Social Music Kiosk – Vienna

Social Music Kiosk
(on-air, on-line: http://www.kunstradio.at, Sunday, Nov 25th, 23:00
Brandon LaBelle

In conjunction with the Kunstmarkt event held at the Schí¶pfwerk housing community in Vienna in October 2007 where art was used as a meeting point for social diversity, Social Music Kiosk functions as a gathering of different narratives related to art and social environments. Originally staged as an artistic contribution to the Kunstmarkt, the Kiosk functioned as a participatory sonic platform, inviting visitors to add to the mix by way of their favorite CDs, audio reports made on-site, and live treatments and interactions. Using the Kunstmarkt as a base, the radio work overlays multiple inputs: a series of audio recordings made by local residents and visitors to the Kunstmarkt, an interview and discussion with the organizers of the Kunstmarkt and social workers from Schí¶pfwerk, and electronic treatments. Part-documentary, part-question and answer, and part-mix, the work is a telescoping of multiple perspectives onto a social topography.

img_5912.jpg

http://www.kunstradio.at/2007B/25_11_07.html
Thanks to Ulla Ebner for her DJing, Annette Stahmer for her assistance, and to Rudolfine Lackner, Renate Schnee and Sabine for their invitation and conversation.

*

Brandon LaBelle is an artist and writer working with sounds, places, bodies, and cultural frictions. He is the author of Background Noise: Perspectives on Sound Art (Continuum 2006) and co-editor of the Surface Tension (Errant Bodies) series. His recent work Prototypes for the mobilization and broadcast of fugitive sound was exhibited at the Enrico Fornello Gallery, Prato. He teaches at the University of Copenhagen and is currently developing projects on street cultures.
http://www.errantbodies.org/labelle.html

a solidão não mata… dá a idéia

Claudete Pereira Jorge
texto: Alexandre França

A minha solidão hoje sorriu diferente, ela doeu meu choro contindo. A minha solidão foi surpreendente, me mostrou o que eu sou quando estou comigo. Hoje chorei como quem caminha para casa. Sou aquele cara interessante, a viver com a solidão ao lado, a cumprimentar os outros sentimentos de longe. A me achar bonito nos outros. A solidão me machucou, pois revelou a sua doença de permanecer para sempre nos meus olhos. Ela me falou baixinho no ouvido as minhas dúvidas. A solidão foi cruel esta noite, ela me contou o que eu sou nos mí­nimos detalhes. Eu não quero isto para ninguém. Não façam como eu, não levem em consideração o que a solidão fala. Pois dei ouvidos a ela e acreditei que eu não servia para nada. A solidão não mata, dá a idéia. A solidão se diz minha amiga, mas me faz dormir num lugar sujo com um ser humano solitário. A solidão mora em quem ela quer. As pessoas não tem a escolha de rejeitá-la. Ela come o nosso melhor pedaço, espera os outros comerem a carniça da alma. A solidão não tem calma, lambe o prato até o suco da vontade. A solidão que eu tenho eu não recomendo para ninguém, até por que foi eu quem a criou. A solidão não demora em narrar-nos o momento. A solidão nos causa sofrimento sem querer.

A solidão adulta permanece acordada, mesmo quando dormir é inevitável

.

Carvão – canção de Alexandre França e Edson Falcão
http://alexandrefranca.blogspot.com/

Toscoduino versão mamelucovich

toscoduino_a.jpg

O Lixeira tá levando pra Salvador a nossa primeira versão totalmente artesanal de placa de aprendizagem da eletrônica, baseada no projeto “arduino” – batizada de toscoduino.

O processo artesanal deste modelo da placa não é novidade, ta muito bem documentado ja pelo Giuliano Obici neste link. A diferença dessa é que foi quase desenhada a mão, com um misto mal sucedido da técnica do ferro de passar.

Essa semana vou fazer umas versões alternativas usando USB, principalmente buscando uma maneira de tornar os projetos de instrumentos musicais que ja começamos um pouco mais acabados e “embarcados“. Tou estudando os softwares Eagle e Kicad pra desenhar as placas… Assim que tiver um pouco mais firme o processo eu documento no Estudio Livre tudo…

Enfim, fica aqui um grande abraço pro Lixeira e Stalker, que visitaram o E/Ou no carnaval-convescote da Semana dos Mortos…. A todos que estão lendo essa mensagem – Venham mais nos visitar!

toscoduino_b.jpg

pinça listas

rizoma

Em botânica, chama-se rizoma a um tipo de caule que algumas plantas possuem. Ele cresce horizontalmente, geralmente subterrâneo , mas podendo também ter porções aéreas.

Os rizomas são importantes como órgãos de reprodução vegetativa ou assexuada de diversas plantas

Segundo Deleuze e Guattari: um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança.
Neste modelo epistemológico, a organização dos elementos não segue linhas de subordinação hierárquica – com uma base ou raí­z dando origem a múltilos ramos -, mas, pelo contrário, qualquer elemento pode afetar ou incidir em qualquer outro. Em um modelo arbóreo de organização do conhecimento – como as taxionomias e classificações das ciências – o que é afirmado dos elementos de maior ní­vel é necessariamente verdadeiro também para os elementos subordinados, mas o contrário não é válido; já em um modelo rizomático, qualquer afirmação que incida sobre algum elemento poderá também incidir sobre outros elementos da estrutura, sem importar sua posição recí­proca. O rizoma carece, portanto, de centro.

O modelo rizomático presta-se para mostrar que a estrutura convencional das disciplinas epistemológicas não reflete simplesmente a estrutra da natureza, mas sim que é um resultado da distribuição de poder e autoridade no corpo social . Não se trata da apresentação de um modelo que represente melhor a realidade , mas sim da noção, oriunda do anti-fundacionalismo, de que os modelos são ferramentas pragmáticas, e não ontológicas. A organização rizomática do conhecimento é um método para resistir a um modelo hierárquico que reflete, na epistemologia, uma estrutura social opressiva.

o rizoma da botânica, que tanto pode funcionar como raí­z, talo ou ramo, independente de sua localização na figura da planta, serve para exemplificar um sistema epistemológico onde não há raí­zes – ou seja, proposições ou afirmações mais fundamentais do que outras – que ramifiquem-se segundo dicotomias estritas. Deleuze e Guattari sustentam o que, na tradição anglo-saxã da filosofia da ciência, costumou-se chamar de anti-fundacionalismo (ou anti-fundamentalismo, ou, ainda, anti-fundacionismo): a estrutura do conhecimento não deriva, por meios lógicos, de um conjunto de princí­pios primeiros, mas sim elabora-se simultaneamente a partir de todos os pontos sob a influência de diferentes observações e conceitualizações.

Isto não implica em que uma estrutura rizomática seja necessariamente flexí­vel ou instável, porém exije que qualquer modelo de ordem possa ser modificado: existem, no rizoma, linhas de solidez e organização fixadas por grupos ou conjuntos de conceitos afins. Tais conjuntos definem territórios relativamente estáveis dentro do rizoma.

Mensagem de fim de ano:
“Capitalismo e esquizofrenia”

Rizoma
“Um platô está sempre no meio, nem iní­cio nem fim. Um rizoma é feito de platôs.” (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 33)

Um rizoma é uma segunda espécie de conjunto de linhas. Um primeiro conjunto de linhas é aquele no qual uma linha é subordinada ao ponto, í  verticalidade e horizontalidade, que estria o espaço, faz um contorno, submete multiplicidades variáveis ao Uno, ao Todo de uma dimensão suplementar ou suplementária. As linhas deste tipo são as linhas molares, e formam sistemas binários, arborescentes, circulares e segmentários .

