Cultura Digital

Em primeira mão aí­ pros beta-testers o que estará por vir com os Pontos de Cultura, e segue o baile…

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Almanaque 02 (pdf 3.4MB)

Almanaque 03 (pdf 7.0MB)

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. Pensar Música (Produção Musical Autônoma)

Pensar música também é fazer música? Música como escultura? Música tem cor ou gosto? É foto no jornal, página na Internet? Música é pra dançar? Assobiar? Escrever?

O grande problema que nunca é discutido entre candidatos a músicos ou artistas é: o que é esta produção que eles querem tornar pública?

Seria muito querer que qualquer candidato a “rockstar” ou “astro da MPB” se envolvesse em questões estéticas ou sócio-polí­ticas? E será que aqueles que reclamam de falta de espaço sabem que espaço é esse que estão procurando?

O que pass
a despercebido é que, por trás de todo o aparelho da mí­dia corporativa que constrói a realidade espetacular do cotidiano, existe o ser humano –essa entidade determinada pela microdinâmica de seus relacionamentos mais próximos, com as pessoas com quem se importa e lugares em que vive e se movimenta.

Representar esta realidade com sinceridade pode tanto causar desconforto (que desperta reflexões essenciais) ou a catarse coletiva (por uma identificação dos sentimentos irreprimí­veis).

Na sociedade de consumo (em que a vida cotidiana e a simples contemplação do mundo perde espaço para desejos de pertencer ao status quo criado pela máquina institucionalizadora), a idéia de catarse coletiva tornou-se uma obsessão pela possibilidade de se produzir arte em escala industrial. É aí­ que se instalou um desejo de “vir-a-ser” que polui o imaginário do artista desde a infância e cria todo o fluxo de produção do artista frustrado (aquele que sucumbe í s regras do mercado ou considera sua produção um “hobby”).

O problema é que o tal indiví­duo não produz pela necessidade de dar voz aos seus pensamentos/sentimentos mais latentes. Este tipo de “função social” produz toda uma indústria í  sua volta: aquela que trata o artista como se estivesse fazendo um favor em ajudar e move o sujeito apenas pelo desejo de “fazer parte” de todo o jogo de vaidades. Já a indústria alimenta-se de subprodutos clonados dos poucos expoentes autênticos que surgem de tempos em tempos e que encontraram quase sem querer o cerne do imaginário coletivo de determinada geração, justamente por terem buscado uma personalidade através da espontaneidade que outros tentarão imitar a peso de investimentos em marketing, criando um ciclo eterno.

O que os candidatos ao fracasso não percebem é que, independentemente de se tornar um bem-sucedido í­dolo popular ou um satisfeito modelo de resistência cultural, o que produz qualquer tipo de arte (de elites ou massas) é a busca por novas formas de expressão.

Não adianta pensar “fulano fez assim e deu certo, então o jeito é fazer parecido”. É preciso construir o próprio rascunho, assumir riscos, surpreender. Você vai perceber que mesmo sem “dar certo” vai valer a pena. A partir disso, qualquer discussão sobre “fazer sucesso” praticamente perde todo o sentido.

E quanto ao fator “como vou ganhar dinheiro”? Mova-se, agite sua cena, crie um consumo inteligente e saudável em torno de sua idéia (fazendo com que ele gere novas idéias), envolva-se em pesquisa, crí­tica e divulgação. Crie alternativas. Você vai perceber que não está sozinho e o glamour da indústria custa muito mais caro do que o status que ela promete.

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