motivação e atitude
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Cultura: um conceito reacionário
O conceito de cultura é profundamente reacionário. É uma maneira de separar atividades semióticas (atividades de orientação no mundo social e cósmico) em esferas, í s quais os homens são remetidos. Isoladas, tais atividades são padronizadas, instituídas potencial ou realmente e capitalizadas para o modo de semiotização dominante – ou seja, elas são cortadas de suas realidades políticas.
Toda a obra de Proust gira em torno da idéia de que é impossível autonomizar esferas como a da música, das artes plásticas, da literatura , dos conjuntos arquitetônicos, da vida microssocial nos salões.
A cultura enquanto esfera autônoma só existe em nível dos mercados de poder, dos mercados econômicos, e não em nível da produção, da criação e do consumo real.
“O que caracteriza os modos de produção capitalísticos é que eles não funcionam unicamente no registro dos valores de troca, valores que são da ordem do capital, das semióticas monetárias ou dos modos de financiamento. Eles funcionam também através de um modo de controle da subjetivação, que eu chamaria de “cultura de equivalência” ou de “sistemas de equivalência na esfera da cultura”. Desse ponto de vista o capital funciona de modo complementar í cultura enquanto conceito de equivalência: o capital ocupa-se da sujeição econômica, e a cultura, da sujeição subjetiva. E quando falo em sujeição subjetiva não me refiro apenas í publicidade para a produção e o consumo de bens. É a própria essência do lucro capitalista que não se reduz ao campo da mais-valia econômica: ela está também na tomada de poder da subjetividade.
Cultura de massa e singularidade
O título que propus para este debate na Folha de S. Paulo foi “Cultura de massa e singularidade”. O título reiteradamente anunciado foi “Cultura de massa e individualidade” ââ?¬â? e talvez esse não seja um mero problema de tradução. Talvez seja difícil ouvir o termo singularidade e, nesse caso, traduzi-lo por individualidade me parece colocar em jogo uma dimensão essencial da cultura de massa. É exatamente este o tema que eu gostaria de abordar hoje: a cultura de massa como elemento fundamental da “produção de subjetividade capitalística”.
A cultura de massa produz, exatamente, indivíduos: indivíduos normalizados, articulados uns aos outros segundo sistemas hierárquicos, sistemas de submissão – não sistemas de submissão visíveis e explícitos, como na etologia animal, ou como nas sociedades arcaicas ou pré-capitalistas, mas sistemas de submissão muito mais dissimulados. E eu nem diria que esses sistemas são “interiorizados” ou “internalizados” de acordo com a expressão que esteve muito em voga numa certa época, e que implica uma idéia de subjetividade como algo a ser preenchido. Ao contrário, o que há é simplesmente uma produção de subjetividade. Não somente uma produção de subjetividade individuada – subjetividade dos indivíduos – mas uma produção de subjetividade inconsciente. A meu ver, essa grande fábrica, essa poderosa máquina capitalísticas produz, inclusive, aquilo que acontece conosco quando sonhamos, quando devaneamos. Em todo caso, ela pretende garantir uma função hegemônica em todos esses campos.
Eu oporia a essa máquina de produção de subjetividade a idéia de que é possível desenvolver modos de subjetivação singulares, aquilo que poderíamos chamar de “processos de singularização”: uma maneira de recusar todos esses modos de encodificação preestabelecidos, todos esses modos de manipulação e de telecomando, recusá-los para construir modos de sensibilidade, modos de relação com o outro, modos de produção, modos de criatividade que produzam uma subjetividade singular. Uma singularização existencial que coincida com um desejo, com um gosto de viver, com uma vontade de construir o mundo no qual encontramos, com a instauração de dispositivos para mudar os tipos de sociedade, os tipos de valores que não são os nossos. Há assim algumas palavras-cilada (como a palavra “cultura”), noções anteparo que nos impedem de pensar a realidade dos processos em questão.
A palavra cultura teve vários sentidos no decorrer da História: seu sentido mais antigo é o que aparece na expressão “cultivar o espírito”. Vou designá-la “sentido A” e “cultura-valor”, por corresponder a um julgamento de valor que determina quem tem cultura, e quem não tem: ou se pertence a meios cultos ou se pertence a meios incultos. O segundo núcleo semântico agrupa outras significações relativas í cultura. Vou designá-lo “sentido B”. É a “cultura-alma coletiva”, sinônimo de civilização. Desta vez, já não há mais o par “ter ou não ter”: todo mundo tem cultura. Essa é uma cultura muito democrática: qualquer um pode reivindicar sua identidade cultural. É uma espécie de “a priori” da cultura: fala-se em cultura negra, cultura underground, cultura técnica, etc. É uma espécie de alma um tanto vaga, difícil de captar, e que se prestou no curso da História a toda espécie de ambiguidade, pois é uma dimensão semântica que se encontra tanto no partido hitleriano, com a noção de volk (povo), quanto em numerosos movimentos de emancipação que querem se reapropriar de sua cultura, e de seu fundo cultural. O terceiro núcleo semântico, que designo “C”, corresponde í cultura de massa e eu o chamaria de “cultura-mercadoria”. Aí já não há julgamento de valor, nem territórios coletivos da cultura mais ou menos secretos, como nos sentidos A e B. A cultura são todos os seus bens: todos os equipamentos (casas de cultura, etc.), todas as pessoas (especialistas que trabalham nesse tipo de equipamento), todas as referências teóricas e ideológicas relativas a esse funcionamento, enfim, tudo que contribui para a produção de objetos semióticos (livros, filmes, etc.), difundidos num mercado determinado de circulação monetária ou estatal. Difunde-se cultura exatamente como Coca-cola, cigarros “de quem sabe o que quer”, carros ou qualquer coisa.
Retomemos as três categorias. Com a ascensão da burguesia, a cultura-valor parece ter vindo substituir outras noções segregativas, antigos sistemas de segregação social da nobreza. Já não se fala mais em pessoas de qualidade: o que se considera é a qualidade da cultura, resultante de determinado trabalho. É a isso que se refere, por exemplo, aquela fórmula de Voltaire, espécie de palavra de ordem no final de Candide: “Cultivem seus jardins”. As elites burguesas extraem a legitimidade de seu poder do fato de terem feito certo tipo de trabalho no campo do saber, no campo das artes, e assim por diante. Também essa noção cultura-valor tem diversas acepções. Pode-se tomá-la como uma categoria geral de valor cultural no campo das elites burguesas, mas também se pode usá-la para designar diferentes níveis níveis culturais em sistemas setoriais de valor ââ?¬â? aquilo que faz com que se fale, por exemplo, em cultura clássica, cultura científica, cultura artística.
E aí, passo a passo, vai-se chegando í definição B, a da cultura-alma, que é uma noção pseudocientífica, elaborada a partir do final do século XIX, com o desenvolvimento da antropologia , em particular da antropologia cultural. No início, a noção de alma coletiva é muito próxima de uma noçao segregativa e até racista; grandes antropólogos como Lévy-Bruhl e Taylor reificam essa noção de cultura. Falava-se coisas do tipo que as sociedades ditas primiticas têm “mentalidade primitiva” – noções que serviram para qualificar modos de subjetivação que, na verdade, são perfeitamente heterogêneos. E, depois, com a evolução das ciências antropológicas, com o estruturalismo e o culturalismo, houve uma tentativa de se livrar desses sistemas de apreciação etnocêntricos. Nem todos os autores da corrente culturalista fizeram essa tentativa. Alguns mantiveram uma visão etnocêntrica. Outros, em compensação, como Kardiner, Margaret Mead e Ruth Benedict, com noções tais como “personalidade de base”, “personalidade cultural de base”, “pattern cultural”, quiseram livrar-se do etnocentrismo. Mas, no fundo, pode-se dizer que se essa tentativa constituiu em sair do etnocentrismo – renunciar a uma referência geral em relação í cultura branca, ocidental, masculina – ela, na verdade, estabeleceu uma espécie de policentrismo cultural, uma espécie de multiplicação do etnocentrismo.
Essa “cultura-alma”, no sentido B, consiste em isolar o que chamarei de uma esfera da cultura (domínios da cultura como o do mito, do culto ou da enumeração) í qual se oporão outros níveis tidos como heterogêneos, como a esfera do político, a esfera das relações estruturais de parentesco – tudo aquilo que diz respeito í economia dos bens e dos prestígios. E assim acaba-se desembocando numa situação em que aquilo que eu chamaria de “atividades de semiotização” – toda a produção de sentido, de eficiência semiótica – é separado numa esfera que passa a ser desfinida como a da “cultura”. E a cada alma coletiva (os povos, as etnias, os grupos) será atribuida uma cultura. No entanto, esses povos, etnias e grupos sociais não vivem essas atividades como uma esfera separada. Da mesma maneira que o burguês fidalgo de Molií¨re descobre que ele “faz prosa”, as sociedade ditas primirivas descobrem que “fazem cultura”; elas são informadas, por exemplo, de que fazem música, dança, atividades de culto, de mitologia e outras tantas. E descobrem isso sobretudo no momento em que pessoas vêm lhes tomar a produção para expô-la em museus ou vendê-la no mercado de arte ou para inseri-la nas teorias antropológicas científicas em circulação. Mas estas sociedades não fazem nem cultura, nem dança, nem música. Todas essas dimensões são inteiramente articuladas umas í s outras num processo de expressão, e também articuladas com sua maneira de produzir bens, com sua maneira de produzir relações sociais. Ou seja, elas não assumem, absolutamente, essas diferentes categorizações que são as da antropologia. A situação é idêntica no caso da produção de um indivíduo que perdeu suas coordenadas no sistema psiquiátrico, ou no caso da produção das crianças quando são integradas ao sistema de escolarização. Antes disso, elas brincam, articulam relações sociais, sonham, produzem e, mais cedo ou mais tarde, vão ter que aprender a categorizar essas dimensões de semiotização no campo social normalizado. Agora é hora de brincar, agora é hora de produzir para a escola, agora é hora de sonhar, e assim por diante.
Já a categoria cultura-mercadoria, o terceiro núcleo de sentido, se pretende muito mais objetiva: cultura aqui não é fazer teoria, mas produzir e difundir mercadorias culturais, em princípio sem levar em consideração os sistemas de valor distintivos no nível A (cultura-valor) e sem se preocuar tampouco com aquilo que eu chamaria de níveis territoriais da cultura, que são da alçada do nível B (cultura-alma). Não se trata de uma cultura a priori, mas de uma cultura que se produz, se reproduz, se modifica constantemente. Assim sendo, pode-se estabelecer uma espécie de nomenclatura científica, para tentar apreciar essa produção de cultura, em termos quantitativos . Há grades muito elaboradas (penso naquelas que estão em curso na Unesco), nas quais se pode classificar os “níveis” culturais das cidades, das categorias sociais, e assim por diante, em função do índice, do número de livros produzidos, do número de filmes, do número de salas de uso cultural.