Um rizoma é totalmente diferente deste primeiro tipo de linhas, o rizoma não é exato, mas um conjunto de elementos vagos, nômades, de maltas e não de classes: “Do ponto de vista do pathos, é a psicose e sobretudo a esquizofrenia que exprimem estas multiplicidades.” (DELEUZE e GUATARRI, 1997: 221) É oportuno enumerar agora algumas caracterí­sticas aproximativas do rizoma, para, posteriormente pensarmos esse conceito numa perspectiva mais ampla.
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/geografia/geo09c.htm

A crise do trabalho abstrato*

2013.jpg
John Holloway**

“este ponto (o duplo caráter do trabalho representado pelas mercadorias) é o eixo em torno do qual gira a compreensão da economia polí­tica” (Marx, O capital I, p. 9)

1.
O duplo caráter do trabalho é a chave para entender o desenvolvimento atual da luta de classes.

2.
a) Nos Manuscritos de 1844, o jovem Marx faz uma distinção entre o trabalho alienado e a atividade vital consciente. No capitalismo, a atividade vital consciente, o que nos distingue dos animais, existe na forma de trabalho alienado.

b) Em O Capital, Marx distingue entre o trabalho abstrato e o trabalho útil (ou concreto). O trabalho útil produz valores de uso e existe em qualquer sociedade, mas no capitalismo existe na forma de trabalho abstrato, trabalho abstraí­do de suas especificidades, trabalho que produz valor. A distinção entre trabalho abstrato e trabalho útil é essencialmente a mesma que a distinção prévia entre trabalho alienado e atividade vital consciente. O trabalho útil é atividade ou fazer humano criativo-produtivo, seja qual for a sociedade onde se desenvolve, e o trabalho abstrato é um trabalho não auto-determinante no qual toda distinção qualitativa se reduz a quantidade. Para enfatizar a distinção (e porque a constituição de “trabalho” como algo separado do fluxo geral do fazer é resultado de sua abstração) falaremos de “fazer útil” em lugar de “trabalho útil”.

c) A dicotomia entre trabalho abstrato e fazer útil é um tema central nââ?¬â?¢O capital. O duplo caráter do trabalho cria o duplo caráter da mercadoria como valor de uso e valor; estrutura a discussão do processo de trabalho (como processo de trabalho e processo de produzir mais-valia) e do processo coletivo de trabalho (como cooperação por um lado e divisão do trabalho, manufatura, maquinaria e indústria moderna por outro). O trabalho abstrato se desenvolve como trabalho assalariado que produz valor e capital. O fazer útil se desdobra na categoria da “força produtiva do trabalho social” (O capital I, p. 265) ou, mais concisamente, as “forças de produção”.

3.
A relação entre o trabalho abstrato e o fazer útil é uma relação antagônica. O fazer útil existe no-contra-e-mais-além do trabalho abstrato. Todos estamos conscientes do modo pelo qual o fazer útil existe no trabalho abstrato, do modo pelo qual nossa atividade diária está subordinada í s exigências do trabalho abstrato (ao processo de fazer dinheiro, em outras palavras). Experimentamos isso também como processo antagônico: como antagonismo entre nosso impulso para a autodeterminação de nosso fazer (fazendo o que queremos fazer) e a necessidade de fazer o que temos que fazer para ganhar dinheiro. A existência do fazer contra o trabalho abstrato se experimenta como frustração. O fazer útil existe também mais além de sua forma como trabalho abstrato naqueles momentos ou espaços nos quais logramos, individual ou coletivamente, fazer o que nós consideramos necessário ou desejável. Ainda que o trabalho abstrato subordine e contenha o fazer útil, nunca logra subsumi-lo totalmente. A abstração do fazer para convertê-lo em trabalho não é algo que se acaba nos alvores do capitalismo, mas um processo constantemente renovado.

4.
Portanto, há dois ní­veis de antagonismo estrutural no capitalismo. Primeiro está o antagonismo que Marx chama de “o eixo em torno ao qual gira a compreensão da economia polí­tica”: o antagonismo entre o fazer útil e o trabalho abstrato. Mas também existe um segundo antagonismo. O trabalho abstrato produz não somente valor, mas mais-valia, e esta mais-valia se acumula como capital. A acumulação se realiza através da exploração constante do trabalho abstrato (ou assalariado), e assim se pode falar de um segundo antagonismo, o antagonismo entre capital e trabalho assalariado. Este segundo antagonismo depende da conversão prévia do fazer útil em trabalho abstrato.

Existem assim dois ní­veis de luta de classes. Primeiro a luta do fazer útil contra a sua própria abstração, quer dizer, contra o trabalho abstrato: esta é uma luta contra o trabalho (e portanto contra o capital, já que é o trabalho que cria o capital). Em seguida existe a luta do trabalho abstrato contra o capital: esta é a luta do trabalho. Esta última é a luta do movimento operário; a primeira é a luta do que í s vezes se chama o outro movimento operário, mas não se restringe em nenhum sentido ao lugar de trabalho: a luta contra o trabalho é a luta contra a constituição do trabalho como atividade separada do fluxo geral do fazer.

5.
Os dois tipos de luta são lutas contra o capital, mas têm conseqüências muito distintas. Ao menos até pouco tempo atrás, a luta contra o capital foi dominada pelo trabalho abstrato. Isto significou uma luta marcada por formas burocráticas de organização e idéias fetichizadas.

a) A organização do trabalho abstrato está centrada no sindicato que luta pelos interesses do trabalho assalariado. A luta sindical é entendida normalmente como luta econômica que necessita ser complementada pela luta polí­tica, organizada tipicamente na forma de partidos polí­ticos orientados em direção ao Estado. As concepções “reformistas” e “revolucionárias” do movimento operário compartilham o mesmo enfoque. A organização do trabalho abstrato é tipicamente hierárquica, e isto tende a reproduzir-se dentro das organizações do movimento operário.

b) A abstração do trabalho é a fonte do que Marx chama de “fetichismo da mercadoria”, um processo de separação entre o que criamos e o processo de criação. O criado, ao invés de entender-se como parte do processo de criação, é entendido como uma série de coisas q eu logo dominam nosso fazer e nosso pensar. As relações sociais (relações entre pessoas) se fetichizam ou se reificam. A centralidade de nosso fazer é substituí­da por nosso fazer e pensar por “coisas” (relações sociais coisificadas) como dinheiro, Estado, capital, universidade, etc. O movimento operário (como movimento do trabalho abstrato) aceita normalmente estas coisas como dadas. Assim, por exemplo, o movimento operário tende a aceitar a auto-apresentação do Estado como organizador da sociedade (ao invés de vê-lo como momento da abstração do trabalho). A abstração do trabalho conduz a um conceito estadocêntrico da mudança social. O movimento do trabalho abstrato fica preso em uma prisão conceitual e organizativa que efetivamente sufoca qualquer aspiração revolucionária.

c) O marxismo ortodoxo é a teoria do movimento operário baseado no trabalho abstrato. Por isso está quase totalmente cego para a questão do fetichismo e para o duplo caráter do trabalho (apesar do fato de que Marx insistiu que este ponto é o eixo em torno do qual gira a compreensão da economia polí­tica).

6.
O movimento do fazer útil contra o trabalho abstrato sempre existiu como corrente subterrânea e subversiva no-contra-e-mais-além do movimento operário. Já que o fazer útil é simplesmente a riqueza enorme da criatividade humana, o movimento tende a ser algo caótico e fragmentado, um movimento de movimentos lutando por um mundo de muitos mundos. A partir desta perspectiva é fácil cair na idéia de que estas lutas não têm conexão, que são as lutas de tantas identidades distintas, que se trata de uma luta de e pelas diferenças. Entretanto, não se trata disso. Ainda que o fazer útil-criativo tenha um potencial infinitamente rico, existe sempre no-contra-e-mais-além de um inimigo comum, a abstração do fazer em trabalho. Por isto é importante pensar em contradição, e não simplesmente em diferença. É a luta da criatividade humana (nosso poder-fazer, a “força produtiva do trabalho social”) contra a sua própria abstração, contra sua redução í  cinzenta produção de valor-dinheiro-capital. O marxismo heterodoxo e a teoria crí­tica têm como eixo central a crí­tica do domí­nio do trabalho abstrato e dos conceitos que derivam deste domí­nio. Já que o movimento do fazer útil é o impulso para a criatividade socialmente autodeterminante, suas formas de organização são tipicamente anti-verticais e orientadas para a participação ativa de todos. Esta é a tradição conselhista ou assembleí­sta que sempre se opôs í  tradição estadocêntrica e partidocêntrica dentro do movimento anticapitalista.

7.
O trabalho abstrato está em crise. Nós (o fazer útil-criativo) somos esta crise.

a) O fazer útil é a crise permanente do trabalho abstrato. A existência do capital é uma luta constante para conter o fazer dentro do trabalho abstrato, mas o fazer sempre transborda.

b) Existe agora uma crise do trabalho abstrato em um sentido agudo.

