A confusão das línguas não deixa margem para o rio das dúvidas banhar a ouro e verde as esperanças de todos nós






 
 

a justa razão aqui delira
leminski – fragmento do catatau
pg 34 ed. sulina

leitura eletrônica em inglês – catataulido.ogg

1.jpg

“Preserva-se do real numa turris ebúrnea; o real
vem aí, o real está para

> chegar, eis o advento! Vrijburg defende-se,

se defendam vrijburgueses

> o cerco aperta, alerta, alarde, alarme, atalaia!
Todo o tiro é susto

, Todo > fumo – espanto, todo
cuidado – 



pouco caso

.
Vem nos negros dos quilombos,
> nas
> naus dos carcamanos,
na cara destes bichos:
basiliscos brasilicos queimam a
> cana, entre as chamas passando pendôes.

Cairás, torre de
Vrijburg

, de
> grande
> ruína.
Passeio entre cobras e es-
corpiões meu calcanhar de Aquino,
caminhar > de

Aq

uiles.

E essa torre da Babel do orgulho de Marcgravf e Spix,

pedra
> sobre pedra não ficará,
o mato virá sobre a pedra
e a pedra a espera da
> treva fica podre e vira hera a
pedra que era…

A confusão das línguas não
> deixa
margem
para o rio das dúvidas banhar a ouro e verde as
esperanças dos
> planos de todos nós:
as tábuas de eclipses de
Marcgravf não entram em
> acordo > com as de
Grauswinkel;
Japikse pensa que é macaco o aí que
Rovlox diz fruto
> dos coitos danados de
toupinamboults e tamanduás
;
Grauswinkel, perito nas
> manhas dos corpos celestes, nas manchas do sol e
outras raridades urânicas
>

é um lunático

;
Spix, cabeça de selva, onde uma

aiurupara
e

stá
pousada em cada
> embuayembo, uma aiurucuruca, um aiurucurau, uma
aiurucatinga, um tuim, uma
> tuipara, uma tuitirica, uma arara, uma
araracá, uma araracã, um araracanga,
> uma araraúna, em cada galho do
catálogo de caapomonga, caetimay, taioia,
> ibabiraba, ibiraobi! Viveiro? Isso está
tudo morto!

Por eles, as árvores
> nasciam com o nome em latim na casca, os animais
com o nome na testa dentro
> da moda que a besta do apocalipse lançou
com uma dízima periódica por
> diadema,
cada homem já nascia escrito em peito

o epitáfio,

os
frutos
brotariam
com o receituário
de suas propriedades,
virtudes e contraindicações.
> Esse é emético, esse
é diurético, esse é
antisséptico,
> laxante, dispéptico, adstringente

, isso é letal.”


Social Music Kiosk – Vienna

Social Music Kiosk
(on-air, on-line: http://www.kunstradio.at, Sunday, Nov 25th, 23:00
Brandon LaBelle

In conjunction with the Kunstmarkt event held at the Schí¶pfwerk housing community in Vienna in October 2007 where art was used as a meeting point for social diversity, Social Music Kiosk functions as a gathering of different narratives related to art and social environments. Originally staged as an artistic contribution to the Kunstmarkt, the Kiosk functioned as a participatory sonic platform, inviting visitors to add to the mix by way of their favorite CDs, audio reports made on-site, and live treatments and interactions. Using the Kunstmarkt as a base, the radio work overlays multiple inputs: a series of audio recordings made by local residents and visitors to the Kunstmarkt, an interview and discussion with the organizers of the Kunstmarkt and social workers from Schí¶pfwerk, and electronic treatments. Part-documentary, part-question and answer, and part-mix, the work is a telescoping of multiple perspectives onto a social topography.

img_5912.jpg

http://www.kunstradio.at/2007B/25_11_07.html
Thanks to Ulla Ebner for her DJing, Annette Stahmer for her assistance, and to Rudolfine Lackner, Renate Schnee and Sabine for their invitation and conversation.

