REQUIEM – Impressões de Setembro
O crucifixo que pende abandonado é por um momento aprisionado pelo olhar.
A imagem amolda-se na consciência como a constatação de que não há nada além deste buraco em que me encerro.
A alma caminha atordoada, desviando os paralelepípedos e seus escarros.
Nesta esquina, no cume das Mercês, me quedo.
Segue em frente a Outra, que já não sou mais eu, enfim.
Somos agora no Brasil: 189.739.433 habitantes.
Somos agora no Mundo: 6.621.930.169 habitantes.
Fonte: IBGE (acesso í s 18:23 18/09/2007)
O Brasil conta hoje com rede de proteção social que beneficia cerca de 60 milhões de brasileiros, da qual faz parte o “Bolsa Família”, com 11 milhões de famílias inscritas.
Trecho de entrevista do Ministro do Desenvolvimento Social e Combate í Fome, Patrus Ananias
Claudete Pereira Jorge
Foto: Mathieu Bernard Struck
Apresentação do Canto I da Ilíada de Homero (na tradução completa para a língua portuguesa de Odorico Mendes, publicada em 1874), pela atriz paranaense Claudete Pereira Jorge, sob direção de Octávio Camargo, dando inicio í participação do grupo PPC_T / Farkadona na 1ú Bienal de Tessalônica, Grécia, no dia 21 de maio de 2007. A apresentação consiste na performance dramática do Canto I da Ilíada, em texto integral, em forma de monólogo teatral.
A atriz Claudete Pereira Jorge tem seu trabalho artístico reconhecido no Brasil, tendo se destacado em produções teatrais de diretores e dramaturgos de relevância nacional, e integra a Companhia Iliadahomero de Teatro desde 2003.
A Companhia Iliadahomero de Teatro, fundada em 1999, tem por objetivo realizar a encenação completa dos 24 cantos da Iliada de Homero, em texto integral, na tradução de Odorico Mendes. Os 24 atores e atrizes que integram a companhia e sua metodologia de trabalho estão amplamente documentados nas paginas na internet da Fundação Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro/RJ (http://www.bn.br/fbn/arquivos/doc/eventos/homero2.htm), na Biblioteca Mario de Andrade – São Paulo/SP (http://www6.prefeitura.sp.gov.br/noticias/sec/cultura/2006/08/0012) e na Biblioteca Publica do Paraná – Curitiba/PR (http://www.pr.gov.br/bpp/jornal_biblio.shtml), em jornal exclusivo sobre o projeto.
Este evento é uma extensão da participação brasileira de ativistas da cultura livre em codigo aberto no grupo PPC_T/Farkadona, em continuidade ao trabalho colaborativo realizado em 2006 por Carlos Henrique Paulino e Thiago Novaes no PPC_T Free Knowledge and Free Culture in Farkadona
O teu silêncio é uma nau com tôdas as velas pandas…
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso…
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraiso…
Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte…
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto…
Minha idéia de ti é um cadáver que o mar traz í praia…, e entanto
Tu és a tela irreal em que erro em côr a minha arte…
Abre tôdas as portas e que o vento varra a idéia
Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões…
Minha alma é uma caverna enchida p’la maré cheia,
E a minha idéia de te sonhar uma caravana de histriões…
Chove ouro baço, mas não no lá-fora…É em mim…Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e tôda ela escombros dela…
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora…
No meu céu interior nunca houve uma única estrela…
Hoje o céu é pesado como a idéia de nunca chegar a um pôrto…
A chuva miúda é vazia…A Hora sabe a ter sido…
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!…Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido…
Tôdas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias tôdas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é nem boa nem má…
Os feixes dos lictores abriram-se í beira dos caminhos…
Os pendões das vitórias medievais nem chegaram í s cruzadas…
Puseram in-fólios úteis entre as pedras das barricadas…
E a erva cresceu nas vias férreas com viços daninhos…
Ah, como esta hora é velha!… E tôdas as naus partiram!
Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam
De longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram
Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam…
O palácio está em ruínas… Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo… Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudade de si ante aquêle lugar-outono…
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada…
A doida partiu todos os candelabros glabros,
Sujou de humano o lago com cartas rasgadas, muitas…
E a minha alma é aquela luz que não mais haverá nos candelabros…
E que querem ao lago aziago minhas ânsias, brisas fortuitas?…
Por que me aflijo e me enfermo?…Deitam-se nuas ao luar
Tôdas as ninfas… Veio o sol e já tinham partido…
O teu silêncio que me embala é a idéia de naufragar,
E a idéia de a tua voz soar a lira dum Apolo fingido…
Já não há caudas de pavões tôdas olhos nos jardins de outrora…
As próprias sombras estão mais tristes…Ainda
Há rastros de vestes de aias (parece) no chão, e ainda chora
Um como que eco de passos pela alamêda que eis finda…
Todos os ocasos fundiram-se na minha alma…
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios…
Secou em teu olhar a idéia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um pôrto sem navios…
Ergueram-se a um tempo todos os remos…pelo ouro das searas
Passou uma saudade de não serem o mar…Em frente
Ao meu trono de alheamento há gestos com pedras raras…
Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente…
Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!
Tôdas as princesas sentiram o seio oprimido…
Da última janela do castelo só um girassol
Se vê, e o sonhar que há outros põe brumas no nosso sentido…
Sermos, e não sermos mais!… Â leões nascidos na jaula!…
Repique de sinos para além, no Outro Vale… Perto?…
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula…
Por que não há de ser o Norte e Sul?… O que está descoberto?…
E eu deliro… De repente pauso no que penso…Fito-te…
E o teu silêncio é uma cegueira minha…Fito-te e sonho…
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua idéia sabe í lembrança de um sabor de medonho…
Para que não ter por ti desprêzo? Por que não perdê-lo?…
Ah, deixa que eu te ignore…O teu silêncio é um leque —
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque…
Gelaram tôdas as mãos cruzadas sôbre todos os peitos….
Murcharam mais flôres do que as que havia no jardim…
O meu amar-te é uma catedral de silêncio eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim…
Alguém vai entrar pela porta…Sente-se o ar sorrir…
Tecedeiras viúvas gozam as mortalhas de virgens que tecem…
Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há de vir,
O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem…
É preciso destruir o propósito de tôdas as pontes,
Vestir de alheamento as paisagens de tôdas as terras,
Endireitar í fôrça a curva dos horizontes,
E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras…
Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!…
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã — como nos desalegra!…
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra…
Suave, como ter mãe e irmãs, a tarde rica desce…
Não chove já, e o vasto céu é um grande sorriso imperfeito…
A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,
E o meu saber-te a sorrir é uma flor murcha a meu peito…
Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!…
Ah, se fôssemos as duas côres de uma bandeira de glória!…
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia batismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro êste lema — Vitória!
O que é que me tortura?… Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos…
Não sei…Eu sou um doido que estranha a sua própria alma…
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos…
“Ergo sum, aliás, Ego sum Renatus Cartesius, cá perdido, aquí presente, neste labirinto de enganos deleitáveis – vejo o mar, vejo a baía e vejo as naus. Vejo mais. Já lá vão anos III me destaquei de Europa e a gente civil, lá morituro. Isso de “barbarus – non intellegor ulli” – dos exercícios de exilio de Ovidio é comigo. Do parque do príncipe, a lentes de luneta, contemplo a considerar o cais, o mar, as nuvens, OS ENIGMAS e OS PRODíGIOS de BRASILIA. “
Letra: Geir Campos
Música: Neusa Pinho França Almeida
Todo o Brasil vibrou
e nova luz brilhou
quando Brasília fez maior a sua glória
com esperança e fé
era o gigante em pé,
vendo raiar outra alvorada
em sua História
Com Brasília no coração
epopéia a surgir do chão
o candango sorri feliz
símbolo da força de um país!
Capital de um Brasil audaz
bom na luta e melhor na paz
salve o povo que assim te quis
símbolo da força de um país!
