latinhas de cerveja

O aluminio das latinhas de cerveja e refrigerantes é uma das maiores fontes de renda para as centenas de milhares de catadores existentes no Brasil. 100 kilos de papel amontoados no carrinho (e eles chegam a carregar até 300 kilos!) correspondem em valor a menos de 10 kilos do aluminio que pode ser extraido destas embalagens. O Brasil é recordista na recicagem do aluminio, aproximadamente 85% destes materiais em trânsito são retornáveis, com os lucros gerenciados quase que exclusivamente pelo capital estrangeiro. Os carrinheiros constituem a maior frente ativista nos processos de reciclagem e separação de materias retornáveis no Brasil desde a década de 70. Exercem um papel educador na separação do lixo andando de bairro em bairro e ensinando a população os diferentes valores dos materiais que são jogados fora. Nenhum programa pedagógico adotado pelas escolas no paí­s pode se comparar í  ação dos catadores neste processo de conscientização. A industria do retorno é uma das frentes econômicas de maior crescimento nos tempos modernos. Os catadores de papel são os avatares urbanos desta realidade econômica e padecem de profunda falta de reconhecimento do valor da sua atividade.

o texto abaixo foi extraido do site: www.ibiss.com.br/catadoresvida.html

“Em 2002, a maior conquista dos catadores foi o reconhecimento de sua atividade pelo Ministério do Trabalho, que estabeleceu para a categoria os mesmos direitos e obrigações de um trabalhador autônomo. No entanto, não foi apenas para a luta por este reconhecimento que os catadores, que já somam mais de 200 mil no Brasil, empenharam esforços este ano.
De acordo com a Associação Brasileira de Alumí­nio, Abal, 85% das latinhas de alumí­nio consumidas no Brasil são recicladas, o que coloca o paí­s no topo do ranking de reciclagem deste material. Além do alumí­nio, também são reciclados no paí­s 16% do papel de escritório, 21% das garrafas PET e quase 40% do vidro e na base do ciclo de recuperação destes materiais estão os catadores. O seu trabalho, porém, é constantemente ameaçado por grandes empresas recicladoras que insistem em eliminar o catador na intermediação entre a coleta e a reciclagem.
Atualmente, os catadores travam uma disputa com a Latasa, que tem instalado máquinas de recolhimento de latinhas e de garrafas PET em supermercados. Qualquer pessoa pode depositar nestas máquinas o material e em troca receber cupons de desconto para a compra no estabelecimento. Recolhendo a matéria- prima do trabalho dos catadores, a Latasa anula a presença deste trabalhador no processo de reciclagem e ameaça o sustento de milhares de famí­lias brasileiras que sobrevivem da coleta de materiais recicláveis.”


Aleris Latasa Reciclagem

“No final de agosto a Aleris Internacional, anunciou a aquisição da Tomra Latasa Reciclagem, unidade de reciclagem do Brasil da Tomra Systems ASA da Noruega.
A transação deu origem a Aleris Latasa Reciclagem, que já nasce como a maior empresa de reciclagem de alumí­nio do Brasil. Suas instalações incluem a rede de 14 filiais em oito Estados, dois centros de fundição em Pindamonhangaba e os 15 Replanetas mantidos em conjunto com os supermercados Extra.
Steve Demetriou, Presidente da Aleris Internacional afirmou: “É excelente a adaptação da Tomra Latasa ás operações de reciclagem da Aleris no Brasil, isto porque, suas operações nos provêem de maior acesso á sucata de alumí­nio, fortifica as nossas relações com os nossos clientes e complementa nossas operações fabris. Isto deve acelerar nossa lucrativa expansão nesta região”.
Aleris Internacional é lí­der mundial em reciclagem de alumí­nio e na produção de ligas especí­ficas, além de ser a maior fabricante de folhas comuns de liga da América do Norte. É também a lí­der na fabricação de produtos de zinco de alto valor agregado que inclui óxido de zinco, pó de zinco e metal de zinco.
Localizado na cidade de Beachwood em Ohio, uma região de Cleveland, a Aleris possui 28 pólos de produção nos Estados Unidos, Brasil, Alemanha, México e Paí­s de Gales, com aproximadamente 3.200 empregados.
Todas as atividades da Tomra Latasa permanecem integralmente com a nova empresa, cujo objetivo é ampliar o seu raio de ação para outras localidades do paí­s. ”

página de origem do texto: http://www.tomra.com.br/default.asp?V_DOC_ID=522&FRAME_DOC_ID=483

Lígia Borba e Kátia Horn – Cozinhando com Puros Dados – Ybakatu, sexta feira, 10 de fevereiro – Kibe e Tabule – Canto I e Canto XVI da Iliada (fragmentos pré cozidos) – Claudete Pereira Jorge e Richard Rebello

Ação Culinaria na Ybakatu – Rua itupava, 414 – das 16 í s 20 horas

“Cérceas as Coxas, no redenho envoltas, cobrem-nas vivas postas. Ao tosta-las Crises na lenha tinto baco asperge, quinquedentado espeto lhe sustinha cada servente. Provam-se as fressuras, Já combustas as coxas, e em tassálios a mais carne enroscada, assam peritos, e a obra é feita. – apronta-se o conví­vio. Ninguém do seu quinhão queixar-se pode! – Exausta a sede e a fome, das crateras coroadasw almo vinho os moços vertem.- Cada qual auspicando os copos liba. – Por captarem favor o dia inteiro jovens danaos cantam ledo Pean, e seu canto o Deus regozijavam.”
Homero

Cena de “As mil e uma noites” – Pier Paolo Pasolini

Cozinhando com Puros Dados na Ybakatu / Estudos para uma Boca Livre

Todas as sextas-feiras das 4 í s 8 da tarde / dias 20 e 27 de janeiro – 03, 10 e 17 de fevereiro na Ybakatu

Migração para o estudio do Matema í s 20h00 para inicio da ação sí­tio especí­fico na fábrica de lentes.
– abram se as portas da visão –
a partir de terça feira dia 24/01 iní­cio da pesquisa stricto sensu sobre Puros Dados procurando tindiquera, no final das contas =
Bit não bit, beat e não beat, fonte sonora e imagem, sujeito e objeto, falta e ganho secundário.
no liquidificador.
blended.
Movendo o braço de um robô – moving an arm of Levi Strauss.