*

Brandon LaBelle is an artist and writer working with sounds, places, bodies, and cultural frictions. He is the author of Background Noise: Perspectives on Sound Art (Continuum 2006) and co-editor of the Surface Tension (Errant Bodies) series. His recent work Prototypes for the mobilization and broadcast of fugitive sound was exhibited at the Enrico Fornello Gallery, Prato. He teaches at the University of Copenhagen and is currently developing projects on street cultures.
http://www.errantbodies.org/labelle.html

Praça Nueva Brasília – Itaparica – Erik Goengrich – 16/09/2007 – 2pm

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hallo to all
on sunday the 16.sept.07 at 2pm will be the inauguration of “Praça
Nueva Brasilia” in Itaparica.
For all who like to come I would propose that we meet at 1:30pm in
front of SACATAR-Foundation in Itaparica and then we walk to the
place.
(5 min.walk but too complicated to explain)
Hope all of you who are near find the time to come.
all the best
greetings
Erik

there is an informal settlement just around the corner of SACATAR with
5 big Trees that form a kind of an open public space.
Three weeks ago I found this place and was impressed….
Is it that I am still too romantic?
In portugese these 10 to 15 small houses surrounding that place they
are called “invasâo” which I find a very interesting:
like a wave of the see which is just in front….

Then, as you know of my last two emails I returned from:

and I met Robinson, without whom that whole intervention would not
have been possible:

trying to change the human relationship / thinking about nature.
He is trying to build up this organisation and doing a very imortant
work.
I would say he is the best communicator i met until now in Itaparica.
And I was never so astonished how many ways somebody is introducing me
and my work….
andfrom monday the 3.sept when i returned from Brasilia until today I
was nearly every day working at “Praca Nueva Brasilia”:
responsibility.
everybody liked it sometimes of diffrent reasons:
for some it was important that it is not coming from the Itaparica
official administration
for some it was just good that there will come something to sit on
some liked the fact of having little Brasilia in front of their door
some liked the idea of having meetings there
and others thought immediatley that the value of their small house
will increase….
and as well i got very quick offers to buy a house or land (for
2000euro) in this area without official papers…

brasilia.jpg

so we began to collect the left over wood of Sacatar and started to
build benches:

here we coming to the architectural part because the congress of
Brasilia is made out of “pau-a-pique”

with varas (the palm tree leaves stem) and clay

this is the structure with all the greenpalmtree leaves stems
cooked from Maria (a sister of robinson living directliy there)
the kids started to like it and helped as well,

but still wondering what that all means?
the ramp for the congress arrived
the sign to the place is painted…

would be happy to see you sunday at 2pm
if everything works out well the itaparica-caboclos which used to
perform on this place will come as well…
greetings
erik

nova-brasilia-3.jpg

nova-brasilia-2.jpg

Dados Cru(do)s a Coze(i)r :::::: TUMBALALÃ? ::::::: (ou a aldeia que nunca foi aldeia e que é muito mais que aldeia) ::::::: DESAFIATLux TUMBALALÃ?

O reconhecimento oficial ocorreu após uma mobilização iniciada em meados de 1998 e direcionada para a adoção de projetos de articulação coletiva que gravitavam em torno de uma história, destino e origem comuns para as pessoas que formam hoje uma comunidade com fronteiras sociais em processo e ainda sem território demarcado. Habitando o sertão de Pambú, uma área na margem baiana do sub-médio São Francisco ocupada no passado por várias missões indí­genas e alvo de criação extensiva de gado bovino durante os séculos XVII, XVIII e XIX, os Tumbalalá estão historicamente ligados a uma extensa rede indí­gena de comunicação interétnica, sendo, assim, parte e produto de relações regionais de trocas rituais e polí­ticas que sustentam sua etnogênese no plano das identidades indí­genas emergentes e os colocam no domí­nio etnográfico dos í­ndios do Nordeste brasileiro.
AAAAHAAHHHHALALí

NO RIO O IRON

Os Tumbalalá ocupam uma antiga área de missões indí­genas e colonização portuguesa ao norte do estado da Bahia, entre os municí­pios de Curaçá e Abaré, na divisa com Pernambuco e í s margens do rio São Francisco. Tem-se por referência o pequeno e antigo povoado de Pambú

(S 08o 33� W 039o 21�)

, a ilha da Assunção (TI Truká) e a cidade de Cabrobó (PE).