Brasília, Capital da Esperança
(Hino mais popular e mais interpretado)
Letra: Capitão Furtado
Música: Simão Neto
Em meio í terra virgem desbravada
na mais esplendorosa alvorada
feliz como um sorriso de criança
um sonho transformou-se em realidade
surgiu a mais fantástica cidade
“Brasília, capital da esperança”
Desperta o gigante brasileiro
desperta e proclama ao mundo inteiro
num brado de orgulho e confiança:
nasceu a linda Brasília
a “capital da esperança”
A fibra dos heróicos bandeirantes
persiste nos humildes e gigantes
que provam com ardor sua punjança,
nesta obra de arrojo que é Brasília.
Nós temos a oitava maravilha
“Brasília, capital da esperança.”
And then went down to the ship,
Set keel to breakers, forth on the godly sea, and
We set up mast and sail on tha swart ship,
Bore sheep aboard her, and our bodies also
Heavy with weeping, so winds from sternward
Bore us out onward with bellying canvas,
Circe’s this craft, the trim-coifed goddess.
Then sat we amidships, wind jamming the tiller,
Thus with stretched sail, we went over sea till day’s end.
Sun to his slumber, shadows o’er all the ocean,
Came we then to the bounds of deepest water,
To the Kimmerian lands, and peopled cities
Covered with close-webbed mist, unpierced ever
With glitter of sun-rays
Nor with stars stretched, nor looking back from heaven
Swartest night stretched over wretched men there.
The ocean flowing backward, came we then to the place
Aforesaid by Circe.
Here did they rites, Perimedes and Eurylochus,
And drawing sword from my hip
I dug the ell-square pitkin;
Poured we libations unto each the dead,
First mead and then sweet wine, water mixed with white flour.
Then prayed I many a prayer to the sickly death’s-head;
As set in Ithaca, sterile bulls of the best
For sacrifice, heaping the pyre with goods,
A sheep to Tiresias only, black and a bell-sheep.
Dark blood flowed in the fosse,
Souls out of Erebus, cadaverous dead, of brides
Of youths and at the old who had borne much;
Souls stained with recent tears, girls tender,
Men many, mauled with bronze lance heads,
Battle spoil, bearing yet dreory arms,
These many crowded about me; with shouting,
Pallor upon me, cried to my men for more beasts;
Slaughtered the heards, sheep slain of bronze;
Poured ointment, cried to the gods,
To Pluto the strong, and praised Proserpine;
Unsheathed the narrow sword,
I sat to keep off the impetuous impotent dead,
Till I should hear Tiresias.
But first Elpenor came, our friend Elpenor,
Unburied, cast on the wide earth,
Limbs that we left in the house of Circe,
Unwept, unwrapped in sepulchre, since toils urged other.
Pitiful spirit.And I cried in hurried speech:
“Elpenor, how art thou come to this dark coast?
Cam’st thou afoot, outstripping seamen?”
And he in heavy speech:
“Ill fate and abundant wine. I slept in Circe’s ingle.
Going down the long ladder unguarded,
I fell against the buttress,
Shattered the nape-nerve, the soul sought Avernus.
But thou, O King, I bid remember me, unwept, unburied,
Heap up mine arms, be tomb by sea-bord, and inscribed:
A man of no fortune, and with a name to come.
And set my oar up, that I swung mid fellows.”
And Anticlea came, whom I beat off, and then Tiresias Theban,
Holding his golden wand, knew me, and spoke first:
“A second time? why? man of ill star,
Facing the sunless dead and this joyless region?
Stand from the fosse, leave me my bloody bever
For soothsay.”
And I stepped back,
And he stong with the blood, said then: “Odysseus
Shalt return through spiteful Neptune, over dark seas,
Lose all companions.” And then Anticlea came.
Lie quiet Divus. I mean, that is Andreas Divus,
In officina Wecheli, 1538, out of Homer.
And he sailed, by Sirens and thence outward and away
And unto Circe.
Venerandam,
In the Creatan’s phrase, with the golden crown, Aphrodite,
Cypri munimenta sortita est, mirthful, orichalchi, with golden
Girdles and breast bands, thou with dark eyelids
Bearing the golden bough of Argicida. So that:
Ezra Pound
Confucio
ENVOI (1919)
Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz
Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.
Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.
(tradução de Augusto de Campos)
SAUDAÇÃO
Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.