Cru ou Cooked && || Raw or Cozido

multiprocessando em eletrodomésticos

= ++ ;

2006


Anuncio feito em homenagem a Paulo Leminski, publicado em outubro de 1989 no caderno “Almanaque” do jornal O Estado do Paraná. Vencedor da medalha de ouro do Prêmio Colunistas Publicitários de 1990. Criado e ilustrado por Celso Abreu

sem vergonha o não digo

Dá a terra lusitana Cipiões,
Césares, Alexandros, e dá Augustos;
Mas não lhe dá contudo aqueles dois
Cuja falta os faz duros e robustos.
Octávio, entre as maiores opressões,
Compunha versos doutos e venustos.
Não dirá Fúlvia certo que é mentira,
Quando a deixava A

Iliada / Canto I / Claudete Pereira Jorge

“O fim do paganismo nos tempos de Teodósio, é talvez o único exemplo de erradicação completa de uma tradição popular ancestral, e deve portanto ser considerado como um evento unico na história da humanidade.”
Edward Gibbons – Declí­nio e Queda do Império Romano – Cap 38
(Abaixo), imagem de Vênus com uma cruz (século 2 a.d)
Vênus era uma das principais deusas do panteão romano
protetora de Roma e mãe do patriarca Enéas

Canto I da Iliada na tradução de Odorico Mendes
Monólogo com Claudete Pereira Jorge
Terça feira, 29/11/2005, í s 23h00
Porão Loquax – Wonca Bar – Rua Trajano Reis, 326

bicicletada

Passeio de bicicleta organizado por Jorge Brand.
Saí­da: Sexta- feira, dia 4 as 17h no pátio da Reitoria.

tragam suas bicicletas, máscaras, apitos e o q mais quiserem (cores vermelhas na predominância) para um confronto entre as máquinas automotivas, poluidoras e destruidoras da harmonia social, e a ôbicicleta anarquistaô – nos encontraremos í s 17:00hs do dia 4 de novembro, sexta feira, no pátio da reitoria para tomar as ruas, questionar o sistema, provocar o caos e depois dispersar!

Stadtplanung in Curitiba

Geographische Situation der Stadt Curitiba

Die Stadt Curitiba, mit vollem Namen “Vila de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus de Pinhais“, liegt im Bundesstaat Paraná, dem ní¶rdlichsten der drei zum Süden Brasiliens gerechneten Staaten. Etwas unterhalb des 25. Breitengrades südlicher Breite gelegen, befindet sie sich auf der ersten Hochebene nach dem Gebirgszug der “Serra do Mar”, die sich an der Ostküste Brasiliens entlangzieht. Das Stadtgebiet wird von vielen Flüssen durchzogen, von denen einige auch in demselben entspringen. Durch die Hí¶he von ca. 960 m über dem Meeresspiegel wird das subtropische Klima auf eine Jahresdurchschnittstemperatur von 17 Grad Celsius gemildert, wobei in der kalten Jahreszeit von Zeit zu Zeit Frost auftreten kann. Im Stadtgebiet leben ca. 1’600’000 Einwohner, zusammen mit den umliegenden Agglomerationsgemeinden ergibt sich eine Population von über zwei Millionen.

Zusammen mit den Grossstadtregionen um São Paulo und Rio de Janeiro kann Curitiba zum “industriellen Motor Brasiliens” gerechnet werden. Ebenso wie diese bekannten Megalopolen war Curitiba wí¤hrend der industriellen Revolution Ziel grosser Siedlerstrí¶me, die der Stadt in diesem Jahrhundert erschreckende Wachstumsquoten und damit fast unkontrollierbar wachsende Stadtrandsiedlungen bescherte.

Geschichte der Stadtentwicklung und -planung bis 1965 (Menezes 1996)

Die ersten Siedlungen von Einwanderern, die mit der intensiven Suche und Ausbeutung von Bodenschí¤tzen wie Gold und Mineralien in Verbindung standen, entwickelten sich am Anfang des 17. Jahrhunderts auf dem Gebiet der heutigen Stadt Curitiba, das damals von Eingeborenen der Stí¤mme Tupi-Guarani und Jê bewohnt war. Im Abschwung des Goldzyklus fingen die Bewohner an, eine agrarische Subsistenzwirtschaft aufzubauen. Nachdem die Siedlung im Jahr 1693 offiziell registriert wurde, erlangte sie als strategischer Punkt von Viehtransporten aus dem Süden zur Versorgung von Bergbaugesellschaften etwa in Minas Gerais im 18. Jahrhundert eine neue Bedeutung, indem sie eine Mí¶glichkeit für die Ã?Å?berwinterung der Herden bot.