MISSAO

A história da colonização do sertão de Pambú remete ao século XVII e foi incrementada pela criação extensiva de gado bovino e pela formação de missões indí­genas nas ilhas do sub-médio São Francisco. Essas duas agências coloniais, somadas a outros fatores tanto polí­ticos quanto naturais, responderam por fluxos de deslocamentos e convergência de pessoas e famí­lias que fizeram desta parte do sertão uma referência regional no século XVIII.

Formando um importante núcleo de atração e povoamento interior, o sertão de Pambú foi ocupado até este perí­odo por ajuntamentos portugueses, vilas e aldeias de í­ndios cariri, fazendas de gado, grupos de í­ndios nômades não reduzidos, mas contatados, e outros ainda sem comunicação com os colonizadores. Dessa babilônia étnica que colocou lado a lado, em um complexo e tenso campo intersocial, pessoas e instituições com interesses e estilos culturais mais diversos derivam os Tumbalalá e as demais comunidades indí­genas do sertão do sub-médio São Francisco.

velho velho velho chico

LUCY IN THE SKY; DIAMONDS DIAMONDS DIAMONDS!

querem TRANSPOR?

TRANSPOSIÇ+ÃO
TRANSPOS
TRANSPOSIÇÃO
TRANS

POSIÇÃO

T R

A N
S P O

S

I

Ç

Ã

O

pode tirar seu burro da chuva

e entre você

ruindow$

A estimativa do número de famí­lias que hoje compõem o grupo tumbalalá é bastante imprecisa
, haja vista que o processo de auto-identificação está em curso e os critérios de pertença estão sendo internamente formulados. Durante o processo de identificação étnica realizado em 2001 foram confirmadas cerca de 180 famí­lias, mas, baseado em dados propostos por lideranças, o limite máximo potencial da população tumbalalá chega perto de 400 famí­lias, só devendo haver maior clareza quanto esse número após o término do processo de regularização fundiária do território.

patopatopato!

olhos
ohos

olhos
aviao
mulheres

“Alô, base, respondam! Toda poesia vive no rádio, na pepita de urânio
qu�ica
RíDIO
RíDIO
RíDIO
RíDIO
RíDIO
RíDIO
RíDIO
RíDIO

microfone
chefia
manoel

toré
diminuição de áreas antes freqüentadas e habitadas por animais silvestres de porte maior, como veado e tamanduá, fez da caça uma atividade restrita a animais de pequeno porte que habitam a caatinga ou a vegetação que nasce ao longo do curso intermitente dos riachos. São codorna, preá, cutia, camaleão e, mais raramente, tatu.

novena
9?
ou 90?

evido í s várias intervenções ao longo do curso do rio São Francisco que acabaram por diminuir o seu potencial piscoso e navegabilidade, a pesca já não participa significativamente da economia doméstica local, apesar de o rio ainda oferecer uma boa variedade de peixes aproveitados na alimentação, além de ser habitat de jacarés, capivaras e tartarugas pouco consumidos em função da escassez e dificuldade de serem pegos.

mulheres
mulheres
celular na rádio!

etnogênese tumbalalá – assim como dos outros grupos da região do sub-médio São Francisco – é, portanto, um processo descontí­nuo e de longa duração. Em sua fase contemporânea o principal registro é a criação do terreiro de toré na fazenda São Miguel, propriedade da famí­lia Fatum, após a revelação feita a um membro desta famí­lia pelo encanto (sobre encanto, ver o item “ritual e cosmologia”) Manoel Ramos sobre a existência da aldeia Tumbalalá e seus limites. Isso na década de 50, quando algumas famí­lias locais trocavam regularmente experiências rituais e polí­ticas com famí­lias da ilha da Assunção e de outras localidades, outrora missões indí­genas. O ingrediente polí­tico que faltava para que os Tumbalalá seguissem o exemplo de seus vizinhos que obtiveram do Governo Federal a tutela, como os Tuxá, Atikum e Truká, veio após o encontro com a ANAI (Associação Nacional de Ação Indigenista) e o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) no ano de 1998, configurando-se a seguir o iní­cio de um movimento organizado visando o diálogo com a Funai.