(tradução de Mário Faustino)
zhamevul beace
Canto xvi, Pound contra Trotzky:
Y lá dinha uma bolcheviki, y eles dirarum zaro dele:
Veja zó o que o zeu Trotzk veiz, ele veiz
a baz geia de bergôí±a!!
“Ele veiz a baz geia de bergôí±a, ã?
“Ele veiz a baz geia de fergôí±a?
“Um Brest-Litovsk, dá? Bocês no escuuta?
“Ele benzeu a guera.
“As dropa estón lifre do vront ozidentall, dá?
“Y entón eles veio pru vront orientall,
“Quandos dinha lá?
“E os que dinha lá estavum tón geio de rhevoluçón
“Quando os vranzeses endrarum, dá?
“Eles disserum, quê?” Y o cara dize:
“Bocês no escuuta? Eu digo, nos demos um rheffoluçón.”
Dey vus a bolcheviki dere, und dey dease him:
Looka vat youah Trotzk is done, e iss
madeh deh zhamefull beace!!
“He iss madeh deh zhamefull beace, iss he?
“He is madeh de zhamevul beace?
“A Brest-Litovsk, yess? Aint yuh herd?
“He vinneh de vore.
“De droobs is released vrom de eastern vront, yess?
“Un venn dey getts to deh vertern vront, iss it
“How many getts dere?
“And dose doat getts dere iss so full off revolutions
“Venn deh vrench is com dhru, yess,
“Dey Say, “Vot?” Un de posch say:
“Aint yeh heard? Say, ve got a rheffolution.”
” (…) O problema tem a ver com o fato de que as “verdades” da moderna visão científica do mundo, embora possam ser demonstradas em fórmulas maetmáticas e comprovadas pela tecnologia, já não se prestam í expressão normal da fala e do raciocínio. Quem quer que procure falar conceitual e coerentemente dessas “verdades”, emitirá frases em que serão “talvez não tão desprovidas de significado como um “círculo triangular”, mas muito mais absurdas que “um leão alado” (Erwin Schrí¶dinger). Ainda não sabemos se esta situação é definitiva; mas pode vir a suceder que nós, criaturas humanas que nos pusemos a agir como habitantes do universo, jamais cheguemos a compreender, isto é, a pensar e a falar sobre aquilo que, no entanto, somos capazes de fazer. Nete caso, seria como se nosso cérebro, condição material e física do pensamento, não pudesse acompanhar o que fazemos, de modo que, de agora em diante, necessitaríamos realmente de máquinas que pensassem e falassem por nós. Se realmente for comprovado esse divórcio definitivo entre o conhecimento (no sentido moderno de know how) e o pensamento, então passaremos, sem dúvida, í condição de escravos indefesos, não tanto de nossas máquinas quanto de nosso know-how, criaturas desprovidas de raciocínio, í mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível, por mais mortífera que seja”.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. p.11
As janelas mudaram de cor e ainda são incompreensíveis os ventos que sopram os nimbos nos últimos seis meses. Faz frio e as tormentas são noturnas. Um entrecortado de vazios entorpece e como que pára este tempo. Lugar de sombras ou de profundo amor. Ponta de precipício ou beirada de túmulo. Flores murchas e o odor úmido do decompor atravessam as horas presas nas carnes quase usufruídas como prostituição, puramente. Arremetidas. Retido. Flores fadadas í secura e í escuridão segundo grita um oco lá do infinito das gavetas de memórias e instintos. Embora felizes com as passagens velozes de quase amor, os dias de ausência cobrem as pernas de veias. O envoltório da Alma repetirá o destino destas murchas e ensimesmadas pétalas de mãos dadas. As pequeninas, por não poderem andar, restarão presas ao vaso mal cuidado, sua terra velha semi-árida e as beiras com lascas adquiridas ao longo dos tratos. Flores e Alma a sentirem o aroma da morte. Sem pernas na beirada de um túmulo, murcharão, por destino, inevitavelmente, jazendo simplesmente como margaridas esquecidas que são. O corpo, em pó esmaecido, padecerá do suplício eterno da constatação de que quanto mais antigo o túmulo, mais sozinho.