A Cidadela Proibida de Kowloon

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A Cidadela Proibida de Kowloon
por Mathieu Bertrand Struck
(adaptado e traduzido de diversos sites da internet, predominantemente da Wikipedia)

Kowloon é uma das mais curiosas anomalias urbanas de que se tem notí­cia. Destruí­da em 1993 por decisão mútua de China e Reino Unido, a cidadela ficava na principal pení­nsula da cidade de Hong Kong.

Possuí­a, até antes de seu desaparecimento, cerca de 50,000 habitantes distribuí­dos numa diminuta área de 0.026 kmí² (densidade populacional de 1.900.000 pessoas por kmí²). Tratava-se, comprovadamente, do lugar mais denso em população do globo.

As origens da cidadela remontam a meados do Século XIX, tendo se originado de uma fortificação militar, construí­da sobre as ruí­nas de um antigo posto de observação na Pení­nsula de Kowloon.

Após a cessão da Ilha de Hong Kong para os ingleses em 1842 (Tratado de Nanjing), as autoridades imperiais chinesas julgaram necessário estabelecer um posto de observação militar para dominar a pení­nsula e verificar periodicamente a eventual expansão da influência inglesa na área.

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Em 1898, celebrou-se uma Convenção que cedeu outras porções do território chinês de Hong Kong para os ingleses, por 99 anos adicionais. A Convenção excluiu a Cidadela (então com população de cerca de 700 pessoas), que permaneceu no domí­nio da China, podendo esta manter tropas na pení­nsula, desde que não interferissem nas atividades inglesas.

A Coroa inglesa logo desconsiderou esta parte do acordo, atacando Kowloon em 1899, mas encontrando-a completamente deserta. Nada foi feito com a Cidadela e a questão de sua propriedade foi deixada em segundo plano.

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Por volta de 1940, a Cidadela se converteu em uma vizinhança altamente populosa, toda concentrada dentro das suas muralhas. O enclave permaneceu como parte do território chinês a despeito das intensas mudanças polí­ticas da China (queda da dinastia Qing, estabelecimento da República e, finalmente, advento do Comunismo)

A Cidadela permaneceu como uma curiosidade e uma atração turí­stica para colonos e turistas ingleses, que podiam sentir, visitando suas vielas, o gostinho da China antiga.

Com a ocupação de Hong Kong em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão evacuou a Cidadela e a demoliu quase completamente (incluindo suas muralhas), para obter materiais de construção para obras militares.

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Vista aérea da Cidadela de Kowloon

Depois da rendição japonesa, a Cidadela começou a ser reocupada, resistindo a diversas investidas inglesas, até 1948, para que a desocupassem. Sem muralhas para protegê-la, Kowloon tornou-se um refúgio certo para toda sorte de bandidos, salteadores e viciados em ópio, já que a polí­cia de Hong Kong não tinha direito de entrar na Cidadela e a China continental recusava-se a cuidar da questão.

Com o estabelecimento definitivo do Comunismo chinês, em 1949, milhares de refugiados (predominantemente de Guangzhou) emigraram para Kowloon. A Coroa inglesa já estava farta e passou a adotar um posicionamento mais interventivo na Cidadela. Um assassinato no interior das muralhas, em 1959, acendeu uma pequena crise diplomática e as duas nações ficaram tentando empurrar uma a outra a responsabilidade pelo território, então completamente dominado pelas Trí­ades anti-Manchúria (o sindicato do crime organizado de Hong Kong).

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O domí­nio das Trí­ades durou até meados dos anos 70, quando no biênio 1973-1974, cerca de 3.000 investidas policiais ocorreram na Cidadela Proibida de Kowloon.

Com a diminuição do poder das Trí­ades, uma estranha sinergia urbana floresceu e a Cidadela passou a crescer organicamente. Os prédios começaram a se fundir uns aos outros e milhares de modificações urbanas ocorreram (virtualmente nenhuma foi promovida por engenheiros ou arquitetos) até transformar a cidadela num verdadeiro monolito de alvenaria. Corredores labirí­nticos (antigas ruas e vielas) percorriam a massa de prédios, muitas vezes saindo do ní­vel do chão e entrando dentro dos prédios em andares superiores.

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Havia duas únicas regras construtivas: a eletricidade tinha que ser instalada em todos os locais, para evitar incêndios, e os prédios tinham que ter 14 andares, em razão da proximidade de um aeroporto. Apenas oito canos de água eram providenciados pela prefeitura. O restante possivelmente vinha de poços internos.

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No iní­cio da década de 80, a Cidadela Proibida de Kowloon tinha cerca de 35.000 habitantes, com uma estatí­stica de crimes muito abaixo daquela da cidade de Hong Kong propriamente dita, a despeito da inexistência de qualquer repressão legal formal.

A Cidadela era também conhecida pelo seu enorme número de dentistas clandestinos e sem licença, pois ali era o único local possí­vel em que poderiam operar sem perseguição oficial.

Em algum momento, os governos chinês e inglês chegaram í  conclusão de que era demais manter aquela massa urbana anárquica de pé, a despeito da baixa criminalidade. Se o Mercado Negro regional tinha uma localização precisa, era a Cidadela. As condições sanitárias, ao que consta, também não eram das melhores.

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Em uma declaração conjunta de 1984, a China autorizou as autoridades britânicas a demolir a Cidadela e realojar seus habitantes. A decisão foi executada apenas em 1993. Um parque municipal foi erguido em seu lugar.

Era o fim de 九龍城寨, Hak Nam, a Cidade da Sombra, a velha Cidadela Proibida de Kowloon.

Sua história lança profundas reflexões sobre os ajuntamentos humanos e o urbanismo. Curioso perceber que após o fim das Trí­ades, a cidade funcionou por décadas sem ordem estabelecida e uma relativa anarquia, com taxas muito baixas de violência e uma economia interna muito bem estabelecida. Sinal de que as coisas, apesar de tudo, tendem invariavelmente í  Ordem? Mesmo que tenham a aparência do mais legí­timo Caos?