A crise está vinculada com a crise do fordismo, uma forma especialmente intensa da abstração do trabalho. A crise do fordismo é o fracasso da abstração do faze em trabalho.

As manifestações da crise são evidentes: o declive do movimento sindical em todo o mundo; o enfraquecimento dos partidos social-democratas; o colapso da União Soviética e dos outros “paí­ses comunistas” e a integração da China no capitalismo mundial; a derrota dos movimentos de liberação nacional na América Latina e na ífrica; a crise do marxismo não somente dentro das universidades, mas como teoria da luta.

Tudo isto se entende muitas vezes como uma derrota histórica da classe trabalhadora. Mas talvez se devesse ver mais como uma derrota para o movimento operário, para o movimento baseado no trabalho abstrato, uma derrota para a luta do trabalho contra o capital e possivelmente uma abertura para a luta do fazer contra o trabalho. Se é assim, então não é uma derrota para a luta de classes, mas um deslocamento para um ní­vel mais profundo da luta de classes. A luta do trabalho está sendo substituí­da pela luta contra-e-mais-além do trabalho.

A crise do trabalho abstrato pode ser vista em termos do marxismo clássico como a revolta das forças de produção contra as relações de produção. Mas devem-se entender as forças de produção não como coisas, como tecnologia, mas como a “força produtiva do trabalho social”, como nosso poder-fazer social. E o modo pelo qual o nosso poder-fazer está rompendo “seu invólucro capitalista” (O capital I, p. 648) não é através da criação de unidades de produção cada vez maiores, mas através de milhões de fendas, espaços nos quais a gente está dizendo que não vão permitir que suas capacidades criativas se encerrem dentro do capital, mas que vão fazer o que a eles lhes parece necessário ou desejável.

c) A crise é uma intensificação da luta. A luta do capital para re-impor a abstração do trabalho pode ser entendida como neoliberalismo, pós-fordismo, pós-modernismo, mas a crise segue aberta. A luta contra o capital se debilita se seguimos pensando em termos das velhas categorias derivadas da luta do trabalho abstrato. A única forma de entender a luta anticapitalista agora é como a luta do fazer contra o trabalho.

8.
Perguntando caminhamos.

Referências

Marx, Carlos (1987), El Capital, Tomo I, Fondo de Cultura Económica, México D.F.

* Texto inédito preparatório para o III Colóquio Internacional de Teoria Crí­tica: A Crise do Trabalho Abstrato, Buenos Aires, Novembro/2007: www.herramienta.com.ar.

** Profesor-investigador, Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades “Alfonso Vélez Pliego”, Benemérita Universidad Autónoma de Puebla.

como numa brincadeira das crianças do bairro

pensável
Setembro 18th, 2007 by poeticasexperimentaisdavoz

Não tentei arruinar o sentido da sentença, tampouco o da metáfora: pelo contrário, tentei torná-los mais fortes. Atacar o sentido rebelando-se contra a sentença não significa que a mesma seja destruí­da. Pelo contrário, ela é preservada porque um caminho para o outro sentido foi aberto. Tudo isso me parece como se eu tivesse sido confrontado por dois discursos opostos igualmente persuasivos. Isso resulta na impossibilidade de privilegiar um em detrimento do outro, o que, por sua vez adia constantemente o controle do sentido sobre a sentença. Talvez o impensável seja pura e simplesmente a suspensão mútua de dois pensamentos opostos e definitivos.

O corpo erótico contemporâneo


O termo erótico, ou, as manifestações do desejo do corpo, ou descoberta do prazer através das percepções sensoriais, que um dia teve enorme potência transformadora de costumes, nada mais celebra, agora, do que a consagração vitoriosa da mí­dia e do comércio de corpos prontos para o abate, como se tratasse de um corredor de matadouro, onde somos obrigados a ter prazer.

Esse “erotismo” se manifesta, por um lado, na venda de corpos prontos para o sexo. E passa por crianças dançando “na boquinha da garrafa” em programas infantilóides, dando uma sensualidade e potência ao corpo quando ele ainda não está pronto para isso. Passa, também, pela insistência de associar mulher “sarada” com cerveja gelada e, em outdoor, nas ruas, escancarando a miséria do fetiche: por exemplo, quando uma revista masculina anuncia uma mulher de “18, mas com corpinho de 15″.

Os homens não podem reclamar. Cada vez mais se tornam corpos-objetos. Cada vez mais são vendidos como produto para consumo, ainda que isso não signifique a mí­nima mudança nos padrões machistas e patriarcais de nossa sociedade. Capitaliza-se em cima dos gays, capitaliza-se em cima das minorias, enfim, o importante é criar nichos de mercado para se fazer negócios. O corpo erótico se tornou um negócio.

Estamos tão inseridos nas formas de exercí­cio de poder, quanto no nosso próprio corpo enquanto lugar de luta, que precisa ser reinventado o tempo todo para existir além da ostentação da eterna jovialidade viril congelada na foto da parede.

Se há uma potencialidade que possa colocar em movimento o desenvolvimento de uma polí­tica do corpo, ainda hoje, essa polí­tica deve mirar, em primeiro lugar, a idéia de um corpo coletivo, de um lugar de trocas, de confianças mútuas, de compartilhamentos identitários, de criação participativa.

Mas, para o corpo erótico, para a saciedade do prazer, não interessa a solidariedade, o coletivo, o outro, porque “as possibilidades de felicidades são egoí­stas”, como já definiu Cazuza, tempos atrás. E mais, violência e agressividade não são descartadas desse corpo-fissura, onde Eros e Thanatos se olham com desejo.

De todo modo, tal força vem da consciência de se saber que a idéia de corpo é, sobretudo, transformadora, portanto, subversiva. E, neste ponto, voltamos í  questão das lutas sociais, culturais e econômicas. Subversão é a palavra chave diante da transformação do corpo em produto comercial, em carne para o abate. Não é nenhuma recusa, exatamente, í  venda do corpo. Precisamos pagar nossas despesas diárias e dependemos de uma rede de produtos e serviços que, inclusive, possibilitam tal subversão. A questão é, então, como usar dessa força de subversão?

No caso do erotismo e do intrincado jogo onde o corpo é máquina criada que cria, a subversão está em, ao mesmo tempo, colocar e retirar da condição desejante o foco único que o capital tenta impor í  sua manifestação. Ou seja, erótico pelo erótico, apenas. A autonomia do erótico. A compartimentalização das pulsões desejantes, sem sua potencialidade transbordante.

A matéria nos ensina a aceitar tal imposição, as de sujeito-carne, além e aquém da situação carne-objeto, seja homem, mulher, criança, velho, boi, eletricidade, o que for. Mas nem por isso precisamos nos colocar como representantes de papéis sociais definidos previamente segundo um padrão dominante de gosto. Podemos afirmar estados de diferenciações que levem, além da catarse e do choque, a formas de mobilização onde consciência e desejo, tesão e atenção, escolha e acaso possam pertencer ao nosso estado de realidade e presença. Sem esquecer da virtualidade, que é, também, parte da realidade. Os fótons da tela do computador, onde escrevo isso, queimam na minha retina. Erótico, presencial, ânima, animal.

A única maneira de enfrentar a concretude do indisí­vel é deslocar para a criatividade nosso exercí­cio do sensí­vel. Nossa mais profunda forma de expressão. Nossa mais potente arma subversiva. Porque as trocas, aqui, não são feitas levando em consideração a mais-valia, mas sim em como mantermos as relações de troca, mais e mais. O gozo é o gozo. É a possibilidade de rir de si diante do espetáculo da banalização do erótico. Mas ele só pode ser gozado se for levado í  sério: com a alegria de ser e estar no espaço-tempo do aqui-agora. O aqui/agora contrário í  falta de perspectiva de futuro negado pelo capital í s pessoas desse paí­s. E que devoram a boa intenção do padre extorquido pelos que ele quer salvar.

A violência além das fronteiras do filme Tropa de Elite que, como o nome já diz, é uma tropa para a elite. Entrar no morro e humilhar as pessoas é a senha. Shibari é uma técnica de prender o/a parceira com cordas. Fetiche. Começou com a guerra, no Japão. Começou pela violência. Hoje, uma arte realizada em clubes.
O gozo eterno no aqui agora. Será que essas palavras te tocam? Será que eu consigo te prender com as cordas da imaginação?

