexão ritual via rede durante o conSerto.

(conheça o PulsoMaestro-clique aqui)
Serão apresentadas produções e propostas já editadas durante o conserto, produzida documentação sobre propostas de intercâmbio no circuito e documentada toda a discussão proposta pelos conselhos do descentro.

Aguarde novo post para confirmação da data (provavelmente quarta 28).

seriecontrato – em conSerto

(Helinho Brandão – sax, Sergio Albach – clarinete, Glerm Soares – microfones, webradio transmissão, oráculos do momento e computador, Richard Rebello – texto ilí­ada, Danilo – vibrafone, Ricardo Mardock – contrabaixo, Octavio Camargo- piano e oráculos do momento, e Gabriel Schwartz – flauta)

Estatuto descentro -> versão 1.0

Pragramação Upgrade (em midiatatica.org e descentro):

#

As atuais pesquisas em desenvolvimento pelo grupo: Duas pesquisas norteiam o trabalho do Descentro neste ano: uma pesquisa em que apresenta o contexto brasileiro de produção de mí­dia, com uma interface web interativa; e a outra, uma metapesquisa, que busca entender como é o funcionamento das redes brasileiras de comunicação e cultura. Durante este painel, todxs serão encorajados a tomar parte nas pesquisas debatendo sobre seu atual estágio e buscando a sua finalização.
#

Apresentação e desenvolvimento da plataforma web de trabalho compartilhado em pesquisa: pub.descentro.org. Tal ferramenta é construí­da baseada no software livre Drupal, e pretende, com uma série de funcionalidades, ser o arquivo das atividades e pesquisas desenvolvidas por vários grupos que compõe a rede.
#

Debate sobre os atuais quadros da Cultura Digital, Mí­dia Tática e apropriação tecno-cientí­fica no paí­s, os programas de Inclusão Digital governamentais, ou não, assim como o futuro de tais iniciativas.
#

Preparação de documento sobre as metas alcançadas durante o festival e debate com o público sobre as impressões gerais e conclusões dos debates e pesquisas.

adeus robinson – em conSerto

(Helinho Brandão – sax, Sergio Albach – clarinete, Glerm Soares – microfones, webradio transmissão e computador, Richard Rebello – texto ilí­ada, Danilo – vibrafone, Ricardo Mardock – contrabaixo, Octavio Camargo- piano e Gabriel Schwartz – flauta)

kernel_room.jpg

).(

mapas e matrizes – as 12 transposições de P zero

serieoriginalweb21.jpg

Brazil (reserach)

* Protest in São Paulo
* Hrvatska (research)
* Conjugate deterritorialized flows
* ââ?¬Ë?ConSertoââ?¬â?¢
* Upgrade!Salvador

Novaes

* creative commons sucks
* arquitetura esquizofônica
* a perfeição de 7
* ano novo, vida prosa
* cajueiro brasileiro

boletim midiatatica.org

* Jornal Oriente Médio Vivo – Edição 48
* Potlatch Digital
* Em defesa dos indí­genas, quilombolas e camponeses no Espí­rito Santo !
* de pajeh respondendo a miguel na lista submidialogia
* Aniversario Chico Science

OrquestraOrganismo

* “¦)UpgradeSalvadorconSertoCuritiba).(pulso).(“¦
* mapas e matrizes – as 12 transposições de P zero
* A Condição Humana
* Retiro
* toque mais uma sam”¦..

mimoSa

* mimoSa soteropolitana
* Mimosa en el Hackirulo
* mimoSa – medusa

waag sarai exchange platform

* internet here (fast and cheaper)
* The Battle of Sarai
* Mike Davis: Fear and Money in Dubai
* casino royale
* Kafka and the Delirium of Intellectual Property

subradio

* Nemboaty Guasu Guarani: fronteiras e territórios
* ?paí­s do futuro ou futureless country
* ciência em ação
* caaaa

Links DesCentro

* . .. g o h a n . .
* Leonardo On-Line: Brazilian Electronic Art
* Processpatching
* Version>07 Call For Participation
* NAi Publishers: Organized Networks

sabotagem

* Micro-Destilaria de alcool-combustí­vel 100litros/Dia (construindo e operando)
* Urgência das Ruas – Ludd, Ned
* O Caso Unabomber
* Militante Partidário: reconheça, sua polí­tica é um Saco!
* Hacktivistas: Os agitadores da rede (2002)

CMI

* Polí­cia do Paraná despeja e fere sem-terra em Diamante do Oeste
* Manifestação no Rio contra aumento das passagens nos ônibus
* II Encontro Rainbow no Brasil entra na fase de limpeza
* Trabalhadores/as da Urbs organizam protesto contra as demissões nesta quinta-feira
* Superando dificuldades, nasce a ocupação João Cândido

RadioLivre.org

* Semana de Lançamento do Laboratório de Conhecimentos Livres – Rádio Várzea
* Rádios Inteligentes: uma Revolução se aproximando
* GNU Radio e o hardware genérico
* Gilvam Borges, o “marechal eletrônico” da mí­dia no Amapá
* teste2