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Cartografia da Cidadela de Kowloon

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Em tempo: A palavra ‘Kowloon’ significa ‘Nove Dragões’ e representa os oito morros circundantes de Hong Kong, sendo que o Imperador Chinês representa o nono ‘dragão’.

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Informações Adicionais:

http://en.wikipedia.org/wiki/Kowloon_Walled_City

http://www.arch.columbia.edu/gsap/21536

http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Hong_Kong

http://www.twenty4.co.uk/on-line/issue001/project02/KWC/

Enquanto isso, na Tunísia…

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Foto: Jordy Gaya-Gallofré


DEL END @ Cartago

Aviso aos Navegantes: começou hoje em Tunis (capital da Tuní­sia, antiga sede de Cartago) a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (World Summit on the Information Society).

Muito embora alguns clamem que a reunião foi esvaziada por falta de consenso entre os paí­ses-membros sobre pontos-chave a respeito do futuro da worldwideweb, é certo que está se delineando um plano de ação mundial para um maior controle do fluxo de informação contemporâneo. As intenções da ONU são claras: “discutir meios de democratizar o controle da internet no mundo”.

Critica-se a preponderância que entidades norte-americanas possuiriam sobre os sufixos das URLôs (.com, .org. etc.), mas a “genial” saí­da encontrada é apenas mais uma agência internacional, com milhares de escribas e burocratas e salários polpudos em Genebra. Who watches the watchmen, cara-pálida?

Chamam isso de governança e outros belos adjetivos. Pode significar (ainda) menos liberdade.

Agruras do multilateralismo…A Sociedade Aberta não tem Bay-Window.

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Mercado írabe, Bazar Persa, Bricabraque. Falta charme ao E-Bay.

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Morro da Palha – Campo Magro-PR

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Morro da Palha (Campo Magro-PR) e pastagens circunvizinhas.
Vista do “Bar do Paulo”, ponto de parada de jipeiros, trilheiros e afins. O Morro pode ser reconhecido em razão de três pinus encravados em uma de suas faces.


Arredores de Curitiba, continuação.

Localizado a Noroeste da capital paranaense, o Morro da Palha é o ponto culminante do municí­pio de Campo Magro. A trilha que acede ao seu topo inicia-se nas proximidades da Estrada da Conceição dos Correas, um belí­ssimo caminho rural, repleto de surpresas (tais como paisagens bucólicas, pequenas plantações, igrejas e casarões antigos).

O topo do morro pode ser atingido em uma caminhada de 30 minutos. A vista é privilegiada e pode-se contemplar, de um lado, o iní­cio da Serra de São Luiz do Purunã e, do outro, um corte lateral da cidade de Curitiba e de seu skyline. Ao fundo, toda a Serra do Mar se descortina. Em outras direções, pode se ver a Cordilheira do Santana, formação geológica localizada na cidade de Rio Branco do Sul e, ao Sudoeste, os arredores da Lapa.

No sopé do Morro da Palha há um simpático e rústico comércio (misto de mercearia com churrascaria, de propriedade de um agradável casal – Marcell e Ana), chamado “Bar do Paulo”, ali instalado desde alguns anos. É parada obrigatória dos jipeiros e trilheiros que por ali passam (cerca de 400 pessoas por final de semana). Da varanda do “Bar do Paulo”, podem ser observados os vôos dos praticantes de paraglider. Um destes, segundo se conta, dali pulou para ir parar em Mafra-SC (!).

Mais adiante, na própria Estrada da Conceição dos Correas, fica o restaurante “Casarão”, instalado em uma antiga edificação local, recentemente reformada. Ao que se noticia, a comida é muito boa.

Há mais de um caminho para chegar lá, mas certamente o mais prático é pela Estrada do Cerne, na continuação da Av. Manoel Ribas, em Santa Felicidade. No nosso caso, voltamos pelo Distrito de Queimadas (muito próximo í  sede da Empresa de íguas Ouro Fino) em direção ao Distrito de Bateias, municí­pio de Campo Largo.

Do alto do Morro, o mais curioso – e assustador – é ver o crescente avanço da massa humana curitibana, em todas as direções. Coisa que haví­amos notado em visita anterior ao bairro da Lamenha Pequena, Almirante Tamandaré e em outros pontos de Campo Magro, pela Estrada do Juruqui.

A conurbação com Curitiba já é realidade em Pinhais, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande e trechos de outras cidades. No Morro da Palha, o celular não pega e há poucos telefones e orelhões. Assim é hoje. Para quando os loteamentos?

Os habitantes locais informam até que “bacanas” da cidade grande andaram fazendo raves no topo do Morro, deixando detritos de todas as espécies e desrespeitando o ciclo dos habitantes e dos animais locais com o tux-tux ensandecido das almas í  deriva.

O Morro vai ficar, mas a vista talvez não. É bom visitar enquanto é tempo.

Fotos e informe: Mathieu Bertrand Struck

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Vista do Morro da Palha, em Campo Magro
(região metropolitana de Curitiba).

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Torres de transmissão em Campo Magro, região metropolitana de Curitiba.
Cercanias do Morro da Palha, ponto culminante da região.

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Estrada da Conceição dos Correas, sentido Conceição dos Túlios.
Campo magro-PR, sopé do Morro da Palha.

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Vista da face noroeste de Curitiba-PR.
Topo do Morro da Palha, Campo Magro-PR.
Ao fundo, a Serra do Mar.
(Altitude: 1080m – distância do centro: app. 30 km)

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Cachorro assiste aula de catequese, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Campo Magro.
(Estrada da Conceição dos Correas, proximidades do Morro da Palha).