Gotejo. Oxido. Exalo. Assim como o vinho, o sangue. Escorro, deslizo, morro de (dos) prazeres.

Santa Teresa, Rio de Janeiro, 23/10/2007

se você não clicar ali, algo também vai acontecer


monkey2.jpg

a tentativa vã de transgredir a casca da máquina que abriga o sujeito

tentar chegar ao uno – primal semente e arvore que contém todos os galhos da linguagem

alcança somente a borda do corpo humano, onde os signos fornicam como óvulos e espermatozóides.

la entre um breve esquadro, uma breve unidade pré-pitagórica que beira equilibrada e estreitamente o infinito e o zero, reina o caótico e assimétrico assobiar simultâneo de todos os signos.

Num movimento dantesco o sujeito se vê diante da mais severa das provas, a negação do eu pelo não-eu, a inversão de causa e efeito, onde tudo sabe tudo em todas as direções e são tantas as vozes que me paraliso o sucumbo diante de tua imensidão.

caótico mundo das simultâneas sinfonias: pensamento que você acaba de parir.

isso, agora.

se você não clicar aqui, algo também vai acontecer

cozinha aberta / Sesc

a cozinha aberta estudiolivre.org é um espaço aberto para produção e publicação de mí­dias livres, utilizando ferramentas livres.

atraves das praticas cotidianas de uma simples cozinha, pessoas poderão criar sua propria arte/expressão atraves de ações lúdicas, podendo realizar desde o preparo de uma simples omelete com picadinho de fotografias, ate uma ópera composta com o som de eletrodometicos, sempre tendo como como base conceitos de obras abertas, produções coletivas e trabalhos colaborativos

gracas ao uso de ferramentas livres e de licenças abertas para a publicacao de seu material na internet, o participante que criar sua obra-comida-processo dentro da cozinha e quiser publica-la, terá seu trabalho exposto na galeria de trabalhos na pagina da cozinha aberta:

texto extraí­do da pagina:
http://www.estudiolivre.org/cozinhaberta

Fotos e informações em:
http://cozinhaberta.wordpress.com/
http://www.flickr.com/photos/cozinhaberta/

NÃ?â??S SOMOS A CRISE DO TRABALHO ABSTRATO

escuela

por John Holloway

(Transcrição de palestra proferida em Roma, abril de 2006)

“Vozes de resistência: vozes alternativas”. Quais são as nossas vozes? Nossas vozes são as vozes da crise do trabalho abstrato. Nós somos a crise do trabalho abstrato. Nós somos o poder do fazer criativo.

Nós somos a crise. Não somos em primeiro lugar uma força positiva, mas negativa. O que nos traz aqui hoje não é algo positivo que temos em comum, mas o Não que todos compartilhamos. Não ao capitalismo, não a um mundo de violência e exploração, não a uma forma de organização social que está literalmente destruindo a humanidade, em todos os sentidos da palavra. Não a um mundo no qual o que fazemos é determinado por forças que não controlamos. áYa basta! Mas este áya basta!, esta recusa, não fica fora do capital, ela vai direto ao coração do capital, simplesmente porque o capital depende de nossos olhos, de nossa aceitação, de nossa concordância em trabalhar e criar valor, de nossa reprodução da obscenidade que nos rodeia. Nosso NÃO é um não com força, simplesmente porque a existência do capital depende do nosso dizer sim. Nosso NÃO é a crise endêmica do capital.

Nós somos NÃO, nós somos negatividade, nós somos a crise do capital. Mas somos mais do que isso. Nós somos a crise daquilo que produz o capital, a crise do trabalho abstrato, alienado. O trabalho abstrato produz o capital. De fato, o capital é a abstração do trabalho, o processo pelo qual a imensa riqueza da criatividade humana é controlada, contida, subordinada a serviço da expansão do valor. A abstração do trabalho reduz a cor intensa do fazer criativo í  cinzenta produção de valor, ao vazio da geração de dinheiro. No capitalismo, o fazer criativo (que Marx chamou de trabalho concreto ou útil) é sujeitado ao trabalho abstrato, existe na forma de trabalho, mas esta forma esconde uma constante tensão, um constante antagonismo entre conteúdo e forma, entre o fazer criativo e o trabalho abstrato: ele existe em constante rebelião contra o trabalho abstrato, como a crise latente do trabalho abstrato.

Aqui, então, está o núcleo da luta de classes: é a luta entre o fazer criativo e o trabalho abstrato. No passado era comum pensar na luta de classes como a luta entre capital e trabalho, entendendo trabalho como trabalho assalariado, trabalho abstrato, e a classe trabalhadora foi frequentemente definida como a classe dos trabalhadores assalariados. Mas isto é totalmente equivocado. O trabalho assalariado e o capital complementam um ao outro, o trabalho assalariado é um momento do capital. Há de fato um conflito entre o trabalho assalariado e o capital, mas este é um conflito relativamente superficial. Trata-se de um conflito em torno de salários, duração da jornada de trabalho, condições de trabalho: tudo isso é importante, mas pressupõe a existência do capital. A verdadeira ameaça ao capital não vem do trabalho abstrato, mas do trabalho útil ou fazer criativo, pois é o fazer criativo que se coloca em oposição radical ao capital, isto é, í  sua própria abstração. É o fazer criativo que diz “não, não faremos o que o capital ordena, faremos o que consideramos necessário ou desejável”.

Nós somos a crise do trabalho abstrato, nós somos a crise do movimento operário, do movimento construí­do sobre a luta do trabalho abstrato. Desde os primeiros tempos do capitalismo, o trabalho abstrato organizou a sua luta contra o capital, sua luta por melhores condições para o trabalho assalariado. No núcleo deste movimento está o movimento sindical, com sua luta por maiores salários e melhores condições. Na literatura clássica do marxismo ortodoxo, isto é visto como a luta econômica, que deve ser complementada pela luta polí­tica. A luta polí­tica é organizada em partidos, que têm a conquista do poder estatal como seu foco – seja através de meios parlamentares ou através da luta armada. O partido revolucionário clássico objetiva, é claro, ir além da perspectiva dos sindicatos e liderar uma revolução que abolirá o trabalho abstrato, assalariado, mas na realidade ele está (ou estava) preso no mundo do trabalho abstrato. O mundo do trabalho abstrato é um mundo de fetichismo, um mundo no qual as relações sociais existem como coisas. É um mundo habitado por dinheiro, capital, Estado, partidos, instituições, um mundo cheio de falsas estabilidades, um mundo de identidades. É um mundo de separação, no qual o polí­tico é separado do econômico, o público do privado, o futuro do presente, o sujeito do objeto, um mundo no qual o sujeito revolucionário é um eles (a classe trabalhadora, os camponeses), não um nós. O fetichismo é o mundo do movimento construí­do sobre a luta do trabalho assalariado, trabalho abstrato, e desse fetichismo não há saí­da: é um mundo que é opressivo e frustrante, e terrivelmente, terrivelmente chato. É também um mundo no qual a luta de classes é simétrica. A complementaridade do trabalho abstrato e do capital é refletida numa simetria básica entre a luta do trabalho abstrato e a luta do capital. Ambos transitam nas imediações do Estado e da luta pelo poder-sobre outros; ambos são hierárquicos; ambos buscam legitimidade agindo em nome de outros.

Nós somos a crise do trabalho abstrato e do movimento operário. Isto sempre foi verdade, mas o que é novo é que não somos mais a crise latente, mas a sua manifestação aberta e manifesta. O trabalho abstrato sempre foi a chave da dominação capitalista, ou seja, a conversão do fazer criativo em trabalho abstrato, e, com ela, a transformação dos criadores humanos em trabalhadores assalariados. O emprego, em outras palavras, sempre foi o núcleo do controle capitalista. As chamadas economias de pleno emprego do perí­odo pós-guerra foram talvez o ponto culminante do comando do trabalho abstrato e suas instituições – do qual o clássico movimento operário era parte central. Esta forma de dominação tem estado em crise aberta pelos últimos trinta anos, e nós somos esta crise, nosso NÃO, nossa recusa a aceitar a conversão de nossa criatividade em trabalho abstrato sem sentido, a conversão de nós mesmos em máquinas.

