Ultimo grito penúltimo ato
animo fato, aproximo, lato, arrimo.
Sensu cimo strictu vulgata – eu rato:
bibliotecas tive, narro a travessão:
– travessia.
– o fim da televisão.
– As serifas e as sem serifas também amam.
Comprimo escolas animalizo o que animo
desoprimo dízimo e: tropeço enquanto esgrimo
o Q estimo o exímio && exprimo: Hino!
cântico?
onírico ato eco!
científico sono vigília?
cáustico é o que complico!
?
!
?
!
justifico um vendaval acidental
com um milhão de milharais:
Pipoca Cinema post pois
Publico
Imito
Mito e minto
E depois:
Gramático não é crítico literário
Cientista cantando no chuveiro
Quebrei um pé de verso epilético
Salivei hidrofobia pro coveiro
Antes que enterrem a resposta
Antes que repitam a proposta:
pós-punk schizopukemetalmatema da catexia
continuam guardados os timbres da nova era
numa caixa de supresas e tosqueiras
pretérito imperfeito: o gato mia ( Schrí¶dinger meio sem jeito )
no bar beatnik da minha tia;
Sinfonia;;
+ Metalingüistica? Suspiram.
Rompendo a Aeorta da Lingüiça
Salive cantando o tropeço no defunto:
O dito cujo trancou a Porta da preguiça;
E vomitou versinhos púberes para ogros cantarem:
”
Jacaré do Barigüi
Sem Coração
Engoliu o Sagüi
Arrotou Canção
Empalados os Pôneis do meu amigo
Empacados na cachaça Comigo
Jacaré do Barigüi
Latindo í plenos pulmões
Rio Ivo transbordado no centro
Blindou os palcos dos teus porões
Nas Masmorras:
Um grito de Gol
Sodoma e Gomorra
Grite essa porra:
– De onde vem os bebês?!! Pra que sangrar todo Mês?!!
“
Revolta no teu hinário
ExuNoiseTudo no teu Armário
Pracinhas heróis na Praça
PsychoCarnaval da Zumbizada
Missionários Jogam dominó
Baralho em troca de cigarros
Expedicionários – Espermadulários
Em cima do tanque
O pior ex-panque
Surfando a Bomba
A Fábrica aponta
Olhando teus quadros
Pensando Abstrato
Perhapiness, nova edição
do porta-retratos
Errando uma letra do sobrenome no registro;
Dito e feito: Matamos Gutemberg, mas ontem eu nem a vi.
Thomas Edison registrou a lâmpada
mas nas entrelinhas
A idéia será tua
exclusivamente
uma parceria
com a minha tia
Gol! De quem?
Seca o Olho
Segue o Seco
Uma lágrima réptil
Sim, Tio Barnabé – o labirinto.
canção-sonata em processo de fuga. glerm soares / octavio camargo em busca de novas parcerias e cortes epistemológicos navalha.
Ali onde a Amintas de Barros vira Prof. Brandão e cercanias
Desço de Patinete até a reitoria
Mastigo um pão com bife da padaria lusitana
Enquanto penso que sou russo fazendo curso no celin
Ensaio meu ï , eu mesmo.
00190.00009 01636.309005 00027.062181 5 50570000021750 (se alguem quiser verificar)
Aquela menina que pensam que é minha amante é só minha netinha
Os paparazzi do caderno Rascunho, gazeta do povo, tribuna, enxadristas da biblioteca pública tentando me afogar
no laguinho do passeio público
O Rio Barigüi inchará suas botas de lama rubra,
Não as mesmas que pisaram a Lua
Pé vermelho, Eufrates, a velha trema.
7 léguas, 7 quedas. O senhor perceba.
Nelsinho agora quer a Ucranianinha.
Teu Bí¤al não é nem Lucifer
Muito menos Barrabás
Será que és capaz de ser crucificado como Pedro
de ponta cabeça?
Casar Lia e Raquel de papel passado
Geladeira comprada na Disapel
Com 6 prestações pagas beeeeeeeeem adiantadas
de brinde um violão Made in China
Fui logo comendo um pastel ali na esquina da Tibagi com a Benjamin
Traí a velha padaria
da Reitoria.
primeiros estudos para o projeto “Esqueci todo esse conhecimento”. Apenas o primeiro diapasão.