ForumPipa

* 9ê Semana de Meio Ambiente :: 9ê SMA – Logomarca do evento
* Informes para a comunidade :: RE: Revisão do Plano Diretor de Tibau do Sul
* Cursos, palestras, reuniôes :: Reunião ordinária do NEP – Quarta 28 de março de 2007
* Praia Limpa – Praia Linda :: Compromisso da Prefeitura a recolher os resí­duos
* Praia Limpa – Praia Linda :: Projeto para a implantação de vinte pontos de coleta de lixo

Wizards of OS

* Jetzt online: die Show des Freien Wissens
* Business ohne Copyright
* WOS4 Remixed by Visual Berlin
* Flo Fleissig Video Interviews at WOS4
* closing report on WOS4

virgula imagem

* Ví­deos do GIA – Grupo de Interferência Ambiental
* Querem tirar o Poro da Wikipédia, o que vc acha?
* Buscando livros em diversos sebos do Brasil
* Sites para baixar música brasileira
* x

Interactivst Info Exchange

* Paul Gipe, “Impeach, Arrest and Imprison Bush”
* Robert Dreyfuss. “Neocons Rise From Mideast Ashes”
* David Hirsh, “Two Wars”
* John Chuckman, “When Terror Is Just Fine”
* ABC No Rio Celebration, New York City, July 21, 2006

We make money not art

* Links for 2007-03-23 [del.icio.us]
* DIY of the day
* Designing Critical Design – Part 2: Marti Guixé and Dunne & Raby
* Pay phone murder mystery
* Links for 2007-03-22 [del.icio.us]

MAzine

* Audio Experiments
* happy slip
* Looking Back, Looking Forward Tim Berners-Lee
* Jean Baudrillard dies – All of our values are simulated
* Watercouleur Park

Mute Magazine

* BROWN SIERRA & MUSIC FOR UNKNOWN MATERIAL CONTINUITY AND PLAYBACK DEVICES
* xxxxx workshop_x_8_x Berlin
* Mediamatic Hybrid World Lab workshop
* State of Denial
* id card

A Condição Humana

know_how.jpeg

” (…) O problema tem a ver com o fato de que as “verdades” da moderna visão cientí­fica do mundo, embora possam ser demonstradas em fórmulas maetmáticas e comprovadas pela tecnologia, já não se prestam í  expressão normal da fala e do raciocí­nio. Quem quer que procure falar conceitual e coerentemente dessas “verdades”, emitirá frases em que serão “talvez não tão desprovidas de significado como um “cí­rculo triangular”, mas muito mais absurdas que “um leão alado” (Erwin Schrí¶dinger). Ainda não sabemos se esta situação é definitiva; mas pode vir a suceder que nós, criaturas humanas que nos pusemos a agir como habitantes do universo, jamais cheguemos a compreender, isto é, a pensar e a falar sobre aquilo que, no entanto, somos capazes de fazer. Nete caso, seria como se nosso cérebro, condição material e fí­sica do pensamento, não pudesse acompanhar o que fazemos, de modo que, de agora em diante, necessitarí­amos realmente de máquinas que pensassem e falassem por nós. Se realmente for comprovado esse divórcio definitivo entre o conhecimento (no sentido moderno de know how) e o pensamento, então passaremos, sem dúvida, í  condição de escravos indefesos, não tanto de nossas máquinas quanto de nosso know-how, criaturas desprovidas de raciocí­nio, í  mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possí­vel, por mais mortí­fera que seja”.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. p.11

Retiro

hospicio

Logo naqueles primeiros dias do ano eu entrava em depressão profunda. Um psiquiatra tratou-me até meados de fevereiro, quando determinou que me internasse no Hospital Psiquiátrico Bom Retiro; já que continuava e se aprofundava a depressão agravada agora pela inclinação ao suicí­dio.
Lá chegado, em acolhedores sorrisos os plantonistas meteram-me na Ala Greca daquele Hospital. Minha namorada temia por mim, insistia que bastava que receitassem remédios, ela me vigiaria em casa mesmo. Mas, os afáveis plantonistas peroravam: “fica tranqüila moça, nesta ala é só particular ou plano de saúde, não atende pelo SUS, fica tranqüila moça”. Entrei.
As instalações prometiam. Corredores largos revestidos do piso ao teto com pastilhas de boa qualidade. Quartos, mesmo que um pouco tristes, mas, com apenas duas camas individuais em cada um, um banheiro para cada dois quartos et cetera.

O truque lá era dificultar a Alta:

A alta só era fácil quando quem tivesse internado o doente a pedisse. Porém, invariavelmente, esses eram persuadidos a prolongar o internamento. Habilmente falam-lhe da “gravidade” do caso, das melhoras já alcançadas etc. O motivo do engodo era o alto lucro que o hospital obtinha por cada dia de internação.