Im Jahr 1842, als sich die Funktion der Stadt von einem strategischen Punkt auf den Viehtransportwegen zu einem strategischen Punkt des Mate-Teehandels wandelte, wurde ihr dann offiziell das Stadtrecht verliehen. Die Favorisierung der Stadt ergab sich aus der Lage an den zwei wichtigen Bergstrassen, die Curitiba und das Innere des Staates mit der Küste verbanden. Wenig spí¤ter, im Jahr 1853, wurde die Provinz São Paulo geteilt und Curitiba wurde mit damals etwa 6000 Einwohnern zur Hauptstadt der neugegründeten Provinz Paraná. Um den neuen Anforderungen an eine Hauptstadt gerecht zu werden, wurde ein franzí¶sischer Stadtplaner namens Taulois verpflichtet, um neue Anlagen zu erstellen. Daraus resultierte ein erster Plan für Curitiba, der “Plano Taulois“, der genau definierte rechte Winkel an den Strassenkreuzungen einführte und eine erste Vorahnung der zukünftigen Verkehrsflüsse durch die Innenstadt darstellte.

Aufgrund einer Nahrungsmittelkrise fí¶rderte die damalige Regierung der Provinz in der zweiten Hí¤lfte des 19. Jahrhunderts konsequent die Ansiedlung von Einwanderern europí¤ischen Ursprungs, mit dem Ziel, einen Gürtel mit landwirtschaftlichen Kolonien um die Stadt herum anzulegen, der den Versorgungsengpass überwinden würde. Die grí¶ssten Einwanderungsgruppen bildeten zuerst Deutsche, Polen und Italiener, danach Ukrainer, Franzosen, Englí¤nder und Âsterreicher. Gemí¤ss Schí¤tzungen des Brasilianischen Instituts für Geographie und Statistik (IBGE) zí¤hlte die Stadt im Jahr 1900 schon um die 50’000 Einwohner.

In dieser Zeit diversifizierte sich der Landbau gemí¤ss der unterschiedlichen Herkunft der Einwanderer und es bildeten sich Kleinindustrien, die sich zu einer lokalen unternehmerischen Elite transformierte, deren Credo harte und hingebungsvolle Arbeit war. Innerhalb der Einwanderungsgruppen, die sich in bestimmten Vierteln um das Stadtzentrum herum niedergelassen hatten, gab es starken ethnischen Zusammenhalt.

Als Reaktion auf zwei Epidemien in den Jahren 1889 und 1891, die viele Todesopfer gefordert hatten, wurden erste Wasserversorgungs- und Abwassernetze installiert, mit Zugtieren betriebene Strassenbahnen gab es ab 1887. Der 1885 angelegte, zentral gelegene Stadtpark “Passeio Publico” war für brasilianische Verhí¤ltnisse ein sehr fortschrittliches Element im Stadtbild.

Obwohl die wichtigsten í¶konomischen Interessen sich in der ersten Hí¤fte des 20. Jahrhunderts primí¤r auf das Land richteten, die Stí¤dte hingegen mehr als strategische Basis für die Autorití¤ten und kommerzialen Eliten dienten, gab es starke Bestrebungen, die Stadt zu verschí¶nern und zu “hygienisieren”. Der Bodenpreis wurde als Selektionsstrategie verwendet, um Bordelle, Spielsalons und Pensionen aus dem zentralen Bereich fernzuhalten. “Trunkenbolde, Kranke, Bettler, Einwanderer, Gammler und Prostituierte […] stí¶rten und bedrohten die Elite von Curitiba. Für die Erhaltung der politischen Ordnung wurden diese ‘vom Weg abgekommenen’ mit Gewalt in die Vorstí¤dte entfernt” (Shaaf und Gouvêa, 1991, S. 74, zitiert in Menezes, 1996, S. 62f.). Eine urbane Politik im engeren Sinne gab es nicht.

Der erste wirkliche Stadtentwicklungsplan “Plano Agache” ist nach dem franzí¶sischen Urbanisten Donat Alfred Agache benannt, der durch seine stadtplanerischen Arbeiten, vor allem die Erschaffung der australischen Hauptstadt Canberra 1903, grosses internationales Ansehen genoss. 1940 hatte Curitiba eine Beví¶lkerung von ca. 141’000 Einwohnern erreicht. Durch die anní¤hernde Verdoppelung der Beví¶lkerungszahl seit 1920 und die í¤usserst knappen, durch eine Wirtschaftskrise limitierten Mittel hatte sich die Infrastruktur, die seit 1911 auch elektrische Trambahnen und seit 1928 Omnibuslinien umfasste, drastisch verschlechtert.

Der Plan bestand aus einem Plan der Avenidas, aus der Einrichtung verschiedener funktionaler Zentren, einem Reglement für í¶ffentliche Arbeiten und Zonierung sowie aus der Regelung von Freirí¤umen und deren Verteilung. Die funktionale Zonierung wurde als Heilmittel für die Stadt angesehen, die als Organismus wahrgenommen wurde. Dabei wurden explizit die Funktionen Wohnen, Verkehr, Erholung und Arbeiten etabliert. Die Massnahmen erstreckten sich auf drei Hauptaspekte, die für die Lí¶sung der Probleme als wesentlich angesehen wurden:

Sanierung: Drainage von Sümpfen, Kanalisation von Flüssen und Regenwasserabflüssen, Wasserversorgungsnetz
Entstauung des Verkehrs: Stadtverkehr, externe Zufahrtsstrassen, Verteilung der Produktion
Funktionale Organe: Zentralisierung der Gebí¤ude der Staatsregierung (Centro Cí­vico), “Ausstrahlungszentren” des kommerziellen und sozialen Lebens, Milití¤rzentrum, Sportzentrum, Versorgung (Mercado Municipal), Erziehung (Centro Politécnico), Industrie
Der Plan für die Hauptverkehrsachsen basierte auf einer ringfí¶rmigen Gliederung des Raumes, wobei die 4 Ringe durch grosse Strassen definiert wurden und gleichzeitig eine soziale Klassierung der entsprechenden Bewohner mit Gefí¤lle nach aussen bedeuteten. Die Grundidee hinter dem Plan war also eine zentrale Versorgung und eine Ausrichtung der Stadt auf das Zentrum (Rabinovitch, 1993).