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Praticantes de paraglider aguardam condições metereológicas favoráveis para vôo. Precisaram esperar a diminuição da fumaça de uma “queimada”, em um campo próximo. Muitas borboletas no topo.
Topo do Morro da Palha, Campo Magro-PR. (Altitude: 1080m)

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Casa de madeira em Campo Magro-PR, Distrito de Queimadas.
Cercanias do Morro da Palha.

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Fazendola da famí­lia Krüger, em Campo Magro-PR, Distrito de Queimadas. Belí­ssima propriedade, cultivada com carinho e esmero. Na foto, cultivo de feijão.
Cercanias do Morro da Palha.


Local: Morro da Palha – Campo Magro – PR
Altitude: 1080 metros / 3542.4 feet.
Acesso: A apenas 30 km de Curitiba pela BR 277 sentido Ponta Grossa. Passar pelo viaduto de Campo Largo, segundo viaduto (de Bateias) sentido Ouro Fino (até o fim do asfalto), seguir sempre em frente até o campo de futebol da Vila Conceição dos Correa. Pela rod. do Cerne, continuação da rod. Manuel Ribas, seguir sentido Campo Magro até quase o final do asfalto, entrar a direita e seguir até o trevo, manter a esquerda até o campo de futebol.
Clube Responsável / Official Club: Clube de Vôo Livre do Morro da Palha. (www.clubedopalha.com.br)
Recordes: 103km. Leandro, pousando em Mafra – SC (parapente).

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Bananeiras e Araucárias. Sincretismo vegetal do Paraná. Campo Magro-PR.

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Back to Forever
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“Era uma vez um Rajá, que reinava na índia. Sua grande paixão eram as guerras que travava com os Estados vizinhos.

Um dia, entediado, pois não havia mais ninguém a combater, chamou ele os brâmanes da sua corte, e ordenou-lhes que inventassem algo capaz de distraí­-lo nestes perí­odos de inatividade militar.

Um brâmane, que era sábio, imaginou então um jogo que representasse a própria guerra, com dois exércitos, um de cada lado do tabuleiro, que representaria o campo de batalha. Cada exército era composto de: – elefantes, a força máxima das guerras naquela época, cavalos, que representariam a Cavalaria, barcos, que representariam a Marinha, e os peões, que representariam a Infantaria.

No centro de cada exército o brâmane colocou um Rajá, mas, como na vida real, este monarca era uma peça fraca, sem importância a não ser simbólica, pois com a captura do Rei o paí­s era vencido. E para preservar este Chefe da Nação, o brâmane colocou no tabuleiro ao seu lado um “firz” que significa “conselheiro”, a peça mais poderosa no tabuleiro, que dirige os ataques e defesas, como comandante supremo da guerra, e protege o Rei até a morte.

E ao pequeno e humilde soldado-peão, o brâmane deu a possibilidade de realizar o eterno sonho de todos os plebeus do mundo – de transformar-se em prí­ncipe ao atingir a oitava casa do tabuleiro, e com esta transformação, salvar o Rei e a sua Pátria!

Como no decorrer do jogo cada adversário pode fazer um só lance e deve esperar pela resposta do parceiro, o brâmane procurou com isso ensinar ao Rajá a virtude de que ele carecia: a paciência. E sendo o jogo uma luta das Idéias, – procurou também despertar-lhe a atenção e respeito pela opinião alheia.

O Rajá ficou tão encantado com o jogo que ofereceu ao brâmane a escolha de qualquer recompensa que desejasse. E o sábio pediu apenas que lhe desse a quantia de arroz colocado no tabuleiro de xadrez da seguinte forma: na primeira casa – 1 grão, na segunda – 2 grãos, na terceira – 4 grãos, na quarta o dobro de 4 e assim por diante, até atingir a última casa.

O Rajá riu da modéstia do brâmane e recebeu mais uma lição: quando os grãos de arroz foram contados, ao atingir apenas a metade do tabuleiro, todo o arroz do paí­s estava esgotado! E viu-se que não era possí­vel esta recompensa, porque o número de grãos era de ….

….18.446.744.073.709.551.615!

(Fonte)

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âË?ž Sugestões de leitura:

– “O Zero e o Infinito” (Arthur Koestler) . Qualquer sebo tem, de editoras variadas.

– Xadrez (Schachnovelle) de Stefan Zweig. Excelente e memorável. Saiu no Brasil pela Nova Fronteira, na coletânea “Amok & Xadrez”.

Ray Beldner – In God we trust

“All artwork is either priceless or worthless.” – Gertrude Stein

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Ray Beldner

Born in San Francisco, Beldner received a BFA from the San Francisco Art Institute and an MFA from Mills College in Oakland, California. He has participated in numerous solo and group exhibitions both nationally and internationally and his work can be found in many public and private collections including the Federal Reserve Board, Washington D.C., the Scottsdale Museum of Contemporary Art, Arizona, the Fine Arts Museums of San Francisco, the Oakland Museum of California, and the San Jose Museum of Art.

Beldner is a 1996 recipient of a California Arts Council Fellowship in New Genres, a 1997 recipient of a Creative Work Fund Grant from the Haas Foundations, and a 1999 recipient of a Potrero Nuevo environmental art grant. He has taught sculpture and interdisciplinary studies at the San Francisco Art Institute and the California College of the Arts, and is currently an Assistant Professor of Art at Saint Mary’s College in Moraga, CA. His work has been reviewed in publications including Arte, Art on Paper, Wired, Boston Globe, Los Angeles Times, San Francisco Chronicle, The Village Voice, International Herald Tribune, and The New York Times.

Most recently, his work has been seen in Living With Duchamp, Tang Museum, Skidmore College, Saratoga Springs, NY, Argent et Valeur, Le Dernier Tabou, Exposition Nationale Suisse, Biel-Bienne, Switzerland, and in the traveling exhibition,Illegal Art: Freedom of Expression in the Corporate Age. He recently had a solo exhibition of his money-related artwork at Caren Golden Fine Art in New York.