Assim que entrei recebi um crachá. Destacava-se nele um número “1”. Para obter alta precisaria alcançar o “5”.
A classificação “2” foi fácil conseguir, contudo, para merecê-la, tive de comprometer-me a limpar o chão do refeitório. Deprimido que estava, aceitava tudo.
A classificação “3” obtive pela boa conduta (não há deprimido que não seja dócil e – eu ardia já pela alta). Porém, aí­ as tarefas se multiplicaram: obriguei-me a limpar o refeitório em 3 das 4 refeições (péssimas) servidas e varrer um pátio. Tive ainda de cuidar, em horários alternados com os demais colegas de “3”, da portaria interna que dá para aquele pátio.
Eu então era “guarda” de pacientes que não haviam alcançado o “3”, e que, portanto, deveriam ficar confinados ao corredor. Ser hierarquicamente superior a pacientes com comprometimento psiquiátrico me gelava. A tal Ala Greca deveria atender apenas deprimidos ou eufóricos, mas, efetivamente havia de tudo lá.
Observei que quem alcançava o ní­vel “4” ficava tão atarefado que raro era vê-lo parado ou andando. Geralmente estava correndo, azafamado por dar cabo das tarefas exigidas. Sabiam que para sair daquele inferno era esta a única maneira. Qualquer vacilo e algum funcionário o rebaixaria o número.

O castigo fí­sico como mantenedor da ordem

Caso um médico, uma psicóloga, uma enfermeira ou uma servente viesse a sentir-se ofendid(o)a com qualquer palavra ou ato do paciente, poderia tocar uma campainha e, ato-contí­nuo, vinham oito pessoas que formavam um grupo eufemisticamente denominado: “grupo de ajuda” e faziam o que eles chamavam de “contenção”.
A contenção consistia em amarrar o paciente í  cama, de maneira que ele não pudesse fazer nenhum, nenhum movimento com o dorso ou membros. Mal comparando, seria o equivalente a uma camisa-de-força associada a uma “calça-de-força” e ambas rijamente atadas í  cama. Isto feito, eles o largavam lá, de castigo, por até seis horas ininterruptas (o mí­nimo eram duas horas). Soube mais tarde que no SUS os pobres diabos ficavam por até 24 horas “contidos”.
Ora, se algum interno entrasse em surto e ameaçasse a própria integridade fí­sica e/ou a dos demais em volta dele, este procedimento seria aceitável, necessário até. Mas, ao contrário, só o via sendo aplicado como castigo moral. Geralmente causado por algum palavrão que eventualmente havia escapado dentre os dentes de um infeliz que não percebeu atrás de si uma auxiliar de enfermagem, uma faxineira ou quaisquer que as valham.

Era chegada a minha vez

A minha contenção se deu por outro motivo. Haví­amos sido levados a uma sala onde uma psicóloga nos aplicaria a “terapia ocupacional”.
Quando percebi que a “terapia ocupacional” consistia-se em colorirmos uma figura que nos era fornecia desenhada, julguei-a excessivamente pueril. Resolvi virar a página e escrever um poema no verso do tal desenho.
Como naqueles últimos dias eu havia visto colegas “contidos”, escrevi um soneto, onde lamentava este tipo de procedimento. Achei que assim, com fumos de arte, poderia criticar a instituição.
O pus num mural destinado aos internos, onde só constavam alguns lugares-comuns de cunho evangélico. Aí­ me empolguei, e, uma vez no quarto, escrevi outro texto no qual fazia reclamações dos trabalhos aos quais éramos sujeitos. Li este último em voz alta na refeição seguinte, como que concitando os colegas de martí­rio a reagir ou, pelo menos, refletir: pagaria caro por tanta ingenuidade.

Por acaso, não havia muito, eu havia ficado impressionado, nauseado mesmo, ao ler em O Tempo e o Vento de Érico Verí­ssimo, essa forte passagem:

“… há muitos, muitos anos um Caré roubou um cavalo dum Amaral. Para castigar o ladrão o estancieiro mandou seus peões costurarem o pobre homem dentro dum couro de vaca molhado e deixarem-no depois sob o olho do sol. O couro secou, encolheu e o Caré morreu asfixiado e esmagado.”

Mal sabia que passaria por “quase” isso:

