Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas no gênero. E acontece até o seguinte: quanto mais honesto é o homem, mais coisas assim ele possui (“¦)
Agora, quero justamente verificar: é possível ser absolutamente franco, pelo menos consigo mesmo, e não temer a verdade integral?
Fiódor Dostoiévski, Memórias do Subsolo, pg. 52 – (Editora 34)
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Inserir título curioso aqui.
PROPOSTA:
Apresentação performática-de-sombra-presente da Orquestra Organismo a partir de estudo do repertório de 3 anos de publicações poéticas na revista eletrônica Hackeando Catatau.
www.organismo.art.br/blog
por simone bittencourt, glerm soares, lucio de araujo, octavio camargo e occam.
(…)Pronto. Sopro a fumaça, sofro a pressão,
mais um pouco e nada mais terá acontecido, tudo será
o que fôr, e o que der e vier – seja lá o que será? O
nó, cego, surdo e mudo: atravessuras! O poliglota
analfabeto, de tanto virar o mundo, ver as coisas e
falar os papos, parou para pensar ao pé de uma
montanha. Assaltaram-no dois pensamentos. Um na
língua materna, outro em língua estrangeira. O
primeiro fêz a pergunta, o outro respondeu.
Resultado: sou pai de minhas perguntas e filho de
minhas respostas. Sei um signo. A regra diz: responda
sim ou nunca responda, indefinitus et inexplicabilis
sermo. Preciso acrescentar í pergunta o que lhe
falta. Está faltando um signo. Logo o comprendido.
Nada posso representar, o jôgo pára. (…)”
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Desprendido de imagens que se rompem a um capricho dos deuses,
te regressas ao que, fora do tempo,
é tempo infinito
(…)
no secreto semblante da verdade.
Poema de Carlos Drummond de Andrade, na cédula de 50 cruzados novos.
BLOG E*OU, post número zero: este “inacessível do Inconsciente”
“Humano: Mas isto não é ser benevolente, como poderei vencer a mim mesmo, isto não é justo. Meu Deus não…
ícaro: Vai perder, Vai perder, e sua cabeça vai rolar…
Humano: Como chegarei a vitória? Meu Deus porque não aparece, sempre nas horas de apuros some. Apareça! Filha da Puta.
ícaro: Alguém vai ter pena de você nem que seja você mesmo.” (…)
Humano: Quer dizer então que me concede uma chance de rever meu Deus?
ícaro: O destino da humanidade mais uma vez será decidido pela forma mais convencional desde os mais remotos tempos: o jogo.
ícaro: JOGO! Roleta Russa, Bingo, Business, Compra, Venda, Namoro, Casamento. Como todo bom jogo, estou sedento, já estou prevendo, o sangue derramado, se faz justo? O que importa é só um jogo.
ícaro: Desde os primórdios, por toda infância aos humanos é ensinado a jogar. Jogar, competir, ganhar. E se fez da vida um reles jogo, em que só há vencedores se houverem perdedores, um princípio simples, uma revelação.
ícaro: E como sempre o jogador será somente um: O humano! Conseguirá este a vitória?
ícaro: Um jogo sem regras e com todas as cartas na mesa, inclusive a mais temida, a mais negada pelo ser humano: A consciência!
(…)
DESAFIATLUX
“Eu não estou ouvindo música, é outra coisa que está acontecendo. Signos evidentes por si mesmos, por incrível que cresça e apareça, multiplicai-vos! Creio em um sinal. Ei-lo. Não me lembro bem. Distraio-me. Perco os sentidos, ganho os dados. Deus não morreu. Perdeu os sentidos. Sempre que possível, o contemporâneo já passou. Perdeu-se no fim. (…) um segredo óbvio. Eu, contemporâneo do meu fantasma, olho-me no espelho e vejo nada. Submeto-me a isso. A percepção. (…) Atenção. Quero a liberdade de minha linguagem. Vire-se. Independência ou silêncio. As núpcias da Essência e da existência. Vir a ser é assim.” Paulo Leminski – Catatau.
Não deveríamos ter expectativa alguma do que fazemos, o que fazemos não é bom nem ruim, o que fazemos é nada. Os acontecimentos somente fazem parte de um coeficiente infinito: 0=0, pura redundância. Cúmplices de uma farsa, nossa lógica não é limpa, somos exorcizados a golpes inautênticos gerados pela cultura econômica dos excessos. Toda nova informação é formulada por uma expectativa frustrada, absoluta e que aponta para um único sentido/abismo.
Desvio ou catástrofe? Delirium tremens. Ser o tormento dos próprios pensamentos, perturbação da nossa própria ordem. O desafio como ruído.
– O sintoma é uma “pista” da história do sujeito (seminário 1). Como o indica Freud, é “o signo e o substituto de uma satisfação pulsional que não teve lugar… o resultado da moção pulsional tocada pelo recalcamento”. (Inibição, sintoma e angústia). – Lacan precisa também que recalcamento e retorno do recalcado são “uma só e mesma coisa, o direito e o avesso de um só e mesmo processo” (Lacan, Jacques – Seminário 3 – 14/12/55).
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olhos de corvo
Em qualquer tempoépoca o seu contemporanêo se desespera.
A desesperança gera artimanhas e as artimanhas o fazem desesperar novamente.
mesmo lá do outro lado da noite,
onde parece que não mais amanhecerá,
posta-se firme um sujeitinho
chamado amanhã.