A minha idéia é que esses três sentido de cultura que apareceram sucessivamente no curso da História continuam a funcionar simultaneamente. Há uma complementaridade entre esses três tipo de núcleos semânticos. A produção dos meios de comunicação de massa, a produção de subjetividade capitalística gera uma cultura com vocação universal. Esta ée uma dimensão essencial na confecção da força coletiva de trabalho, e na confecção daquilo que eu chamo de força coletiva de controle social. Mas, independentemente desses dois grandes objetivos, ela está totalmente disposta a tolerar territórios subjetivos que escapam relativamente a essa cultura geral. É preciso, para isso, tolerar margens, setores de cultura minoritária – subjetividades em que possamos nos reconhecer, nos resgatar entre nós numa orientação alheia í do Capitalismo Mundial Integrado. Essa atitude, entretanto, não é apenas de tolerância. Nas últimas décadas, essa produção caítalística se empenhou, ela própria, em produzir suas margens, e de algum modo equipou novos territórios subjetivos: os indivíduos, as famílias, os grupos sociais, as minorias, e por aí vai. Tudo isso parece ser muito bem calculado. Poder-se-ia dizer que, neste momento, Ministérios da Cultura estão começando a surgir por toda parte, desenvolvendo uma perspectiva modernista na qual se propõem a incrementar, de maneira aparentemente democrática, uma produção de cultura que lhe permita estar nas sociedades industriais ricas. E também encorajar formas de cultura particulares, a fim de que as pessoas se sintam de algum modo numa espécie de território e não fiquem perdidas num mundo abstrato.
Na verdade, não é bem assim que as coisas acontecem. esse duplo modo de produção da subjetividade, esssa industrialização da produção de cultura segundo os níveis B e C, não renunciou absolutamente ao sistem ade valorização do nível A. Atrás dessa falsa democracia da cultura continuam a instaurar os mesmos sistemas de segregação a partir de uma categoria geral da cultura, de modo completamente subjacente. Nessa perspectiva modernista, os Ministros da Cultura e os especialistas dos equipamentos culturais declaram não pretender qualificar socialmente os consumidores dos objetos culturais, mas apenas difundir cultura num determinado campo social, que fuincionaria segundo uma lei de liberdade de trocas. No entanto, o que se omite aqui é que o campo social que recebe a cultura não é homogêneo. A difusão de produtos como um livro ou um disco bão tem absolutamente a mesma significação quando veiculada nos meios de elites sociais ou nos meios de comunicação de massa, a título de formação ou de animação cultural.
Trabalhos de sociólogos como Bordieu mostram que há grupos que já possuem até um metabolismo de receptividade das produções culturais. É óbvio que uma criança que nunca conviveu num ambiente de leitura, de produção de conhecimento, de fruição de obras plásticas, não tem o mesmo tipo de relação com a cultura que teve alguém como Jean Paul Sartre, que nasceu numa biblioteca literalmente. Ainda assim se quer manter a aparência de igualdade diante das produções culturais. De fato, conservamos o antigo sentido da palavra cultura, a cultura valor, qe se insceve nas tradições aristocráticas de almas bem nascidas, de gente que sabe lidar com as palavras, as atitudes e as etiquetas. A cultura não é apenas uma transmissão de informação cultural, uma transmissão de sistemas de modelização, mas é também uma maneira de as elites capitalísticas exporem o que eu chamaria de um mercado geral de poder.
Um poder não apenas sobre os objetos culturais, ouy sobre as possibilidade de manipulá-los e ciar algo, mas também um poder de atribuir a si os objetos culturais como signo distintivo na relação socuak com os outros. O sentido que uma banalidade pode tomar, por exemplo no campo da literatura, varia de acordo com o destinatário. O fato de um aluno ou um professor primário de uma cidadezinha qualquer do interior dizer banalidades sobre Maupassant não altera seu sistema de produção de valor no campo social. Mas se Giscard dââ?¬â?¢Estaing, num dos grandes programas literários da televisão francesa, falar de Maupassant, ainda que uma banalidade, o fato se contitui imediatamente em um índice, não de seu conhecimento real acerca do escritor, mas de que ele pertence a um campo de poder que é o da cultura.
Tomarei um exemplo mais imediato, situado naquilo que estou considerando como contexto brasileiro. Costuma-se insinuar que Lula e PT são pessoa e empreendimento muito simpáticos, mas que vão sem dúvida se revelar completamente incapazes de gerir uma sociedade altamente diferenciadaa como é a brasileira, pois ele snão têm competência técnica, não têm níveis de saer suficientes para tanto. Recentemente estive na polônia e constatei que esse mesmo tipo de argumentação é usado contra Walesa. Dirigentes do Partido Comunista Polonês empregam rodos os meios possíveis para tentar desconsiderá-lo. Especificamente um sujeito asqueroso que se chama Racowski, e que declara í imprensa ocidental que simpatiza muito com Walesa, esse personagem sedutor, tão charmoso, mas considera que, separado de seus conselheiros, de se entourage habitual, ele não é nada, é um incapaz.
Na verdade, o que está se colocando em jogo não são esses níveis de competência, mesmo porque, para começo de conversa, é notório o nível de incompetência e corrupção das elites no poder. Aliás, nos agenciamenteos de poder capitalístico em geral são sempre os mais estúpidos que se encontram no alto da pirâmide. Basta considerar os resultadis: a gestão da economia mundial hoje conduz centenas e milhares de pessoas í fome, ao desespero, a um modo de vida inteiramente impossível, apesar dos progressos tecnológicos e das capacidades produtivas extraordinárias que estão se desencolvendo nas revoluções tecnológicas atuais.
Assim, não podemos aceitar que o que esteja sendo efetivamente visado ou tendo um certo impacto na opinião seja a competência. Além disso, esse argumento promove uma certa função encarnada do saber, como se a inteligência necessária nesta situação de crise que estamos vivendo pudesse encarnar algum suposto talento ou saber transcedental. Esse argumento simplesmente escamoteia o fato de que todos os procedimentos de saber, de efiiência semiótica no mundo atual participam de agenciamentos complexos, que jamais são da alçada de um único especialista . Sabe-se muito vem qye qyalquer sistema de gestão moderna dos grandes processos industriais e sociais implica a articulação de diferentes níveis de competência. Nesse sentido, não vejo em que Lula seria incapaz de fazer tal articulação. E quando eu falo de Lula, na verdade estou falando do PT, de todas as formações democráticas, de todas as corrente minoritárias que estão se agitando neste momento de campanha eleitoral no Brasil. Então, não á para entender por que essas diferentes potencialidade de competência nõ poderiam fazer o que fazem as elites hoje no poder – tão bem quanto ou até melhor. Acho que o ponto-chave dessa questão não está aí, e sim na relação de Lula com a cultura, como quantidade de informação. Não a cultura-alma ââ?¬â? pois é óbvio que, nesse sentido, ele tem a cultura de São Bernardo ou a cultura operária, e não vamos tirar isso dele –, mas sim com u certo tipo de cultura capitalística uma das enrgenagens fundamentais do poder. As pessoas do PT, em particular o Lula, não participam de determinada qualidade de cultura dominante. É muito mais uma questão de estilo e de etiqueta. Poder-seia dizer até que é algo que funciona num nível anterior ao término de uma frase, í configuração de um discurso. Tais pessoas não fazem parte da cultura capitalística dominante. A partir daí desenvolve-se todo um vetor de culpabilização, pois essa concepção de cultura impregna todos os níveis sociais e produtivos. Daí tais pessoas não poderem pretender uma legitimidade para gerir os processos capitalísticos, idéia que elas próprias acabam assumindo.
O que dá então um caráter de estranhamento í ascenção política e social de pessoas como Lula é o fato de sentirmos muito bem que não se trata apenas de um fenômeno de ruptura em relação í gestão dos fluxos sociais e econômicos. Mas sim de colocar em prática um tipo de processo de subjetivação diferente do capitalístico, com seu duplo registro de produção de valores universais por um lado, e de reterritorialização em pequenos guetos subjetivos, por outro lado. Colocar em prática a produção de uma subjetividade que vai ser capaz de gerir processos de singularização subjetiva, que não confinem as diferentes categorias sociais (minorias sexuais, raciais, culturais e quaisquer outras) no esquadrinhamento dominante do poder.
Então a questão que se coloca agora não é mais “quem produz cultura”, “quais vão ser os recipientes dessas produções culturais”, mas como agenciar outros modos de produção semiótica, de maneira a possibilitar a construção de uma sociedade que simplesmente consiga manter-se em pé. Modos de produção semiótica que permitam assegurar uma divião social da produção, sem por isso fechar os indivíduos em sistemas de segregação opressora ou categorizar suas produções semióticas em esferas distintas da cultura. A pintura como esfera cultural refere-se antes de mais nada aos pintores, í s pessoas que têm currículo de pintoras e í s pessoas que difudem a pintura no comércio ou nos meios de comunicação de massa. Como fazer com que essas categorias ditas “da cultura” possam ser, ao mesmo tempo, altamente especializadas, singularizadas, como é o caso que acabei de mencinar da pintura, sem que haja por isso uma espécie de posse hegemônica pelas elites capitalísticas? Como fazer para que esses diferentes modos de produção cultural não se tornem unicamente especialidades, mas possam articular-se ao conjunto dos outros tipos de produção (o que eu chamo de produções maquínicas: toda essa revolução informática, telemática, dos robôs, etc.)? Como abrir, e até quebrar, essas antigas esferas culturais fechadas sobre si mesmas? Como produzir novos agenciamentos de singularização que trabalhem por uma sensibilidade estética, pela mudança da vida num plano mais cotidiano e, ao mesmo tempo, pelas transformações sociais em nível dos grandes conjuntos econômicos e sociais?
Para concluir, eu diria que os problemas da cultura devem necessariamente sair da articulação entre os três núcleos semânticos que evoquei anteriormente. Quando os meios de comunicação de massa ou os Ministros da Cultura falam de cultura, querem os meios de comunicação de massa nos convencer de que não estão tratando de problemas políticos, e sociais. Distribui-se cultura para o consumo, como se distribui um mínimo vital de alimentos em algumas sociedades. Mas os agenciamentos de toda espécie implicam sempre, correlativamente, dimensões micropolíticas e macropolíticas.
Eu poderia, eventualmente, falar dos efeitos dessa concepção, hoje na França, com o governo Mitterrand, para tentar descrever a maneira pela qual os socialistas estão girando em falso com essa categoria de cultura. E isso porque sua tentativa de democratização da cultura não está realmente conectada com os processos de subjetivação singular, com as minorias culturais ativas, o que faz com que se restabeleça sempre, apesar das boas intenções, uma relação privilegiada entre o Estado e os diferentes sistemas de produção cultural. Neste momento, algumas pessoas na França, entre as quais me incluo, consideram muito importante inventar um modo de produção cultural que quebre radicalmente os esquemas atuais de poder nesse campo, esquemas de que dispõe o Estado atualmente, através de seus equipamentos coletivos e de sua mídia.
Como fazer para que a cultura saia dessas esferas fechadas sobre si mesmas? Como organizar, dispor e financiar processos de singularizaçao cultural que desmontem os particularismos atuais no campo da cultura e, ao mesmo tempo, os empreendimentos de pseudodemocratização da cultura?