The God Machine

“Em outubro 1853, numa colina em Lynn, Massachusetts, um grupo se reuniu para criar um novo messias. Eles não vieram para rezar, nem para louvar a Deus: de fato eles vieram para construí­-lo de madeira e metal sob a supervisão dos espiritos. Quando a máquina estava pronta, eles acreditaram que lhe seria infundida vida para revolucionar o mundo e elevar a humanidade a um ní­vel superior de desenvolvimento espiritual. Os espiritos davam instruções atravéz de John Murray Spear, um antigo pastor da igreja universalista recém convertido ao espiritualismo. Nascido em Bostom em 1804 e batizado com o nome de John Murray (fundador da extensão americana da Igreja Universalista).”

L’eolipila di Erone – I secolo d.C.

Il primo congegno azionato dalla forza del vapore í¨ la “sfera di Eolo” o Eolipila (vedere l’animazione) inventato da Erone, ingegnere greco del I secolo d.C. L’eolipila í¨ una turbina a reazione capace di erogare una piccolissima potenza, non sfruttabile in pratica.
Essa rappresenta il primo tentativo di impiegare il vapore per ottenere energia meccanica.
Erone í¨ famoso anche per altri meravigliosi congegni, uno dei quali serviva per aprire (e chiudere) automaticamente le porte di un tempio, vedi figura a lato. Utilizzava l’espansione dell’aria calda per mettere in pressione l’acqua di un serbatoio che, attraverso un sifone, andava a riempire un secchio sospeso. La discesa del secchio faceva aprire le porte del tempio.
Se il fuoco viene spento, la pressione nel recipiente diminuisce e l’acqua ritorna indietro, svuotando il secchio.
Allora il peso W (in basso a sinistra) cadendo fa chiudere le porte.
www.museoscienza.org

“Maquinas vi incrí­veis: O espelho ustator, a eolipila de Athanasius Kircher. A luz de cí­rios e candeias um cone capta a incidir num cí­rculo de vidro com desenhos í  maneira de zodí­aco, o feixe de luz desenrolando a imagem por sobre uma parede branca: Padre Athanasius aciona a roda para dar vida ao movimento, almas agitam braços frenéticos entre as chamas do inferno ou os eleitos giram em torno do Pai, – lanterna mágica a coar sombras na caverna platônica”.

Catatau pg 18/19 – primeira edição

A lanterna mágica de Athanasius Kircher (1602 – 1680),
experimento precursor do cinema moderno.
Kircher é considerado o pai da geologia cientí­fica
e da egiptologia. Em sua imensa produção,
mais de 39 livros, é frequentemente
comparado a Leonardo da Vinci pela
precisão matemática e pluralidade de seu gênio

“Kircher’s treatise on light, Ars magna lucis et umbrae (Rome, 1646), treats also of the planetary system. In it he shows no inclination to follow the heliocentric system, but he does favor Tycho Brahe’s model in which the planets circle the sun. Some other inventions are found in this book, such as the magic lantern, the predecessor to the movies”

O sistema de amplificação sonora de Kircher – Megaphone –

“Leonardo, aquele engenho tão agudo quanto artí­fice sutilí­ssimo não compôs um autômato semovente í  maneira de humano? Dia virá em que se ponham altares a um deus-máquina”.

Catatau pg 19 – primeira edição

“Among these are drawings that experts today believe were designs for robotsââ?¬â?which, if true, would make Leonardo the worldââ?¬â?¢s first roboticist.
The sketches in question were made around 1495, but were unknown until an Italian scholar named Carlo Pedretti found them in the 1950s. Nothing in the several pages of drawings looks like a complete robot; the gears, pulleys, cables, and so on appear to untrained eyes to be random machine components. But Pedretti believed that taken together, they could represent the plan for a mechanical man. Leonardo apparently intended a suit of armor to be used as the robotââ?¬â?¢s body. Several decades after the sketchesââ?¬â?¢ discovery, a robotics expert named Mark Rosheim came across Pedrettiââ?¬â?¢s description of Leonardoââ?¬â?¢s robot. Rosheim studied the drawings extensively and, using computer simulations, determined exactly how they could have fit together to form a humanoid robot. The digital model of the robot showed that it could sit up, wave its arms, bend its legs, move its head, and open and close its jaw; a mechanical apparatus in the chest controlled arm movements, while an external crank moved the legs. Leonardoââ?¬â?¢s humanoid robot was clearly based on his long and detailed study of human anatomyââ?¬â?the same research that had led to his famous Vitruvian Man drawing and its accompanying list of proportions in about 1490. But apparently, this was not Leonardoââ?¬â?¢s first foray into the world of robotics. An earlier drawing, from 1478, was thought for years to be the design for a spring-powered cart. But Rosheimââ?¬â?¢s analysis showed that it was much more than that. The mechanism inside could be adjusted (by replacing various cams) to determine the course the cart would travel. In other words, it was, in a manner of speaking, a programmable analog computerââ?¬â?and since it was also mobile, it could be considered a robot.”

Calculadora de Pascal / Uma fábrica pouco maior que caixinha de música faz o ofício do entendimento humano!