Oito trogloditas me amarraram í  cama, entretanto, o fizeram com uma tensão absurdamente acima da usual. Ou por ver em mim um perigo, ou por estarem estressados com o fato de que eu não me calasse durante a operação, a exigir uma explicação para o que estava acontecendo, ou ainda porque a psicóloga fazia sinais com a mão direita “como quem estivesse a parafusar o ar com uma chave de fenda fictí­cia” instigando-os.
Lá fiquei por três horas amarrado, tendo severamente limitada í  respiração. Meu peito e meu diafragma estavam inteiramente comprimidos. A única respiração possí­vel era aquela curta e rápida, como a de um cachorro em dia de verão.
Lastimava o Caré do Verí­ssimo. Pensava nas histórias de “enterrados vivos” que ouvira na infância… Fui internado para que não me suicidasse e estava agora sendo exterminado lenta e perversamente?
Repercutiam-me as gargalhadas dos trogloditas que me amarraram: imagens fantásticas se me afiguravam e explodiam coloridas no ar, ouvia os gritos baldios do Caré, podendo jurar que ele jamais havia roubado cavalo algum, quanto mais daquele canalha do Velho Amaral. Via-me já num esquife.
Depois, voltando um pouco í  razão pesava: na última hora estes crápulas me salvam. Não vão querer enfrentar a polí­cia e a imprensa por minha causa.
Quando estava amarrado havia 15 minutos aproximadamente, veio uma enfermeira e sem proferir palavra tascou-me duas injeções na parte anterior da coxa direita, meio que por cima das ataduras. Negou-se a dizer do que se tratava. Talvez fosse apenas de “efeito moral” para causar a dor de tomar duas injeções praticamente no osso da coxa. Se fosse calmante eu deveria sentir o efeito, mas não senti.
Depois de mais de uma hora entrou no meu quarto um paciente, o amigo Jair. Arregalou os já grandes olhos azuis e (como se isso fosse possí­vel) gritou sussurrando: “Cara, … tá loco!? Cê tá roxo pra caralho…”. Por sorte minha, ele – mesmo arriscando o “4” que tinha no peito – ousou mexer nas ataduras e diminuir quanto pudesse a pressão. Pouco me valeu tanta coragem. Continuava muito, muito comprimido e ofegante.
Até hoje, quando me vem a imagem daquela psicóloga que me ordenou a contenção, um instinto primitivo emerge de não sei onde. O primeiro texto que escrevi ao voltar pra casa era impublicável, era mesmo mais um vômito que um texto. Decidi deixar passar o tempo para que amainasse o espí­rito.
Estava naquela condição e nenhum enfermeiro, muito menos um médico ou psicóloga me aparecia. Porém, não deslembraram de reduzir o “3” que eu havia alcançado para “1”.
Logo que fui desmaneado, sem sequer levantar os olhos a quem me dirigia a palavra eu ia obedecendo, cega e covardemente, aterrorizado pela hipótese de ser “contido” novamente.
Ainda neste dia, ao final da tarde, minha namorada promoveu a “alta a pedido”, sob os argumentos e ameaças do costume.

Neste mesmo dia houve uma fuga (o Thiago). Enquanto outro paciente (o Casa-Grande) com celular emprestado tentava alta através do 190 da polí­cia, pobre infeliz.

“nel mezzo del cammin, di nostra vita” Aprendi, sentindo na pele, o óbvio (quase um anexim): se você entra são no hospí­cio: sai louco. Se entra louco: sai com um comprometido psiquiátrico muito maior do que tinha quando entrou. Se você entrar lá por um diagnóstico relativamente comum (depressão) e ficar o perí­odo mí­nimo que eles exigem (trinta dias) vai virar freguês, et factum est.
Fiquei com a impressão de que os hospitais psiquiátricos, absolutamente, não servem para e nem buscam curar. Servem para “proteger a sociedade” dos depressivos ou maní­acos ou esquizofrênicos; mantendo-os presos. Os pacientes lá mais que receber um tratamento cumprem uma pena.

A tal Psicóloga, no dia seguinte, na “terapia de grupo” me pediu para retirar os textos que pus no mural. Os tirei. Mas, mesmo assim, uma hora depois começara o meu martí­rio.

Sálvio Nienkí¶tter

toque mais uma sam…..

isso.

toque mais uma sam.

estou aqui, parado, com a boca escancarada, cheia de dentes, de saco cheio e vc não toca?

onde estão as mulheres? como assim, música contemporanea paranaense sem mulheres?

ei, vc, vem aqui! tá faltando mulher na fotografia!

não posso ir não moço… tô aqui trabalhando!

ahm…. então tá… então corta e comecemos de novo!

e o loop loopa indefinidamente.

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1930

[]motivo-cortejo-sabado-19hs-cavalo-ordem-
homemnu-10pontospraler-peçasmuitaspeças-
24.03.2007venha? �¼bberbispos
papapapapai-andante-intencional-
nãochamardealegorias
-ou-fantasmas-
fui-voltei-nem
-me-viu

em música o termo motivo pode ser usado para definir forma, estrutura, que se repete trazendo uma sensação de eterno retorno de um ciclo.

você lê esse “blog”? participa deste “trabalho”

regularmente?

qual o motivo?

favor comentar?

e se a forma acabou, o motivo acabou, pra que lado correr? salvar, salvar-se ,salvar-nos?

compareça em um encontro no largo da ordem, curitiba, no cavalo que bebe(?) água esse sábado ás 19 horas.24 de março.

salve salve em trabalho em salve

bispo_17.jpg
( Arthur Bispo do Rosario
Macumba
Metal, yeso, madera, plástico, cartón. 193 x 75 x 15 cm.)

braços e abraços
entredobrados
a curvatura da galáxia
o centro
o olhar estrelado
em descaso
frida kahlo

macacos
papagaios
milhões de galos
a torção do próprio
braço
olhares que
acalmam
mergulhar
no próprio
abraço
encostar 2d
a sombra do infinito
é branca
é negativo
é dia positivo
a lucidez
que nos mantém
espertos
unidos
ativando
os sentidos
amigos
entretidos
í  vivência do escuro
faróis
e luares
e lembranças
a mais doce esperança
a mudança
de freqüência
e tonalidade
como a música lenta
piano e violão
que encanta
e pausadamente
nos levanta
dos lugares
sombrios
nos erguemos do
chão
nos aproximamos
do cristal
o solo
é o seio do planeta

telúrica idéia
que surge
única
o que nos move
a fibra numinosa
que nos une
luminosa sorte
iremos sempre
duvidar
mas nada vai nos tirar
da idade adulta
e da responsabilidade
de nos cercamos de signos
sóbrios
silvos internos
muito mais sólidos
cantaremos os mesmos
verbos
cultura enteorgânica
cidades paralelas
conexão
nuvem-subsolo

