2ª Edição – Oficina de Eletrônica Musical Experimental

EME
2ª Oficina de Eletrônica Musical Experimental
A oficina é uma introdução a construção de protótipos de instrumentos eletrônicos musicais de baixa voltagem. Serão apresentados alguns componentes eletrônicos e controles básicos, que conforme organizados produzem diferentes sons. A combinação e manipulação desses aparatos eletrônicos resultam em criativos instrumentos musicais. A música produzida pode ser chamada também de Chip Music.


Confira o álbum de fotos da 1ê edição da oficina

dias 27/08 e 03/09 de 2011
das 14h í s 18h – sábado

Local: NULIB – Núcleo de Arte e Tecnologia do Paço da Liberdade SESC Paraná
Praça Generoso Marques – Curitiba – PR

Inscrição:
R$ 20,00 usuários do SESC
R$ 10,00 comerciários e dependentes

Oficina de Eletrônica Musical Experimental

NULIB Oficina de Eletrônica Musical Experimental
A oficina aborda a construção de protótipos de instrumentos eletrônicos de baixa voltagem para produção musical. Propõe a criação de instrumentos eletrônicos básicos, com componentes organizados em uma protoboard (matriz de contato). Propõe ainda a composição musical e improvisação. O resultado musical é comumente chamado de “Chip Music”. A oficina é direcionada a pessoas interessadas em música, tecnologia e eletrônica.


Confira o álbum de fotos da oficina

Ministrante: Lúcio de Araújo
Data: 19. 21. 26 e 28/07/2011
Horário: 19h í s 21h
Local: Laboratório de Artes Eletrônicas – Paço da Liberdade – SESC Paraná
Praça Generoso Marques, 189 – Curitiba – Paraná
Telefone: 41 3234 4200

Milhões e Milhões de Alices

“Milhões e Milhões de Alices no ar

Perigo iminente. Atenção, a menor linha de fuga pode fazer explodir tudo. Vigilância especial aos pequenos grupos perversos pulsando palavras, inventando frases, atitudes suscetí­veis de contaminar populações inteiras. Neutralizar prioritariamente todos aqueles que poderiam ter acesso a uma antena. Guetos por toda parte – autogeridos, se possí­vel – õ-Ðâ??УÐâ?ºÃÂÃâ?? por toda parte, ate mesmo na famí­lia, no casal e inclusive na cabeça, de modo a segurar cada indiví­duo, dia e noite(…)a escrita percorre transversalmente as ordens recompondo-as de maneira(…)”
(Felix Guatarri, Revolução Molecular, pág 56, editora brasiliense)

buzzíÃÂ»ÃÂ¾ÃÂ²ÃÂ¾…
“Parece que os termos da questão foram, aqui, inexplicavelmente, formulados de uma forma um tanto exagerada. Não precisamos atribuir ao “animalzinho” individual a posse de um aparato filosófico completo para explicar a razão pela qual ele pode ter a capacidade de fazer um “reconhecimento falso” de si próprio no reflexo do olhar do outro, que é tudo o que precisamos para colocar em movimento a passagem entre Imaginário e Simbólico, para utilizar termos de Lacan(http://migre.me/qG8n). Afinal, de acordo com Freud(http://migre.me/qG9D), para que se possa estabelecer qualquer relação com o mundo externo, a catexia básica das zonas de atividade corporal e o aparato da sensação, do prazer e da dor devem estar já “em ação”, mesmo que em forma embrionária. Existe, já, uma relação com uma fonte de prazer (a relação com a Mãe no Imaginário), de forma que deve existir já algo que é capaz de “reconhecer” o prazer. O próprio Lacan observou, em seu ensaio sobre o estágio do espelho, que “o filhote de homem, numa idade em que, por um curto espaço de tempo, mais ainda sim por algum tempo, é superado em inteligência pelo chimpanzé, já não reconhece obstante como tal sua imagem no espelho”.
Além disso, a crí­tica parece estar formulada em uma lógica binária: “antes/depois”, “ou isto ou aquilo”. A fase do espelho não é o começo de algo, mas a interrupção – a perda, a falta, a divisão – que inicia o processo que “funda” o sujeito sexualmente diferenciado (e o inconsciente) e isso depende não apenas da formação instantânea de alguma capacidade cognitiva interna, mas da ruptura e do deslocamento efetuados pela imagem que é refletida pelo olhar do outro. Para Lacan, entretanto, isso já é uma fantasia – a própria imagem que localiza a criança divide sua identidade em duas. Além disso, esse momento só tem sentido em relação com a presença e o olhar confortadores da mãe, a qual garante sua realidade para a criança. Peter Osborne (1995) observa que, em “O campo do Outro”, Lacan (1977b) descreve “um dos pais segurando a criança diante do espelho”. A criança lança um olhar em direção a mãe(sic-“ou um dos pais?”) como que buscando confirmação: “ao se agarrar í  referência daquele que o olha num espelho, o sujeito vê aparecer, não seu ideal do eu, mas seu EU IDEAL. (p.257 [242]).”
(HALL, Stuart. Quem precisa de identidade. In: SILVA, Tomáz Thadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2000. p. 118)
E
“Há em muitos, julgo, um desejo semelhante de não ter de começar, um desejo semelhante de se encontrar,
de imediato, do outro lado do discurso, sem ter de ver do lado de quem está de fora aquilo que ele pode
ter de singular, de temí­vel, de maléfico mesmo. A este querer tão comum a instituição responde de
maneira irónica, porque faz com que os começos sejam solenes, porque os acolhe num rodeio de atenção
e silêncio, e lhes impõe, para que se vejam í  distância, formas ritualizadas.
O desejo diz: “Eu, eu não queria ser obrigado a entrar nessa ordem incerta do discurso; não queria ter
nada que ver com ele naquilo que tem de peremptório e de decisivo; queria que ele estivesse muito
próximo de mim como uma transparência calma, profunda, indefinidamente aberta, e que os outros
respondessem í  minha expectativa, e que as verdades, uma de cada vez, se erguessem; bastaria apenas
deixar-me levar, nele e por ele, como um barco í  deriva, feliz.” E a instituição responde: “Tu não deves
ter receio em começar; estamos aqui para te fazer ver que o discurso está na ordem das leis; que sempre
vigiámos o seu aparecimento; que lhe concedemos um lugar, que o honra, mas que o desarma; e se ele
tem algum poder, é de nós, e de nós apenas, que o recebe.”