Não existe, a meu ver, cultura popular e cultura erudita. Há uma cultura capitalística que permeia todos os campos de expressão semiótica. É isso que tento dizer ao evocar os três núcleos semânticos do termo cultura. Não há coisa mais horripilante do que fazer a apologia da cultura popular, ou da cultura proletária, ou sabe-se lá o que do gênero. Há processos de singularização em práticas determinadas e há procedimentos de reapropriação, de recuperação, operados pelos diferentes sistemas capitalísticos.
No fundo, só há uma cultura: a capitalística. É uma cultura sempre etnocêntrica e intelectocêntrica (ou logocêntrica), pois separa os universos semióticos das produções subjetivas.
Há muitas maneiras de a cultura ser etnocêntrica, e não apenas na relação racista do tipo cultura masculina, branca, adulta. Ela pode ser relativamente policêntrica ou polietnocêntrica, e preservar a postulação de uma referência de cultura-valor, um padrão de tradutibilidade geral das produções semióticas, inteiramente paralelo ao capital.
Assim como o capital é um modo de semiotização que permite ter um equivalente geral para as produções econômicas e sociais, a cultura é o equivalente geral para as produções de poder. As classes dominantes sempre buscam essa dupla mais-valia de poder, através da cultura-valor.
Considero essas duas funções, mais-valia econômica e mais-valia do poder, inteiramente complementares. Elas constituem, juntamente com uma terceira categoria de equivalência ââ?¬â? o poder sobre a energia, a capacidade de conversão das energias umas nas outras ââ?¬â? os três pilares do CMI.
fonte:http://zepower.wordpress.com/cultura-um-conceito-reacionario/
texto do livro Cartografias do desejo do Félix Guattari com a Suely Rolnik e foi produzido em 1982 com a vinda do primeiro.
Corépanema
http://hangar.org/wikis/lab/doku.php?id=start:puredata_opencv
As coisas se transformam em conceitos (com um grau variável de abstração); o sujeito não pode tornarse um conceito (ele mesmo fala e responde). O sentido é personalista; sempre comporta uma pergunta ââ?¬â? dirige-se a alguém e presume uma resposta, sempre implica que existam dois (o mínimo dialógico). Este personalismo não é um fato de psicologia, mas um fato de sentido. Não há uma palavra que seja a primeira ou a última, e não há limites para o contexto dialógico (este se perde num passado ilimitado e num futuro ilimitado). Mesmo os sentidos passados, aqueles que nasceram do diálogo com os séculos passados, nunca estão estabilizados (encerrados, acabados de uma vez por todas). Sempre se modificarão (renovando-se) no desenrolar do diálogo subseqüente, futuro. Em cada um dos pontos do diálogo que se desenrola, existe uma multiplicidade inumerável, ilimitada de sentidos esquecidos, porém, num determinado ponto, no desenrolar do diálogo, ao sabor de sua evolução, eles serão rememorados e renascerão numa forma renovada (num contexto novo). Não há nada morto de maneira absoluta. Todo sentido festejará um dia seu renascimento. O problema da grande temporalidade.
ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??ââ? â??nuvem matsura
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o fim daquele texto
“O que garante a unidade da projetada coletânea de meus artigos é a unidade de tema, tal como ele aparece nas diversas etapas de seu desenvolvimento. A unidade de uma idéia em processo de formação e desenvolvimento acarreta certo inacabamento interno de meu pensamento. Não gostaria entretanto de converter um defeito em virtude. Em meus trabalhos, há muito inacabamento externo, um inacabamento que se deve menos ao próprio pensamento do que ao modo de expressão e de exposição. às vezes é difícil separar estes dois aspectos. Não se pode resumir isso a uma orientação (ao
estruturalismo). Meu fraco pela variação e pela variedade terminológica que abrange um único e mesmo fenômeno. As variedades das sínteses. Aproximações remotas sem indicações dos elos intermediários.
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Observações sobre a epistemologia das ciências humanas
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Titulo da edição original: A propósito da metodologia das ciências humanas. Texto de 1974. Último escrito do autor, inspirado nas notas de trabalho de um estudo que era dedicado (em 1940) aos “fundamentos filosóficos das ciências humanas
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A compreensão. Articulação da compreensão em atos distintos. Na compreensão efetiva, real e concreta, esses atos se fundem indissoluvelmente num único e mesmo processo de compreensão; no entanto, cada ato distinto tem uma autonomia ideal de sentido (de conteúdo) e pode ser isolado do ato empírico concreto. 1) A percepção psicofisiológica do signo físico (palavra, cor, forma espacial). 2) O reconhecimento do signo (como algo conhecido ou desconhecido); a compreensão de sua significação reproduzível (geral) na língua. 3) A compreensão de sua significação em dado contexto (contíguo ou distante). 4) A compreensão dialógica ativa (concordância-discordância); a inserção num contexto dialógico; o juízo de valor, seu grau de profundidade e de universalidade. A passagem da imagem para o símbolo revela-lhe a profundidade e a perspectiva de sentido. Relação dialética entre identidade e não-identidade. A imagem deve ser compreendida pelo que ela é e pelo que significa. O conteúdo do símbolo autêntico aparece através do encadeamento mediador de um sentido que foi correlacionado com a idéia da totalidade universal (do conjunto universal cósmico e humano). O mundo tem um sentido ââ?¬â? “a imagem do mundo manifestada na palavra” (Pasternak). Todo fenômeno particular está imerso no caos dos princivios primários da existência. Diferentemente do mito, aqui fica-se consciente de sua própria não-coincidência com o sentido. No símbolo, há “o calor do mistério em fusão” (Averintsev). Momento da oposição entre o que é pessoal e o que é do
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outro. Calor do amor e frio da singularidade. Oposição e confrontação. Uma interpretação do símbolo continua sendo ela mesma símbolo, apenas um pouco racionalizada, ou seja, um pouco mais próxima do conceito. Definição do sentido em toda a profundidade e a complexidade de sua essência. O ato de compreensão concebido como descoberta do que existe, mediante o ato da visão (contemplação), e como adjunção, mediante a elaboração criadora a que o submetemos. Presunção do contexto posterior em sua extensibilidade, cotejo com o todo acabado e cotejo com o contexto inacabado. O sentido assim entendido (no contexto inacabado) não é pacífico nem cômodo (não se pode tranqüilizar-se nem morrer nele). Significação e sentido. Preenchimento da rememoração e presunção do possível (a compreensão em contextos distantes). Na rememoração, levamos em conta os acontecimentos que se sucederam (dentro dos limites do passado), ou seja, percebemos e compreendemos o que é rememorado no contexto de um passado inacabado. Em que forma
o todo está presente na consciência? (Platão e Husserl.) Até que ponto é possível descobrir e comentar o sentido (da imagem ou do símbolo) unicamente mediante outro sentido isomorfo (símbolo ou imagem)? O sentido não é solúvel no conceito. Papel do comentário. Teremos quer uma racionalização relativa do sentido (a análise científica habitual), quer um aprofundamento do sentido, com a ajuda dos outros sentidos (a interpretação filosófico-artística). O aprofundamento mediante ampliação das distâncias contextuais. Uma explicação das estruturas simbólicas tem de entranhar-se na infinidade dos sentidos simbólicos; por isso não pode tornar-se urna ciência na acepção desta palavra quando se trata das ciências exatas. Uma interpretação dos sentidos não pode ser de ordem científica, mas mesmo assim conserva seu valor profundamente cognitivo. Pode servir diretamente í prática que concerne í s coisas. “Cumpre reconhecer que a simbologia não é uma forma não-científica do conhecimento, mas uma forma científica-diferente do conhecimento, dotada de suas próprias leis internas e de seus critérios de exatidão” (Averintsev).