fecha-te
ilumina-te
a luz minha
é a mesma que está na avenida
todos passam nessa vida
os bulbos
e as figas
só fica a energia
côrtes de arroz
poeira
descida
a energia que te liga
não é desta vida
nada
é esta
vida

a energia que te liga
o farol
justiça eterna
tudo
viver
entre lençóis

Guilherme Pilla
in mondo guigui

4 operações – tabuada serial – desenvolvimento 1

seriecontratocor.jpg

A série inicial, decidida por sorteio entre três pessoas, Lucio, Glerm e eu, cada um dizendo uma nota sem muita antecipação determinista, gerou o seguinte algoritmo (dado que este conjunto de notas se realiza temporalmente sempre na mesma sequência) de alturas (pitches): si – fa# – mi – sib – do – fa – do# – sol – re – la – sol# – ré#. Utilizamos o conjunto universo das notas da escala cromática fazendo abstração das diferentes relações entre sustenidos e bemóis, de acordo com o conceito de enarmonia.

Sobre esta abstração projetamos uma primeira escolha pulsional: as estruturas rí­tmicas dos motivos a, b e c. Após esta primeira decisão, e aplicando estes mesmos motivos í s 4 formas primitivas da série ( – Original (P) – Retrógrada (R) – Invertida (I) – Retrógrada Invertida (RI) – ) obtivemos as 4 variações possí­veis para cada fragmento. Esta amostragem se constituiu num primeiro material de improvisação para o grupo de músicos (Helinho Brandão – sax, Sergio Albach – clarinete, Glerm Soares – microfones, rádio transmissão via web e computador, Richard Rebello – texto ilí­ada, Daniel – vibrafone, Ricardo Mardock – contrabaixo, Octavio Camargo- piano, e Gabriel Schwartz – flauta) que gerou a faixa de áudio que pode ser acessada no post abaixo – sériecontrato, em ogg ou mp3.

Esta primeira derivação, como gesto inicial, teve por objetivo demonstrar o tipo de variações que a serie oferece como estrutura fechada. Utilizamos aqui os preceitos da musica dodecafônica como foram expostos por Arnold Schoenberg (Escola de Viena).

O proximo passo que daremos em breve, é o de repensar a série sob sua potencialidade de gerar harmonias. Até aqui fizemos um uso estritamente melódico do material. Aprendendo a engatinhar na roda de Boulez.

O CHGP (Carlos Henrique Gontijo Paulino) já se dispôs a tratar o algoritmo da série como uma estrutura de geração de timbre, e de compartilhar este procedimento com a gente. Isto significa utilizar as relações matemáticas implí­citas nesta sequência de notas, a saber ( 0-7-5-11-1-6-2-8-3-10-9-4 ) sintetizando-as em osciladores. Neste caso os harmonicos e parciais da nota de partida (si), serão geradores de um timbre exclusivo para a composição que compartilhe de sua estrutura algorí­tmica.

Este timbre não estará emulando nenhum instrumento musical existente, mas será uma sonoridade exclusiva do meio no qual foi produzido.

Para colorir a execução destes fragmentos admitimos também a ornamentação anterior, com anacrusas, e o prolongamento rí­tmico em sincopes de cada motivo, a critério do interprete.

ornamento.jpg

quanta

quanta (by Mathieu Struck)
“Quanta”, por Mathieu Struck

WINDOWS MEDIA PLAYER, WINAMP ou VLC? – Considerações sucintas sobre o background técnico, formal e legal da questão (e, mais do que isso, sobre os aspectos ontológicos da pergunta).

A mostra artí­stico-tecnológica ConSerto (19/03/2007 a 01/04/2007, Curitiba, Brasil), protagonizada pela Orquestra Organismo, está, no momento de redação deste ensaio, a todo vapor.

Ainda em seu iní­cio, a mostra já pode se considerar pródiga em ter demonstrado – experimental e empiricamente – o amplo espectro de possibilidades da produção audiovisual em ambientes operacionais complexos arquitetados em software livre e/ou open source.

Um dos experimentos mais eloqüentes do ConSerto é a Rádio Pulso Maestro, uma estação experimental de rádio, transmitida por streaming digital. Toda a cadeia de software necessária para a sua viabilização técnica – do sistema operacional propriamente dito aos programas mais especí­ficos voltados para a transmissão – está construí­da em código aberto/livre, desmistificando conceitos ainda largamente vigentes a respeito da usabilidade de tais ferramentas.

Ao vivo, a rádio tem ofertado uma programação muito consistente, com transmissões musicais de artistas locais e dôoutras bandas, recitações poéticas e literárias (notadamente a leitura de trechos selecionados de O Tempo e o Vento, por Sálvio Nienkí¶tter), entrevistas, rodadas de debate, além do próprio fluxo de ambientação sonora e verbal da instalação. Todo esse conteúdo é disponibilizado ao público sob licenças de livre compartilhamento, das quais se destaca a GFDL.