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Imediações de Curitiba

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Arquitetura antiga nos arredores da Igreja do Juruqui, Almirante Tamandaré-PR.

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Interior de residência em Campo Magro, na divisa com Almirante Tamandaré.
Antiga escola municipal transformada em residência, habitada pelo Sr. Roque e suas cinco filhas.

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Fundos de edificação em Campo Magro, região metropolitana de Curitiba.
Antiga escola municipal transformada em residência particular, habitada pelo Sr. Roque e suas cinco filhas.

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Igreja do Juruqui. Almirante Tamandaré.
Dia de Finados de 2005.

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Por falta de tempo, vou editar o post, mais tarde, contando as andanças por lá – e algumas histórias por trás das fotos. Alguns quilômetros mais adiante dos locais das fotos há o Observatório Astronômico do Colégio Estadual do Paraná, mas não encontramos. Alguém sabe onde fica?

Casa Rocha Pombo, Morretes, 30/10/2005

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Casa Rocha Pombo, em Morretes, está em estado de ruí­nas. 30/10/2005.
Texto e Fotos: Mathieu Bertrand Struck.
CC 2.0 BY-NC-ND

No processo de colonização do litoral paranaense, destaca-se a cidade de Morretes, cuja fundação remonta a aproximadamente 1720. Muito embora a pequena cidade, localizada no sopé da Serra do Marumby, já tenha tido sua arquitetura original bastante degenerada, remanescem algumas construções dignas de nota.

Uma dessas construções é a Casa Rocha Pombo, que homenageia um dos mais importantes historiadores brasileiros, nascido naquela cidade. Um rápido histórico a seu respeito pode ser lido aqui.

Na Casa costumava funcionar a secretaria de cultura da cidade, mas desde um incêndio, ocorrido há alguns anos, não se usou mais o imóvel.

Em sua parte externa, a casa já não se encontra em boas condições. Os jardins estão abandonados e a maquete (1:5000) da Serra do Marumby encontra-se em estado deplorável, toda lavada pela chuva e sem qualquer identificação dos picos retratados.

Encontramos as portas da casa escancaradas e o interior completamente escuro. Não havia ninguém. Experimentamos alguns interruptores, alguns funcionavam, outros não. Na maioria dos cômodos e salões, não havia nenhum sinal de mobí­lia, quadros ou adereços. A madeira do forro e do telhado, em muitos pontos, está em estado de podridão generalizada, com plantas trepadeiras avançando sobre as paredes.

Na sala principal, uma montanha considerável de livros (certamente da antiga biblioteca da Casa) estava amontoada em um dos cantos. O estado era igualmente deplorável, diversas pilhas de livros estavam sendo devoradas por fungos e cupins. E embora tivesse muita tranqueira, havia algumas coisas muito boas (p. ex. uma bela Enciclopédia Brasileira de 1870 +ou- e um Tratado de Paleontologia Brasileira da década de 20, além da rara coleção sobre a História da Cia. de Jesus no Brasil, em uma dezena de volumes – tudo já mofado e úmido). Se as chuvas continuarem, certamente esses livros – a julgar pelo seu estado atual – não estarão inteiros na virada do ano.

Outro dado a ser investigado é que vimos uma loja de ferragens e velharias (não muito longe dali – aliás, nada longe dali) vendendo livros estranhamente similares aos que estavam amontoados na Casa (pode ser coincidência, evidentemente). Isso pode revelar um ou mais possí­veis saques locais í  biblioteca pelos locais. O fato é que dois estranhos na cidade (nós) encontraram as portas da casa abertas (indicando claramente abandono) e nela ficaram sozinhos por 45 minutos, aproximadamente. Poderí­amos ter levado os livros que quiséssemos. Se a Casa fica permanentemente escancarada, ajuda muito.

Em frente, uma feira local vendia artesanato aos turistas (mais de 50% dos itens vêm da Bahia e de outros estados do Nordeste e praticamente não há artesanato local – outro dado digno de nota). Ninguém viu nada? Difí­cil.

Residentes e comerciantes próximos sustentam que, desde o incêndio parcial da Casa, não houve qualquer moção por parte das autoridades municipais no sentido de promover uma reforma ou – no mí­nimo – estancar o processo de devastação, pilhagem e degradação. Mais de um deles alegou ser fato notório a liberação de vastos recursos pela Petrobrás í  Prefeitura de Morretes (como compensação financeira por um vazamento de óleo ocorrido recentemente na região litorânea) e o seu “mágico” desaparecimento, na burocracia morretense. Ninguém sabe, ninguém viu. A grana, ao que tudo indica, foi liberada. (Os moradores informaram que a administração atual é do PMDB – a informação não foi verificada).

As fotos abaixo (espero que não sejam muitas) demonstram a necessidade de providências urgentes. Trata-se de patrimônio cultural do estado, tombado em 1973 e que está, rapidamente, se transformando em mais uma ruí­na. O populacho local não parece muito interessad0 no problema e – pior – parece até ter encontrado formas de se beneficiar dele. Embora não tenhamos sido incomodados durante nossa permanência no local, vimos mais de uma vez vendedores da feira local pegarem os raros itens de mobiliário (cadeiras, banquinhos, mesinha) para se acomodarem em suas barraquinhas. Se colocam de volta depois do uso (ou levam para suas casas para assistir o Faustão), não sei.

Do ponto de vista arquitetônico, a Casa Rocha Pombo é até simples e nem muito antiga (segunda metade do Séc. XIX e já passou por diversas intervenções posteriores). Mas a arquitetura das cidades litorâneas do Estado já foi por demais descaracterizada e acredito ser esta uma decorrência direta da inépcia, incapacidade de organização e permissividade dos residentes locais para com a destruição de seu ambiente urbano. Obs. o predinho com sacadas ao lado da Igreja de Antonina é um exemplo clarí­ssimo (vou procurar a foto e postar em seguida).

