“Milhões e Milhões de Alices no ar
Perigo iminente. Atenção, a menor linha de fuga pode fazer explodir tudo. Vigilância especial aos pequenos grupos perversos pulsando palavras, inventando frases, atitudes suscetíveis de contaminar populações inteiras. Neutralizar prioritariamente todos aqueles que poderiam ter acesso a uma antena. Guetos por toda parte – autogeridos, se possível – õ-Ãâ??ãÃâ?ºÃÂÃâ?? por toda parte, ate mesmo na família, no casal e inclusive na cabeça, de modo a segurar cada indivíduo, dia e noite(…)a escrita percorre transversalmente as ordens recompondo-as de maneira(…)”
(Felix Guatarri, Revolução Molecular, pág 56, editora brasiliense)
– buzzíûþòþ…
– “Parece que os termos da questão foram, aqui, inexplicavelmente, formulados de uma forma um tanto exagerada. Não precisamos atribuir ao “animalzinho” individual a posse de um aparato filosófico completo para explicar a razão pela qual ele pode ter a capacidade de fazer um “reconhecimento falso” de si próprio no reflexo do olhar do outro, que é tudo o que precisamos para colocar em movimento a passagem entre Imaginário e Simbólico, para utilizar termos de Lacan(http://migre.me/qG8n). Afinal, de acordo com Freud(http://migre.me/qG9D), para que se possa estabelecer qualquer relação com o mundo externo, a catexia básica das zonas de atividade corporal e o aparato da sensação, do prazer e da dor devem estar já “em ação”, mesmo que em forma embrionária. Existe, já, uma relação com uma fonte de prazer (a relação com a Mãe no Imaginário), de forma que deve existir já algo que é capaz de “reconhecer” o prazer. O próprio Lacan observou, em seu ensaio sobre o estágio do espelho, que “o filhote de homem, numa idade em que, por um curto espaço de tempo, mais ainda sim por algum tempo, é superado em inteligência pelo chimpanzé, já não reconhece obstante como tal sua imagem no espelho”.
Além disso, a crítica parece estar formulada em uma lógica binária: “antes/depois”, “ou isto ou aquilo”. A fase do espelho não é o começo de algo, mas a interrupção – a perda, a falta, a divisão – que inicia o processo que “funda” o sujeito sexualmente diferenciado (e o inconsciente) e isso depende não apenas da formação instantânea de alguma capacidade cognitiva interna, mas da ruptura e do deslocamento efetuados pela imagem que é refletida pelo olhar do outro. Para Lacan, entretanto, isso já é uma fantasia – a própria imagem que localiza a criança divide sua identidade em duas. Além disso, esse momento só tem sentido em relação com a presença e o olhar confortadores da mãe, a qual garante sua realidade para a criança. Peter Osborne (1995) observa que, em “O campo do Outro”, Lacan (1977b) descreve “um dos pais segurando a criança diante do espelho”. A criança lança um olhar em direção a mãe(sic-“ou um dos pais?”) como que buscando confirmação: “ao se agarrar í referência daquele que o olha num espelho, o sujeito vê aparecer, não seu ideal do eu, mas seu EU IDEAL. (p.257 [242]).”
(HALL, Stuart. Quem precisa de identidade. In: SILVA, Tomáz Thadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2000. p. 118)E
Além disso, a crítica parece estar formulada em uma lógica binária: “antes/depois”, “ou isto ou aquilo”. A fase do espelho não é o começo de algo, mas a interrupção – a perda, a falta, a divisão – que inicia o processo que “funda” o sujeito sexualmente diferenciado (e o inconsciente) e isso depende não apenas da formação instantânea de alguma capacidade cognitiva interna, mas da ruptura e do deslocamento efetuados pela imagem que é refletida pelo olhar do outro. Para Lacan, entretanto, isso já é uma fantasia – a própria imagem que localiza a criança divide sua identidade em duas. Além disso, esse momento só tem sentido em relação com a presença e o olhar confortadores da mãe, a qual garante sua realidade para a criança. Peter Osborne (1995) observa que, em “O campo do Outro”, Lacan (1977b) descreve “um dos pais segurando a criança diante do espelho”. A criança lança um olhar em direção a mãe(sic-“ou um dos pais?”) como que buscando confirmação: “ao se agarrar í referência daquele que o olha num espelho, o sujeito vê aparecer, não seu ideal do eu, mas seu EU IDEAL. (p.257 [242]).”
(HALL, Stuart. Quem precisa de identidade. In: SILVA, Tomáz Thadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2000. p. 118)E
– “Há em muitos, julgo, um desejo semelhante de não ter de começar, um desejo semelhante de se encontrar,
de imediato, do outro lado do discurso, sem ter de ver do lado de quem está de fora aquilo que ele pode
ter de singular, de temível, de maléfico mesmo. A este querer tão comum a instituição responde de
maneira irónica, porque faz com que os começos sejam solenes, porque os acolhe num rodeio de atenção
e silêncio, e lhes impõe, para que se vejam í distância, formas ritualizadas.
O desejo diz: “Eu, eu não queria ser obrigado a entrar nessa ordem incerta do discurso; não queria ter
nada que ver com ele naquilo que tem de peremptório e de decisivo; queria que ele estivesse muito
próximo de mim como uma transparência calma, profunda, indefinidamente aberta, e que os outros
respondessem í minha expectativa, e que as verdades, uma de cada vez, se erguessem; bastaria apenas
deixar-me levar, nele e por ele, como um barco í deriva, feliz.” E a instituição responde: “Tu não deves
ter receio em começar; estamos aqui para te fazer ver que o discurso está na ordem das leis; que sempre
vigiámos o seu aparecimento; que lhe concedemos um lugar, que o honra, mas que o desarma; e se ele
tem algum poder, é de nós, e de nós apenas, que o recebe.”
”
(1970: Foucault, A Ordem do Discurso, SP: Loyola, 1995.)Editar18:14
de imediato, do outro lado do discurso, sem ter de ver do lado de quem está de fora aquilo que ele pode
ter de singular, de temível, de maléfico mesmo. A este querer tão comum a instituição responde de
maneira irónica, porque faz com que os começos sejam solenes, porque os acolhe num rodeio de atenção
e silêncio, e lhes impõe, para que se vejam í distância, formas ritualizadas.
O desejo diz: “Eu, eu não queria ser obrigado a entrar nessa ordem incerta do discurso; não queria ter
nada que ver com ele naquilo que tem de peremptório e de decisivo; queria que ele estivesse muito
próximo de mim como uma transparência calma, profunda, indefinidamente aberta, e que os outros
respondessem í minha expectativa, e que as verdades, uma de cada vez, se erguessem; bastaria apenas
deixar-me levar, nele e por ele, como um barco í deriva, feliz.” E a instituição responde: “Tu não deves
ter receio em começar; estamos aqui para te fazer ver que o discurso está na ordem das leis; que sempre
vigiámos o seu aparecimento; que lhe concedemos um lugar, que o honra, mas que o desarma; e se ele
tem algum poder, é de nós, e de nós apenas, que o recebe.”
”
(1970: Foucault, A Ordem do Discurso, SP: Loyola, 1995.)Editar18:14