Dado o caráter intencionalmente experimental da mostra ConSerto – e as questões palpitantes nela veiculadas – muitas dúvidas tem surgido na sua comunidade de experimentadores (artistas e público). A Rádio Pulso Maestro, como um dos mais emblemáticos exemplos de tal interação alquí­mica, não poderia ser a exceção.

O presente ensaio pretende abordar topicamente – e sob perspectivas diversas – algumas dificuldades conceituais sentidas pelos usuários da rádio em questão – e pelo próprio autor.

Primeiramente, deve-se observar que a recepção do sinal de streaming da Rádio Pulso Maestro, exatamente como em outras iniciativas de código aberto, depende de uma postura [cri]ativa do usuário. Longe de disponibilizar um cômodo player de áudio embutido em sua própria página (no qual o usuário apenas apertaria singelamente algumas teclas para receber passivamente o sinal transmitido), a rádio, com certa crudeza, oferta unicamente um espartano hiperlink para a recepção de seu sinal.

Conceitualmente, isso se justifica, pois de acordo com a proposta de ConSerto, cabe ao usuário livremente decidir a melhor forma – dentre diversas disponí­veis – de acessar dita hiperligação e escutar a rádio. Apenas como uma sugestão descompromissada, a página da Rádio Pulso Maestro indica o programa de execução de áudio e ví­deo VLC, desenvolvido pelo projeto Videolan.

Como intencionalmente se previa na concepção de ConSerto, diversos usuários da rádio mostraram-se perplexos e em dúvida. Muitos deles – alguns quase que a arrancar os cabelos – questionaram se não poderiam acessar a rádio mediante, por exemplo, o programa Windows Media Player (incluí­do no sistema operacional homônimo) ou mesmo mediante o relativamente popular player de áudio Winamp, de distribuição gratuita na rede (ao menos em sua versão mais básica).

Levados a experimentar o VLC, mesmo após alguns previsí­veis périplos, tais usuários se surpreenderam com sua própria capacidade de rotear sponte proprio, o acesso í  informação antes considerada inacessí­vel por um hermetismo apenas aparente.

Tais questionamentos suscitaram, sob demanda, uma rodada interdisciplinar de discussões em ConSerto com o propósito de compartilhar subsí­dios técnicos, simbólicos, legais e filosóficos com o público da mostra. Há, nesse particular, uma dupla hélice argumentativa a considerar.

De um lado, ConSerto tem como objetivo demonstrar ritualisticamente, mediante processos em andamento em permanente e camaleônica transformação simbólica, a viabilidade de acesso e manipulação de conteúdos culturais e artí­sticos com ferramentas de software livre ou de código aberto. Por essa razão conceitual, sugeriu-se, na página da Rádio Pulso Maestro, o uso – meramente exemplificativo – do programa VLC, um software livre.

De outro lado, deve-se considerar que a execução de arquivos de áudio e ví­deo em computadores pessoais é absolutamente massificada e é exponencialmente crescente. A principal suite proprietária do mercado (Microsoft Windows) disponibiliza um player de áudio e ví­deo integrado simbioticamente ao seu sistema operacional. Há literatura técnica suficientemente disponí­vel para listar uma série de limitações técnicas e de segurança de tal programa, mas este não é o propósito do presente ensaio.

O fato é que um percentual significativo dos usuários de computadores pessoais se mostra satisfeito com o que tal programa lhes oferece, sem maiores questionamentos ou mesmo presumindo a inexistência de outras opções. Outro contingente de usuários, ao se dar conta da efetiva existência de alternativas, passa a ter acesso a uma série de programas rivais ao Windows Media Player, dos quais se poderia citar, exemplificativamente, Winamp, Sonique, Musicmatch, BSPlayer, entre uma infinidade de outros exemplos disponí­veis em rede. Todos esses programas podem ser obtidos gratuitamente na internet, seja em suas versões completas ou parciais, conforme o caso.

Embora gratuitos, esses programas não são exemplos de software livre ou mesmo de código aberto. Associar a gratuidade í  liberdade de uso ou ao acesso í  fonte, nesse particular, é um equí­voco conceitual de conseqüências dramáticas.

Nestes exemplos de programas de obtenção gratuita na rede, ao usuário se permite obter, sem custos, um mero pacote executável do programa, não se fornecendo qualquer acesso í s entranhas propriamente ditas do programa (o código-fonte ou source do programa) e nem se conferindo ao usuário certos direitos de modificação e redistribuição. Do que se conclui que tais programas podem ser gratuitos, mas não são livres.

Além disso, não raro tais programas – ao manterem seu código na condição de mistério arcano – trazem em seu âmago dispositivos maliciosos não-autorizados pelo usuário (ou que este razoavelmente não autorizaria se soubesse de sua existência), tais como monitoradores de tráfego, hábitos ou conteúdo, geradores de estatí­sticas, cookies para observação de padrões de uso ou mesmo disseminação de spam por meio de anódinos (?) registros para recebimento de mailing.

É nesse ponto (e não apenas do ponto de vista estritamente funcionalista ou técnico) que se tornam intuitivas as vantagens de se estimular uma cultura de uso dos programas livres ou de código aberto, não apenas para executar arquivos de áudio e ví­deo, mas para muitas outras necessidades do quotidiano computacional, especialmente no que se refere í  necessidades relacionadas í  geração e ao compartilhamento de dados.