Momento Paraná em Páginas í  parte, parece-me um alerta digno a ser dado, no sentido de preservar o pouco que ainda resta do passado do litoral paranaense.

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Frontispí­cio da Casa Rocha Pombo, em Morretes-PR, Outubro de 2005.

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Porta de entrada. à direita, um pé de comigo-ninguém-pode alerta o visitante mal-intencionado.

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Bicicletas de feirantes estacionadas na Casa.

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Mais bicicletas, porta lateral e um pé de espada-de-são-jorge(í  dir.), outra planta de forte conteúdo simbólico. O que pretendiam os antigos ocupantes da Casa afastar?

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Parte incendiada do teto da Casa.

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Antigos lustres da Casa, amontoados em uma de suas salas.
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Conjunção astral nos vidros da Casa Rocha Pombo, 2005.

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Montoeira de livros rumo í  destruição.

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Maquete da Serra do Marumby.
Num grupo de turistas franceses que estava passeando ao mesmo tempo pelos jardins abandonados da Casa, ouvi a seguinte pergunta: “Isso é um mapa do Brasil? Onde está o Oceano Pací­fico?”

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Outro Olhar:
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Legenda: “Casa Rocha Pombo. Homenagem de Morretes ao seu grande filho, famoso historiador e polí­tico”.

Foto de Carlos Renato Fernandes, in O Paraná, Edipan, 1991

(cont.) Alegoria digna de nota…

“Esse programa de computador faz parte do projeto
Harpia, que vai integrar e sistematizar as bases de dados da Receita….”

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Do Aurélio:

harpia (pí­) [Do grego hárpya, pelo latim harpya]
S. f. 1. Monstro fabuloso, com rosto de mulher e corpo de abutre: “Aquele, que gigante inda no berço/ Se mostrava í s nações, no berço mesmo/ E já cadáver de cruéis harpias/ De malfazejas fúrias”. (José Bonifácio, Poesias, p. 160) 2. Pessoa ávida, que vive de extorsões. 3 Bras. Ave falconiforme, da famí­lia dos acipitrí­deos, do México, América Central e região cisandina até o Norte da Argentina, um dos maiores gaviões brasileiros.

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Vida Privada – Escritos Públicos

big-bro Cartaz de propaganda aliada da WWI alertando sobre o perigo do lado-de-lá do Reno.

“Dinossauro” da Receita vai caçar sonegador
Folha de S. Paulo, 16/10/2005

Por FíTIMA FERNANDES, CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O T-Rex, um supercomputador montado nos Estados Unidos que leva o nome do devastador Tiranossauro Rex, e o software Harpia, desenvolvido por engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e da Unicamp e batizado com o nome da ave de rapina mais poderosa do paí­s, são as mais novas armas da Receita Federal do Brasil para combater a sonegação fiscal e elevar a arrecadação. E os primeiros alvos já estão definidos: empresas brasileiras que importam e exportam.
A partir de janeiro de 2006, a Receita coloca em operação um equipamento capaz de cruzar informações -com rapidez e precisão- de um número de contribuintes equivalente ao do Brasil, dos EUA e da Alemanha juntos.
O projeto de aquisição e instalação do T-Rex, fabricado pela IBM e que pesa aproximadamente uma tonelada, levou seis meses. Está instalado no Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), em São Paulo, desde o último dia 12 de setembro.
O novo software, em desenvolvimento desde fevereiro deste ano por pesquisadores dos dois centros paulistas de tecnologia, vai permitir que, a partir de uma técnica de inteligência artificial (combinação e análise de informações de contribuintes), sejam identificadas as operações de baixo e alto riscos para o fisco -isto é, se há ou não indí­cios de fraude.
Esse programa de computador faz parte do projeto Harpia, que vai integrar e sistematizar as bases de dados da Receita, além de receber informações de outras fontes, como secretarias estaduais da Fazenda, e de investigações já realizadas, como a CPI do Banestado.

Informação em segundos
“Com esse computador e software, a Receita terá uma análise do contribuinte em segundos. Processos de empresas que levam até um ano para ser analisados poderão ser concluí­dos em uma semana”, afirma Paulo Ricardo de Souza Cardoso, secretário-adjunto da Receita, responsável pela área de fiscalização, tecnologia e administração tributária.
Na primeira fase, o supercomputador e o novo software cuidarão da área aduaneira. O setor de comércio externo foi escolhido por causa do aumento dos negócios entre o Brasil e o exterior, do peso das exportações e das importações na economia e do grande número de fraudes envolvendo o comércio internacional.
“O Brasil utiliza automação desde 1996 nas exportações e desde 1997 nas importações para inspecionar as operações. Mas a Receita entende ser imprescindí­vel agregar mecanismos de análise de riscos a esse modelo. Pode-se dizer que, em oito anos, a rotina automática de seleção não sofria alteração substancial, permanecendo baseada na natureza da operação registrada -e não no ní­vel de risco identificado. Agora, vamos nos antecipar a qualquer tipo de fraude que venha a ocorrer.”
Carlos Henrique Costa Ribeiro, chefe do Departamento de Teoria da Computação do ITA, que coordena uma equipe de 20 técnicos que trabalham na elaboração do software, diz que a novidade do sistema é a capacidade que ele terá de aprender com o “comportamento” dos contribuintes para detectar irregularidades.
“A partir de informações de várias fontes, o sistema vai analisar os relacionamentos das empresas, tanto com pessoas fí­sicas (como um advogado) como com jurí­dicas. Terá condição de identificar se o contribuinte negocia com “laranjas” ou empresas “fantasmas'”, afirma o pesquisador do ITA.