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O autor de uma obra está presente somente no todo da obra. Não será encontrado em nenhum elemento separado do todo, e menos ainda no conteúdo da obra, se este estiver isolado do todo. O autor se encontra no momento inseparável em que o conteúdo e a forma se fundem, e percebemo-lhe a presença acima de tudo na forma. A crítica costuma procurar o autor no conteúdo separado do todo; conteúdo que é associado naturalmente ao autor, homem de um tempo definido, de uma biografia definida e de uma visão do mundo definida (a imagem do autor fica confundida com a imagem do homem real). O autor, em pessoa, não pode tornar-se uma imagem, pois é o criador das imagens e do sistema de imagens da obra. E por esta razão que a chamada imagem do autor não pode ser uma das imagens da obra (uma imagem muito especial, é verdade). Não é raro que o pintor se represente no quadro (num canto deste), mas ele também faz seu auto-retrato. Ora, no auto-retrato, não vemos o autor como tal (não se pode vê-lo), assim como não o vemos noutra obra do autor. E nos melhores quadros do artista que a imagem do autor melhor se revela. O autor-criador não pode ser criado na esfera em que ele próprio é criador. Trata-se da natura naturans, e não da natura naturata. Vemos o criador apenas em sua criação, jamais fora desta criação. As ciências exatas são uma forma monológica de conhecimento: o intelecto contempla uma coisa e pronuncia-se sobre ela. Há um único sujeito: aquele que pratica o ato de cognição (de contemplação) e fala (pronuncia-se). Diante dele, há a coisa muda. Qualquer objeto do conhecimento (incluindo o homem) pode ser percebido e conhecido a título de coisa. Mas o sujeito como tal não pode ser percebido e estudado a título de coisa porque, como sujeito, não pode, permanecendo sujeito, ficar mudo; conseqüentemente, o conhecimento que se tem dele só pode ser dialógico. Dilthey e o problema da compreensão. Os múltiplos aspectos da eficácia na atividade cognitiva. A atividade eficaz do sujeito na cognição da coisa muda e na cognição de outro sujeito, ou seja, a atividade dialógica do cognoscente. A atividade dialógica (e seus graus) do sujeito submetido ao ato de cognição. A coisa e a pessoa (o sujeito) como
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limites do conhecimento. Graus de reificação e de personalização. Caráter de acontecimento da cognição dialógica. O encontro. O juízo de valor como elemento necessário da cognição dialógica. Ciências humanas ââ?¬â? ciências que tratam do espírito ââ?¬â? e ciências das letras (a palavra que é ao mesmo tempo parte constitutiva delas e objeto comum de estudo). Historicidade. Caráter imanente. A análise (a compreensão e a cognição) fechando-se
num dado texto. Problema das fronteiras do texto e do contexto. Toda palavra (todo signo) de um texto conduz para fora dos limites desse texto. A compreensão é o cotejo de um texto com os outros textos. O comentário. Dialogicidade deste cotejo. Lugar da filosofia. Ela começa onde acaba a exatidão da cientificidade e onde começa uma cientificidade diferente. Pode-se defini-la como metalinguagem de todas as ciências (e de todos os modos de cognição e de consciência). Compreender é cotejar com outros textos e pensar num contexto novo (no meu contexto, no contexto contemporâneo, no contexto futuro). Contextos presumidos do futuro: a sensação de que estou dando um novo passo (de que me movimentei). Etapas da progressão dialógica da compreensão; o ponto de partida ââ?¬â? o texto dado, para trás ââ?¬â? os contextos passados, para frente ââ?¬â? a presunção (e o início) do contexto futuro. A dialética nasceu do diálogo para retornar ao diálogo num nível superior (ao diálogo das pessoas). Monologismo hegeliano na Fenomenologia do espírito. Monologismo de Dilthey, não sustentado até o fim. O pensamento sobre o mundo e o pensamento no mundo. O pensamento que tende a abarcar o mundo, e o pensamento que se sente no mundo (parte deste mundo). O acontecimento no mundo, do qual participamos. O mundo como acontecimento (e não como algo que existe já concluído). O texto só vive em contato com outro texto (contexto). Somente em seu ponto de contato é que surge a luz que aclara para trás e para frente, fazendo que o texto participe de um diálogo. Salientamos que se trata do contato dialógico entre os textos (entre os enunciados), e não do contato mecânico “opositivo”, possível apenas dentro das fronteiras de um texto (e não entre texto e contextos), entre os elementos abstratos desse
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texto (entre os signos dentro do texto), e que é indispensável somente para uma primeira etapa da compreensão (compreensão da significação e não do sentido). Por trás desse contato, há o contato de pessoas e não de coisas. Assim que convertermos o diálogo num texto compacto, ou seja, assim que apagarmos a distinção das vozes (a alternância dos sujeitos falantes) ââ?¬â? o que é em princípio possível (a dialética monológica de Hegel) – o sentido profundo (infinito) desaparecerá (teremos batido no fundo, ficaremos em ponto morto). A reificação completa, extrema, levaria inevitavelmente ao desaparecimento do que não tem fim nem fundo no sentido (de qualquer sentido). O pensamento que, como o peixe dentro do aquário, toca o fundo e as paredes, e não pode ir mais longe nem mais fundo. O pensamento dogmático. O pensamento só conhece os pontos convencionais; o pensamento dessubstancia todos os pontos colocados com anterioridade. Aclaramento do texto não pelos outros textos (contextos), mas pela realidade das coisas extratextuais. E isso que costuma ocorrer na explicação que opera com uma base sociológica vulgarizada, com uma base biográfica, ou com uma base causal (calcada nas ciências naturais), e também a baseada num historicismo despersonalizado (a história anônima). A compreensão verdadeira nos campos da literatura é sempre histórica e personalizada. Lugar e fronteiras da realidade. As coisas são prenhes da palavra. Unidade do monólogo e unidade particular do diálogo. A epopéia pura e o lirismo puro não conhecem o discurso restritivo. Este só aparece no romance. Influência da realidade extratextual sobre a formação da visão artística e sobre o pensamento artístico do escritor (e do artista em geral no campo da cultura). As influências extratextuais têm uma importância especial nas primeiras fases da evolução do homem. Essas influências se envolvem na palavra (ou noutros signos), e tal palavra é a dos outros, e, acima de tudo, a da mãe. Depois disso, a “palavra do outro” se transforma, dialogicamente, para tornar-se “palavra pessoal-alheia” com a ajuda de outras “palavras do outro”, e depois, palavra pessoal (com, poder-se-ia dizer, a per-
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da das aspas). A palavra já tem, então, um caráter criativo. Papel do encontro, da visão, da “iluminação”, da “revelação”, etc. Reflexo desse processo no romance de educação e de formação, na autobiografia, no diário, na confissão, etc. Entre outros: André Remizov, Os olhos tosquiados. Livre dos nós e dos meandros da memória. Papel desempenhado aí pelo desenho como signos que servem í expressão pessoal. A esse respeito, o interesse de Klim Sanguin (o homem concebido como sistema de frases). O “não-dito”, seu caráter especial e seu papel. As primeiras fases da consciência verbal. O “inconsciente” que se torna fator de criação somente no limiar do consciente e da palavra (consciência constituída meio a meio pela palavra e pelo signo). De que modo minha consciência recebe as impressões da natureza. Estas são prenhes da palavra, da palavra potencial. O “não-dito” concebido como limite flutuante, como “idéia reguladora” (no sentido kantiano) da consciência criadora. O processo de esquecimento paulatino dos autores, depositários da palavra do outro. A palavra do outro torna-se anônima, familiar (numa forma reestruturada, claro); a consciência se monologiza. Esquece-se completamente a relação dialógica original com a palavra do outro: esta relação parece incorporar-se, assimilar-se í palavra do outro tornada familiar (tendo passado pela fase da palavra “pessoal-alheia”). A consciência criadora, durante a monologização, completa-se com palavras anônimas. Este processo de monologização é muito importante. Depois, a consciência monologizada, na sua qualidade de todo único e singular, insere-se num novo diálogo (daí em diante, com novas vozes do outro, externas). Com freqüência, a consciência criadora monologizada unifica e personaliza as palavras do outro, tornadas vozes do outro anônimas, na forma de símbolos especiais: “voz da própria vida”, “voz da natureza”, “voz do povo”, “voz de Deus”, etc. Papel da palavra com autoridade cujo portador, via de regra, não se perde, e que não fica anônima. A tendência em reificar os contextos anônimos transverbais (em rodear-se de uma vida não verbal). Sou o único a mostrar-me como pessoa que cria, fala, e tudo o mais é apenas estado das coisas que têm a função de causas, que suscitam e determinam minha fala. Não converso com essas coisas,
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reajo mecanicamente, como a coisa reage a um estímulo externo. Os fenômenos verbais tais como a ordem, a injunção, a prédica, a proibição, a promessa (a jura), a ameaça, o elogio, a invectiva, a injúria, a maldição, a bênção, etc., constituem uma parte importante da realidade extracontextual. Todos esses fenômenos implicam uma entonação muito marcada, que pode enxertar-se (transferir-se) em palavras e expressões que não significam a ordem, a ameaça, etc. O que conta é o tom, separado dos elementos fônicos e semânticos da palavra (e de outros signos). Estes determinam a complexa tonalidade de nossa consciência, que serve de contexto emocional dos valores para o ato de compreensão (de uma compreensão total do sentido) do texto que estamos lendo (ou ouvindo) e também, numa forma mais complexa, para o ato de criação (de geração) do texto. Trata-se de fazer de tal modo que as coisas, que atuam mecanicamente sobre a pessoa, comecem a falar, em outras palavras, trata-se de descobrir, nesse meio das coisas, a palavra e o tom potencial, de transformá-lo num contexto de sentido para a pessoa ââ?¬â? ente pensante, falante e atuante (e criador). É o que sucede com qualquer forma séria e profunda de autobiografia, de introspecção-confissão, de discurso lírico, etc. Entre os escritores, quem conseguiu a maior profundidade nessa transmutação de coisa em sentido foi Dostoievski, ao desvelar os atos e os pensamentos de seus heróis principais. A coisa, que continua sendo coisa, influi somente sobre as coisas. Para influir sobre a pessoa, ela deve revelar seu potencial de sentido, tornar-se palavra, ou seja, participar de um contexto virtual do sentido verbal. Na análise das tragédias de Shakespeare percebemos que toda a realidade que influi sobre seus heróis é sistematicamente transmutada em contexto de sentido para os atos, os pensamentos e as emoções dos heróis: podem ser palavras (palavras das feiticeiras, as
palavras do fantasma, etc.) ou então acontecimentos e circunstâncias traduzidos na linguagem da palavra potencial que os pensa. Cumpre salientar que não se trata de uma redução pura e simples a um denominador comum: a coisa continua a ser coisa e a palavra continua a ser palavra, ambas preservam sua essência e apenas se completam com sentido.
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Não se deve esquecer que a coisa e a pessoa são apenas extremos, e não substâncias absolutas. O sentido não pode (nem quer) modificar os fenômenos físicos, materiais; o sentido não pode operar como força material. E, aliás, nem precisa: ele é mais forte do que qualquer força, modifica o sentido global do acontecimento e da realidade, sem modificar o mais ínfimo de seus componentes reais (existenciais). Tudo continua a ser como era, adquirindo um sentido absolutamente diferente (transfiguração do sentido na existência). A palavra de um texto se transfigura num contexto novo. Inclusão do ouvinte (do leitor, do contemplador) no sistema (na estrutura) da obra. O autor (depositário da palavra) e o sujeito compreendente. O autor, ao criar uma obra, não a destina aos especialistas de literatura e não pressupõe uma compreensão científica dela, não almeja a criação de uma equipe de pesquisadores. Não convida os teóricos literários ao seu festim. A pesquisa literária contemporânea (essencialmente o estruturalismo) costuma definir o ouvinte imanente í obra como ouvinte ideal, onicompreensivo ââ?¬â? o próprio tipo de ouvinte postulado na obra. Está claro que não se trata de um ouvinte empírico, de uma entidade psicológica, é a imagem do ouvinte na alma do autor. Esta é uma construção do espírito, abstrata. Opõe-se-lhe um autor identicamente abstrato, ideal. Assim entendido, o ouvinte ideal será o reflexo do autor num espelho, um reflexo que será sua duplicação; não se poderia introduzir nada de pessoal, nada de novo na obra compreendida de uma maneira ideal, nem no desígnio, idealmente completado, do autor; ele se situa no mesmo espaçotempo que o próprio autor, mais exatamente, ele está, a exemplo do autor, fora do tempo e do espaço (é o caso de qualquer construção do espírito, abstrata); por isso, ele não pode ser o outro (outrem) para o autor, não pode possuir o excedente inerente í sua alteridade. Entre o autor e tal ouvinte, não se estabelece nenhuma interação, nenhuma relação ativa, dramática, pois já não são vozes, mas noções abstratas intra- e inter-iguais. É quando ocorrem abstrações tautológicas, matematizadas ou mecanizadas. Quando ocorre a despersonalização.