mulheres
gooool!
(no final, é tudo futebol)

jesuismodejesuita
FALA!
amem
amem
amem

O sistema ritual dos Tumbalalá está baseado no culto aos encantos e no uso de um tipo de jurema (Pithecolobium diversifolium;

Mimosa/

artemisiana) do qual se faz o “vinho” ingerido durante o toré. Esta planta, um arbusto de porte médio a grande tí­pico do sertão do Nordeste, é central para a religiosidade indí­gena regional e apresenta algumas variedades que fazem parte do universo religioso de cultos afro-brasileiros, notadamente o catimbó ou candomblé de caboclo.
s encantos, ou encantados – e ainda, mestres ou guias – tumbalalá são entidades sobrenaturais originadas do processo voluntário de “encantamento” de alguns í­ndios ritual ou politicamente importantes, ao deixarem a existência humana, distinguindo-se dos espí­ritos produzidos pela inexorabilidade da morte. Neste caso eles são seres ontologicamente hí­bridos que transitam bem entre os homens e o sobrenatural porque não morreram – o que quer dizer que não assumiram completamente uma não-humanidade – e gozam de predicados inacessí­veis a um humano.

toré
public


SOU SÂ O EU + A MATÉRIA

MATEMA
SOU SÂ O EU + A MATEMA
null

pesca

liambraLiambra

parentes
parentes
parentes
parentes
riquezas sao diferentes
riquezas sao diferentes

.

Oi pessoas…
quem quiser ver um pouquinho do que rolou em tumbalalá, pode conferir nas
fotos e nos áudios das oficinas.

http://galeria.idbrasil.org.br/tumbalala
http://estudiolivre.org/el-user.php?view_user=avessa
http://www.flickr.com/photos/avesso/

textos e mais info: enciclopedia indigena:

root@�¼�¬�¸�·�¼�±:~#./raizes

üí¬í¸í·üí±

Square root

 
Roooooooooots
square roots …

00000001010101010101010100100101011001001010100101010101010

eu sou o número
que multiplicado por mim mesmo me compõe
00000001010101010101010100100101011001001010100101010101010
 
enquanto na matriz um novo mapa de primos se elege
       
    .
o vértice   
    .
aqui

        .eu
   
           
       
.você

 
operando

 operando operando
 
operando operando
 operando operando
  operando
 operando
   operando
  
operando
  operando

 

dirty ear wagon / ST_Copenhagen / brandon labelle

Exposição movel de arte sonora percorrendo as ruas de Copenhagen. O objeto causou um certo estranhamento no centro da cidade. Materias em audio recombinados de programas de radio, canções, documentação urbana, barquilheiros, conversas de bar & etc.

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riots marching bands public speeches street sellers church bells traffic shouts overheard music food vendors street musicians secret dances whispers foghorns cycles buses street fights demonstrations singing in the rain flea markets block parties radio broadcasts public ranting daydreams pedestrian meetings neon lights alarms signals traffic lights cross walks construction demolitions street cleaning graffiti midnight phone calls thieves in the night dogs water pipes rowdy kids fountains helicopters waterfront picnics bass systems jugglers bumping into strangers talking advertisements public art outdoor cafés coffee on benches circuses coming to town audible interventions footsteps plastic bags in trees water clogs ducks in the park corner football games broken bottles laughter handmade wagons cobblestones under the feet or in the air sleeping on benches dropped keys puddle splashes eavesdropping imagined silence tapping the knees

dirty-ear-wagonweb21.jpg

http://hackeandocatatau.arquiviagem.net/?p=426#comments

Instrumento Musical szero: a ONssça mandou contar

onssssa.jpg

EM FOCO: uma importante cerimônia dos í­ndios araras, centrada num poste, erigido no pátio, em cujo topo, até tempos recentes, se punha o crânio de um inimigo, hoje substituí­do por uma bola de lama. Só isso já desperta a atenção do leitor, pois, vivendo os araras sobre o divisor que separa as águas que correm para o Iriri, afluente do Xingu, das que descem diretamente para o Amazonas (mas destas últimas retirados após lograrem o contato amistoso com os brancos), eles têm como vizinhos vários outros grupos tribais que também faziam a caça de cabeças, por uma extensa área, desde o Xingu até o Madeira. Entretanto, tais grupos pertenciam ao tronco tupi, enquanto os araras, da famí­lia caribe, constituí­ssem talvez a única exceção.