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O novo banco de dados da Receita vai armazenar informações sobre as empresas e seus negócios, como tributos recolhidos por ela e seus sócios, exportações e importações realizadas, ocorrências de falhas nas operações de compra e venda no mercado externo e até se há envolvimento com atividades ilí­citas, como contrabando de armas e narcotráfico. Esses dados vão compor um histórico de cada contribuinte.
Cardoso informa que todo o arsenal tecnológico será utilizado para combater diversos crimes -lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, contrabando de armas e uso de “fantasmas” para importar ou exportar.
“É preciso ter um controle estrito sobre os fluxos cambiais. As infrações, como lavagem de dinheiro, acabam funcionando como uma espécie de incentivo a atividades criminosas, devendo ser rigorosamente combatidas.”
A Receita quer evitar, segundo Cardoso, que as empresas tragam dinheiro “sujo” para a economia, com operações super ou subfaturadas no mercado externo.
Casos como o da exportação fictí­cia de açúcar e de derivados de soja, que causaram rombo de cerca de R$ 2 bilhões aos cofres públicos, como revelou a Folha, e o da Daslu, maior loja de artigos de luxo do paí­s, suspeita de subfaturar importações, poderiam ser detectados por esse novo sistema, segundo a Folha apurou com técnicos da Receita em São Paulo.

Novos alvos
A Receita já faz cruzamento de dados, mas ainda não dispunha de um serviço “inteligente” de análise de risco de cada contribuinte. Em uma segunda etapa do projeto, a nova tecnologia será estendida a todas as pessoas fí­sicas e jurí­dicas -e não só í s que operam no comércio internacional.
Serão analisadas as informações sobre a capacidade econômica das pessoas -rendimento, movimentação financeira, gastos com cartão de crédito e aquisição de bens, como imóveis, carros, aeronaves e barcos- e das empresas. Essa análise não será isolada em um determinado ano fiscal -vai considerar o histórico de informações de cada contribuinte.
“Dessa forma, será possí­vel acompanhar de perto setores que apresentam problemas, como bebidas, cigarros e combustí­veis [considerados campeões de sonegação]. Se a carga tributária de um determinado setor não for compatí­vel com a arrecadação estimada, será possí­vel identificar quais empresas estão com “desvio de conduta”. E a fiscalização, nesse caso, será acionada”, afirma o secretário-adjunto da Receita.

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Montadora demite 11 funcionários no ABC por fotos pornográficas em PCs
da Folha Online

A DaimlerChrysler (antiga Mercedes) demitiu na semana passada 11 funcionários da unidade de São Bernardo do Campo (SP) por terem em seus computadores fotos ou ví­deos pornográficos.

Segundo Tarcí­sio Secoli, da comissão de fábrica, a empresa já tinha comunicado aos funcionários que não permitiria esse tipo de prática e decidiu punir há cerca de 10 dias aqueles que colocaram as imagens em sua intranet.

Os 11 funcionários não foram demitidos por justa causa. Eles foram identificados porque as imagens estavam na rede da empresa e porque cada um tinha uma senha diferente para acessar essa rede.

Secoli também afirmou que a DaimlerChrysler já marcou para novembro um novo rastreamento de imagens pornográficas, desta vez não na rede mas em todos os computadores pessoais. “Espero que quem tenha algum tipo de conteúdo desse tipo em seu computador já tenha entendido que é hora de deletar.”

Segundo Secoli, a comissão de fábrica deve conversar com executivos da empresa amanhã para tentar reverter as demissões. “Não compactuamos com esse tipo de prática. Todo mundo sabe que não pode, mas faz. Agora a também empresa foi muito dura com alguns desses funcionários”, afirmou.

A DaimlerChrysler tem em sua fábrica em São Bernardo cerca de 11.500 funcionários. A empresa nunca tinha demitido ninguém por esse motivo, segundo o sindicato.

No Brasil, não há leis que regulamentem com profundidade o direito da empresa de monitorar o conteúdo digital armazenado em programas de e-mails ou microcomputadores de funcionários por empresas.

Neste ano, em caso parecido, a Primeira Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho, a instância final da Justiça trabalhista brasileira) reconheceu o direito do empregador de obter provas com o rastreamento do e-mail de trabalho do empregado para demiti-lo com justa causa.

O procedimento foi adotado pelo HSBC Seguros Brasil S.A. depois de tomar conhecimento da utilização, por um funcionário de Brasí­lia, do correio eletrônico corporativo para envio de fotos de mulheres nuas aos colegas.

O empregado demitido, entretanto, decidiu recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal, a instância máxima da Justiça brasileira) e ainda tem chances de reverter a decisão.

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Macacos me mordam!

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Quadros de chimpanzé arrecadam R$ 61 mil em leilão

Três pinturas abstratas feitas por um chimpanzé foram vendidas por mais de 14 mil libras (cerca de R$ 61 mil). As obras de Congo, o chimpanzé, tornaram-se mais valiosas do que a de pintores importantes do século 20 como Andy Warhol e Jake e Dinos Chapman.

Congo é o primeiro chimpanzé a ter seus trabalhos vendidos em leilão, pela casa Bonhams, em Londres.

As obras foram pintadas em 1957, quando o chimpanzé tinha apenas três anos. Especialistas acreditavam que as obras seriam vendidas por cerca de 800 libras (R$ 3,6 mil) cada uma. Mas as vendas superaram as expectativas.

“Não é apenas um chimpanzé. É o Congo. Se você possui um Congo, é como você possuir um Picasso ou um Miró”, disse Howard Rutkowski, diretor de arte moderna e impressionista da Bonhams.

O leilão dos Congos foi extenso e a casa obteve preços até 17 vezes superiores ao esperado. As obras foram arrematadas por Howard Kong, um consultor de telecomunicações da Califórnia.

O americano afirmou que estava preparado para pagar duas vezes mais.

“Dizem que o que nos torna humanos é a nossa habilidade de expressar uma idéia a partir de conceitos abstratos. O trabalho de Congo põe essa teoria por água abaixo. O trabalho dele é puro Kandinsky em sua fase inicial”, diz Kong.