La pascaline (a pascalina) foi a primeira calculadora mecânica do mundo, planejada por Blaise Pascal em 1642. Originalmente, ele pretendia construir uma máquina que realizasse as quatro operações fundamentais. O instrumento utilizava uma agulha para mover as roda]s, e um mecanismo especial levava digitos de uma coluna para outra. Pascal recebeu uma patente do rei da França para que lançasse a calculadora no comércio. O engenho, apesar de útil, não obteve aceitação.
(wikipedia)

“Que dizer da engenhoca daquele tal de Pascal, cuja só menção é maravilha e pasmo das gentes? A pedido da Academia de Ciências, submeti o labirinto de peças e miuçalhas que dedilhadas calculam a todos os rigores do escrutí­nio: experimentei-lhe a eficácia todo um dia e não se enganou uma só vez. Bizarros tempos estes em que uma fábrica pouco maior que caixinha de música faz o ofí­cio do entendimento humano!”

Catatau pg 18 – primeira edição

Zona Autônoma Temporária na UPE

As oficinas que estão acontecendo no casarão da UPE são gratuitas e abertas a todos. A programação está sujeita a alterações no decorrer da semana e pode receber novas propostas.

(casarão na esquina da rua Pres. Carlos Cavalcante com João Manoel, Centro de Curitiba)
Oficinas Livres de Curitiba (sujeita a alterações no decorrer do perí­odo)
convite aos Pontos de Cultura__: http://converse.org.br/convite_oficinas_da_cultura_digital_em_curitiba
blog: http://metareciclagem.org/~glerm/curitiba/?p=2
link para a página do estúdio livre

Dia 12 de outubro

10:00 – saí­da do Hotel Caravelle para a UPE
11:00 – Papo inicial
12:00 – almoço
14:00 – Oficina de Reconhecimento de írea (Câmera na Mão), Oficina de Metareciclagem de Espaço (Mobiliário Alternativo)
18:00 – atividades livres

Dia 13 de outubro

09:00 – saí­da do Hotel Caravelle para a UPE
09:30 – Oficina de Tela Preta (Introdução ao Linux ), Oficina de íudio em Software Livre
(Gravações Multipista no Ardour), Oficina de Animação em Software Livre, Oficina de Metareciclagem de Espaço (Mobiliário Alternativo), Oficina de Software Social (Wikis e Blogs)
(Pixilation no GIMP)
12:00 – almoço
14:00 – Oficina de Tela Preta (Introdução ao Linux ), Oficina de íudio em Software Livre
(Gravações Multipista no Ardour), Ví­deo em Software Livre (Captura no Kino e Edição no Cinelerra), Oficina de Metareciclagem de Espaço (Mobiliário Alternativo), Oficina de Software Social (Wikis e Blogs)
18:00 – atividades livres

Dia 14 de outubro

09:00 – saí­da do Hotel Caravelle para a UPE
09:30 – Oficina de íudio em Software Livre (Gravações Multipista no Ardour), Oficina de Animação em Software Livre (Pixilation no GIMP), Ví­deo em Software Livre (Captura no Kino e Edição no Cinelerra), Metareciclagem de Hardware (Reapropriação Tecnológica para Transformação Social)
12:00 – almoço
14:00 – Oficina de íudio em Software Livre (Gravações Multipista no Ardour), Oficina de Animação em Software Livre (Pixilation no GIMP), Ví­deo em Software Livre (Captura no Kino e Edição no Cinelerra), Metareciclagem de Hardware (Reapropriação Tecnológica para Transformação Social)
18:00 – atividades livres

Dia 15 de outubro

09:00 – saí­da do Hotel Caravelle para a UPE
09:30 – Oficina de íudio em Software Livre (Gravações Multipista no Ardour), íudio Estranho e Ví­deo Estranho(VJ – criação de som e imagem em tempo real), Ví­deo em Software Livre (Captura no Kino e Edição no Cinelerra), Metareciclagem de Hardware (Reapropriação Tecnológica para Transformação Social)
12:00 – almoço
14:00 – Oficina de íudio em Software Livre (Gravações Multipista no Ardour), íudio Estranho e Ví­deo Estranho (VJ – criação de som e imagem em tempo real), Ví­deo em Software Livre (Captura no Kino e Edição no Cinelerra), Metareciclagem de Hardware (Reapropriação Tecnológica para Transformação Social)
18:00 – atividades livres
20:00 – encerramento

Na Rede

Rua das Flores: A primeira avenida do Brasil fechada ao trânsito de veí­culos (em 1971). Abrange a av. Luiz Xavier e parte da Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. O calçadão da Rua 15 de Novembro completa 30 anos no próximo domingo 19, como a primeira via exclusivamente para pedestres implantada no Brasil.


Uma corrente impedia o acesso de veí­culos í  rua 15 de Novembro. A foto é de 1973

Ação 5 na rua XV de Novembro, entre 11 e 16 de outubro: Vasos comunicantes de Páscal e a prova de ouro da coroa do rei Hierão. Banheira de Arquimedes no refluxo das redes hidraulicas de Surface Tension para o Kernel Hacking da Imersão/Missão Orquestra Organismo -segunda parte, pós maçonaria – A UPE subindo a rua XV de Novembro para a rede. A boca maldita no palato da web!–

O Sacerdote do Rio

Talvez o grande ponto de diferenciação entre a antiga religiosidade pagã e a teologia cristã pós renascentista seja a dessacralização da natureza. Um giro completo das concepções platônicas panteí­stas para o núcleo abstrato do Big Bang da era dos megatons. Em nome do deus único abstrato, o “deus de todos” depurado pela teologia cristã medieval, O Sol deixou de ser uma divindade, a Lua, a Terra, os Mares, e também os Rios. Se por um lado isto permitiu o tão celebrado “avanço” da ciência contra as trevas da superstição, e possibilitou a Galileu tratar a terra como uma bola e colocar o sol no centro do sistema planetário (já que os planetas passaram a ser apenas pedras enormes ou massas gigantescas de gases), abriu também espaço para as ações mais í­mpias de desrespeito ao “fácies” do ecossistema em nome das comodidades da vida urbana moderna e dos ideais da nova sociedade “esclarecida” pela ilustração. O gesto do Frei Luí­z é heróico no sentido mais puro da palavra. Que surjam também os sacerdotes do Belém, do Ivo, e do Iguaçu, enquanto há tempo!