Mas o Autor opta por não comparar, permanecendo no universo dos araras, entre os quais realizou pesquisa de campo de cerca de quatorze meses em várias etapas, distribuí­das pelos anos 1987, 1988, 1992 e 1994.

Começa por uma apresentação geral da cerimônia e das condições em que é realizada. Mostra-nos como cada tipo de festa arara inclui uma festa menor e pode ser englobada por outra maior, desde aquelas festas de beber, passando para as de beber e comer, para as em que também se tocam instrumentos musicais, se canta e se dança, até chegar í  mais inclusiva e complexa, que é a do Ieipari, o poste encimado pelo crânio do inimigo.

museu_do_poste

Descreve a elaboração da bebida fermentada de tubérculos, frutas ou milho, a maneira de oferecê-la, sua relação com substâncias como leite e esperma. Examina as técnicas de caça, o contato que um xamã (todos os homens araras são mais ou menos familiarizados com as atividades xamânicas) estabelece com um ser, dono de uma espécie animal, pedindo-lhe que os dê para criá-los, abrindo a oportunidade assim para que os outros homens possam abatê-los. Descreve os instrumentos de sopro, a ordem em que tocam, os seres a que estão associadas suas músicas. Mostra como os caçadores, aguardados com a bebida fermentada, que devem retribuir com carne, entram na aldeia a fingir um ataque, uma encenação agressiva omitida na forma mais abrangente do rito, quando há o Ieipari. Expõe o tratamento do inimigo, o que lhe dizem no cântico entoado antes de matá-lo e esquartejá-lo.

Além do crânio, que integra um instrumento musical antes de vir a coroar o poste ritual, outras partes do corpo lhe são retiradas, mas seu destino, talvez por lacuna na memória dos araras atuais, é apenas esboçado: os ossos das mãos e dos pés, a pele do rosto, o escalpo, as ví­sceras.

Descreve a ereção do poste, como os homens o descascam com pancadas e palavras agressivas, e como as mulheres o abraçam fortemente e nele esfregam sensualmente suas vulvas. A carne trazida pelos caçadores disposta em torno do poste, assim como uma panela com bebida fermentada colocada ao pé do mesmo, são como ofertas do Ieipari. E as mulheres, ao tomarem desta bebida, dizem reveladoramente que estão bebendo um filho.

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Essa apresentação inicial, que constitui o primeiro capí­tulo, é em si mesma autônoma, não depende do que segue para ser compreendida. Dir-se-ia que o livro se compõe de partes que acrescentam mais sentido í  apresentação inicial, mas elas próprias também autônomas.

O capí­tulo referente í  cosmogonia e í  cosmologia aponta a origem de certos elementos integrantes do rito ou aspectos da condição humana que levam a sua realização: o instrumento de sopro que a divindade principal tocava para manter a calma e boa ordem no céu, onde a humanidade vivia de modo paradisí­aco, e que hoje faz a música de fundo das festas; a eclosão de um conflito que redundou na quebra da casca do céu, obrigando a humanidade a viver sobre os seus fragmentos, misturada aos seres maléficos até então mantidos do lado de fora; o ensino da festa, destinada a trazer novos filhos, pelo bicho-preguiça, que também deu aos humanos as flautas, a tecelagem em algodão e palha e povoou a mata de animais de caça; a recusa das mulheres em continuar a aplicar as técnicas destinadas a trazer de volta í  vida aqueles que morriam, como faziam antes da catástrofe, de modo que a morte se instalou definitivamente entre os humanos e serviu para que a divindade, agora transformada na vingativa onça preta, transformasse as partes em que divide os corpos dos defuntos numa série de seres danosos; a viabilização da caça por intermédio das relações de reciprocidade entre os xamãs e os espí­ritos donos de animais, em que estes dão í queles bichos para criar e por sua vez criam um certo tipo daqueles seres danosos oriundos dos mortos. Se o primeiro capí­tulo sublinha a ausência da vingança nas palavras que os araras dirigem ao inimigo, o segundo não trabalha o teor da vingança que atribui ao ser supremo.