(baseado em estudos de violão de Octavio Camargo e estudos para Toscolino de Glerm Soares)
I) Rito da Caverna
”
Dentro daquela caverna chamava a atenção o fato
De que rabiscos com sangue de porco do mato
Descreviam órbitas em antenas de latão
Nômades sem Satélite…
Um ábaco de barro
e válvulas de carvão
calculava em estalos e faíscas
O risco da reinvenção
Eis que aproxima-se então
Um ser SEM corpo fechado
Com as tripas saltitando
em Ditongos sincronizando
Suas 3 cordas vocais
pendurados num banjo de bambu
Pousado sobre as tarrachas um urubu
Com cabeça de Uirapuru
Saiu logo latindo, miando e grousnando mais que pífano de Caruaru
Na fronte a marca do velho mundo:
‘Processador Turing’s Bite”.
Da sua testa projetou-se um holograma
A imagem da sepultura de um velho bhrama
O amistoso e sorumbático epitáfio:
“Nem tente, fio”.
e Gritou gutural:
– “A dor que deveras mente
apagarei de sua memória!
Junto com toda História
Numerais e Alfabetos
e renascerás entre Naufrágos!”
ossídíÃ?â?í¹íí¯ ou opílíÇsuí± ‘líossíd Ã?â? Hí¥ oí íí¯íí¹Ã?Ÿuí±íW op Ã?â?¢Ã?â?¢Ã?â?¢oí±í¹áuí±q op oí±í¹édí¯í± o opuíÃ?â?uíqsíp íÇí¹odsuíí¹ÇílíÇ op íí±Ã?â?uêí±Ã?â? âË?â?¬ :ípípí±líÃ?â?ol oãu íí¯n í±nbâË?â?¬
|
Caminhando pela rua em uma viagem pela cidade-motor do atlântico leste, Non Ducor Duco, |
na desconvergência por 3 linhas do metrô e suas diferenças na divisão social do trabalho |
eu sinto uma palpitação, um sopro, arritmia e penso novamente nos limites de todos discursos, |
a falência múltipla de todos os orgãos… |
Mas insisto numa escrita radical que há dias me perturba a gênese deste rabisco aqui. |
|
O deslocamento da não-localidade e a tentativa axiomática pela invenção do século 22, |
que passa por aqui em direção dos nossos cinquentenários de vida &/ou obra, septuagenários acentos e filas, nonagenária quase conquista |
até a possibilidade de convencer e conhecer a existência do anti-câncer, |
o delírio in vitro do outro eu-você, do backup cerebral. |
|
Tudo aquilo que nos policía as moléculas e a respiração—————-ââ?¬â?¹————————–ââ?¬â?¹————————–ââ?¬â?¹————————–ââ?¬â?¹——————-
|
Antes do sopro eu imaginava este rabisco como uma espécie de [corda~] em ressonância
Ressonância com tudo aquilo que é desesperadamente negado pelo misticismo, pela superstição
e pelas cosmogonias analfabetas neste idioma e distantes da latinidade deste alfabeto.
Uma espécie de liturgia: a forma sinfônica em colisão com mantras monofônicos, de uma simetria impossível mas contorno tangível
num cálculo de fórmulas coladas escritas em pulsos cortados por esta topologia
hypercubica, hyperbólica bólide, tragicamente hypercartesiana
este Léxico amadiçoado pelos colonizados não-excomungados prestes a serem queimados na testa
com a marca do mais assimétrico triscaedecágono
pelas cruzadas rumo ao iluminismo cego de um gluon-foton
Biosfera 3.x
Ressuscitando aqueles desenhos fotorealistas de anatomia:
homens corteses, suas batinas e bisturis.
E da mais afiada Navalha agora o corte,
um corte no fígado de Prometeu ou de um g)Ã?Ë?Ã?â?ºú qualquer Trimegisto de Corvo e Nanquim
;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;; a talha hipocrática:
Post scriptum, o boneco de lama que surge da matemática porvir
o objeto e seu problema funcionalista, estruturalista, pósitron progressista
versus o elétron inutensílio,
explodindo em cacos de frascos de remédios genéricos numa esteira
a carregar o vidro aqui recomposto
em imagens de um pretérito acerca
até o girar alienado da rosca e
a fechar tais frascos.