Mas e o neoliberalismo, e a guerra, e o império, e o biopoder, e as novas formas de controle social? Eles não superaram a crise e criaram uma nova base para o capitalismo? Não, não acho, e devemos ter muito cuidado em nossas teorizações para não transformar a crise em um novo paradigma, uma nova era de dominação, um novo império, simplesmente porque as positividades do pensamento paradigmático encarceram a nossa negatividade, fecham nossas perspectivas. É tarefa do capital criar um novo paradigma, não nossa. Nossa tarefa, tanto teórica quanto prática, é criar instabilidade, não estabilidade. O marxismo é uma teoria da crise, não das formas de dominação: não da força da dominação, mas de sua fragilidade. E há muitas, muitas indicações da fragilidade fundamental do capital neste momento: tanto sua crescente violência quanto sua contí­nua dependência da constante expansão de dí­vidas. Certamente há uma constante expansão e intensificação do trabalho abstrato: nós nas universidades, por exemplo, estamos muito conscientes da maneira pela qual o nosso trabalho está sendo sujeitado cada vez mais diretamente í s demandas do mercado. Mas ao mesmo tempo há uma deficiência crescente do trabalho abstrato para conter o impulso do fazer criativo dentro dos limites da produção de valor, dentro dos limites do mercado.

Esta é a crise do trabalho abstrato: a inabilidade do trabalho abstrato para conter a força do fazer criativo. O emprego sempre foi, e continua a ser (apesar da extensão da disciplina para a totalidade da “fábrica social”) a principal força disciplinadora do capitalismo, a principal forma de conter e reduzir nossa humanidade, nossa recusa-e-criação. A crise do emprego em todas as partes tanto intensifica a disciplina (na medida em que as pessoas competem por empregos) quanto a enfraquece, na medida em que ela falha no preenchimento da vida das pessoas: a precariedade do emprego é também a precariedade da abstração do trabalho. Cada vez mais as lutas de protesto contra o capitalismo vão além dos limites do movimento baseado no trabalho abstrato. Isto não significa que o velho movimento operário deixe de existir, ou que deixe de ser importante para o melhoramento das condições de vida, mas cada vez mais as lutas contra o capitalismo transbordam as estruturas e concepções deste movimento. Seja ou não seja usada explicitamente a categoria da classe, isto não é um abandono da luta de classes, mas uma intensificação da luta de classes, um ní­vel diferente de luta. Esta é uma luta que quebra a simetria que caracterizou a luta do trabalho abstrato, uma luta que é fundamentalmente assimétrica em relação í  luta do capital, e se rejubila com essa assimetria: fazer coisas de forma diferente, criar relações sociais diferentes, é um princí­pio norteador.

Nesta nova reconfiguração da luta de classes, nós somos o sujeito revolucionário. Nós? Quem somos nós? Nós somos o questionamento, um experimento, um grito, um desafio. Não precisamos de definição, rejeitamos toda definição, porque nós somos o poder anti-identitário do fazer criativo e recusamos toda definição. Nos chame de multidão se quiser, ou, melhor, nos chame de classe trabalhadora, mas qualquer tentativa de definição só faz sentido na medida em que nós quebramos a definição. Nós somos heterogêneos, dissonantes, somos a afirmação de nós mesmos, a recusa da determinação alheia de nossas vidas. Somos, portanto, a crí­tica da representação, a crí­tica da verticalidade e de toda forma de organização que toma responsabilidade por outras vidas separadas de nós. Escutem as vozes dos zapatistas, dos piqueteros da Argentina, dos í­ndios na Bolí­via, das pessoas nos centros sociais na Itália: o sujeito que eles usam todo o tempo para falar de sua luta é “nós”, e esta é uma categoria que carrega força real.

Nós somos femininos, nós mulheres e nós homens, porque a crise do trabalho abstrato é a crise da atividade e forma de luta dominada pelo masculino, e porque a nova luta de classes não tem a mesma composição de gênero da antiga.

Nós somos o rompimento do tempo, o disparo contra os relógios. O movimento do trabalho abstrato projeta a revolução no futuro, mas a nossa revolução só pode ser aqui e agora, porque nós estamos vivos aqui e agora, e no futuro estaremos mortos (ou imortais). Nós somos a intensidade do momento, a busca (a busca de Fausto, a busca de Bloch) pelo momento da realização absoluta. Somos a poesia da classe trabalhadora, a classe trabalhadora como poesia.

Nossa revolução, então, não pode ser entendida como a construção para um grande evento no futuro, mas somente como a criação aqui e agora de trincas ou fissuras ou rupturas na textura da dominação, espaços ou momentos nos quais dizemos claramente “não, não aceitaremos que o capital molde nossas vidas, faremos o que consideramos necessário e desejável”. Olhe ao redor, e podemos ver que estes espaços e momentos de recusa-e-criação existem em todos os lados, da Selva Lacandona í  recusa-e-criação momentânea de um evento como este. A revolução, a nossa revolução, só pode ser entendida como a expansão e multiplicação destas fissuras, estes lampejos de recusa-e-criação, estas erupções vulcânicas do fazer contra o trabalho.

Perguntado caminhamos. Preguntando caminamos.

Traduzido por Daniel Cunha
Tí­tulo original: John Holloway: We are the Crises of Abstract Labour
Versão original: http://www.defenestrator.org/?q=node/959
link original: http://www.fimdalinha.1br.net/

Batrachomyomachia (o Physignathos, la Rana hija de Peleo)

batrachomyomachia
Zoomorfismo urbano nos subúrbios de Buenos Aires (Oct-2007).
Photo: Mathieu Struck

Great Physignathos I, from Peleus’ race,
Begot in fair Hydromede’s embrace.
Where, by the nuptial bank that paints his side,
The swift Eridanus delights to glide.
Parnell: Battle of the Frogs, bk. i.
Source: Dictionary of Phrase and Fable, E. Cobham Brewer, 1894


La Batramiomaquia

de Homero (ou de algum outro sujeito)

Al comenzar esta primera página, ruego al coro del Helicón que venga a mi alma para entonar el canto que recientemente consigné en las tablas, sobre mis rodillas ââ?¬â?una lucha inmensa, obra marcial llena de bélico tumultoââ?¬â? deseando que llegue a oí­dos de todos los mortales cómo se distinguieron los ratones al atacar a las ranas, imitando las proezas de los gigantes, hijos de la tierra. Tal como entre los hombres se cuenta, su principio fue del siguiente modo:

Un ratón sediento, que se habí­a librado del peligro de una comadreja, sumergí­a su ávida barba cerca de allí­, en un lago, y se refocilaba con el agua dulce como la miel cuando le vio una vocinglera rana, que en el lago tení­a sus delicias y le habló de esta suerte:

ââ?¬â?Forastero, í¿quién eres? í¿De dónde viniste a estas riberas? í¿Quién te engendró? Dí­melo todo sinceramente: no sea que yo advierta que mientes. Si te considerare digno de ser mi amigo, te llevaré a mi casa y te haré muchos y buenos presentes de hospitalidad. Yo soy Hinchacarrillos y en el lago me honran como perpetuo caudillo de las ranas: crióme mi padre Lodoso y me dio a luz Reinadelasaguas, que se habí­a juntado amorosamente con él a orillas del Erí­dano. Pero noto que también eres hermoso y fuerte, más aún que los otros; y debes de ser rey portador de cetro y valeroso combatiente en las batallas. Mas sea, declárame pronto tu linaje.

ââ?¬â?í¿Por qué me preguntas por mi linaje? Conocido es de todos los hombres y dioses y hasta de las aves que vuelan por el cielo. Yo me llamo Hurtamigas, soy hijo del magnánimo Roepán y tengo por madre a Lamemuelas, hija del rey Roejamones. Pero, í¿cómo podrás conseguir que sea tu amigo, si mi naturaleza es completamente distinta de la tuya? Para ti la vida está en el agua, mas yo acostumbro roer cuanto poseen los hombres: no se me oculta el pan floreado que se guarda en el redondo cesto; ni la gran torta rociada de sésamo; ni la tajada de jamón; ni el hí­gado, dentro de su blanca túnica; ni el queso fresco, de dulce leche fabricado; ni los ricos melindres, que hasta los inmortales apetecen; ni cosa alguna de las que preparan los cocineros para los festines de los mortales, echando a las ollas condimentos de toda especie.

