2005/dia 13- sábado – noite
Ao pretender assim torrencialmente todas as palavras,
Uma a uma ao fim somando muitas
Como se em direção a todas fosse em si possível,
Como se muitas juntas em um belo dia,
De tantas acrescidas,
Uma só total verdade aparecesse.
Aí estão palavras mil e mais aquelas
Que de sopetão
E por justeza necessária aos fatos
Vão aparecendo
E mais aquelas que invocamos
E emprestamos aos que
Já por posse, por direito e invenção,
As escreveram e disseram.
Quem sabe assim
Com esse mais e mais exíguo tempo que me resta
Também exíguos possam ser os motes, os verbetes,
Os caprichos de uma língua que é falada
Pela só população de uma habitante.
E pelo exíguo tempo que me resta,
E com as tantas mas tão poucas coisas que conheço
Só por si só e pelos mais desejos que desejo intensamente
Nas renúncias que povoam o meu dia a dia
Ano após ano
E sempre mais profundamente eu renuncio
Quem sabe um dia
Em total repouso
Fique eu apaziguada
E apaziguado o meu corpo.