História

O chimpanzé artista, que morreu em 1964, ví­tima de tuberculose, já havia tido os seus minutos de fama nos anos 50. Suas obras fizeram parte de uma exposição sobre arte de chimpanzés, e Picasso e Miró estariam entre os pintores célebres que possuí­am alguns de seus quadros.

Estimulado pelo zoólogo e artista Desmond Morris, o chimpanzé Congo produziu um total de 400 desenhos e pinturas no fim dos anos 50.

O objetivo de Morris era “entender a capacidade dos chimpanzés de criar ordem e simetria e explorar o í­mpeto por trás do desejo humano de ser artisticamente criativo”, segundo a casa de leilões Bonhams.

“Eu honestamente duvido que a arte dos chimpanzés tenha sido leiloada anteriormente”, disse Rutkowsi.

Fonte: BBCBrasil.com

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A melhor frase do artigo é “o trabalho dele é puro Kandinsky em sua fase inicial”…

Fragmentos urbanos

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íguia de duas cabeças. Praça Zacarias, Curitiba. Um dos sí­mbolos da exacerbação do poder. Representa, segundo se conta, lojas maçônicas ali concentradas.
(foto: Mathieu Bertrand Struck, outubro de 2005)

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íGUIA DE LAGASH
A “íguia de Duas Cabeças de Lagash” é o mais antigo brasão do Mundo:. Nenhum outro simbolo emblemático no Mundo pode rivalizar em antiguidade:. A sua origem remonta í  antiquí­ssima Cidade de Lagash:. Era já utilizado há cerca de mil anos antes do Ã?Å xodo do Egipto, e há mais de dois mil anos quando foi construí­do o Templo do Rei Salomão:.

Com o passar dos tempos, passou dos Sumérios para o povo de Akkad, destes para os Hititas, dos recônditos da ísia menor para a posse de sultões, até ser trazida pelos Cruzados aos imperadores do Oriente e Ocidente, cujos sucessores foram os Hapsburg e os Romanoff:.

Em escavações recentes, este í«brasãoí» da Cidade de Lagash foi descoberto numa outra forma: uma águia com cabeça de leão, cujas garras se cravam nos corpos de dois leões, estes de costas voltadas:. Esta é, sem dúvida, uma variante do sí­mbolo da íguia:.

A Cidade de Lagash situava-se na Suméria, no sul da Babilónia, entre os rios Eufrátes e Tigre, sendo perto da actual cidade de Shatra, no Iraque. Lagash possuí­a um calendário de doze meses lunares, um sistema de pesos e medidas, um sistema de banca e contabilidade, sendo ainda um centro de arte e literatura, para além de centro de poderes polí­tico e militar, tudo isto cinco mil anos antes de Cristo.

No ano 102 a.C., o cônsul romano Marius decretou que a íguia seria um sí­mbolo da Roma Imperial:. Mais tarde, já como potência mundial, Roma utilizou a íguia de Duas Cabeças, uma voltada a Este e outra a Oeste, como sí­mbolo da unidade do Império. Os imperadores do Império Romano Cristianizado continuaram a sua utilização e foi depois adoptado na Alemanha durante o perí­odo de conquista e poder imperial.

Tanto quanto sabemos, a íguia de Duas Cabeças foi primeiramente utilizada na Maçonaria em 1758, por uma facção maçónica de Paris – Os Imperadores do Oriente e Ocidente. Durante um breve perí­odo, os Imperadores Maçónicos do Oriente e Ocidente controlaram os Graus avançados então em uso, vindo a ser percussores do Rito Escocês Antigo e Aceite.

Fonte: Portal Macônico

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Capa da primeira edição da peça “L’Aigle í  deux têtes” (1946), de Jean Cocteau. Por sinal, virou um filmaço com Jean Marais.

55 dias em Peking

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Em onda de censura, China proí­be acesso í  Wikipedia
da Folha Online

Depois de sites e blogs, as autoridades da China bloquearam o acesso í  Wikipedia –enciclopédia on-line escrita e editada por internautas voluntários de todo o mundo. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pela organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras).

De acordo com o grupo, usuários de diversas proví­ncias chinesas não conseguem acessar o site desde a última terça-feira. A RSF entrou em contato com autoridades do paí­s nesta sexta-feira, pedindo que eles liberem a visitação í  Wikipedia.

Este tipo de censura já havia acontecido em junho e setembro do ano passado “por causa do conteúdo polí­tico da página”.

“Esta última onda de censura é contraditória, pois acontece no momento em que o paí­s publica o documento ‘A Construção da Democracia Polí­tica na China'”, diz um comunicado do RSF.

O texto fala sobre direitos humanos e a democracia nas áreas urbanas e rurais. “No entanto, bloquear o acesso a uma enciclopédia livre, com a qual todos podem contribuir, representa uma violação dos direitos”, continua.

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Enquanto isso, acaba de ser lançada a página oficial do PC chinês na net.

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E aqui está a Wikipedia em chinês.

A destruição da persona individual e coletiva

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A consolidação do poder taliban no Afeganistão, em meados dos anos 90, foi marcada por um episódio digno de nota.

Todos certamente lembram da destruição, via explosivos, dos budas gigantes no Afeganistão. Em um vale belí­ssimo, uma meia dúzia de estátuas velhas de um milenar e meio foram reduzidas a pó em poucos segundos.

taliban1 Ka….

taliban2 …bummmmm!

Muito mais do que meras representações de ordem religiosa, tais estátuas eram o legí­timo legado simbólico dos homens que ali estiveram antes naquelas terras. E lembrança visual perpétua para os homens do “presente” de que outros ainda haverão de pisar o que consideram a sua terra.

A justificativa dos talebans (no mais das vezes estudantes de teologia de Cabul, com formação em universidades européias e que voltaram para instaurar a teocracia) foi clara: figuras humanas – quaisquer delas – são proscritas pelo dogma. Logo, devem ser destruí­das.