Jamás huí­ de la griterí­a horrenda de las batallas, sino que siempre me encamino hacia el tumulto y pronto me mezclo con los combatientes más avanzados. No me espanta el hombre con su gran cuerpo, pues encaramándome a la cama en que reposa le muerdo la punta del dedo y hasta le cojo por el talón sin que le venga ningún dolor ni le desampare el dulce sueí±o mientras yo le muerdo. Dos son los enemigos de quienes en gran manera lo temo todo en toda la tierra: el gavilán y la comadreja, que me causan terribles pesares; y también el luctuoso cepo, donde se oculta traidora muerte. Pero temo mucho más a la comadreja, que es fortí­sima y, cuando me escondo en un agujero, al mismo agujero va a buscarme. No como rábanos, ni coles, ni calabazas ni me nutro de verdes acelgas ni de apio; que estos son vuestros manjares, alimentos propios de los que habitáis en la laguna.

788

A estas razones Hinchacarrillos contestó sonriendo: ââ?¬â?áOh forastero! Mucho te envaneces por lo del vientre; también las ranas tenemos muy muchas cosas admirables de ver, así­ en el lago como en la tierra firme. Pues el Cronión nos dio un doble modo de vivir y podemos saltar en la tierra y zambullir nuestro cuerpo en el agua, habitando moradas que de ambos elementos participan. Si quieres comprobarlo, muy fácil te ha de ser: monta sobre mi espalda, agárrate a mí­ para que no resbales y llegarás contento a mi palacio. Así­ dijo; y le presentó la espalda. El otro, subiendo al punto con fácil salto, asióse con las manos al tierno cuello. Y al principio regocijábase contemplando los vecinos puertos y deleitándose con el nado de Hinchacarrillos; mas, así­ que se sintió baí±ado por las purpúreas olas, brotáronle copiosas lágrimas y, tardí­amente arrepentido, se lamentaba y se arrancaba los pelos, apretaba con sus pies el vientre de la rana, le palpitaba el corazón por lo insólito de la aventura y anhelaba volver a tierra firme; y en tanto el glacial terror le hací­a gemir horriblemente. Extendió entonces la cola sobre el agua, moviéndola como un remo, y, mientras pedí­a a las deidades que le dejaran arribar a tierra firme, iban baí±ándolo las purpúreas ondas. Gritó, por fin, y estas fueron las palabras que profirió su boca:

ââ?¬â?No fue así­ ciertamente como llevó sobre los hombros la amorosa carga el toro que, al través de las olas, condujo a Creta la ninfa Europa; como, nadando me transporta a mí­ sobre los suyos esta rana que apenas levanta el amarillo cuerpo entre la blanca espuma.

De súbito apareció una hidra, con el cuello erguido sobre el agua áAmargo espectáculo para entrambos! Al verla, sumergióse Hinchacarrillos, sin parar mientes en la calidad del compaí±ero que, abandonado, iba a perecer. Fuese, pues, la rana a lo hondo del lago y así­ evitó la negra muerte. El ratón, al soltarlo la rana, cayó en seguida de espaldas sobre el agua; y apretaba las manos; y, en su agoní­a, daba agudos chillidos. Muchas veces se hundió en el agua, otras muchas se puso a flote coceando; pero no logró escapar a su destino. El pelo, mojado, aumentaba aún más su pesantez. Y pereciendo en el agua, pronunció estas palabras:

ââ?¬â?No pasará inadvertido tu doloso proceder, oh Hinchacarrillos, que a este náufrago despeí±aste de tu cuerpo como de una roca. En tierra, oh muy perverso, no me vencieras ni en el pancracio, ni en la lucha, ni en la carrera; pero te valiste del engaí±o para tirarme al agua. Tiene la divinidad un ojo vengador, y pagarás la pena al ejército de los ratones sin que consigas escaparte.

Diciendo así­, expiró en el agua. Mas acercó a verlo Lameplatos, que se hallaba en el blando césped de la ribera; y, profiriendo horribles chillidos corrió a participarlo a los ratones. Así­ que éstos se enteraron de la desgracia, todos se sintieron poseí­dos de terrible cólera. En seguida ordenaron a los heraldos que al romper el alba convocaran a junta en la morada de Roepán, padre del desdichado Hurtamigas, cuyo cadáver aparecí­a tendido de espaldas en el estanque, pues el mí­sero ya no se hallaba próximo a la ribera, sino que iba flotando en medio del ponto. Y cuando, al descubrirse la aurora, todos acudieron diligentes, Roepán, irritado por la suerte de su hijo, se levantó el primero y les dijo estas palabras:

ââ?¬â?áOh amigos! Aunque a mí­ solo me han hecho padecer las ranas tantos males, la actual desventura a todos nos alcanza. Soy muy desgraciado, puesto que perdí­ tres hijos. Al mayor lo mató la odiosí­sima comadreja, echándole la zarpa por un agujero. Al segundo lleváronlo a la muerte los crueles hombres, con noví­simas artes, inventando un lí­gneo armadijo que llaman ratonera y es la perdición de los ratones. Y el que era mi tercer hijo, tan caro a mi y a su veneranda madre, lo ha ahogado Hinchacarrillos, conduciéndolo al fondo de la laguna. Mas, ea, armaos y salgamos todos contra las ranas, bien guarnecido el cuerpo con las labradas armaduras.

Diciendo semejantes razones, a todos les persuadió a que se armaran; y a todos los armó Ares, que se cuida de la guerra. Primeramente ajustaron a sus muslos, como grebas, vainillas de verdes habas bien preparadas, que entonces abrieron y que durante la noche habí­an roí­do de la planta. Pusiéronse corazas de pieles con caí±as, que ellos mismos habí­an dispuesto con gran habilidad, después de desollar una comadreja. Su escudo consistí­a en una tapa de las que llevan en el centro los candiles; sus lanzas eran larguí­simas agujas, broncí­nea labor de Ares; y formaba su morrión una cáscara de guisante sobre las sienes.

bat batr

Así­ se armaron los ratones. Las ranas, al notarlo, salieron del agua y, reuniéndose en cierto lugar, celebraron consejo para tratar de la perniciosa guerra. Y mientras inquirí­an cuál fuera la causa de aquel levantamiento y de aquel tumulto, acercóseles un heraldo con una varita en la mano ââ?¬â?Penetraollas, hijo del magnánimo Roequesoââ?¬â? y les anunció la funesta declaración de guerra, hablándoles de esta suerte: ââ?¬â?áOh ranas! Los ratones os amenazan con la guerra y me enví­an a deciros que os arméis para la lucha y el combate, pues vieron en el agua a Hurtamigas, a quien mató vuestro rey Hinchacarrillos. Pelead, pues, los que más valientes seáis entre las ranas.

Diciendo así­, les declaró el mensaje. Su discurso penetró en todos los oí­dos y turbó la mente de las soberbias ranas. Y como ellas increparan a Hinchacarrillos, éste se levantó y les dijo:

ââ?¬â?áAmigos! Ni he dado muerte al ratón, ni le he visto perecer. Debió de ahogarse mientras jugaba a orillas del lago, imitando el nadar de las ranas; y los perversos me acusan a mí­ que soy inocente. Mas, ea, busquemos de qué manera nos será posible destruir los pérfidos ratones. Voy a deciros la que me parece más conveniente. Cubramos el cuerpo con las armas y coloquémonos todos en los bordes más altos de la ribera, en el lugar más abrupto; y cuando aquéllos vengan a atacarnos, asgamos por el casco a los que a nosotros se aproximen y echémoslos prestamente al lago con sus mismas armaduras. Y después que se ahoguen en el agua, pues no saben nadar, erigiremos alegres un trofeo que el ratonicidio conmemore.

Diciendo así­, a todos les persuadió a que se armaran. Cubrieron sus piernas con hojas de malva; pusiéronse corazas de verdes y hermosas acelgas, transformaron hábilmente en escudos unas hojas de col; tomaron a guisa de lanza sendos juncos, largos y punzantes; y cubrieron su cabeza con yelmos que eran conchas de tenues caracoles. Vestida la armadura, formáronse en lo alto de la ribera, blandiendo las lanzas, llenos de furor.