(1970: Foucault, A Ordem do Discurso, SP: Loyola, 1995.)
Editar18:14

Anotações no coletivo

Anotações no coletivo
Submitted by felipefonseca on Sun, 16/11/2003 – 11:09.
in

* brasil
* camelô
* cultura hacker

permalink:
http://efeefe.no-ip.org/livro/anota%C3%A7%C3%B5es-no-coletivo
Autor (a):
Felipe Fonseca

Anotações no Coletivo

Artigo escrito em novembro de 2003, na seqüência de uma palestra que dei junto com Hernani Dimantas no Cybercultura 2.0, no Senac, a convite de Lucia Leão.

Aí­ uma costura das anotações tomadas na linha Lapa – Santo Amaro, quinta-feira passada, a caminho do Cybercultura 2.0, com algumas coisas que realmente cheguei a comentar na mesa redonda com o Hernani, e mais algumas elucubrações posteriores. Meu nome é Felipe Fonseca. Dizem que fui co-fundador do Projeto MetaFora junto com o Hernani. Mas outros dizem que o Projeto MetaFora nunca existiu, foi uma espécie de alucinação coletiva.

A cultura brasileira como uma cultura hacker (ou poderí­amos definir: a ética hacker nas culturas populares brasileiras*).

Em primeiro lugar, quero me desculpar porque vou avançar em alguns assuntos sobre os quais não sou especialista. Não me preocupar muito com isso é uma das coisas que aprendi com os hackers com quem trabalho. Bom, vamos adiante.

A era das grandes verdades

Até há pouco tempo, a comunicação concentrava-se em torno das fontes “oficiais” de informação e conhecimento: a igreja, o estado, a escola e a academia, e no último século a mí­dia de massa. As estruturas de comunicação eram facilmente identificadas. Um mapeamento dos fluxos de comunicação revelariam três grandes vertentes:

* as “fontes oficiais” propriamente ditas;

* as derivações das fontes (aquele tiozinho que repete no boteco o argumento do padre ou do âncora do telejornal), paráfrases das grandes verdades;

* as vozes contrárias, antí­teses das grandes verdades.

Essas últimas eram responsáveis por uma espécie de equilí­brio e um movimento de renovação. Podem ser identificadas aqui as vanguardas do século XX e a contracultura do pós-guerra, que, de alguma forma, acabavam impedindo uma total tirania na comunicação.

A era das múltiplas verdades

Nas últimas décadas, entretanto, as fontes “oficiais” começaram a se multiplicar e pulverizar. Acredito que alguns fatores influenciaram bastante nesse movimento:

* os questionamentos sobre a ciência no século XX;

* os questionamentos sobre a arte e seu papel;

* o intenso desenvolvimento e a facilitação do acesso í s Tecnologias de Informação e Comunicação;

* o acirramento da competitividade nos mundos corporativo e acadêmico, e entre as empresas de mí­dia de massa.