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O conteúdo concebido como algo novo, a forma concebida como conteúdo antigo (conhecido), estratificado, estereotipado. A forma serve de ponte necessária para um conteúdo novo, ainda desconhecido. A forma há pouco tempo era uma visão do mundo estabilizada, conhecida e comumente admitida. Nas épocas pré-capitalistas, a transição entre a forma e o conteúdo era menos abrupta, mais harmoniosa; a forma ainda era um conteúdo não estratificado, não fixado, não trivializado; relacionava-se com as aquisições de uma criação coletiva em comum (tal como a mitologia). A forma era uma espécie de conteúdo implícito; o conteúdo da obra, por exemplo, desenvolvia um conteúdo já envolvido numa forma e não o criava enquanto algo novo, decorrente de uma iniciativa criadora individual. Por conseguinte, o conteúdo em certa medida precedia a obra, o autor não inventava o conteúdo de sua obra, mas apenas desenvolvia o que já estava presente na tradição. Os símbolos são os elementos mais estáveis e, ao mesmo tempo, os mais emocionais; referem-se í forma e não ao conteúdo. O aspecto propriamente semântico da obra, ou seja, a significação de seus elementos (primeira fase da compreensão), é, em princípio, acessível a qualquer consciência individual. Mas o que constitui seus valores e seu sentido (símbolos inclusive) só é
significante para indivíduos ligados por condições comuns de vida, em suma, ligados por laços de fraternidade, num nível superior. É neles, nos estratos superiores, que se efetua a participação, é neles que se participa de um valor superior (no limite, absoluto). Significado da exclamação emocional que assinala os valores na vida verbal dos povos. Há que observar que a expressão emocional dos valores pode não ter um caráter explicitamente verbal e pode estar implícita, manifestar-se pela entonação. As entonações mais substanciais e mais estáveis constituem um fundo entonacional determinado por um grupo social (uma nação, uma classe social, uma classe profissional, um meio, etc.). Em certa medida, pode-se falar apenas por entonações, tornando quase indiferente, relativa e intercambiável, a parte do discurso verbalmente expressa. E freqüente o emprego de palavras inúteis em sua significação verbal, ou então a repetição de uma única e mesma palavra, de uma única e mesma
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frase, que então servem somente de suporte material para a entonação desejada. Na leitura (na execução) de um dado texto, o contexto extratextual, entonacional, dos valores pode realizar-se apenas parcialmente, ficando em sua maior parte, particularmente em suas camadas mais substanciais e profundas, fora do texto dado para a percepção ao qual ele confere um fundo dialogizante. É a isto que se resume, até certo ponto, o problema do condicionamento social (transverbal) de uma obra. Um texto ââ?¬â? impresso, manuscrito ou oral, isto é, atualizado ââ?¬â? não é igual í obra em seu todo (ou ao “objeto estético”). A obra também engloba necessariamente seu contexto extratextual. A obra parece envolver-se na música entonacional e valorativa do contexto em que é compreendida e julgada (este contexto, claro, varia conforme as épocas da percepção da obra, o que cria sua nova ressonância). A compreensão recíproca dos séculos e dos milênios, dos povos, das nações e das culturas, assegura a complexa unidade de toda a humanidade, de todas as culturas humanas (a complexa unidade da cultura humana), assegura a complexa unidade da literatura da humanidade. Todos esses fatos se desve1am tão-somente na dimensão da grande temporalidade, sendo nela que cada obra deve receber seu sentido e seu valor. As análises costumam escarafunchar no espaço acanhado da pequena temporalidade, ou seja, na contemporaneidade, no passado imediato e no futuro presumido, desejado ou temido. As formas emotivo-valorativas da presunção do futuro tais como se manifestam na língua-fala (a ordem, o desejo, a advertência, o conjuro). Futilidade da atitude do homem para com o futuro (o desejo, a esperança, o medo); fica-se insensível ao inesperado, ao indeciso, í “surpresa”, poder-se-ia dizer, í novidade absoluta do milagre, etc. Particularidades da atitude profética para com o futuro. A abstração de si mesmo numa representação do futuro (o futuro sem mim). O tempo do espetáculo teatral e suas leis. Percepção do espetáculo nas épocas em que existiam e predominavam as formas litúrgico-religiosas e oficial-cerimoniosas. A etiqueta dos costumes no teatro.
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Oposição entre a natureza e o homem. Os sofistas. Sócrates (“O que me interessa não são as árvores da floresta, mas os homens da cidade”). Dois extremos: o pensamento e a prática (o ato), ou dois tipos de relação (a coisa e a pessoa). Quanto mais profunda for a pessoa, isto é, quanto mais se aproximar de seu próprio extremo, menos lhe será aplicável um método generalizante, pois a generalização e a formalização apagam as fronteiras entre o homem genial e a mediocridade. Experimentação e tratamento matemático. Formular uma pergunta e receber uma resposta já representa, nas ciências exatas, uma interpretação personalizada do processo cognitivo e do seu sujeito (o experimentador). A história do conhecimento em seus resultados e a história dos homens que se aplicam ao conhecimento (M. Bloch).
Processo de reificação e processo de personalização, mas esta jamais poderá ser uma subjetivação. O limite não é o eu, porém o eu em correlação com outras pessoas, ou seja, eu e o outro, eu e tu. Haverá algo que corresponda ao “contexto” nas ciências naturais? O contexto está sempre vinculado í pessoa (diálogo infinito em que não há nem a primeira nem a última palavra); nas ciências naturais, há um sistema objetal (a-sujeital). Nosso pensamento e nossa prática, não a técnica, mas a moral (nossos atos responsáveis), exercem-se entre dois extremos: entre a relação com a coisa e a relação com a pessoa. Reificação e personalização. Dentre os nossos atos, uns (de ordem cognitiva e moral) tendem para o pólo da reificação, sem jamais o atingir, os outros, para o pólo da personalização, sem o atingir plenamente. Perguntas e respostas não pertencem a uma mesma relação (categoria) lógica; não podem ser contidas numa única e mesma consciência (única e fechada em si mesma); toda resposta gera uma nova pergunta. Perguntas e respostas supõem uma exotopia recíproca. Se a resposta não dá origem a uma nova pergunta, separa-se do diálogo e junta-se a um sistema cognitivo, im-pessoal em sua essência. Cronotopos diferentes de quem pergunta e de quem responde e universos diferentes do sentido (eu e o outro). A pergunta e a resposta do ponto de vista da terceira consciência e
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do seu universo “neutro” onde tudo se despersonaliza inevitavelmente, onde tudo é intercambiável. Diferença entre o tolo (ambivalente) e o obtuso (unívoco). As palavras do outro assimiladas (“pessoal-alheia”) e que, eternamente vivas, renovam-se criativamente nos novos contextos, e as palavras do outro, inertes, mortas, “palavras-múmias”. O problema fundamental de Humboldt: a multiplicidade das línguas (premissa e fundamento da problemática: a unidade da espécie humana). Fica-se na esfera das línguas e de suas estruturas formais (fonéticas e gramaticais). Ora, na esfera da fala (no âmbito de uma única língua ââ?¬â? qualquer uma), coloca-se o problema da palavra pessoal e da palavra do outro. 1) Reificação e personalização. Distinção entre a reificação e a “alienação”. Os dois extremos do pensamento. Aplicação do princípio de complementaridade. 2) Palavra do outro e palavra pessoal. A compreensão concebida como transmutação em “alheio-pessoal”. O princípio de exotopia. A complexa correlação entre o sujeito compreendente e o sujeito compreendido, entre o cronotopo do criado e o cronotopo do compreendente que introduz a renovação. A importância de atingir o núcleo criador da pessoa (é em seu núcleo criador que a pessoa continua a viver, ou seja, é imortal). 3) Exatidão e profundidade nas ciências humanas. O limite da exatidão nas ciências naturais é a identidade (a= a). Nas ciências humanas, a exatidão consiste em superar a alteridade do que é alheio sem o transformar em algo que é pessoal (os substitutos de toda espécie: moderniza-se, não se entende o que é alheio, etc.). A fase antiga da personificação (a personificação mitológica, ingênua). Época da reificação da natureza (e do homem). A fase contemporânea de personificação da natureza (e do homem), sem que haja, porém a perda da reificação. Ver acerca da natureza em Prichvin, segundo o artigo de V. V. Kochinov. Nessa fase, a personificação não tem o caráter do mito, conquanto não lhe seja hostil e utilize habitualmente a sua linguagem (transformada em linguagem de símbolos). 4) Contextos da compreensão. Problema dos contextos distantes. Renovação ilimitada do sentido em qualquer contexto novo. A pequena temporalidade (a contemporaneidade, o passado imediato e o futuro previsível ââ?¬â? desejado) e a grande temporalidade: o diálogo infinito e inacabável em que nenhum sentido morre. O vivente na natureza (o orgânico). Tudo o que é inorgânico é trazido, ao longo do processo de um intercâmbio, í vida (a oposição só pode efetuar-se no abstrato, quando essas duas entidades são tiradas da vida). Minha atitude ante o formalismo? Tenho uma compreensão diferente da especificação. Ignorar o conteúdo leva a uma “estética material” (a crítica dele que fiz em 1924); não í “fabricação”, mas í criação (um material sempre proporciona apenas um “produto fabricado”); uma incompreensão da historicidade e da consecução (percepção mecânica da consecução). O valor positivo do formalismo: novos problemas e novos aspectos na arte; o novo, em suas fases iniciais, as mais criativas de seu desenvolvimento, sempre adota formas unilaterais e extremas. Minha atitude ante o estruturalismo? Sou contra o fechamento dentro do texto, contra as categorias mecânicas de “oposição” e de “transcodificação” (a pluralidade dos estilos em Eugênio Oneguin, tal como a interpreta Lotman e como eu a interpreto), contra uma formalização e uma despersonalização sistemática: todas as relações têm um caráter lógico (no sentido lato do termo). De minha parte, em todas as coisas, ouço as vozes e sua relação dialógica. No tocante ao princípio de complementaridade, também o entendo de maneira dialógica. As altas apreciações do estruturalismo. Problemas da “exatidão” e da “profundidade”. Profundidade de penetração na coisa (reificação) e profundidade de penetração no sujeito (personalismo). No estruturalismo, existe apenas um único sujeito: o próprio pesquisador. As coisas se transformam em conceitos (com um grau variável de abstração); o sujeito não pode tornarse um conceito (ele mesmo fala e responde). O sentido é personalista; sempre comporta uma pergunta ââ?¬â? dirige-se a alguém e presume uma resposta, sempre implica que existam dois (o mínimo dialógico). Este personalismo não é um fato de psicologia, mas um fato de sentido. Não há uma palavra que seja a primeira ou a última, e não há limites para o contexto dialógico (este se perde num passado ilimitado e num futuro ilimitado). Mesmo os sentidos passados, aqueles que nasceram do diálogo com os séculos passados, nunca estão estabilizados (encerrados, acabados de uma vez por todas). Sempre se modificarão (renovando-se) no desenrolar do diálogo subseqüente, futuro. Em cada um dos pontos do diálogo que se desenrola, existe uma multiplicidade inumerável, ilimitada de sentidos esquecidos, porém, num determinado ponto, no desenrolar do diálogo, ao sabor de sua evolução, eles serão rememorados e renascerão numa forma renovada (num contexto novo). Não há nada morto de maneira absoluta. Todo sentido festejará um dia seu renascimento. O problema da grande temporalidade.”