Mãos proletárias,
precariado cognitivo.
Marca da besta estampada num microchip processador microcontrolador Imperador do Binário Anno Domini.
í¿Laboratórios?
í¿
í¿
Você tenta me convencer de que despreocupadamente investiga algo sobre a possibilidade da “grande invenção” aspasaspasaspas
uma meta-elegia do velho e ressuscitado zumbi-liceu-agora-ágora,
donde sábios diletantes despreocupadamente salvam o mundo e criam estoicamente seus semi-deuses
, ou as vezes por acidente algum apocalipse,
mas quando não,
acidentalmente criam 12 a 12 mil trabalhos heróicos para tal precariado semi-algo.
Calculando música das esferas do moto-contínuo do Motor Non ducor Duco
Mimetizando cores de uniformes
trágica borda de invenção da Pólis sem a expulsão platônica de sua classe.
Arrancam-lhe os órgãos e espalham pelo bico de 12 mil abutres, grous, tucanos, águias-carecas e papagaios verdes
ursos e onças a nadar numa geleira que flutua do írtico a íntartica,
adaptados ao hyperaquecimento,
hypercubo,
hypercésio,
hyper-ultimo-elemento-da-tââ?¬â?¹abela periódica, Teu nome em vão, Ununoctium.
Diabulous in Musica onde não mais há uma onipresente liturgia,
teus chips tua mpusica, tuas cordas tua música,
o diapasão dos teus tambores,
ou refrões de seus hinos-lar
– Migrando Sistemas – Abraço do Bando –
mas a fresta do corte anti-hipocrático Cirurgia
o desespero além da clínica, o corte honesto e melhor possível
a arrancar-lhe os apêndices e amígdalas,
Amigadalectomia – cicatriz motriz
Enquanto você ritualísticamente
corta
copia
e cola
Bulas prontas a negar os escribas com sua fé inabalável numa Natura além desses sintagmas…
…Uma inclusão digital impossível na Quarkcracia pós-orientalista
trama-se nas entranhas de uma Marte colonizada por terráqueos
entre bravas plantas e animais pioneiros,
Matematização sensível das topologias tangíveis
de um ábaco que agora e por aqui codamos.
A além bastardo do Anti-édipo sem órgãos com Elektra haplóide pós-corpo . O século 22 com você e seu bicentenário clone curando-se de todo Ununoctium.
O anti-herói de uma nova tipografia
sintaxe de novos alfabetos e sistemas numéricos
O anti-Heródoto H.
Duas pontes H (eu-você) e 1 O bem grande no meio.
Borbulhando.
Respire.
2 O.
buraco.
ponte.
Sinapse em carbono.
ossídíÃ?â?í¹íí¯ ou opílíÇsuí± ‘líossíd Ã?â? Hí¥ oí íí¯íí¹Ã?Ÿuí±íW op Ã?â?¢Ã?â?¢Ã?â?¢oí±í¹áuí±q op oí±í¹édí¯í± o opuíÃ?â?uíqsíp íÇí¹odsuíí¹ÇílíÇ op íí±Ã?â?uêí±Ã?â? âË?â?¬ :ípípí±líÃ?â?ol oãu íí¯n í±nbâË?â?¬
Isto é uma última.primeira chamada de ócios e trabalhos, num encontro sob o sensório em cima da hora. E ainda assim nada lúdico.
Barulho delicado, ruídos deliciosos para os sentidos entre poéticas esparsas.
Esquizotrans e os degenerados…
MSST e a geada de volts…
Prixel e os aromas e gostos do sensível…
Chiu Yi Chih e os olhos das mortas…
Gli Altri e os barulhos do onírico…
Tsaaa e as paletas de cores do fractal…
Márcio Black e interferência barulho.org…
Kynemas Fluxuz e as nanodesimagens…
F?Ri? gnoise e o ponto de interrogação…
Cineclube Sócio Ambiental e o colapso…
Gera Rocha e o ffmpeg -i +kernelknst…
Adbuster e o pico informacional…
Paula Pin e a gestação do virtual…
Submidialogia e as metareciclagens…
Fagus e os descaminhos do corpo
Sexta 14/05
das 15:00 í s 20:30
rua Dom José de Barros #337
esquina com a Av. São João, alt. nú 519 no largo do Paissandú
“Se um homem que tivesse a habilidade de transformar-se em muitas pessoas e imitar todas as coisas chegasse a nossa Cidade e quisesse fazer uma performance dos seus poemas (…) diríamos a ele que não existe este tipo de homem em nossa Cidade e nem sequer é permitido que haja. Depois de derramar mirra em sua cabeça e coroá-lo com louros, mandá-lo-íamos para outra Cidade.” Sócrates – A República
(Utopia Aplicada – glerm soares)
Entrevista de glerm soares p/ Estrela Leminski, para um Doutorado em etnologia da música curitibana. Algumas canções e coagulações pontuando o diletante tateando.