A vingança ou sua ausência no conflito com o inimigo poderia ter sido um dos temas de discussão no terceiro capí­tulo, que se limita ao contato entre os araras e os brancos. Não tenta reconstituir as relações dos araras com outras etnias indí­genas, a não ser com os caiapós, mas estes apenas enquanto participantes das frentes de atração. Chama a atenção para o fato de os brancos não se contarem entre as ví­timas cujas cabeças serviam de centro ao rito arara, até o momento em que a construção da Transamazônica pressionou fortemente pelo estabelecimento do contacto. Que etnias indí­genas teriam sido alvo das incursões araras, que motivos os moviam contra elas, ou, ao contrário, que razões os faziam limitar-se í  defensiva são perguntas que talvez o Autor não tenha feito ou, se as fez, das respostas não tirou proveito.

No quarto capí­tulo examina a coexistência de uma classificação horizontal dos termos de parentesco, aplicada aos membros da própria unidade residencial, com uma oblí­qua, referente í s relações com outras unidades. Mostra como oferecimento ritual da bebida fermentada, que se faz entre a irmã (ou o marido dela) e o irmão, moradores de casas diferentes, é coerente com a classificação oblí­qua. Observa também que um homem, ao dar sua irmã em casamento, pode reivindicar em troca a filha daquele que a recebeu, que não precisa necessariamente ser filha dessa ou de outra irmã. E ainda, quando uma mulher, dentre aquelas com quem, pelo jogo das trocas, pode aspirar a ter como esposa, se casa com outro homem, este último passa a lhe dever uma irmã ou filha. Em outras palavras, uma esposa reivindicada que se torna cônjuge de outro gera dí­vida como se fosse uma irmã a este cedida. Sem dúvida tudo isso é muito convincente e feito com maestria, apesar de as trocas de mulheres examinadas nos casos concretos mais parecerem deduções das genealogias do que descritas em depoimentos dos araras. Mas tendo em vista o rito que constitui o tema do livro, este capí­tulo talvez fosse o lugar de examinar também certas relações como a dos amigos de guerra, que, ao sacrificarem juntos um inimigo, trocavam entre si temporariamente as esposas. Se, tal como a dos amigos de caça (recrutados entre os afins reais do mesmo grupo residencial), essa parceria tinha como protótipo genealógico a relação MB/ZS, mas escolhidos em outros grupos residenciais, no passado grupos locais distintos, ela poderia ter sido mais um motivo para o Autor examinar a guerra como um fator de articulação entre os vários grupos locais.

Quem guardava o crânio do inimigo e o usava como instrumento musical? Quem guardava os ossos dos membros, a pele da face, o escalpo? Como se fazia a circulação desses troféus? Que importância teriam estes nos ritos de passagem relativos í  idade?

São questões que poderiam ter sido exploradas neste capí­tulo.

O quinto capí­tulo na verdade abrange dois. Sua parte inicial (pp. 305-343) trata da relação entre os modos de dar, as coisas dadas e as relações sociais envolvidas, de um lado, e os valores morais, de outro. A classificação das formas de dar bens e prestar serviços mostra-se sobremodo complexa, a ponto de mal poder ser ilustrada pela clássica esfera que combina os diferentes tipos de troca com a distância social, desde o núcleo da reciprocidade generalizada caracterí­stica dos parentes próximos até a capa mais externa da reciprocidade negativa associada aos inimigos. Além disso, no caso dos araras, esse gradiente é distorcido pelos ideais de generosidade, gentileza, solidariedade, de maneira que a representação gráfica escolhida pelo Autor lembra os esquemas demonstrativos da influência do Sol e da Lua nas marés oceânicas (p. 337).