Segue a carta do Sacerdote do Rio São Francisco ao Presidente da República

DECLARAÇÂO

Em nome de Jesus Ressuscitado que vence a morte pela Vida plena, faço saber a todos:

1. De livre e espontânea vontade assumo o propósito de entregar minha vida pela vida do Rio São Francisco e de seu povo contra o Projeto de Transposição, a favor do Projeto de Revitalização.
2. Permanecerei em greve de fome, até a morte, caso não haja uma reversão da decisão do Projeto de Transposição.
3. A greve de fome só será suspensa mediante documento assinado pelo Exmo. Sr. Presidente da República, revogando e arquivando o Projeto de Transposição.
4. Caso o documento de revogação, devidamente assinado pelo Exmo. Sr. Presidente, chegue quando já não for mais senhor dos meus atos e decisões, peço, por caridade, que me prestem socorro, pois não desejo morrer.
5. Caso venha a falecer, gostaria que meus restos mortais descansassem junto ao Bom Jesus dos Navegantes, meu eterno irmão e amigo, a quem, com muito amor, doei toda minha vida, em Barra, minha querida diocese.
6. Peço, encarecidamente, que haja um profundo respeito por essa decisão e que ela seja observada até o fim.

Barra, Bahia, domingo de Páscoa de 2005

Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM
R.G.: 3.609.650
C.P.F.: 291.828.835-72

“Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho”.

Frei Luiz

CARTA AO PRESIDENTE LULA

Barra, 26 de setembro de 2005

Senhor Presidente
Paz e Bem!
Quem lhe escreve é Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM, bispo diocesano de Barra, na Bahia.

Tive a oportunidade de conhecê-lo por ocasião da passagem do senhor por Bom Jesus da Lapa, na Caravana da Cidadania pelo São Francisco, em 1994. Isto aconteceu pouco tempo depois que fizemos uma Peregrinação pelo Rio São Francisco, da nascente í  foz, com objetivo de conscientizar o povo ribeirinho sobre a importância do rio para a vida de todos e a necessidade de preservá-lo. Fui-lhe apresentado por meu professor de teologia, Frei Leonardo Boff.
Sempre fui seu admirador. Participei ativamente em todas as campanhas eleitorais do PT, alimentando o sonho de ver o povo no poder.
Desde que o Governo Fernando Henrique apresentou a proposta de transposição do Rio São Francisco, fomos crí­ticos acirrados deste projeto. Desde então acentuamos a necessidade urgente de revitalização do rio e de ações que garantam o verdadeiro desenvolvimento para as populações pobres do Nordeste: uma polí­tica de convivência com o semi-árido, para todos, próximos e distantes do rio.
Esperávamos do senhor um apoio maior em favor da vida do rio e do seu povo. Esperávamos que, diante de tantos e consistentes questionamentos de ordem polí­tica, ambiental, econômica e jurí­dica, o governo revisse sua disposição de levar a cabo este projeto que carece de verdade e de transparência.
Quando cessa o entendimento e a razão, a loucura fala mais alto. Em meu gesto não existe nenhuma atitude anti-Lula neste momento delicado da vida nacional. Pelo contrário. Quem sabe seja uma maneira extrema de ajudá-lo a entender pelo coração aquilo que a razão não alcança.

Tenha certeza, é um profundo testemunho de amor í  vida.
Minha vida está em suas mãos.
Receba minha saudação fraterna e amiga,

Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM

A Justa Razão Aqui Delira

Roteiro dramatúrgico. Fragmentos do Catatau.

