“Now, in order to answer the question, ‘Where do we go from here?’, we must first honestly recognize where we are now” (Martin Luther King Jr., 1967)

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Não é racismo se insurgir contra branco, diz ministra
Denize Bacoccina, de Brasí­lia

A ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Polí­tica da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), diz que considera natural a discriminação dos negros contra os brancos.

Em entrevista í  BBC Brasil para lembrar os 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, tido como o ponto de partida para o fim da escravidão em todo o mundo, ela disse que “não é racismo quando um negro se insurge contra um branco”.

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“A reação de um negro de não querer conviver com um branco, eu acho uma reação natural. Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”, afirmou.

Ribeiro disse que ainda vai demorar até que as polí­ticas públicas implantadas nos últimos anos comecem a dar resultados concretos e diminuam a diferença econômica e social entre as populações branca e negra do paí­s.

“Ainda temos muito o que fazer”, afirma, enumerando ações que já começaram, como na área de educação e saúde.

Ela diz que, embora a abolição da escravatura tenha chegado atrasada ao Brasil, hoje o paí­s tem uma das legislações mais avançadas do mundo em relação a direitos iguais, mas ainda falta uma mudança de postura da sociedade.

BBC Brasil – De acordo com as estatí­sticas, a proporção de negros abaixo da linha da pobreza na população brasileira é de 50%, enquanto entre os brancos é de 25%. Quando isso vai começar a mudar?

Matilde Ribeiro – As ações neste momento ainda são na ordem da estruturação das polí­ticas. Por exemplo, no Ministério da Saúde estamos incluindo o quesito cor nos formulários. Precisamos ter referência do que adoece e morre a população brasileira, para poder ter programas especí­ficos.

BBC Brasil – A secretaria já tem quatro anos, o que se pode perceber de resultado prático neste perí­odo?

Matilde Ribeiro – Na educação, uma lei de 2003 obriga o ensino da história e cultura afro-brasileiras para as crianças, desde o iní­cio. O processo de implementação está em curso. É muito difí­cil ter números, resultados concretos. Mas já tem alguns resultados. Por exemplo, o (programa) Prouni, de bolsas de estudos para alunos carentes de escolas, já concedeu em menos de três anos mais de 200 mil bolsas no Brasil, dos quais 63 mil negros e 3 mil indí­genas.


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BBC Brasil – E em quanto tempo a senhora acha que poderemos ter uma situação de igualdade, onde as pessoas sejam julgadas pelo mérito, independentemente da raça?

Matilde Ribeiro – O Brasil tem 507 anos. Há quase 120 anos, em 1888, foi assinado um decreto como este que o presidente assinou dizendo que não havia mais escravidão no Brasil. Só que não houve uma seqüência. Hoje, o fato de os negros e os indí­genas serem os mais pobres entre os pobres é resultado de um descaso histórico. Então fica muito difí­cil hoje afirmar quanto tempo.

BBC Brasil – Como o Brasil se coloca no contexto internacional? O Brasil gosta de pensar que não tem discriminação e gosta de se citar como exemplo de integração. É assim que a senhora vê a situação?

Matilde Ribeiro – É o seguinte: chegaram os europeus numa terra de í­ndios, aí­ chegaram os africanos que não escolheram estar aqui, foram capturados e chegaram aqui como coisa. Os indí­genas e os negros não eram os donos das armas, não eram os donos das leis, não eram os donos dos bens de consumo. A forma que eles encontraram para sobreviver não foi pelo conflito explí­cito. No Brasil, o racismo não se dá por lei, como foi na ífrica do Sul. Isso nos levou a uma mistura. Aparentemente todos podem usufruir de tudo, mas na prática há lugares onde os negros não vão. Há um debate se aqui a questão é racial ou social. Eu diria que é as duas coisas.

BBC Brasil – E no Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?

Matilde Ribeiro – Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, polí­tica ou numérica coí­be ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.

BBC Brasil – Neste mês, a Grã-Bretanha comemora os 200 anos da proibição do comércio de escravos, coisa que no Brasil só aconteceu muito tempo depois. O Brasil ainda continua atrasado nesta área?

Matilde Ribeiro – Não, nós temos acompanhado os fóruns internacionais. O Brasil é um dos paí­ses mais progressistas neste aspecto de legislação e de ação efetiva. A legislação no Brasil é extremamente avançada. Não é pela via legal que o racismo acontece. O que falta é mudança de postura das pessoas. Não adianta só o governo fazer. Muito já foi feito, mas como você disse no iní­cio: alterou os í­ndices? Ainda não, portanto temos muito a fazer.

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One thoughtful comment

  1. n�£o existem ra�§as, apenas racistas. e n�£o se corrige um erro hist�³rico com outro.

    vida longa �  esp�©cie humana.

    occam disse.

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