Na segunda metade do capí­tulo (pp. 343-385), o Autor retoma o grande rito anteriormente descrito e o analisa segundo três seqüências, paralelas: a sucessão de festas, a das músicas, que já apresentara anteriormente, e a ordem das fases (marcadas por tarefas ou deslocamentos dos participantes). Uma incursão na teoria da linguagem de Hjelmslev não nos parece ter trazido novas luzes para a compreensão do rito. Por outro lado, neste capí­tulo e na conclusão, que o segue, a idéia de “sacrifí­cio”, presente no tí­tulo do livro, é tratada de modo demasiado sumário; Hubert e Mauss não são convocados, e nem mesmo aquele que os seguiu no exame do mais discutido dos ritos de tratamento dos inimigos em nosso continente, Florestan Fernandes.

Tal como a classificação da bebidas de acordo com a altura das partes dos vegetais das quais são produzidas (figura da p. 62) ou tal como o poste Ieipari, centro do grande rito, poderí­amos dizer que a interpretação desenvolvida no livro passa do mais substancioso para o mais etéreo í  medida que se desloca da base para o topo. Muito de mistério ainda paira sobre a cabeça do inimigo. Mas certamente o Autor continuará a busca de mais sentido com a elaboração de outros trabalhos.

abacaxi

Surface Tension_Copenhagen

green-wilson1web.jpg

Nigel Green & Robin Wilson Dark Season Botany: A Voyage into Classification?
The project concerns the documentation and identification of Copenhagen’s winter flora. Inspired by the findings and archival notation system of the Danish botanist Pehr Forsskí¥l’s doomed expedition to Egypt and the Yemen (1761-63), the project offers the beginnings of a new set of criteria for an urban-specific system of vegetal classification. Including field imagery, field notes, artefacts and colour samples of isolated vegetal hues, the exhibition is a fragment of the full archive of expedition findings currently in storage in Southern England.
Venue: Botanisk Have, enter Oester Farimagsgade, Kbh K

botanical.jpg

RACA

The purpose with all design must be to make changes, solve problems and to improve a specific state. Our projects do not necessarily relate to terms like form, function and material, but consider a larger entirety. RACA works with design based on its context, with the relation between the recipient and the surrounding space. We believe that in order to create design of importance we have to relate to the social systems that we live in and are dependent on.
Venue: YNKB Baldersgade 70 st tv Kbh N
(open Saturdays 13.00-16.00

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Brandon LaBelle dirty ear records

Recontextualizing found radio recordings of street culture and noise, the work is an audio montage amplified through a custom-built “sound wagon” circulated through the city. The project seeks to make explicit the ways in which sounds and streets intersect and give expression to a multiplicity of social groups, cultural identities, personal stories and histories, which make urban spaces profoundly reverberant.
Venue: PLEX Kronprinsensgade 7 Kbh K
(Tuesday-Saturday 14.00-17.00)

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Ken Ehrlich Dispersion and Interference

The work explores the material forms of infrastructure by focusing on the world’s largest collection of off-shore wind farms, located in Denmark. Investigating the complex aesthetic, infrastructural and social dimensions of this emerging energy supply, the work draws viewers’ attention to the largely invisible network of energy infrastructure. As methods of producing energy become increasingly abstract and globalized, the project playfully re-situates issues of expenditure within a localized social and psychic context.
Venue: YNKB Baldersgade 70 st tv Kbh N

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Octávio Camargo ao redor da mesa – around the table (theatre action for six players)
Text: Octavio Camargo and Rafael Carletto

Working with the dynamics of speech and conversation, each performer enacts two dialogues of different content. One with the partner to the right and another with the partner to the left. The interactions during the performance create polyphonic effects, sound textures, and disturbances in speech patterns. The staging of the piece is preceded by a 3-day workshop of performance and oral translations from Portuguese to Danish.
Venue: LiteraturHaus, Mí¸llegade 7 Kbh N (Sunday, April 15, 20:00)