As 4 moradas do Palácio da Espada
Primeira edição, pg 17-18

“Mal emerso dos brincos em que consome puerí­cia seus dias, dei me ao florete, os exercí­cios da espada absorviam-me inteiros. Mestres suguei escolados na arte. Meu pensamento laborava lâminas dia e noite, posturas e maneios, desgarrado numa selva de estoques, florete colhendo as flores do ar. Habitei os diversos aposentos das moradas do palacio da espada . O primeiro florete que te cai na mão exibe o peso de todas as confusões, o ônus de um ovo, estertores de bicho, e uma lógica que cinco dedos adivinham. Nos florilégios de posturas das primeiras práticas, Vossa Mercê é bom. A espada se dá, sua mão florece naturalmente em florete, primavera a flor da pele. Todavia de repente o florete vira e te morde na mão. Não há mais acerto; Vossmercê não se acha mais naquele labirinto de posições, talhos, estocadas, altabaixos, pontos e formas. Passa-se a onde o menos que acontece é o dar-se meiavolta e lançar de si o florete: abre-se um abismo entre a mão e a espada. Agora convém firmeza. Muitos desandam, poucos perseveram. Vencido este lanço, a prática verdadeira começa. É a segunda morada do palácio: muitos trabalhos, pouca consolação. Aí­ o florete já é instrumento. Longo dura. Um dia, longe da espada, a mão se contorce no seu entender e pega a primeira ponta do fio, a Lógica. Vosmecê já é de casa, acesso í  quarta morada. A conversação com o estilete é sem reservas. O próprio desta morada é o minguado pensar: uma geometria, o mí­nimo de discurso. Tem a mão a espada como a um ovo, os dedos tão frouxos que o não quebrem e tão firmes que não caia. De que o mí­nimo destino contempla vosmecê e a espada – você se inteira: inteiro está agora. Aqui se multiplicam corredores, quod vitae sectabor iter? No concernente í  minha pessoa, escolhi errado: dei em pensar que eu era a espada e desvairar em não precisar dela. As luzes do entendimento bruxuleavam. Não estava longe a medicina dos meus males. Compus o papel de esgrima em que meti a palavreado o resultante de minha indústria passada. O texto escrito, não mais me entendi naquela artimanha. Em idade de milí­cia pus então minha espada a serviço de prí­ncipes, – estes gêmeos e os Heeren da Companhia das índias. Larguei de floretes para pegar na pena, e porfiam discretos se a flor ou a pluma nos autorizam mais as eternidades da memória. Hoje já não florescem mais em minha mão. Meti números no corpo e era esgrima, números nas coisas e era ciência, números no verbo e era poesia. Ancorei a a cabeça cheia de fumaça no mar deste mundo de fumos onde morrerei de tanto olhar. Julgar dói?”

Escudo
Primeira edição, pg 1

“Ergo sum, aliás, Ego sum Renatus Cartesius, cá perdido, aquí­ presente, neste labirinto de enganos deleitáveis – vejo o mar, vejo a baí­a e vejo as naus. Vejo mais. Já lá vão anos III me destaquei de Europa e a gente civil, lá morituro. Isso de “barbarus – non intellegor ulli” – dos exercí­cios de exilio de Ovidio é comigo. Do parque do prí­ncipe, a lentes de luneta, contemplo a considerar o cais, o mar, as nuvens, OS ENIGMAS e OS PRODíGIOS de BRASILIA. ”

O deus-máquina
Primeira edição, pg 18-19

“Maquinas vi incrí­veis: O espelho ustator, a eolipila de Athanasius Kircher. A luz de cí­rios e candeias um cone capta a incidir num cí­rculo de vidro com desenhos í  maneira de zodí­aco, o feixe de luz desenrolando a imagem por sobre uma parede branca: Padre Athanasius aciona a roda para dar vida ao movimento, almas agitam braços frenéticos entre as chamas do inferno ou os eleitos giram em torno do Pai, – lanterna mágica a coar sombras na caverna platônica. Que dizer da engenhoca daquele tal de Pascal, cuja só menção é maravilha e pasmo das gentes? A pedido da Academia de Ciências, submeti o labirinto de peças e miuçalhas que dedilhadas calculam a todos os rigores do escrutí­nio: experimentei-lhe a eficácia todo um dia e não se enganou uma só vez. Bizarros tempos estes em que uma fábrica pouco maior que caixinha de música faz o ofí­cio do entendimento humano! O relógio de Lanfranco Fontana está entre os dédalos máximos que os intelectos dessa era quimerizando puderam arquitetar: não contente em mostrar e soar as horas, acusa o movimento dos planetas e adivinha eclipses. Lidei com a obstinação da agulha magnética contra o Norte, perseguindo um meridiano. Outras calo para não alarmar o mundo das várias que temo um dia nos cerquem. Máquina considerado este corpo, Leonardo, aquele engenho tão agudo quanto artí­fice sutilí­ssimo não compôs um autômato semovente í  maneira de humano? Dia virá em que se ponham altares a um deus-máquina, – Deus, a máquina de uma só peça. Estas bestas fazem qualquer coisa das máquinas de que falo: Qual a finalidade destas arquiteturas tortas? Provocar-me pasmo, maravilha ou riso?”

interrogatório
Primeira edição, pg 132

“E pelo muito que lhe perguntaram respondeu que sim afirmativamente dando a entender por sons e ademanes que tal ato praticara e por mais não dizer foi lhe perguntado e quantas vezes e ele respondeu também por sons e ademanes que não sabia dizer ao certo quantas vezes tal ato praticara e assim o entendemos todos que não sabia quantas vezes o tal ato praticara e sabia que tal ato praticara pois com palavras e ademanes respondera que sim afirmativamente e disse sim e não negou negativamente mas respondeu sim positivamente e assim o entendemos todos pelo muito claro de seus sons e ademanes”

Autobiografia
Primeira edição, pg 15-16

“Desde verdes anos, tentaram me o eclipse e a economia dos esquemas. Exí­mio dos mais hábeis nos manejos de ausências, busquei apoio nos últimos redutos do zero. Foi a época que eu mais prestigiei o silêncio, o jejum e o não. Você sabe com quem está falando? Cultivei meu ser, fiz me pouco a pouco: constituí­-me. Letras me nutriram desde a infância, mamei nos compêndios e me abeberei das noções das nações. Compulsei í­ndices e consultei episódios. Desatei o nó das atas, manuseei manuais e vasculhei tomos. Olho noturno e diurno, palmilhei as letras em estradas: tropecei nas ví­rgulas, caí­ no abismo das reticências, jazi nos cárceres dos parênteses, rolei a mó das maiúsculas, emagreci o nó górdio das interrogações, o florete das exclamações me transpassou, enchi de calos a mão fidalga torcendo páginas. Em decifrar enigmas, fui Édipo; em rolar cogitações, Sí­sifo; em multiplicar folhas pelo ar, Outono. Freqüentei guerras e arraiais; assí­duo no adro das basí­licas, crusei mares, pisei o pau dos navios, o mármore dos passos e a cabeça das cobras. Estou com Parmênides, fluo com Heráclito, transcendo com Platão, gozo com Epicuro, privo-me estoicamente, duvido com Pirro e creio em Tertuliano, porque é mais absurdo. Lanterna í  mão, bati í  porta dos volumes mendigando-lhes o senso. E na noite escura das bibliotecas iluminava-me o céu a luz dos asteriscos. Matei um a um os bichos da bí­lblia. Me dixit magister quod ipsi magistri dixerunt:”