Um hipotético mapa da comunicação nos dias de hoje revelaria um cenário complexo, tendendo ao caos. Apesar de o ambiente da comunicação continuar dominado pelas mesmas estruturas (hoje, sobremaneira, as megacorporações), não é tarefa simples identificar onde se encerra esse poder. Em tal cenário, o papel de uma suposta contracultura precisa necessariamente se reinventar. Há 30 anos, era fácil identificar “o inimigo”: a ditadura no Brasil, a guerra do Vietnã e as estruturas militares nos EEUU, etc. Hoje, para onde devem apontar as armas da contracultura?

Aliás, ainda existe uma contracultura?

Eu acredito que não haja uma resposta objetiva.

Mas a comunicação tem papel fundamental na aceitação e manutenção dessa realidade. Em O Sistema dos Objetos, Jean Baudrillard identifica que a dominação através da manipulação publicitária não se dá no âmbito de cada peça de comunicação influenciando uma decisão do “consumidor”, mas no contexto do conjunto das peças publicitárias seguindo fórmulas assemelhadas e ratificando um modo de vida ocidental, branco e consumista. Uma situação claramente emergente, em que a ação de cada parte é menos importante do que a ação do conjunto.

A mí­dia tática surge nesse cenário, também como uma força emergente, potencializada com o novo ativismo que surge ao fim da década passada, nos protestos em Seattle, Gênova, Davos, Washington e tantos outros. Grupos de ativistas midiáticos e artistas de todo o mundo passam a utilizar ferramentas í s quais anteriormente só as elites tinham acesso para questionar a credibilidade da comunicação. Usam, camuflados ou não, as próprias armas do inimigo para conscientizar as pessoas sobre o que se passa no mundo. A mí­dia tática pode ser vista como a retomada do “social” na comunicação. Sua estrutura como sistema descentralizado e emergente encontra justificativa em Steven Johnson, no Emergência:

(…) se você está tentando lutar contra uma rede distribuí­da como o capitalismo global, é melhor mesmo se tornar uma rede distribuí­da.

A ética hacker

No mundo do desenvolvimento tecnológico, uma contracultura atuante desde os anos 70 construiu colaborativamente a Ética Hacker. Não vou entrar em detalhes, mas alguns dos princí­pios postulados pelos hackers encontram eco e respaldo na mí­dia tática:

* a descentralização coordenada;

* ênfase na reputação pessoal, baseada no histórico de ações, ao invés de hierarquia baseada em tí­tulos ou honras;

* colaboração e conhecimento livre e aberto;

* questionamento profundo sobre a validade da propriedade intelectual;

* Release Early, Release Often – é mais importante realizar do que ter um plano perfeito;

* informalidade.

Hackerismo brazuca

Estive em setembro no Next5Minutes, festival internacional de mí­dia tática realizado em Amsterdam. Alguns dias antes de embarcar, comecei a debater com o pessoal no MetaFora sobre o que falar por lá. As primeiras idéias circularam em torno da ética hacker e uma apresentação do grupo MetaFora. Na manhã da partida (ou a manhã anterior, não estou certo), acordei com a opinião de que tal linha de argumentação tinha duas falhas. Em primeiro lugar, eu não havia sido chamado para representar o MetaFora, e sim o Mí­dia Tática Brasil, festival realizado em março de 2003 do qual participamos. Além disso, não faria sentido simplesmente fazer côro a diversas outras vozes que já apregoam os princí­pios da descentralização e da colaboração. Já há algum tempo, tí­nhamos percebido que, em termos de colaboração, nós, elite cultural revoltadinha brasileira, temos mais a aprender do que a ensinar com as culturas populares* no Brasil.

O hackerismo tecnológico tem grande aceitação no Brasil, como pode detalhar o Hernani. O governo está adotando Software Livre, o paí­s é um dos maiores em volume de ataques de crackers. Sexta-feira, Maratimba comentou comigo que ouviu da boca de Miguel de Icaza que o Brasil tem o maior parque instalado do ambiente gráfico Gnome. No N5M, alguns programadores de Taiwan que estavam na mesa redonda New Landscapes for Tactical Media, da qual eu e Ricardo Rosas também participamos, vieram a mim perguntar, maravilhados, se tudo o que se falava sobre Software Livre no Brasil era verdade. Assenti, orgulhoso. Eu vejo algumas raí­zes culturais hackers no Brasil desde muito antes da criação do primeiro computador.