camargo.jpg

Nis Rí¸mer Public Air Quality Indicator

The indicator opens and closes a window in the Copenhagen City hall (Rí¥dhuset) according to the levels of air pollution on the adjacent street:H.C. Andersens Boulevard. If the window is closed it indicates high levels of pollution. This relatively subtle alteration makes it possible for the public to get information on air quality; one of the most important but invisible elements in our daily environment. At the same time it installs a mode of ventilation between the political sphere and public space.
With Senior scientist: Jí¸rgen Brandt, Technical installation: Kristian Fredslund.
Venue: Rí¥dhuset Kbh V
(during daylight)

indicator2.jpg

“eixos” ist literatur von “axis ” und ” “

“SURFACE).(TENSIONED< ->mimoSa).(Kí¸benhavn” presents:
– eixos (snapshots … quadros)
– eixos (film … bruta-metragem )

should I be or Not to Be? – Merda!”
Rãmlet- christ of Christiania

paito
o enterro do palito de fósforo – e o retorno das faí­scas

simple as if as it was only

“chaospital”

monkey pulling monkey injured

in the way back to frighten rain

to frighten virus of the influenza-influencia

freaking that PoRRRRRRRRa

howling or sketching like an eloquent

penicillin of the injury of eloquencia:

the repetitive redundancy

banal effort

excuses to the ” ”

ponto. with point.

.

this is not pí¥, om, en, i, et verse

and your gramma-R could mold it

in the sleep of this axis

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eixo-exu

“If me, bazaar providing LiturgicarnivaL, had not taken ‘em off from the forgottememoryes to whom legends and subtitles had been voted, their center would be missing, their january beyond control, safe from fire flames, free from all fate.
Quis all. In a double stared radius, no phantom sheets to clarify my appetite for this kind of spectacle.”

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Working in network

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mimoSa are workshops to create a machine capable, even in a small scale, alter this scenario of media production and repression in Brazil. We believe that people start tho think critically about media when they start to produce their own media. And, at least in Brazil, a new system of media distribution is a way to achieve a better distribution of power, representation and visibility.

During the workshops, a group of people (participants) will work together with artists, artisand and activists to create and operate this machine.

The machine should be able to:
– record public stories throughout the mobile phone into a web server;
– record public stories throughout microphone into a database on a portable computer;
– broadcast it in FM;
– play it loud on speakers
– record movies troughout the mobile phone into a web server;
– record an Audio CD to each of the interviwed, with her/his own storie and with all the audio database
– spray on a street wall a telephone number and code and a web address where people passing by will be able to hear the stories


The plastic format of the machine really doesn’t matter. It will always have a imperfect body, because it does have living cells. It is a body without organs.

Surface Tension Journal

Surface Tension – Supplement No. 1
Following the international success of Surface Tension: Problematics of Site in 2003, Errant Bodies Press announces Surface Tension – Supplements, a book series on site-based practices in art, architecture and performance.

Identifying an intensified concern for place-based production in art and architecture, Surface Tension – Supplements addresses questions of site-specific art, public and architectural design, and location-based practice. With “Supplement No. 1” issues of design activism and the role of media in spatial experience are explored in critical essays by Jennifer Gabrys on Fresh Kills Landfill in New York, Michael Rakowitz on the projects of the Hungarian-based team Big Hope, and by Claudine Isé, curator of “Vanishing Point”, an exhibition at the Wexner Center for the Arts, which questions the role of photography and cinema in depictions of place. In addition field reports by Robin Wilson on new architecture in London, Octavio Camargo on the cultures of interventionist practice in Curitiba Brazil as conveyed through the work of Iliadahomero, Museu do Poste, Guilherme Soares and Goto, and Ken Ehrlich on the infrastructure of signage in Los Angeles as seen through the photographic works of Brandon Lattu. Complementing the articles, documentation of projects by the artist groups Simparch and e-Xplo will be presented, along with projects designed specifically for the book by Kristin Kreider and James O’Leary, London-based artists working with forms of “site-specific writing”.

Surface Tension – Supplement No. 1 presents contemporary site-based practices through writing, documentation, and projects, and actively questions the role such practices might offer in defining contemporary culture and society. The publication aims to follow forms of design through site-specific moments, where artistic practice performs to actively discover, define, and re-create public space.

Brandon Labelle 13/08/2005