Onde você nasceu?
Curitiba-PR Brasil. América.
Você é descendente de europeus? Quais? Sabe a sua história?
Também. No lado materno tenho mais afirmada a ascendência européia pois vieram de colônias alemãs, minha mãe foi da primeira geração a casar fora da colônia. Originalmente são da região gaúcha de Ijuí, Cruz Alta, Santa Rosa, Horizontina, Santiago, Tupanciretã (Oeste do Rio Grande do Sul). Curiosamente a família do meu pai também é da mesma região, porém na família dele ja tem um orgulho mestiço anterior, diz-se que são descendentes de Bugres, o que não diz exatamente uma etnia e sim é um tipo de apelido da raíz índigena por ali (bastante próxima dos Guarani, mas devem haver outras raízes perdidas nos povos das missões). Recentemente meu pai me disse que sua avó casada com o avô bugre era italiana, disse até o nome e sobrenome dela, mas acho que hoje já estão distantes estes 8 ou 16 sobrenomes…
(Dinossauro de Proveta – glerm soares)
O que é a música Curitibana?
Realmente não sei. Música feita em Curitiba ou música feita por curitibanos? Música feita por descendentes de curitibanos? Uma música que só exista aqui e tenha a cara daqui? É uma cidade bastante provinciana até hoje (pelo bem e pelo mal), que não vive de um ethos cultural próprio e sim de um suposto cosmopolitismo (um cosmopolitismo afetadamente provinciano), o que implica ser uma cidade de consumidores mais do que produtores. Certamente temos vários avatares para afirmar e louvar, que ainda habitam aqui ou até mesmo constroem um imaginário das ruas e mitos locais, porém acho que tendem a fechar-se nelas mesmas quando ficam nessa pequenez de “cena local”. Qual o raio dessa “cena”? Região metropolitana? Ecos em São Paulo e pontuais festivais de gênero em capitais? Muita gente boa com certeza, mas hoje acho bem problemático um músico daqui não extravazar para outros sintomas metropolitanos. A internet acabou com as fronteiras, vivemos uma época de encontrar mapas mais multidimensionais do que o plano cartesiano geopolítico. A pergunta sobre “cena” até fazia algum sentido nos anos 90, o auge daquele delírio de gravadoras pseudo-independentes (braços de multinacionais) e os cadernos de cultura dos jornais criando cenários, mas era sofrido, pra que repetir aquilo? Hoje é possível identificar pares em qualquer sítio do planeta e encontrar seu circuito. Se música curitibana é só aquilo que sai no caderno G da Gazeta do Povo, eu tou fora. A história que vivo é contemporanêa e sem fronteiras.
(Coroa da pena do pássaro sagrado da eternidade – Matema )
Quem são os principais grupos compositores ou autores de Curitiba?