No caso que veio a ilustrar o presente ensaio, o programa VLC é apenas uma dentre as diversas opções de software livre para a execução de arquivos de áudio e ví­deo. Considerando que novas iniciativas nesse segmento surgem todos os dias, elaborar uma lista seria ilusório, mas poderiam ser citados, exemplificativamente, os programas Kaffeine, KPlayer, Ogle, Songbird, Audacious (disponibilizados sob a licença GPL), Banshee (licenciado sob MIT) e MusikCube (licenciado sob BSD) e o próprio VLC, que tem a vantagem de ser facilmente instalável na plataforma Windows.

Cada um desses exemplos tem um conjunto de funcionalidades e atrativos distinto, mas tem em comum com os demais o acesso irrestrito e total ao código fonte, aliado (em maior ou menor grau conforme a licença) í  livre possibilidade de modificações, alterações ou melhorias por quem se sentir habilitado para tanto.

Mesmo para o usuário que não se interesse por códigos de programação, a simples garantia de que o acesso í  fonte será possí­vel já representa uma vantagem conceitual de vulto (inclusive do ponto de vista da privacidade, da individualidade e do anonimato legal, valores sob ameaça constante na contemporaneidade), já que passa a ser possí­vel saber exatamente o que está sendo executado no ambiente operacional do usuário e, com isso, prevenir a execução de códigos ou ordens parasitárias, nocivas ou invasivas. Isso apenas no que se refere ao fato do código ser aberto, sem mencionar outras possibilidades e potencialidades geradas pelo licenciamento livre.

É oportuno ilustrar que a maioria dos programas mencionados conta com comunidades de usuários extremamente ativas e férteis que, de forma orgânica e colaborativa, encontram soluções e incrementos técnicos que garantem a evolução de sua usabilidade e, por conseguinte, da própria cultura de uso de tais ferramentas.

Dada a massificação espetacular do uso dos computadores pessoais para o acesso í  cultura e ao entretenimento, players de áudio e ví­deo livres são apenas o exemplo mais óbvio e imediatista do crescimento de um ambiente de produção e manipulação de informação voltado prioritariamente para a liberdade do usuário e a preservação de seus direitos fundamentais. Dentre os quais se destacam o acesso í  cultura e ao conhecimento, a personalidade, a privacidade, a intimidade, a originalidade e a inventividade, a autonomia, a autodeterminação e, last but not least, o direito natural í  customização (o consagrado do it yourself) e í  fuga, por conseguinte, da massificação e da standartização. Massificação e stardartização estas que podem até ser coerentes e viáveis para a produção de Fords Modelo T ou latas de sopa, mas que destoam completamente da criação intelectual, artí­stica, inventiva e cultural, mais afeitas ao cuidadoso, paciente e laborioso ofí­cio de artesãos e alquimistas.

Colateralmente, tais ferramentas livres demonstram ter um potencial surpreendente de estimular seus usuários a agirem como manipuladores de códigos não apenas computacionais, matemáticos e/ou lingüí­sticos, mas a integrarem uma verdadeira comunidade de uso de tais utensí­lios, colaborando (em maior ou menor grau) de forma sí­gnica, reativa e comportamental com o florescimento de complexos arcabouços culturais, transcendendo o uso meramente utilitarista e instrumental de tais ferramentas e integrando tais usos e costumes no conjunto de valores permanentes da Civilização.

Na opinião particular do redator, tais comunidades, longe de se submeterem a reduções socializantes (como poderia parecer ou como chega a ocorrer em casos documentados de apropriação ideológica de tal discurso libertário), também podem ser analisados sob outras perspectivas simbólicas, por exemplo, do ponto de vista cí­vico (não na acepção da vulgata, mas no entendimento clássico do termo – a cives grega), conferindo valor meritocrático í  iniciativas de seus membros que se revelem úteis para o código grupal.

A individualidade, conforme se observou, não se dissolve, antes é ludicamente cultuada sob a perspectiva de contribuições que se revelem profí­cuas para a sobrevivência e fertilidade do grupo. É uma cultura em construção ritual permanente, fundada no respeito mútuo, no compartilhamento e na abertura. Este também é o ConSerto.

Como conclusão, talvez se revele útil ao leitor uma rápida enumeração dos lineamentos conceituais formais que distinguem software proprietário, livre, semi-livre, open source, freeware e shareware.