Sinópse
Primeira edição, pg 101

“Num ouvido escrito: ENTRADA, noutro ouvido escrito: SAíDA”

Torre de Vrijburg
Segunda edição (Sulina), pg 34

“Preserva-se do real numa turris ebúrnea; o real vem aí­, o real está para chegar, eis o advento! Vrijburg defende-se, se defendam vrijburgueses, o cerco aperta, alerta, alarde, alarme, atalaia! Todo o tiro é susto, todo fumo – espanto, todo cuidado – pouco caso. Vem nos negros dos quilombos, nas naus dos carcamanos, na cara destes bichos: basiliscos brasilicos queimam a cana, entre as chamas passando pendôes. Cairás, torre de Vrijburg, de grande ruí­na. Passeio entre cobras e escorpiões meu calcanhar de Aquino, caminhar de Aquiles. E essa torre da Babel do orgulho de Marcgravf e Spix, pedra sobre pedra não ficará, o mato virá sobre a pedra e a pedra a espera da treva fica podre e vira hera a pedra que era… A confusão das lí­nguas não deixa margem para o rio das dúvidas banhar a ouro e verde as esperanças dos planos de todos nós: as tábuas de eclipses de Marcgravf não entram em acordo com as de Grauswinkel; Japikse pensa que é macaco o aí­ que Rovlox diz fruto dos coitos danados de toupinamboults e tamanduás; Grauswinkel, perito nas manhas dos corpos celestes, nas manchas do sol e outras raridades urânicas é um lunático; Spix, cabeça de selva, onde uma aiurupara está pousada em cada embuayembo, uma aiurucuruca, um aiurucurau, uma aiurucatinga, um tuim, uma tuipara, uma tuitirica, uma arara, uma araracá, uma araracã, um araracanga, uma araraúna, em cada galho do catálogo de caapomonga, caetimay, taioia, ibabiraba, ibiraobi! Viveiro? Isso está tudo morto! Por eles, as árvores já nasciam com o nome em latim na casca, os animais com o nome na testa dentro da moda que a besta do apocalipse lançou com uma dí­zima periódica por diadema, cada homem já nascia escrito em peito o epitáfio, os frutos brotariam com o receituário de suas propriedades, virtudes e contraindicações. Esse é emético, esse é diurético, esse é antisséptico, laxante, dispéptico, adstringente, isso é letal.”

Em Trânsito / Casa Hoffmann

Prezados amigos,

Neste domingo, dia 25, í s 16 horas, o Ciclo de Ações Performáticas retoma suas atividades. Para quem não conhece, o evento foi uma iniciativa independente dos bolsistas do Centro de Estudos do Movimento da Casa Hoffmann, e durante 2003 e 2004, movimentou a cena curitibana, com trabalhos e discussões de artistas de diversas áreas, trazendo um olhar crí­tico e possibilitando um espaço em que essas pesquisas pudessem ser desenvolvidas.

Este ano, depois das negociações com a nova gestão sobre os rumos que seriam dados í  Casa, chegamos a esse formato: uma série de conversas que de certa forma falam de trajetórias – polí­ticas, estéticas, teóricas – trajetórias que se relacionam com as tantas decisões que tomamos ao fazer nossos trabalhos.

O primeiro encontro reúne oito artistas para começarmos uma conversa sobre a trajetória da performance art (inclusive para nos perguntarmos o que é isso) – a performance que vem acontecendo em Curitiba, desde a década de 1980 até hoje, a performance como influência na produção de outras linguagens. Isso também serve para que nos conheçamos um pouco mais, para que curitibanos comecem a olhar com mais cuidado para o que se produz em Curitiba, e percebamos como criamos e somos criados pelo que acontece aqui.

Os artistas convidados são Leila Pugnaloni (Grupos Convergência e Bicicleta), Rossana Guimarães ( Moto Contí­nuo e Bicicleta ), a coreógrafa Rocio Infante, a encenadora e performer Cristiane Bouger (falando da Casa Hoffmann), a performer Margit Leisner, os artistas visuais e performers Octávio Camargo, Tony Camargo e Orlando Muzca (integrante do Interluxartelivre).

Este mapeamento está no iní­cio, e convidamos a todos para participar dessas descobertas, nos ajudar a estabelecer esses ví­nculos, e contribuir da forma que for possí­vel para o começo de uma comunidade artí­stica. Uma comunidade crí­tica, mas não por isso menos diversa – para que, na diversidade, possamos encontrar meios comuns, e o trabalho de cada um seja um caminho aberto para todos.

Cristiane Bouger

Serviço: Ciclo de Ações Performáticas – Em Trânsito. Curadoria: Cristiane Bouger, Gustavo Bitencourt e Neto Machado. Abertura: dia 25/9 (domingo), í s 16h. Casa Hoffmann. R. Claudino dos Santos, 58 (em frente ao bar Sal Grosso) – Largo da Ordem. Tel.: 3321.3232 / 3321.3228. ENTRADA FRANCA.