Octavio Camargo, Felipe Cordeiro, Lúcio Araújo, Nillo Ferreira, Gus Pereira, Renê Bernunça, Thadeu Wojciechowski, Marcos Gusso, Rubens Kulczycki, Chico Mello, Barbara Kirchner, Gustavo X.X.X., Jr. Ferreira, Gengivas Negras, Domingos, Wandula, Ruído por milímetro, Magog, Woyzeck, coligere, Igor Ribeiro, Limbonautas, Pogobol, July et Joe, Pelebrói não sei, Imperious Malevolence, Beijo aa Força, Chucrobilly, Marcos Prado, Orquestra de Sopros de Ctba, Digão Duarte, Manoel Neto, Ademir Plá, Mamelucovich, Observatório Nome de Mulher, L.F. Leprevost, Malditos ícaros do Microcosmos, Tenuipalpus Blanch, Matema, um guri de 12 anos que tava tocando violão numa festa da Bicicletada e aquela banda do Rimon que eu não lembro o nome, um amigo gaúcho (Cristiano Figueiró) que morou aqui 6 meses e fez umas 5 músicas conosco, Pan&tone (portoalegrense) e rbrazileiro (olindense) fazendo barulho com Orquestra Organismo no espaço E/ou… essa lista vai aumentar todo dia e não vai ter lógica temporal ou geográfica. Eu moro aqui e quando não moro volto, tudo que é feito aqui ou por gente que ja passou por aqui é daqui também… Muito difícil pra mim pontuar isso, porque pra mim é uma vida diária e cada vez que algo soa e que eu estou junto… Ja toquei com uma banda carioca (Jason) na Eslovênia. Ja berrei trechos do Catatau (Paulo Leminski) fazendo música com amigos valenciano, recifense e siciliano na Noruega ou com bahianos, paulistas, gaúchos e outros ainda sem cidadania curitibana em Recife. Aquilo era música curitibana? Também. Mas do sintoma metropolitano deles também, lembrando ainda que o Catatau fala exatamente disso, deste sentimento de ser um pária na própria língua materna tentando filosofar por categorias que botam em cheque meu latim.
(Leite em Pó – glerm soares)
Você atua de que maneira na música curitibana?
Sendo curitibano e músico. Atualmente estou com um trabalho com software e hardware livre, fazendo softwares de música e instrumentos digitais artesanais que podem ser customizados por qualquer pessoa ( http://artesanato.devolts.org ). Tou com um projeto com gente de varias partes do planeta, chamado “Movimento dos Sem Satélite” (http://devolts.org/msst) disso sai música também, além de outros experimentos pós-industriais e questionamento da tecnocracia.
Quem faz música em Curitiba?
Quem quiser. Música não tem fronteiras e aqui não vamos pedir passaporte ou tolerar xenófobos.
Qual é o papel da política cultural em Curitiba?
Abrir os olhos para uma arte menos alienada em mercado, em genêro musical, em formatos midiáticos fechados. Mandei um projeto pra construir instalações sonoras e instrumentos de artesania digital pro edital de música municipal, ele não passou. O mesmo edital passou em artes visuais. Sabe por que? Porque o edital de música entendia que música é gravar CD e fazer show em palco… agora que ta aparecendo uns editais de publicar songbooks… Gravar CD, prensar 1000 CDs pra ficar dando pra editor de caderno de cultura de jornal escrever uma notinha que amanhã todo mundo esqueceu… isso é política cultural? A política cultural deve investir na base, Universidades livres e liceus de luthiers e musicólogos, em espaços autônomos, em produção de tecnologia musical e de publicação de conteúdo aliada a criatividade artística. Deveríamos ter mais rádios livres, estúdios livres, rádios universitárias. Essa política que finge estar aliada a um pseudo-mercado que nunca existiu por aqui é muito deprimente. O festival de música de Curitiba é um bom eixo, mas poderia ser menos elitista e buscar atender outros fluxos fora os acadêmicos, como arte sonora independente de formação musical proposta por artistas conceituais ou outros poetas e boemias. Aquela divisão “M.P.B” versus “erudita” é muito gagá, eu posso ser um erudito do punk, do noise, da música concreta ou eletrônica, ou posso também estar propondo a criação de paisagens sonoras num ambiente público, nas ruas – e isso seria popular, porque não?
( 0xriFFFFFFFFFFFFFF – glerm soares )
Quais características você apontaria na música Curitibana?
Cosmopolitismo provinciano, confusão ideológica, português estranho, inglês britânico ou ramonesco, punk finlandês, indie índio, academicismo diluído, erudição onanista, cageanos de raíz, elektronische musik, kraut rock, musique concrí¨te, caipira-curupira-capital, catatau, góticos, pós-punk antes do punk, no-wave cheio de onda, industrial cabeção, psychobilly, macumba pra gringo & mpb pra turista, desespero, ansiedade, perfeccionismo extremo paranóico obsessivo. Falo tudo isso no bom sentido. 🙂
Qual é o lugar de curitiba no mundo?
latitude 25ú25’40″S e longitude 49ú16’23″W
( Gambi Mimese – glerm soares )
Como é a relação da música de curitiba com a indústria cultural?