Protestos inflamados se multiplicaram ao redor do mundo (no Brasil, evidentemente, não houve muita conversa a respeito).

O episódio levanta algumas questões, aptas a serem discutidas nesta arena. Não são as únicas, poderia pensar em algumas outras, mas essas são as que me vem í  cabeça:

– O preço da vida eterna é a desumanização completa e radical? Podemos ser/ter deuses totalmente sem rosto e sem personificação? Religiões com deuses não-personificados são signicamente mais profundas ou “mais sérias” (seja lá o que for isso) do que as parcial ou totalmente antropomórficas?

– O que se esconde no ato de destruir compulsivamente imitações da figura humana? Se for uma neurose, pode este ato ser julgado ou valorado por aquele que não a vive?

– A perda da capacidade de nos auto-retratarmos simbolicamente – ainda mais quando essa perda é compulsoriamente implantada pela autocracia dos homens – não nos conduzirá í  animalização? Não precisamos, desde sempre, do espelho, da água da lagoa? Podemos destruir Narciso? Podemos romper a tensão de superfí­cie que separa o mero reflexo da morte por contemplação e nos auto-destruirmos? Quem contará o mito se o contista também cair em paixão e se afogar?

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– Pode o “relativismo cultural” e outras falácias da ordem do dia serem justificativa suficiente para que sejamos condescendentes com a destruição autoritária, deliberada e irreversí­vel de evidências sí­gnicas da passagem do homem no globo? Ao contrário, pode o homem se converter em policial de si mesmo alegando, contra o destruidor, “crime contra o patrimônio da humanidade” ou outra construção idiomática? É validamente concebí­vel a idéia de uma res publica civilizacional? Quem é o curador dessa mostra leviatãnica?

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– O clamor público no Ocidente (muitas vezes induzido), pelo estabelecimento de pontes de tolerância entre as civilizações recomenda que levemos mais em consideração o direito de “destruir em nome do dogma” do que o direito de “impedir a destruição em nome do dogma”. Quem fez esta escolha? Quem não impediu que esta escolha fosse feita? Quem permitiu que não fosse uma escolha?

– Está no preço da tolerância ocidental para com o Outro a permissividade absoluta para com a intolerância venal deste mesmo Outro? Na França podemos discutir se as crianças francesas muçulmanas usam ou não xadors em escolas públicas. Posso, em contrapartida, visitar a Kaaba e ver a Pedra Negra? Como ser cristão em metade da ífrica Central e sobreviver?

– A auto-determinação dos povos é absoluta?
Qual o marco delimitador deste princí­pio? Qual lógica existe entre invocá-lo para justificar e proteger regimes homicidas, ao longo da história recente e se emocionar com os limousine liberals *cantando”We are the world, we are the people”?

– A mesma lógica que impele a derrubada de fronteiras culturais, a derrubada de muros de cemitérios cristãos e israelitas não recomenda, por igual, a condenação – prévia, preventiva, permanente e retrospectiva – da destruição da herança simbólica homem-homem?

– Pode-se relevar o episódio sob a simples justificativa de que, simbolicamente, “construir uma estátua” é o mesmo que “destruir uma estátua”? Ou então as novas noções de civilização cooperativa (sem comunização ou abelhização, bem entendido) vedam que um dos participantes do jogo destrua autoritariamente uma das peças, impedindo que os outros que o sucederão não usufruam ou desfrutem do “item” ou “aparato”?

– Especificamente no que se refere ao debate histórico e geopolí­tico. A ocidentalidade não estaria se submetendo a um auto-policiamento (para dentro) e uma indulgência excessiva (para fora)? O genuí­no e admirável gesto de tolerância para com o Outro – mesmo que seja para dar un tapinha nas costas dos talebans – não consiste, muitas vezes, em auto-sacrifí­cio inútil e irreversí­vel?

– Interessante Paradoxo. (1) No Ocidente, em nome do estado laico, debate-se a retirada dos crucifixos de um tribunal ou de uma repartição pública. As cédulas do dólar trazem estampado “in god we trust” mas diretores de escola são multados quando pedem que as crianças rezem o pai nosso em sala de aula. (2) Em contrapartida, no Oriente islâmico, em nome do estado teocrático, impõe-se a destruição dos budas gigantes com dinamite e C-4. Pior do que isso, na China, em nome da divindade Inexistente, prendem-se cristãos e fuzilam-se padres. Quem é intolerante, cara-pálida?

– É válido imputar reprimendas morais para situações pretéritas que não a violavam? Que sentido há em punir os netos dos escravistas? Quem se auto-irroga o monopólio do revanchismo cultural? Quem distribui os papéis do vingador e do punido?

– Na mesma linha, é válido imputar reprimendas morais de um sistema de princí­pios morais para outro? (para esta conversa, sugiro a leitura da Teoria da Justiça de John Rawls e do princí­pio – por ele proposto – do overlapping consensus)

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*Limousine liberals are wealthy people, usually white, who usually live in wealthy white neighborhoods, but who insist on telling the poor, minorities and the working class how to live and with whom to live. Limousine liberals or their forebearers brought us the war on drugs (million man march to prison), urban renewal (people removal), public housing (resembling prisons), the Vietnam War (mass murder), and government schools – also resembling prisons – most of them wouldnââ?¬â?¢t think of sending their children to.

Limousine liberals are elitists who think that common folk are just too stupid to live in freedom. Though their rhetoric emphasizes their deep concern and compassion for the common man, their true feeling is one of contempt for his ability to function without continual external direction from “the best and the brightest.”

So they support centralizing power in distant capitals and glorify those like Lincoln who made it all possible. (See, Mario Cuomo�s new book.) With education, centralizing power in state capitals was not enough. They had to set up a Department of Education in Washington, so the ultra-elites can issue orders to the mid-level elites. (Lew Rockwell)