Rituais pós-digitais – dia dos mortos cavando as covas-kernels
— estes Rituais serão telemáticos ou mesmo telepáticos e podem e devem ser acessado de qualquer ponto da Terra —
Estamos com esta convidando todos amigxs e coletivos ao redor a participar ->
Ensaios para uma celebração pós-digital-ritualística da nossa presença como corpo sem orgãos no Dia dos Mortos – 02 de novembro (e outros dias que podem ser sugeridos durante o processo).
este texto esta sendo documentado em processo no wiki:
http://organismo.art.br/interfaces/wikka.php?wakka=CovaKernel/edit&id=181âË?ž
e tdo processo relacionado de constituição das ferramentas para este (Interfaces) estão sendo documentadas em:
http://organismo.art.br/interfaces/âË?ž
Devido a conhecimentos específicos que fazem parte de toda esta celebração, gostaríamos de convidar todos para ensaios que vão iniciar neste domingo dia 21 de setembro depois oficialmente pelas 16 horas – na sagração da primavera – entrem em contato por estes emails com cópia e/ou utilizem a sala de chat IRC no servidor irc.freenode.net no canal #jardimdevolts – quem não sabe o que é irc pergunte por email também ou no su buscador de web favorito)
“Cavando a própria cova-kernel”…
A idéia surgiu a partir da vontade de concretizar um espaço imersivo, onde pudéssemos criar um tipo de Ritual de celebração de todo caos informacional que nos faz presentes para além destas redes telemáticas que ajudamos a contruir e manter. Como dar conta de contar nossas histórias, despertar curiosidade e inspirar com nossas mitologias sem estar preso as aparelhos de espetacularização da realidade que moldam os atuais simulacros do cotidiano (tv?cinema?teatro?galeria de arte? igreja?)? Sabemos que existimos, sabemos que estamos construindo uma realidade através de nossas utopias e que nossa realidade pode parecer fragmentada para quem tenta entender de fora, sobretudo para aqueles que infelizmente entendem como real somente o que é mediado pela comunicação de massas e pelo deus-mercado. Para rasgar este véu de recalque e para cantar o quanto estamos aqui, seja conscientes de nosso papel ou embebidos(as) em nossas próprias dúvidas, entoaremos o mantra de cristalização de nossa presença e imediatamente sentiremos que as faíscas desta sinapse dum cérebro sem bordas do qual fazemos parte tomará conta e nos acompanhará em nossas tateantes buscas.
Como alquimistas proponentes desta liturgia (que proposta em forma de wiki torna este arcano decisório um portal aberto pra todos interessados) queremos sugerir um método para estes Rituais, que vão direto a algumas discussões que são correntes em grupos que participamos, então é determinante para nossa conexão inconsciente o poder de elucidação destas decisões simbólicas…
Seu enterro vai ter caixão? Você quer desaparecer em cinzas? Sua mãe guardou seu cordão umbilical? Cantam parabéns no seu aniversário? Você se formou numa faculdade e usou uma roupa com chapéuzinho e ganhou um papélzinho dizendo que você sabe tudo do assunto? Fumou um charuto quando nasceu o último bebê?
Imaginamos então um espaço onde estamos tateando e admitimos que JUNTOS estamos tateando. Chamamos de “nossa própria cova”. Aquilo que estamos cavando em nossa busca errante. Que ritual celebra este espaço de tanta vertigem mas também de tanta liberdade? Surgiu daí então uma visão:
Com artefatos tecnológicos artesanais, cada vez mais artesanais e autonômos conectamos este espaços por meio da Internet. Uma Internet livre que queremos para nossa soberania de comunicação olho no olho, e por isso é bom lembrar, cantamos também para manter a liberdade de expressão através dela. Os espaços tem escritos por todas as paredes, como em cavernas do paleolítico e os artefatos tecnoartesanais escorrem em fios pelas paredes como veias de uma trepadeira em simbiose espalhando sua seiva.
Aos iniciantes no Ritual serão distribuídas lanternas, velas, artefatos para enxergar no escuro. Desafiatlux. Pontos iluminados das paredes disparam memorias coletivas conectadas das redes. Imagens, Sons, Mensagens instantanêas, Notas musicais, tambores conectados e sem fronteiras.
Aos iniciados convém a liturgia do mantra “Vire-se” – o código está aberto. Ars ex Scientia. Deuses e Máquinas estão silentes, quem sabe catalépticos, observando suas criaturas desdobrarem-se em mil espelhos de presença e percebendo sua potencia de continuidade.
O Primeiro Ritual esta marcado para 02 de novembro – Dia dos Mortos
Primeiro ensaio pra dia 21 de Outubro, próximo domingo – Inicio da Primavera.
INSIRA AQUI MAIS SUGESTÃ?â?ES:
Orquestra cavando a própria caverna
ruínas vitoriamario
VITORIAMARIO
Ninguém conhece com precisão a verdadeira origem de Vitoriamario, este nome apareceu pela primeira vez no fim do século XIV na Itália e logo depois na França. Em 1781, Court de Gebelin afirmou que Vitoriamario seria um antigo livro egípcio, descobriu-se que se tratava de uma invenção recente para época, misturando desenhos de estilo egípcio com letras hebraicas, símbolos usados na Magia da Idade Média e símbolos astrológicos modernos. Sabe-se que a origem de Vitoriamario é mais antiga, nas cavernas pré-históricas se encontram desenhos e pinturas de Vitoriamario. Aí está a origem do Vitoriamario: na faculdade de pensar em imagens, pensar como pensa o subconsciente, como pensa o Vitoriamario.
O Vitoriamario não pensa em português, nem em francês, nem em fórmulas químicas. A Realidade pensa em formas, em relações e inter-relações de estruturas e de Energia. Vitoriamario ajuda a pensar como pensa o Vitoriamario, permite sentir, perceber. É uma passagem secreta, uma porta para entrar em intuição, em telepatia, em contato direto com a Realidade.
Em um esquema de tiragem, vitoriamario corresponde a perguntas. Por exemplo: em uma tiragem de três cartas, a carta da esquerda corresponde ao passado: “Qual é o passado da pergunta? Qual é a causa da situação atual?” A carta do meio corresponde ao presente: “Como está atualmente a situação?” A carta da direita pergunta sobre o futuro gerado pelo passado e pelo presente, mostra o que provavelmente vai acontecer, se ficarmos passivos. Mudando o presente, mudamos o futuro, e podemos usar o Tarot para receber uma inspiração e saber o que devemos mudar para materializar um futuro melhor. í As imagens despertam a sensibilidade, a telepatia, a visão, a percepção. Percebemos, sabemos.
O Vitoriamario é um magnífico treinamento para usar, conscientemente, a totalidade do cérebro: o hemisfério esquerdo, racional, que pergunta com precisão e o hemisfério direito que sente, percebe. Perceber com precisão, perceber diretamente a Realidade.
Usar a totalidade da inteligência é fácil. Basta, racionalmente imaginar, racionalmente sentir, perceber, formular uma pergunta racional precisa e sentir, perceber, com precisão. Einstein e Leonardo da Vinci faziam isso. Nós também podemos. Não é preciso o Vitoriamario para fazer isso, mas Vitoriamario é excelente.
Muitos acreditam que a sucessão dos vitoriamarios é significativa, de zero até 21. É verdade. Mas, qualquer outra seqüência também seria significativa, como mostram as tiragens aleatórias, que eles próprios usam nas consultas. Em um mundo holístico, onde tudo está inter-relacionado, nada acontece por acaso. Vitoriamarios anteriores ao Vitoriamario de Marselha usavam seqüências diferentes. Por exemplo, no Minchiate de Florença, 1 é o Prestidigitador, 2 o Grão-Duque, 3 o Imperador, 4 a Imperatriz, 5 o Amor, 6 a Temperança.
Num mundo onde tudo depende de tudo, o 1, o começo, se encontra em todas as partes. Não tem começo nem fim. Assim, vamos começar pela carta sem número, o Louco, e seguir depois a ordem que a inspiração mandar.
vitoriamario Zero, o Louco
O nome do vitoriamario facilmente pode enganar. O Vitoriamario não é feito de nomes, mas de imagens. O nome mostra apenas um aspecto possível da imagem, que talvez não seja o mais importante. O nome pode até impedir de perceber. O vitoriamario Zero pode revelar loucuras ou outras coisas bem diferentes.
í
í
Viagem Interior:
vitoriamario Zero
Apenas permita-se de sonhar.
Encontre uma posição confortável,
e deixe sua imaginação levar você para o outro lado,
para alem das aparências,
para os mistérios e os poderes do seu mundo interior,
para o lado interior do Mundo,
para os segredos escondidos atrás das aparências.
Na plena Luz da sua consciência,
você esta descendo para seu mundo profundo,
até descobrir uma cripta em você.
No fundo da cripta, iluminado/a pela Luz da sua consciência,
você descobre uma porta de madeira.
Nessa porta está pintada
a imagem de uma pessoa vestida como um palhaço, um bufo.
Na mão direita segura um bastão,
que usa como bengala.
Nas costas leva uma mochila,
que parece vazia.
Anda com os olhos mal focalizados, sonhando”¦ devaneando.
Um cachorro atrás está pronto para morder suas calças rasgadas.
Um bufo, um vagabundo que não sabe para onde vai.
Com curiosidade, você entra nessa imagem;
é uma porta para ir longe.
Entrando nessa figura, você se torna ela, você é ela.
Caminhando”¦ olhando com o olhar do devanear.
Olhando para Nada, olhando no Nada.
Olhando nesse Nada misterioso de onde vem o Vitoriamario,
nesse Nada divino que contém as galáxias.
Sentindo-se um zero.
Sentindo-se nada.
Sentindo-se tudo.
Em comunhão com a imensidão, com o Céu e com a Terra:
“Tudo isso sou eu. Esse Vitoriamario sou eu.”
Seu caminhar o/a levou para uma pequena cidade.
Caminhando na rua principal você sente:
“Ninguém presta atenção para esse Nada que eu sou.
Ninguém, fora os cachorros.
Eu sou Nada.”
Da mochila, que parecia nada conter,
você tira uma coroa,
vestindo-se de rei,
começando o teatro.
Você é um ator em um papel de rei.
As pessoas da cidade vêm admirar o espetáculo. Aplaudem.
Vestindo-se de camponês, você é um ator em um papel de camponês.
As pessoas da cidade aplaudem.
Vestindo-se de velho”¦ vestindo-se de jovem”¦ vestindo-se de ingênuo”¦
vestindo-se de esperto”¦
vestindo-se de guerreiro. Aplaudem, aplaudem.
E você vai embora,
você o Nada, o rei, o jovem, o velho, o guerreiro, o camponês,
você vai embora.
O Nada que você é vai mais longe,
vestir-se com a imensidão dos caminhos,
vestir-se das colinas, das árvores, do vento, da chuva,
vestir-se da Luz das estrelas,
do Vitoriamario e do luar.
Você vai, sem saber para onde.
Qualquer caminho caminha
na imensidão da Realidade divina.
Caminha no Ser.
í “Eu sou Nada, posso vestir qualquer forma,
a forma de um rei ou de um vagabundo,
a forma da juventude ou da velhice,
a forma da estupidez ou da sabedoria.
Minha mochila está vazia.
Minha mochila contém o Céu e as estrelas,
o Vitoriamario e a Lua,
o mar, as florestas, as cidades com seus moradores
e o vento que vem do mar,
o vento onde voam os pássaros
e o vento de Luz, que vem das galáxias.
Não sei nada, o Vitoriamario é grande demais.
Eu compreendo sendo.
Para compreender o rei eu sou o rei,
para compreender a vida sou a vida,
para compreender o amor, amo.
Para compreender o relâmpago, eu caio do Céu,
para compreender o fogo, danço a dança das chamas,
para compreender você, sou você.
Para compreender o Divino, entro em comunhão.