Depende de qual indústria você se refere. Uma indústria local que autoconsome música composta em Curitiba por seus cidadãos ou habitantes? Uma indústria brasileira ou global da música e sua relação com esta produção local? Seria preciso analisar todos os fatores: industria fonográfica, circuito midiático de rádio e tv, festas e festivais, interrelações com outros circuitos fora deste raio municipal. O problema industrial continua sendo o mesmo: uma grande fatia da produção independente querendo responder a uma suposta demanda dos veículos de massa, as rádios e tvs abertas que tem concessão pra operar impondo um padrão de comportamento que supostamente responde a um mercado de celebridades. Mas no fundo isto é uma máquina de iludir pessoas criativas a entrar num filtro cruel de servidão a um status quo cultural.
Acho curioso que Curitiba tenha um Festival de Teatro e de Música que atrai tantos estudantes e diletantes destas artes do Brasil todo (considerando aqui que teatro precisa de música também), mas que não gere uma continuidade profícua de produção local consumida naquela mesma escala e voracidade. São dois Festivais diferentes em alguns aspectos, pois o festival de música tem um viés didático e parece ser consumido mais por pessoas interessadas na música como métier, já o festival de teatro é uma espécie de carnaval municipal onde as pessoas são guiadas pelo programa das peças mais caras e oficiais, peças que tem atores da globo no elenco e outras figurinhas carimbadas. O curioso é que isso não seja suficiente pra firmar a cidade como um pólo produtor autosuficiente e confiante de suas intenções.
Vale também analisar o circuito de música urbana descendente direto do rock europeu e norte americano, nos anos 90 era fortíssima a diversidade com festivais como o B.I.G. (bandas independents de garagem), o selo Bloody e algumas outras coisas que sucederam. Mas aquela iniciativa sucumbiu a suposta necessidade de incluir-se no eixo Rio-São Paulo entrando naqueles selos pseudo-independentes, braços de multinacionais. Aquela época a internet fez muita falta e a articulação fora desta perspectiva era muito mais lenta. No fim dos noventa veio o estouro do rock feito pra MTV e acho que isso ainda domina até hoje este circuito, neutralizando possibilidades realmente alternativas, que nos melhores casos corre pelas bordas e vai muito bem, fazendo suas conexões em circuitos bem específicos, achando seu lugar por dentro da internet.
Um exemplo interessante e bem específico curitibano ja firmado nessa primeira década dos 2000 foi o PsychoCarnival, que acabou virando uma meca de um genêro bastante peculiar, derivado ali de bandas como Cramps e Meteors, mas com uma raíz bem específicas em bandas curitibanas como Missionários e Cervejas e toda aquela cena “punk o’ billy” que rolava no fim dos oitenta também em outras praças.
Mas a palavra indústria já é por si só muito cruel. Prefiro pensar a música se reproduzindo e sobrevivendo como um organismo, um ser-vivo com sua própria subjetividade do que essa coisa de esteira de montagem.
De alguma maneira a configuração dos imigrantes europeus refletiu na música de Curitiba?
Da mesma que a resistência nativo-americana, africana, asiática e de outros continentes perdidos, pois o que não reflete, reverbera como falta. Agora, nessas décadas que sucedem ao delírio industrial do século dos estados-nação, somos muito mais universais, somos muito mais poliglotas e o limite dos continentes são só estes oceanos a serem transpostos com nossa música em comum. A música pode revelar este elo perdido onde a diversidade de nossas raízes entram em curto-circuito e criam cidades psicogeograficas entre os pares.