Toadart1 small

Entonces Zeus llamó a las deidades al estrellado cielo y, mostrándoles toda la batalla y los fuertes combatientes, que eran muchos y grandes y manejaban luengas picas ââ?¬â?como si se pusiera en marcha un ejército de centauros o de gigantesââ?¬â? preguntó sonriente “í¿Cuáles dioses auxiliarán a las ranas y cuáles a los ratones?” Y dijo a Atenea:

ââ?¬â?áHija! í¿Irás por ventura a dar auxilio a los ratones, puesto que todos saltan en tu templo, donde se deleitan con el vapor de la grasa quemada y con manjares de toda especie?

ââ?¬â?áOh padre! Jamás iré a prestar mi auxilio a los afligidos ratones, porque me han causado multitud de males, estropeando las diademas y las lámparas para beberse el aceite. Y aun me atormenta más el ánimo otra de sus fechorí­as: me han roí­do y agujereado un peplo de sutil trama y fino estambre que tejí­ yo misma; y ahora el sastre me apremia por la usura ââ?¬â?ásituación horrible para un inmortal!ââ?¬â? pues tomé al fiado lo que necesitaba para tejer y ahora no sé como devolverlo. Mas ni aun así­ querré auxiliar a las ranas, que tampoco tienen ellas sano juicio: pues recientemente, al volver de un combate en que me cansé mucho, me hallaba falta de sueí±o y no me dejaron pegar los ojos con su alboroto; y estuve acostada, sin dormir y doliéndome la cabeza, hasta que cantó el gallo. Ea, pues, oh dioses, abstengámonos de darles nuestra ayuda: no fuese que alguno de vosotros resultase herido por el punzante dardo, pues combatirán cuerpo a cuerpo, aunque una deidad se les oponga; y gocémonos todos en contemplar desde el cielo la contienda.

Así­ dijo. Obedeciéronla los restantes dioses y todos juntos se encaminaron a cierto paraje. Entonces los cí­nifes preludiaron con grandes trompetas el fragor horroroso del combate; y Zeus Cronida tronó desde el cielo, dando la seí±al de la funesta lucha.

Primeramente Chillafuerte hirió con su pica a Lamehombres, que se hallaba entre los más avanzados luchadores, clavándosela en el vientre, en medio del hí­gado: el ratón cayó boca abajo, se le mancharon las tiernas crines, y, al venir a tierra con gran ruido, las armas resonaron sobre su cuerpo. Después Habitagujeros, como alcanzara a Cienolento, le hundió en el pecho la robusta lanza: hizo presa en el caí­do la negra muerte y el alma le voló del cuerpo. Acelguí­voro mató a Penetraollas, tirándole un dardo al corazón, y en la propria orilla mató también a Roequeso.

Comepan hirió en el vientre a Muchavoz, que cayó boca abajo y el alma le voló de los miembros. Gozalago al ver que Muchavoz se morí­a, adelantóse e hirió a Habitagujeros en el delicado cuello con una piedra como de molino y a éste la oscuridad le veló los ojos.

Grandemente apesarado Albahaquero hirió al ratón con el aguzado junco, sin que luego se le acercara para recobrar la lanza. Así­ que lo vio Lamehombres, dirigióle un brillante dardo y no le erró, pues se lo clavó en el hí­gado. Y como viera que Comecosto huí­a, cayóse al pie de la elevada orilla. Pero ni aun así­ cesó de luchar, sino que le hirió; y éste vino al suelo para no levantarse más; tií±óse el lago con la purpúrea sangre y el ratón quedó en la ribera envuelto en las delgadas cuerdas de sus intestinos.

Juncalero, al ver a Taladrajamones, entró en gran temor, tiró el escudo y huyó, echándose de un salto en el agua. El irreprensible Reposaenelcieno mató a Pastinascí­voro y Gozaenelagua dio muerte al rey Roejamones, hiriéndole con un canto en la parte superior de la cabeza: el cerebro le fluí­a al ratón por la nariz y la tierra se manchaba de sangre.

Lameplatos mató al irreprensible Reposaenelcieno, acometiéndole con la lanza; y a éste la obscuridad le veló los ojos. Puerrí­voro, al verlo, cogió por el pie a Oliscasado y, apretándole con la mano el tendón, lo ahogó en el lago.

Ladrondemigajas quiso vengar a su difunto compaí±ero e hirió a Puerrí­voro en el vientre, en medio del hí­gado: cayó a sus pies la rana y el espí­ritu de la misma fuese al Hades. Andaentrecoles, cuando lo vio, tiróle desde lejos un puí±ado de cieno, que le manchó el rostro y por poco no le ciega.

batrachomyo

Encolerizóse el ratón y cogiendo con su robusta mano una enorme piedra que habí­a en la llanura, verdadera carga de la tierra, con ella hirió a Andaentrecoles debajo de las rodillas: quebróse toda la pierna derecha de la rana, y cayó ésta de espaldas en el polvo. Vocinglero acudió en su auxilio y, acometiendo a Ladrondemigajas, le hirió en medio del vientre: envasóle todo el aguzado junco y, al arrancarle la pica con su robusto brazo, todos los intestinos se desparramaron por el suelo.

Y así­ que lo vio en lo alto de la ribera Habitagujeros ââ?¬â?el cual, hallándose sumamente abatido, se retiraba del combate cojeandoââ?¬â? saltó a un foso para escapar de la horrible muerte. Roepán hirió en la extremidad del pie a Hinchacarrillos; y éste, afligido, diose en seguida a la fuga y saltó el lago.

Alguí­voro, cuando le vio caí­do y casi exánime, abrióse paso por entre los combatientes delanteros y acometió a Roepán con el aguzado junco, mas no logró romperle el escudo y en éste se quedó clavada la punta de la pica. Pero le hirió en el eximio casco de cuádruple penacho, haciéndose émulo del propio Ares, el divinal Catorégano, único combatiente que sobresalí­a entre la muchedumbre de las ranas. Mas arremetieron contra él y, al verlo, no se atrevió a esperar a los esforzados héroes y fue a sumergirse en lo profundo del lago.

Figuraba entre los ratones el mancebo Robaparte, seí±alado entre todos e hijo del irreprensible Roedor que acecha el pan. Roedor fue a su casa y mandó a su hijo que interviniera en el combate, y éste aseguró, braveando, que habí­a de exterminar el linaje de las ranas. Púsose cerca de ellas con ganas de combatir reciamente; rompió por la mitad una cáscara de nuez y armóse metiendo las manos en ambos fragmentos. Temerosas las ranas fuéronse todas al lago. Y aquél hubiera llevado a cabo su propósito, pues su fuerza era grande, si no lo hubiese advertido en seguida el padre de los hombres y de los dioses. El Cronión se compadeció entonces de las ranas, que perecí­an, y, moviendo la cabeza, dijo de esta suerte:

ââ?¬â?áOh dioses! Grande es la hazaí±a que van a contemplar mis ojos. Muy perplejo me dejó Robaparte al gloriarse fieramente de que ha de destruir las ranas en el lago. Mas enviemos cuanto antes a Palas, que produce el tumulto de la guerra, o a Ares, para que lo aparten de la batalla no obstante su valentí­a.

Así­ se expresó el Cronida, y Ares contestóle diciendo: ââ?¬â?Ni el poder de Atenea ni el de Ares bastarán, oh Cronida, para librar a las ranas de la perdición horrenda. Mas, ea, vayamos en su auxilio todos juntos o mueve tu arma con la cual mataste a los titanes, que eran con mucho los mejores de todos; y de esta manera quedará domeí±ado el más valiente, como en otro tiempo hiciste perecer al robusto varón Capaneo, al gran Enceladonte y a las feroces familias de los Gigantes. Así­ dijo; y el Cronida arrojó el brillante rayo. Primeramente despidió un trueno, que hizo estremecer el vasto Olimpo, y en seguida lanzó el rayo ââ?¬â?temible arma de Zeusââ?¬â? que voló, serpeando, de la soberana mano. Su caí­da a todos les causó pavor, así­ a las ranas como a los ratones; mas no por eso abandonó el combate el ejército de estos últimos, que hubiera esperado aún más que antes destruir el linaje de las belicosas ranas, si Zeus, compadeciéndose de ellas desde el Olimpo, no les hubiera enviado prestamente auxiliares.