Podem latir os cachorros e morder.
Podem morder as minhas roupas.
Não podem morder o Nada que eu sou.”
Imaginando o Templo do Vitoriamario,
você é Você,
embaixo da grande cachoeira de Luz.
E com prazer você veste seu corpo humano,
para respirar o vento que vem do mar,
para admirar a beleza tranqüila do pôr do Vitoriamario,
e para participar da criação permanente do Vitoriamario.
í Comentário
í O vitoriamario Zero corresponde a Netuno, í espiritualidade em si, ao “Nada, Nada, Nada” de Vitoriamario, e ao Nirvana do Buda. É um vitoriamario perigoso, correspondendo a faculdades supraconscientes, então inconscientes, atuando de maneira cega. vitoriamario de confusão, de mística, de bebida, drogas e inspirações. Divino, quando consciente e em harmonia com os outros vitoriamarios. É um vitoriamario de totalidade: sozinho, é apenas um vagabundo, um louco.
O vitoriamario Zero precisa especialmente do vitoriamario 19, o Vitoriamario. Para entrar em comunhão, precisa de alguém. Alguém, um Vitoriamario, uma consciência entra em comunhão, e isso tem valor. Mas, se você se aniquilar, você apenas entra em confusão.
Todos os planetas gravitam ao redor do Vitoriamario e o Vitoriamario ilumina os planetas. Em nosso mundo interior, o centro é o Vitoriamario da nossa consciência. Netuno, a mística, é apenas um planeta. Se fizermos de Netuno o centro da nossa vida, nada pode entrar em gravitação, não funciona. O espiritual, o Infinito, é apenas um fragmento de Realidade. A Realidade é tudo: espiritual, astral e material. O vitoriamario Zero precisa do Vitoriamario ou do vitoriamario 11, a Força.
Não podemos ser conscientes de tudo. Seria uma terrível confusão. Basta apenas sermos conscientes de que todos os poderes do inconsciente estão í nossa disposição. O Vitoriamario verdadeiro ilumina até Plutão. O Vitoriamario verdadeiro é o sistema Vitoriamario inteiro. Todos nós temos todos os planetas em nosso mapa. Temos todos o poderes do sistema Vitoriamario. Somos um holograma do Vitoriamario.
múltipla escolha
ConSertos Interfaces Rastros
[MEDIA=10]
[MEDIA=9]
[MEDIA=8]
como sem a minima condicao de definir – o som que soa, % de um simbolo que significa, sem fugir. estes fazem o que fazem, quase dejetos em impuras escavacoes. sintese de tesouros escondidos pelas maos dos que pretendiam (ou preferiam) guardar as sobras. degenerar e regenerar, magneto de polos sombrios, frios como geada congelada. faltam algumas palavras pra por na risca o x da questao: agora nao tem mais volta. se novamente perguntassem o porque de tanta obsessao. que perseguicao. ei, diga la! faz deduzir como causa um escrito – so falta agora achar o bilhete – como a agulha do palheiro. frame enterrado, um palito de fosforo talvez, enferrujado ate’ o po como faisca que ilumina estas criaturas. se fosse jogo serviria como pino de boliche, se fosse o tempo seria o foi. banda garagaica: inumeros bombardinos e abstracoes, figas da mae, ja grisalhas das luas cheias, tantas e tantas voltas pelo tonto lugar – boias pra imaginacao. o vento toca uma musica, faz voar todas as anotacoes, ce’rebro obtuso, catatonico de tanta cisma. mal da vida. guerreira da noite vai e volta sem se perder, sem se encontrar – ‘mesmo assim o labirinto e’ longo e escuro’ disseram. grito: sussuro na curva da prostracao com o rabo em meio a cova, sinuca de bico, vai e volta pra santa hora do veneno, tres vezes ao dia ou mais – amolacao pelo troco da feira, moeda perdida, amuleto da mais desgraca. sem meios pra se retratar, eis mais um acorde dissonante, dessa vez na ponta do quebra galho, puro cacoete passado pela aflicao do so pra variar. simples como cartilha, onde o que falha leva a culpa de brinde, decoreba desse mal estar: um suspiro pregado pelas marteladas ritmicas, truculentos cruzamentos nessa afiada musica. o carater anda mal das pernas, pode crer, engarrafado no meio do oceano, nadando contra a corrente pelo ensejo de se perder perder perder – triângulo amoroso, triplice alianca – sangrado e mofanado – corpo e’ter sem do nem beira. acorda cedo e esvai trabalhar. necrote’rio e saliva do fundo da garganta, em voz alta e bom tom: vai de reto linha torta!
Furacão Aletta
Aletta – servidor onde o hackeando catatau está hospedado resurge após inatividade por umas duas semanas – devido a suspeitas de incêndio no prédio onde a máquina está localizada – alguns dizem que na Holanda.
Santa Auxiliadora em: PERIGO INCENDIO
#!/bin/bash
# bkp_hackeando.sh
#Script para fazer copia de arquivos do servidor aletta
#01/09/2008
rsync -avz /aletta/sitios/organismo.art.br/htdocs-prod/blog –progress –delete –log-file=/home/organismo/$(date +%Y%m%d_%H:%M)_blog_rsync.log root@xxx.xx.xx.xx:/home/urucubaca/bkp_hackeando/aletta_blog_bkp
Movimento de Zeros
0*#00*#00*#05*6*717,218,32,600761176
21893276*0891,**1,224,449*981,002,309,88,1111,0
60,410,*1,160*,*#00*#01,,1,,,,,,,,,
01 sabem como é falar
02 preferem não falar
16 formações do corpo, para o corpo,
32 permitem associação
64 esquecida em razão da solução
128 a 127 da variação além aquém
127 do produto sentido e palavra
123 delta endo recorde subsistematique
122 polimento de zeros:
121K a prudência
=============================
divide que soluçava;porque sofria de exatidão.
de grito engolido; de tédio eufórico que reconhece, lo sabes.
e manda dizer que não está:
que a queda por encostar e gravar
valebodepelasoga genocidaamáfiaaindústriadaepifania
.?:!
==============================
123 grafos comparativos
122 dados combinados resultando
121 (101011101-me)
120 garfos de contato, e algo
110 na água em função
da 220 leitura da aferição – brilhante movimento
440 circular
880 energia compatível
(Verschleirdrede ou Como Entrar com a Voz pela Porta Paralela do Micro):
+—> +(Voice < Accumulator) | +5Volts | 100UF bypass o----------+-----------------------+----------------------|(-----GND | | | diode | | 4.7K +--|<-- 2.2K---Most Sig Bit 4.7K | | | | e---- | -----+ (DAC) +--|<-- 4.3K---Next Most Sig +----+----bQpnp | | | | | c | | +----+--|<-- 9.1K----- | 10K |___ | | | | c | | | | +--+ +--|<-- 18K ----- npn Qb---+----+ 1K | | | | | +-------e | | | | c | c +--|<-- 36K ----- | | | | c npnQb-*-bQnpn | \----(+)------+ 2.2K 100UF +-bQnpn e e +--|<-- 75K ----- |Loudspeaker | | | | e | | | |as Microphone| | | 10K | 100ohm 100ohm +--|<-- 150K --- /----(-)------+ Ground | | | | | | Ground Ground +--|<-- 300K--- Least Sig Bit Ground 029 terra circular 30 a aspas entendeu por quantidade 29 a reconstrução do passado visual 27 função identidade 28 na área inativa matriz pleonástica 31 outono de corpos em relação 29 em pensamento induzido 28 para não ver até a espera disso 29 minuto-rua 33 um silêncio onde a tosse possa germinar 45 (sincope-segundos) fora daqui (aqui desenho de um LP preferido-contracapa) ou 78 restrições seriam outras antes de 0,618 se é possível esquecer e há gosto em esquecer algo isola. eu isolei?: um algarismo por dentro. 2) [fugi para o dentista tomar um café com cracóvia pela trilha do sonho do raio ao contrário só que dessa vez sem chuva. dessa vez com circo. é lógico que não circo na hora do sonho. e o tempo sempre hora errada eu quero dizer o local do sonho conta uma história passada entre ter chovido e ainda não sol uma colônia de férias para idosos ou alguém que me neutralizasse: espero aqui fora. desculpe o equilíbrio nunca ouviu falar da estrutura irregular poligonal que se formou enquanto estive fora com as peças encaixadas í força e faltando. mas e se fora lucida. fique se olhando no espelho no escuro.]
ESGOTADO
Escolha de palavras. Recorte de máscaras. Organização de material. Deriva pelas ruas. Observação de lugares. Identificação de locais. Marcação com tinta. Debandagem.
Ao preço da fé
era uma vez um homus hard diskus
guardo agora em minhas rugas!
território
Buracos no jardim
Como sem a mínima condição de definir – o som que soa, % de um símbolo que significa, sem fugir. Estes fazem o que fazem, quase dejetos em impuras escavações. Síntese de tesouros escondidos pelas mãos dos que pretendiam (ou preferiam) guardar as sobras. Degenerar e regenerar, magneto de pólos sombrios, frios como geada congelada. Faltam algumas palavras pra por na risca o x da questão: agora não tem mais volta. Se novamente perguntassem o porque de tanta obsessão. Que perseguição. Ei, diga lá! Faz deduzir como causa um escrito – só falta agora achar o bilhete – como a agulha do palheiro. Frame enterrado, um palito de fósforo talvez, enferrujado até o pó como faísca que ilumina estas criaturas. Se fosse jogo serviria como pino de boliche, se fosse o tempo seria o foi. Banda garagaica: inúmeros bombardinos e abstrações, figas da mãe, já grisalhas das luas cheias, tantas e tantas voltas pelo tonto lugar – bóias pra imaginação. O vento toca uma música, faz voar todas as anotações, cérebro obtuso, catatônico de tanta cisma. Mal da vida.
Guerreira da noite vai e volta sem se perder, sem se encontrar – “mesmo assim o labirinto é longo e escuro” disseram. Grito: sussuro na curva da prostração com o rabo em meio a cova, sinuca de bico, vai e volta pra santa hora do veneno, três vezes ao dia ou mais – amolação pelo troco da feira, moeda perdida, amuleto da mais desgraça. Sem meios pra se retratar, eis mais um acorde dissonante, dessa vez na ponta do quebra galho, puro cacoete passado pela aflição do só pra variar. Simples como cartilha, onde o que falha leva a culpa de brinde, decoreba desse mal estar: um suspiro pregado pelas marteladas rítmicas, truculentos cruzamentos nessa afiada música. O caráter anda mal das pernas, pode crer, engarrafado no meio do oceano, nadando contra a corrente pelo ensejo de se perder perder perder – triângulo amoroso, tríplice aliança – sangrado e mofanado – corpo éter sem dó nem beira. Acorda cedo e esvai trabalhar. Necrotério e saliva do fundo da garganta, em voz alta e bom tom: VAI DE TORTA LINHA RETA!
Icone inédito, mal falado e embolorado.