Os mitos afro-brasileiros**

Durante alguns séculos, pessoas de várias regiões da ífrica foram violentamente seqüestradas e trazidas ao Brasil, comerciados como escravos e encarcerados a uma vida de trabalho duro, restos de comida e praticamente nenhum direito. Não bastassem as agressões fí­sicas e a humilhação contí­nua, eles eram proibidos de exercer suas crenças, originalmente aní­micas. Alguns convertiam-se í  “verdadeira fé” católica, mas muitos desenvolveram uma alternativa, análoga í  engenharia social hacker: o tal sincretismo religioso. Camuflando seus orixás com vestes católicas, puderam continuar praticando seus rituais e venerando seus deuses da guerra, do trovão e do vento. Embora tenham aparecido diversas lideranças na Umbanda, não havia uma centralização de poder ou dogma. Assim, as linguagens espirituais afrobrasileiras foram se desenvolvendo de maneira colaborativa. Têm uma base comum (o kernel hacker) e diversas adaptações locais (a customização descentralizada hacker), chegando a abarcar elementos do kardecismo, de culturas indí­genas, de tradições ciganas, do budismo e outras crenças orientais.

A cultura burguesa brasileira

Não é novidade que, no iní­cio do século XX, a incipiente intelectualidade brasileira, composta em sua maioria pelos jovens filhos das elites que estudavam na Europa e voltavam ao paí­s, passava por uma crise de identidade, como ocorreu com todas as ex-colônias européias emancipadas entre os séculos XVII e XX ao redor do mundo. Duas perspectivas levavam a um impasse: de um lado, a cultura européia, moderna, vibrante, mas associada í  ex-metrópole colonial. De outro, uma cultura bruta, neonaturalista e sertaneja, quase crua. Os modernistas resolveram o paradoxo com a antropofagia, basicamente hacker: não renegaram nenhum dos dois mundos para criar novas formas de expressão. Pelo contrário, ao invés de tentar começar uma nova cultura do zero, misturaram elementos da cultura européia com a cultura brasileira. Vestiram a cultura popular de raiz com a experimentação formal do primeiro mundo.

Fenômeno semelhante ocorreu no final dos anos 70 com a Tropicália. Uniram o samba ao roquenrou, adaptando a linguagem comum da contracultura mundial com o sotaque local.

A economia pirata

Premida por uma situação econômica em condições cada vez piores, pressionada pela dificuldade de encontrar colocação e subsistência na economia formal, grande parte da população no Brasil migrou nas últimas duas décadas para a economia informal. Caracterizada por um dinamismo e por uma espécie de empreendedorismo na gambiarra, esse mundo alternativo de trabalho, que possui seu próprio cí­rculo de produção e distribuição, envolve hoje praticamente metade da população considerada “economicamente ativa” no Brasil, e mais uma grande quantidade de jovens e idosos. Possui suas formas de uma mí­dia mambembe que, se não se assemelha í  mí­dia tática do primeiro mundo, também chega, de maneira emergente, a questionar os domí­nios da propriedade intelectual e do poder da mí­dia de massa, em especial o branding corporativo. Outros elementos da ética hacker presentes na economia pirata:

* colaboração;

* descentralização;

* ênfase na reputação;

* informalidade.

O mutirão

Maratimba descreveu uma analogia do puxadinho feito em mutirão com o princí­pio do Release Early, Release Often, que corre um certo risco de ser uma visão estereotipada, mas que funciona como sí­mbolo:

Começo | Barraco – “Vamo botar essa porra em pé!”

Sabe como é? Menos é mais. Minimalismo funcionalista.

Expansão | Puxadinho – “Chame os amigos e ponha água no feijão”

Contemplar o máximo de necessidades. Refinamento e oferta de adicionais.

Refundação | Alvenaria – “Tá na hora de botar ordem na casa”

Revisão de erros e melhoria da qualidade geral. Consistência de dados e de interface E agora? Subi um barraco? Puxei um quarto pras crianças e um banheiro do lado de fora? Troquei os aglomerados e madeirites por tijolo e telha? Basta seguir a vida e esperar. Se precisar de mais teto, você pode construir a famosa casa nos fundos ou o mais popular segundo andar.

Comunidades periféricas interconectadas

As autoridades, a academia e a sociedade civil já acordaram para as possibilidades de transformação que as tecnologias de informação e comunicação trazem para a melhoria de vida das populações periféricas. As duas primeiras fases da “inclusão digital” tinham lá suas falhas, mas podem ser encaradas como um bom começo. Há um paralelo com um movimento que Mario de Andrade fez no século passado, de planejar expedições ao Brasil rural em busca de uma suposta cultura brasileira. Hoje, sabendo que cerca de 70% da população brasileira vive na periferia das grandes cidades, esses projetos têm o potencial de mapear e consolidar as caracterí­sticas de cada comunidade e integrá-las í s conversações mundializadas. É questão de adaptar as tecnologias í s necessidades das pessoas, e não o contrário. Vamos nos esforçando.

* Observações da moderadora Rita de Oliveira. Obrigado, Rita.

** Lucia Leão comentou que o site preferido de Roy Ascott é um site sobre Umbanda. Não tenho o link aqui, vou pedir í  Lucia.

Comentários

Lucia Leão

O site indicado pelo Roy é: http://www.umbandaracional.com.br/