Perigo iminente. Atenção, a menor linha de fuga pode fazer explodir tudo. Vigilância especial aos pequenos grupos perversos pulsando palavras, inventando frases, atitudes suscetíveis de contaminar populações inteiras. Neutralizar prioritariamente todos aqueles que poderiam ter acesso a uma antena. Guetos por toda parte – autogeridos, se possível – õ-Ãâ??ãÃâ?ºÃÂÃâ?? por toda parte, ate mesmo na família, no casal e inclusive na cabeça, de modo a segurar cada indivíduo, dia e noite(…)a escrita percorre transversalmente as ordens recompondo-as de maneira(…)”
(Felix Guatarri, Revolução Molecular, pág 56, editora brasiliense)
– buzzíûþòþ…
– “Parece que os termos da questão foram, aqui, inexplicavelmente, formulados de uma forma um tanto exagerada. Não precisamos atribuir ao “animalzinho” individual a posse de um aparato filosófico completo para explicar a razão pela qual ele pode ter a capacidade de fazer um “reconhecimento falso” de si próprio no reflexo do olhar do outro, que é tudo o que precisamos para colocar em movimento a passagem entre Imaginário e Simbólico, para utilizar termos de Lacan(http://migre.me/qG8n). Afinal, de acordo com Freud(http://migre.me/qG9D), para que se possa estabelecer qualquer relação com o mundo externo, a catexia básica das zonas de atividade corporal e o aparato da sensação, do prazer e da dor devem estar já “em ação”, mesmo que em forma embrionária. Existe, já, uma relação com uma fonte de prazer (a relação com a Mãe no Imaginário), de forma que deve existir já algo que é capaz de “reconhecer” o prazer. O próprio Lacan observou, em seu ensaio sobre o estágio do espelho, que “o filhote de homem, numa idade em que, por um curto espaço de tempo, mais ainda sim por algum tempo, é superado em inteligência pelo chimpanzé, já não reconhece obstante como tal sua imagem no espelho”.
Além disso, a crítica parece estar formulada em uma lógica binária: “antes/depois”, “ou isto ou aquilo”. A fase do espelho não é o começo de algo, mas a interrupção – a perda, a falta, a divisão – que inicia o processo que “funda” o sujeito sexualmente diferenciado (e o inconsciente) e isso depende não apenas da formação instantânea de alguma capacidade cognitiva interna, mas da ruptura e do deslocamento efetuados pela imagem que é refletida pelo olhar do outro. Para Lacan, entretanto, isso já é uma fantasia – a própria imagem que localiza a criança divide sua identidade em duas. Além disso, esse momento só tem sentido em relação com a presença e o olhar confortadores da mãe, a qual garante sua realidade para a criança. Peter Osborne (1995) observa que, em “O campo do Outro”, Lacan (1977b) descreve “um dos pais segurando a criança diante do espelho”. A criança lança um olhar em direção a mãe(sic-“ou um dos pais?”) como que buscando confirmação: “ao se agarrar í referência daquele que o olha num espelho, o sujeito vê aparecer, não seu ideal do eu, mas seu EU IDEAL. (p.257 [242]).”
(HALL, Stuart. Quem precisa de identidade. In: SILVA, Tomáz Thadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2000. p. 118)E
– “Há em muitos, julgo, um desejo semelhante de não ter de começar, um desejo semelhante de se encontrar,
de imediato, do outro lado do discurso, sem ter de ver do lado de quem está de fora aquilo que ele pode
ter de singular, de temível, de maléfico mesmo. A este querer tão comum a instituição responde de
maneira irónica, porque faz com que os começos sejam solenes, porque os acolhe num rodeio de atenção
e silêncio, e lhes impõe, para que se vejam í distância, formas ritualizadas.
O desejo diz: “Eu, eu não queria ser obrigado a entrar nessa ordem incerta do discurso; não queria ter
nada que ver com ele naquilo que tem de peremptório e de decisivo; queria que ele estivesse muito
próximo de mim como uma transparência calma, profunda, indefinidamente aberta, e que os outros
respondessem í minha expectativa, e que as verdades, uma de cada vez, se erguessem; bastaria apenas
deixar-me levar, nele e por ele, como um barco í deriva, feliz.” E a instituição responde: “Tu não deves
ter receio em começar; estamos aqui para te fazer ver que o discurso está na ordem das leis; que sempre
vigiámos o seu aparecimento; que lhe concedemos um lugar, que o honra, mas que o desarma; e se ele
tem algum poder, é de nós, e de nós apenas, que o recebe.”