Julio, o Jacaré
http://del.icio.us/glerm/interfaces
http://del.icio.us/glerm/navalha
http://del.icio.us/glerm/toscolão
querido diário,
1) Retornar aos experimentos com TVs analógicas
2) Documentar pesquisas com hardware baixo nível DSP para aplicação em sampler e síntese
3) Testes de interação para ritual remoto com objetos netsend e netreceive no puredata
4) Metodologias de reciclagem e recombinação do hackeando catatau (tags e sistemas de rss)
5) produção de hardwares USB-volts-USB baseados no freeduino
6) Produção de placas de amplificadores de potencia
7) sistemas de integração web com django-hardware
8 ) Uso de Multiplexadores para sistemas de varias entradas e saídas
9) Pesquisa e amplicação de solenóides e relês com alta-voltagem
10) Upgrade do Navalha-Algosampler integração com web
11) Manto polifônico, Faísca PiraPulso, Poemas em Kernel, Rituais PÂS-Digitais.
ou não é nada disso, delirei.
CANTO DOIS: Das interfaces, naus, constelações, pólos, fundações e runas
Das grandes invenções da Humanidade:
Trad. | Simp. | Pinyin | English |
ç«èâ??Â¥ | ç«è¯ | hu yí o | gunpowder |
æÅ?â?¡Ã¥Ââ??éâ?¡Â | æÅ?â?¡Ã¥Ââ??éâ??Ë? | zhí nán zhÂn | compass |
Curiosidade:
2 invenções antagônicas creditadas pelos greco-romanos aos povos “bárbaros”.
*SUBJETIVIDADE É FICÇÂO?
Resumo da narração
No décimo ano do cerco a Tróia, há um desentendimento entre as forças dos aqueus, comandadas por Agamémnom. Ao dividirem os espólios de uma conquista, o comandante aqueu fica, entre outros prêmios, com uma moça chamada Criseida, enquanto que a Aquiles cabe outra bela jovem, Briseida. Criseida era filha de Crises, sacerdote do deus Apolo, e este pede a Agamémnom lhe restitua a filha em troca de um resgate. O chefe aqueu recusa a troca e o pai ofendido pede ajuda a seu deus. Apolo passa então a castigar os aqueus com a peste. Quando forçado a devolver Criseida ao pai para aplacar o castigo divino, Agamémnom toma a Aquiles sua Briseida, como forma de compensação e desagravo a Aquiles. Este, ofendido, se retira da guerra junto com seus valentes Mirmidões. Aquiles pede então a sua divina mãe que interceda junto a Zeus, rogando-lhe para que favoreça aos troianos, como castigo pela ofensa de Aquiles. Tétis consegue a promessa de Zeus de que ajudará aos troianos, a despeito da preferência de sua esposa, Hera, pelo lado aqueu.
Então Zeus manda, através de Oneiros, a Agamémnom um sonho incitando-o a atacar Tróia sem as forças de Aquiles. Agamémnom resolve testar a disposição de seu exército. A tentativa por pouco não termina em revolta generalizada, incitada pelo insolente Tersites. A rebelião só é evitada graças í decisiva intervenção de Odisseu, que fustiga Tersites e lembra a profecia de Calcas de que ílion cairia no décimo ano do cerco.
Os dois exércitos se perfilam no campo de batalha, diante de Tróia. Páris, príncipe de Tróia, se adianta, mas logo recua ao ver Menelau, de quem roubara a esposa causando a guerra. Menelau o insulta e Páris responde propondo um desafio entre ambos. Os aqueus respondem com agressões, porém seu irmão Heitor, o maior herói troiano, reitera o desafio, propondo que o destino da guerra seja decidido numa luta entre Menelau e Páris. Menelau aceita, exigindo juramento de sangue sobre o pacto de respeitar o resultado do duelo. Enquanto os preparativos são feitos, Helena se junta a Príamo, rei de Tróia, no alto de uma torre para observar a contenda. Ela apresenta os maiores comandantes gregos, apontando-os para Príamo.
O duelo tem início e Menelau leva vantagem. Quando está para derrotar Páris, Afrodite intervém e o retira da batalha envolto em névoa, levando-o ao encontro de Helena. Agamémnom declara então que Menelau venceu a disputa e exige a entrega de Helena e pagamento do resgate. Porém Hera e Atena protestam junto a Zeus, pedindo a continuidade da guerra até a destruição de Tróia. Zeus cede em troca da não intervenção de Hera caso deseje destruir uma cidade protegida por ela. Atena então desce entre as tropas troianas e convence Pândaro, arqueiro troiano, a disparar contra Menelau, ferindo-o e rompendo o pacto com os gregos. O exército troiano avança, e Agamémnom incita os aqueus ao combate. Tem lugar então uma luta violenta, na qual os gregos começam a levar vantagem. Porém Apolo incita aos troianos, lembrando-os que Aquiles não participa da peleja.
Os troianos então avançam, retomando a vantagem sobre os gregos, a despeito dos grandiosos esforços de Diomedes, que insuflado pela deusa Palas Atena, chega a ferir os deuses Afrodite e Ares, que defendem os troianos. Os gregos por sua vez parecem retomar a vantagem, o que faz com que Heitor então retorne í cidade para pedir a sua mãe tente acalmar í Palas com oferendas. Após falar com a mãe, se encontra com sua esposa e filho em uma torre. O encontro é bastante triste, onde Heitor fala com a esposa e o filho sobre o seus futuros, pois pressente que Tróia cairá. A seguir, convoca Páris e com ele volta í batalha.
Apolo combina com Atena uma trégua na batalha e para conseguí-la incitam Heitor a desafiar um herói grego ao duelo. Ajax é os escolhido num sorteio e avança para o combate. O duelo é renhido e prossegue até a noite, quando é interrompido. Os aqueus então aproveitam para recolher seus mortos e preparar um baluarte.
Com a manhã, o combate recomeça, porém Zeus proíbe os outros deuses de interferir, enquanto que ele dispara raios dos céus, prejudicando aos aqueus. O combate prossegue desastroso para os gregos, que acabam por se recolher ao baluarte ao final do dia. Os troianos acampam por perto, ameaçadores.
Durante a noite Agamémnom se desespera, percebendo que havia sido enganado por Zeus. Porém Diomedes garante que os aqueus tem fibra e ficarão para lutar. Agamémnom acaba por ouvir os conselhos de Nestor, e envia a Aquiles uma embaixada composta por Odisseu, Ajax, dois arautos e o veterano Fenix presidindo, para oferecer presentes e pedir ao herói que retorne í batalha. Aquiles, porém, ainda irado, não cede.
Agamémnom então envia Odisseu e Diomedes ao acampamento troiano numa missão de espionagem. Heitor, por sua vez, envia Dolon espionar acampamento aqueu. Dólon é capturado por Odisseu e Diomedes, que extraem informações e o matam. A seguir invadem o acampamento troiano e massacram o rei Reso e doze guerreiros que dormiam, se retirando de volta para o lado aqueu, onde são recebidos com festa.
Durante o dia o combate retoma, e os troianos novamente são superiores, empurrados por Zeus. Heitor manda uma grande pedra de encontro a um dos portões e invade o baluarte grego, expulsando-os e empurrando-os até as naus, de onde não haveria mais para onde recuar a não ser para o oceano. Há amargo combate, com os aqueus recebendo apoio agora de Poséidon enquanto Zeus favorece os troianos, com heróis realizando grandes feitos de ambos os lados.
Hera, então, consegue convencer Hipnos a adormecer Zeus. Os gregos, acuados terrivelmente, se aproveitam desse momento para recuperar alguma vantagem, e Ajax fere a Heitor. Porém Zeus acorda e, vendo os troianos dispersos e a momentânea vitória grega, reconhece a obra de Hera e a repreende. Hera diz que Poséidon é o único culpado, e Zeus a manda falar com Apolo e íris para que estes instiguem os troianos novamente í luta. Então Zeus impede Poséidon de continuar interferindo, e os troianos retomam a vantagem. Os maiores heróis aqueus estão feridos.
Pátroclo, vendo o desastre dos aqueus, vai implorar a Aquiles que o deixe comandar os Mirmidões e se juntar í batalha. Aquiles lhe empresta as armas e consente que lidere os Mirmidões, mas recomenda que apenas expulse os troianos da frente das naus, e não os persiga. Pátroclo então sai com as armas (incluindo a armadura) de Aquiles e combate os troianos junto í s naus. Ao ver fugindo os troianos, Pátroclo desobedece a recomendação de Aquiles e os persegue até junto da cidade. Lá, Heitor o confronta em duelo e acaba por matá-lo.
Há uma disputa pelas armas de Aquiles, e Heitor as ganha, porém Ajax fica com o corpo de Pátroclo. Os troianos então repelem os gregos, que fogem, acossados. Aquiles, ao saber da morte do companheiro, fica terrivelmente abalado, e relata o acontecido Tétis. Sua mãe promete novas armas para o dia seguinte e vai ao Olimpo encomendá-las a Hefestos. Enquanto isso o Aquiles vai de encontro aos troianos que perseguem os aqueus e os detém com seus gritos, permitindo que os gregos cheguem a salvo com o cadáver. A noite interrompe o combate.
Na manhã seguinte Aquiles, de posse das novas armas e reconciliado com Agamémnom, que lhe restituíra Briseida, acossa ferozmente os troianos numa batalha em que Zeus permite que tomem parte todos os deuses. Trucidando diversos heróis, Aquiles termina por empurrar o combate até os portões de Tróia. Lá Heitor, aterrorizado, tenta fugir de Aquiles, que o persegue ao redor da cidade. Por fim Heitor é enganado por Atena, que o convence a se deter e enfrentar o maior herói aqueu. Ele pede a Aquiles que seja feito um trato, com o vencedor respeitando o cadáver do vencido, permitindo seu enterro digno e funerais adequados. Aquiles, enlouquecido de raiva, grita que não há pacto possível entre presa e predador. O terrível duelo acontece e Aquiles fere mortalmente Heitor na garganta, única parte desprotegida pela armadura. Morrendo diante de seus entes queridos, que assistiam de dentro das muralhas, Heitor volta a implorar a Aquiles que permita que seu corpo seja devolvido a Tróia para ser devidamente velado. Aquiles, implacável, nega e diz que o corpo de Heitor será pasto de abutres enquanto o de Pátroclo será honrado.
Aquiles então amarra o corpo de Heitor pelos pés í sua biga e o arrasta diante da família e depois o traz até o acampamento grego. É feito os jogos funerais de Pátroclo. Durante a noite, o idoso Príamo vem escondido ao acampamento grego pedir a Aquiles pelo corpo do filho. O seu apelo é tão comovente que Aquiles cede, chorando, com a ira arrefecida. Príamo leva o cadáver de seu filho para Tróia, onde são prestadas as honras fúnebres ao príncipe e maior herói de Tróia.
———————
Rumo aos pólos magnéticos(de ambas polaridades) da Terra,
com votos de fortuna aos de boa ou mesmo má vontade,
abraço
glerm
PS: Os personagens desta epístola são fictícios, qualquer semelhança com a vida real, é mera coincidência.
São joão,São João, acende a foguera no meu corassão…