De pronto se presentaron unos animales de espaldas como yunques, de garras corvas, de marcha oblicua, de pies torcidos, de bocas como tijeras, de piel crustácea, de consistencia ósea, de lomos anchos y relucientes, patizambos, de prolongados labios, que miraban por el pecho y tení­an ocho pies y dos cabezas, indomables: eran cangrejos, los cuales se pusieron a cortar con sus bocas las colas, pies y manos de los ratones, cuyas lanzas se doblaban al acometer a los nuevos enemigos.

Temiéronles los tí­midos ratones y, cesando en su resistencia, se dieron a la fuga. Y al ponerse el sol, terminó aquella batalla que habí­a durado un solo dí­a.

vandepasse2

[Greek and German translations of the Batrachomyomachia]

RADIO NAKED

fluxograma5.gif
tactics for community radio towards a radio without programming
1 Always give the wrong time, date, weather and news report.
2 Constantly change your broadcasting frequency.
3 Do any technical repairs, regular cleanings, planning for shows, committee meetings, training
sessions, etc. on the air.
4 Say what another station is saying at the same time. If they complain, tell them you�re a
ventriloquist.
5 Insist on the global installation of radio parking meters. The more you stay tuned to only one
station the more you have to pay.
6 Have an “Upside Down Week”, where all shows would be found in a different time slot.
7 Have a “Search Week” where all shows would not be found.
8 Have a “Traffic Jam” where stations in different cities broadcast each otherââ?¬â?¢s traffic reports instead
of their own.
9 Play the accordion: go from one watt to full power in one watt per day increments and back down
again.
10 Keep all faders up and play the entire record library of the radio station and then get rid of it.
11 Keep all faders down and wait for a phone call.
12 Fill your program with nothing.
13 Empty your program of everything.
14 Give your guest the controls and put yourself at the guest spot.
15 Dissect the equipment of your radio station into its component parts: transistors, capacitors,
integrated circuits, etc. and send one out to each of your listeners.
16 Go as fast as the technology you�re using. Carry your words to your listeners by running.
The list of tactics is open to contributions by others, if you would like to add to the list please
write to .
From “Christof Migone – Sound Voice Perform”, Errant Bodies Press/Museet for Samtidkunst, Roskilde, 2005, p.67.
Previously unpublished, written in 1992-1994 and used in a section of the lecture performance “Recipes for Disaster:
post-digital voice tactics” presented in 1997 at the Recycling the Future event organized by Kunstradio in Vienna, Austria.
Revised in 2004.

ubu papers

ovo de colomba

” Chamas meu nome, e mal sabe que estou tão perto pois meu nome sou eu. Eu mesma nasci das pequenas ordens, das organizações casuais dos elementos juxtapostos. Hoje me multiplico com o que acumulo: nata cum omnia, domina sed summum aenigma. Que oráculos são? Séculos? É tarde… Tarde demais para esquecer, lembrar: abolir o presente num gesto ausente. Governo um ôvo. Reino ali. Sou a ordem interna, a circulação dos humores e a perfeição geométrica. Eu sou o processo. Controlo um encontro. Demonstro um contranste. Desatrelo um desastre. Corrijo um esconderijo. Escondo um juí­zo. Justiço um crime. Justifico uma crise. Judio dum cristo. Eu sou a crise. Interesso-me por isso. Isolo uma ilha. Anulo um zero. Eu sou a crise do processo. Tornado e transformado. De Formatura Naturae, formalis adequatio: sinal de perigo, lúmina sublústria. Os fundamentos estão sólidos, tudo durará. Dura muito, demora mais. Repetrifí­cio: axiomas desprováveis de sentência. Anule as essências, sou mesmo uma negação. In illis dialecticae gyris et meandris, tudo serve: faço tábula da fábula rasa. Isso é mau anúncio. Volto í s origens da ordem. Peço proteção a um poder geométrico. Disponho de pouco. Perdão, senhores animais: perdi o mundo num lapso. Minha educação não me permite ver essas coisas. Um mal estar tomou conta do meu ser, um mal entendido contra o bom senso: estou í  vossa disposição. Ponho um pé fora do caminho. ACONTECEU ALGO INACONTECíVEL. ”

pombas

submidialogia 3

submidialogia pretosubmidialogia rosasubmidialogia bomba

Quais são as máscaras e máquinas que a dominação capitalista veste? Aonde elas estão?

A dominação cultural é um efeito de longa data, que se move de forma subterrânea. Antes mesmo do capitalismo, já existiam os problemas relativos í s raças, í s castas, ao gênero, determinantes e perpetuados na formação da sociedade tal qual ela é hoje. Valores que são introjetados e, conscientemente ou não, reproduzidos.

O estado é, sem dúvida, um dos principais meios de dominação polí­tica do capitalismo, através de exércitos, polí­cias, escolas, legislaturas, geração de empregos, construções faraônicas, cooptação de ativistas e militantes, manutenção de sistemas corporativos etc. Obviamente este não é o único, nem o maior ou mais eficiente destes meios, que também é fortificado por instituições como as igrejas e a famí­lia, autônomas em relação ao primeiro, com seus próprios mecanismos de decisão e controle, onde cabe ao patriarcalismo gestionar as normas entre os macro-sistemas.

Ubí­quo, o capital neoliberal global é conjurado em entidades como a Organização Mundial para a Propriedade Intelectual (OMPI), a Organização Mundial do Comércio (OMC), os Tratados de Livre Comércio (TLC), como a ALCA (írea de Livre Comércio das Américas), o Convênio de Diversidade Biológica ou a CNTBio, no Brasil, dentre muitas outras.

Os meios de comunicação de massa são também parte constituitiva do poder capitalista neoliberal. Estes detêm hegemonia na produção, manipulação, circulação e difusão das informações. Têm o poder de determinar a opinião pública e, quando em discordância com o estado, subordina-o a seus próprios interesses. Constroem as regras do jogo. E o jogo. Têm autonomia sagrada de funcionamento e funcionam de acordo com o lucro e poder. Operam a dominação a partir de duas coordenadas: a cultural, na reprodução dos valores, modos de vida, preconceitos; e a polí­tica, cotidianamente alterada através da informação.

Atualmente o capital, tendo quase exaurido as possibilidades para uma expansão colonial geográfica, bem como ampliadas as limitações ao espaço virtual, apresenta sua invasão de uma nova fronteira – o espaço molecular orgânico vital. O capitalismo pós-industrial, como o próprio nome sugere, já não possui mais bens materiais para se apropriar, mas um punhado de outras coisas: os bens imateriais. O conhecimento, a transmissão dos mesmos, as expressões artí­sticas e culturais e até mesmo a vida se converteram em matéria desejável e apropriável. Esta apropriação também tira dos nossos corpos o direito í  escolha reprodutiva, coibe-nos com sistemas alimentares industrializados genocidas, prende-nos a meios de transportes automotores, varre-nos a apartamentos em grandes metrópoles ou salas em subúrbios de pequenas cidades. E assistimos sentados í  espetacular apropriação do conhecimento comum.

Investigar quais os diferentes formatos de apropriações capitalistas, sobre quais termos, sob quais circustâncias e quais as reais consequências destas. Táticas de resistência (sobrevivência) consistentes só poderão se formar quando questões culturais forem trabalhadas ao lado das questões polí­ticas, por não se tratarem de diferentes naturezas. Será preciso, ainda que precariamente, desdobrar esta ampla dominação, para conhecer pontos fortes e fracos e traçar estratégias de uma convivência em busca de autonomia, não só de sistemas estatais, mas de toda a complexa malha que mobiliza a atual formação do Capital e suas diversas táticas de apropriação.

consideramos essencial que se aprofunde esta discussão de forma inesgotável

Wanderllyne Selva, cartas vindas do Acre, 18 de outubro de 2004

pong

Lista dos desdoutorandos piratas presentes no encontramão da sardinha cavala:
29/30 de setembro de 2007

olhovermelho
olhoculos
olhocaneca
olhobarba
olhobom
olhocego
olhocheio
olhoalho
olhofajuto
olhogordo
.
.
diploma_pirata_frente
diploma frente
diploma_pirata_verso
diploma verso