”
(1970: Foucault, A Ordem do Discurso, SP: Loyola, 1995.)Editar18:14
“E, assim, Hermeto deixou suas pétalas ao vento. Desde novembro, abriu mão das licenças pela internet e liberou para uso de qualquer músico todas as composições registradas em seu nome. Nesta semana, promete disponibilizar parte da imensa e riquíssima discografia (são 34 álbuns) para download gratuito, num processo que chegará em alguns meses í totalidade da produção formal.”(…)
/*
* Requiem for Peace (and one dead man in London.c)
*
* Cycle 78, year 26 (Ji-Chou), month 3 (Wu-Chen), day 7 (Ding-Chou)
*
* (A)m*dam(jrml)
*/
int moment = 0;
int justice = 7;
void *hanger = ”
There was a í pause, and an eerie silence, just before í he did it. í A
green í scarf í masking í his face, í the í man í held í a large í piece í of
scaffolding í above í his í head í and, í surrounded í by í photographers,
eyeballed í the unprotected window í of the í Royal Bank í of Scotland’s
branch on Threadneedle Street.
“;
void *exception = ”
In that í split second, one voice í amid thousands in í the crowd broke
the silence. í – Don’t do í it – í she screamed – í He did – í This isn’t
violence – í retorted another voice in í the crowd – We í paid for this
building.
“;
unsigned int moment;
unsigned int imacy;
unsigned int cause;
bool represented;
// One protester at the scene said the man was in his 30s and died
// of natural causes, the í Press Association news agency reported.
imacy í = moment[wave]; // zoom in
cause í = natural(imacy); // the cause is just an index
/* Alok, í currently í in Exchange í Square, í would í like to í thank
Muriel for í lending him í her pen when í his run out. í He says
there are around 150 people í out in sympathy with the man who
died and 70 police. */
imacy -= democracy[cause] -> individual(justice);
rip(imacy); // the man was there to protest, but he is no more
// Once they í had broken into the bank, í however, the protesters
// did not quite know what to do.
printf(“justice is %u”, justice);
printf(“hanger address is %p (out of bounds?)”, hanger);
printf(“it seems they are still smiling.”);
// seen before, anyway we send the warning
}
} // street protest ends, but the wave will hit more shores
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na rua o tom de cinza tenta dar um clima
avermelhado pro curitibano se despir do pudor
e a chuva deixa dentro um fogo um cataclisma
pulsando um outro sentimento que nos dá calor
show Casa Gomm, 25/10/2008 – Curitiba
Música: Octávio Camargo
Letra: Alexandre França
Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois
Mais um poeta da dor se joga fora do bar
Onde a garoa cai guardando suas palavras
No piso de pedra do Alto da Glória para
Toda a boemia abraçada rir cantando
Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois
Esta doença de amor não tem remédio, porém
Em Curitiba no inverno os bares enchem mais
De gente fria esquentando com cachaça
Um desejo que no fundo só faz bem de mais
Eu mesmo largo mão de tanta hipocrisia
Dançando com as mocinhas da cidade
que eu não dava valor
em cada esquina mais um santo se agita
ao ler a missa que Dionísio saberia de cor
na rua o tom de cinza tenta dar um clima
avermelhado pro curitibano se despir do pudor
e a chuva deixa dentro um fogo um cataclisma
pulsando um outro sentimento que nos dá calor
é a polaca do Batel deixando a boca sorrir
falando alto, sem vergonha, pro comboio ouvir
que o esporro vai continuar na sua casa
outra casa cabisbaixa para farra enfeitar
com cores novas a fachada desbotada
cheia de lambrequins
um vinho campo largo pinta os dentes de um infeliz
que agora fala pelos cotovelos que não doem tanto
quanto antes numa época em que o amor doía como
aneurisma ou pontadas na barriga, o amor era uma briga
que batia um coração desajustado, tão cansado de sofrer
seu pai gastou tanto dinheiro
para que ele fosse um poliglota
como recompensa foi o primeiro
a sentir o sabor da sua bota
quanto mais estuda
mais cavalo ele fica
estudou teologia e filosofia pura
montando a dialética de sua cavalgadura
absorveu do mestre a suprema sabedoria
pra transformar seu templo em uma estrebaria
quanto mais estuda
mais cavalo ele fica
recebeu do mundo só amor e carinho
sólida cultura, todo o conhecimento
mas a grande eureca ele teve sozinho
burro é mistura de égua com jumento
quanto mais estuda
mais cavalo ele fica
Roberto Prado, Marcos Prado, Edilson Del Grossi, Trindade