  • Software proprietário: programas que não são livres nem semi-livres. Seu uso, redistribuição ou modificação são proibidos, ou requerem permissão do titular, ou tal permissão, se concedida, não açambarca um uso propriamente livre de todas as funcionalidades do programa. O uso de cópias não-autorizadas de tais programas sujeita o usuário, na quase totalidade dos paí­ses, a sanções judiciais e pecuniárias. Praticamente todos os software proprietários não permitem acesso ao seu código fonte (source code) ou ainda que o permitam parcialmente, vedam o acesso a núcleos considerados vitais do programa.
  • Freeware (software grátis): termo usualmente associado a programas que podem ser obtidos gratuitamente na internet e que, em alguns casos, podem ser redistribuí­dos a terceiros, mas que quase sempre não permitem modificações ou não disponibilizam o código fonte. Não se trata de software livre, mas software grátis, uma variante de software proprietário, na qual não há contrapartida econômica, mas se mantém o controle da fonte. Em muitos casos, tais programas seduzem seus usuários com a gratuidade, podendo, em contrapartida, serem a aplicação prática do brocardo “dar com uma mão para tirar com outra“ (especialmente no que se refere í  execução de códigos nocivos í  privacidade). Além disso, sua standartização gera comunidades de usuários famélicas em compartilhamento e melhoramentos, sendo tais ambientes mais voltados, por exemplo, para a mera troca de skins ou plugins, sem maiores reflexões com relação í  avanços nas funcionalidades, ainda controladas por gestores proprietários do código.
  • Shareware: Trata-se também de uma variante de software proprietário e um intermediário com relação ao freeware. A obtenção e redistribuição de cópias de demonstração são gratuitas, assim como o uso por um prazo limitado (ou uma limitação de certas funcionalidades). A continuidade do uso é vinculada í  aquisição de uma licença paga. Ainda assim, não há acesso ao código fonte e não se permite a sua modificação e redistribuição, na absoluta maioria dos casos. Só há duas formas práticas de se usar tais programas: pagando por uma licença ou obtendo acesso ilegal e não-autorizado í s suas funcionalidades, normalmente mediante cracks ou geradores automáticos de senhas.
  • Software semi-livre: Trata-se de programas que normalmente não são gratuitos, mas incluem uma permissão para indiví­duos usarem, copiarem, distribuí­rem, modificarem e redistribuí­rem versões modificadas para uso doméstico ou sem fins lucrativos. Em contextos mais complexos, como a associação e conjugação de programas para fins múltiplos, os software semi-livres podem gerar problemas de compatibilidade com o software livre propriamente dito, maculando o conjunto.
  • Software livre: Programas que são licenciados e disponibilizados ao público de modo a permitirem o livro acesso ao código-fonte, associado í  liberdade de executar para qualquer fim, estudar, modificar, melhorar, copiar, distribuir (e redistribuir com modificações), inclusive comercialmente, em maior ou menor grau conforme o tipo de licença de uso que estiver associado ao programa. Há uma infinidade de licenças disponí­veis, das quais se destacam a GPL, a BSD e a MIT, cada qual com um teor maior ou menor de permissões a elas associadas.
  • Software Open Source (código aberto): Programas nos quais o código-fonte está livremente e publicamente disponí­vel (permitindo a compreensão total das conseqüências de sua execução pelo usuário), ainda que o especí­fico licenciamento de uso, redistribuição ou de modificações de tais programas possa variar conforme o caso.
  • Software privado: Situação em que alguém contrata particularmente um desenvolvedor para a elaboração de um programa particular, para uso interno e sem divulgação ao público. A autonomia contratual e a autodeterminação privada das partes regula este tipo de programa, inclusive no que se refere ao acesso ao código fonte, que comumente nestes casos passa a ser de titularidade do contratante, assumindo o desenvolvedor o papel de prestador de serviços.
  • Software comercial: Programas desenvolvidos por indiví­duos ou empresas com o objetivo de gerar e multiplicar riquezas com a sua disseminação na sociedade. Ainda que esteja intuitivamente e historicamente associado ao software proprietário, o software livre também pode se revestir de uma conotação comercial (coisa, aliás, absolutamente natural e que não é necessariamente contraditória com os princí­pios de liberdade de uso inerentes ao software livre). Apenas para recordar, software grátis não é software livre e nem necessariamente o inverso. A liberdade de que se trata neste ensaio está associada a valores mais amplos do que aqueles estritamente econômicos.

Curitiba, 21 de março de 2007.

Mathieu Bertrand Struck
(Artigo licenciado sob Creative Commons 2.5 [BY])
Creative Commons License

—————————————————–

Rodadas de discussão de ConSerto relacionadas ao tema:

Arquivos de áudio (em ogg) 1, 2, 3 e 4.

da linguagem a muleta – ossos olhos

ossos

Enseigne, c’est-í -dire: apprends avec.

Passionnément vivre le paysage. Le dégager de l’indistinct, le fouiller,
l’allumer parmi nous. Savoir ce qu’en nous il signifie. Porter í  la terre ce clair savoir.

Si la solution te paraí®t difficile, peut-être même impraticable, ne va pas crier tout í  trac qu’elle est fausse. Ne te sers pas du réel pour justifier tes manques. Réalise plutôt tes rêves pour mériter ta réalité.

ossos2

Exalte la chaleur, et t’en fortifie. Ta pensée sera fulgurante. Il faut haí¯r les climatiseurs.

ossos4

Mais la fulguration s’évanouit. Campe dans le continue. Rattachons les cordes, fouillons. Etre terreux et lourd.

ossoani2

Vomir chaque jour de cette commune vomissure.

ossos3

ô failli, n’est-il pas temps pour toi d’incliner au noir terreau tant de petitesses qui n’attendent que ton coutelas?
S’il te manque du ciel pour oser vivre, va plus í  fond, quitte l’eclair des mots, fouille dans la racine.
Alors, comme dans tant d’enfances que tu nous fis, tu parleras d’agir.

ossosani

Edouard Glissant

baú de experimentações gráficas de 2004