NBP-Novas Bases Para personalidade

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“Não tem foto”


Novas
Bases para a Personalidade

por Cezar Migliorin

(texto “emprestado” do site revista_cinética )



“Você gostaria de participar de uma experiência
artí­stica?”

Assim começa o trabalho que Ricardo Basbaum
leva í  Documenta 12, em Kassel, a mais importante exposição de arte contemporânea
da Alemanha e uma das mais importantes do mundo. Se a pessoa aceitar a proposta
do artista, ela deve ficar um mês com um objeto inventado por Basbaum, utilizá-lo
como quiser, ser responsável por seus atos e documentar essa utilização. O projeto
acontece desde 1994, parte de um projeto maior – NBP
(Novas Bases para a Personalidade) – e encontra diversos desdobramentos.
Em Kassel, por exemplo, ele é apresentado como uma instalação que disponibiliza
para o público o work in progress – trabalho não finalizado, em processo.

Em
Kassel, Basbaum construiu uma arquitetura escultural (definição do artista) em
que há partes de toda a teia que compõe o dispositivo relacional inventado por
ele. São oito monitores onde vemos ví­deos e fotografias (1045) feitas por pessoas
e grupos que participaram da experiência, dois monitores ligados ao site Você
quer participar de uma experiência artí­stica
,
no qual temos acesso í s
declarações dos participantes e do artista e um grande banco de dados sobre o
projeto e, ainda, dois monitores divididos em quatro imagens advindas de câmeras
de segurança colocadas na própria instalação: o público pode também se ver entre
as imagens.

Operando dentro de um regime contemporâneo da
imagem em que cada espectador é uma célula única de produção, tendendo para um
esfacelamento das distinções entre produtor e receptor, doméstico e industrial,
público e privado, as diversas fotos e ví­deos que vemos são imagens ordinárias
que perdem a banalidade porque são impregnadas por um desejo de encontro entre
artista, objeto, participante e espectador. O projeto de Basbaum poderia facilmente
tornar-se uma busca das relações extraordinárias e espetaculares com o objeto,
porém não é isso que acontece. Ao se distanciar do exótico e único, é a própria
vida ordinária, que leva o objeto para a praia ou o transforma em isopor para
gelar a cerveja, que ganha uma dimensão poética. Com o objeto, a banalidade é
atravessada por uma escritura, por uma montagem entre os elementos que se relacionam
no dispositivo – participante, praia, mar, areia, sol, água, flor, globo, bola,
máscara, ví­deo, artista.

Dispositivo aqui entendido como

a construção de um espaço em que existe um enfrentamento, um encontro entre heterogêneos.
Não somente um acordo entre as diferentes partes que o compõem, mas uma presença
de um desacordo, de rejeições e desarmonias, trazendo para o projeto um caráter
propriamente polí­tico. NBP é um dispositivo que operam com múltiplos indiví­duos,
máquinas e instituições e é esta relação que possibilita a produção de imagens
– que são, elas próprias, parte do dispositivo, como fica claro no modo como a
instalação é apresentada.


uma saborosa heterogeneidade de imagens que se unificam no objeto, não para formar
um todo consistente, criar uma narrativa ou um sistema. O objeto que Basbaum empresta
í s pessoas se constitui como uma força que impossibilita que as imagens adentrem
uma lógica aleatória ou esquizofrênica onde nada se liga a nada – sem deixar,
entretanto, de fazer aparecer uma diversidade caótica. O objeto está a cada vez
em lugares diferentes, participando de ações diferentes e sendo parte da invenção
de gestos singulares. Esta reincidência do objeto faz com que ele acabe por desaparecer
das imagens. Apesar de estar ali, o que vemos é o entorno – pessoas, grupos, sons,
outros objetos – que se contorcem, batem, equilibram, falam e ouvem em relação,
harmônica ou tensa, com o objeto e com o dispositivo como um todo.

Basbaum
modula sua presença entre momentos onde parece perder o controle dos desdobramentos
de sua experiência e outros em que se faz mais presente, como na feliz invenção
do objeto. Ao entregá-lo para o participante ou ao fazer essa instalação que reúne
objeto, participante e público, o artista está construindo uma cena, um espaço
onde se apresenta o que pode ser dito e visto. Mas esta decisão estética não pertence
ao artista somente, é uma operação compartilhada em que o artista é parte do dispositivo,
parte da cena que está sempre se criando.

Em
um dos ví­deos apresentados na instalação na Documenta vemos um grupo destruindo
o objeto. Uma ação violenta que materializa este distanciamento do artista em
relação aos desdobramentos pré-concebidos para o projeto. A circulação do objeto
e das imagens compõem assim uma obra mutante e metaestável, que encontra esses
momentos de estabilidade, como na instalação da Documenta, mas sempre apontado
para fora dali. Em 2003, por exemplo, o Coletivo Vaca Amarela, de Florianópolis,
entra na experiência proposta por Basbaum com a fina ironia de quem percebe o
destino do objeto e o doa para o Museu de Arte de Santa Catarina com o nome de
“Doação do NBP”. Nesta época, por questões financeiras, havia um único NBP em
circulação, apesar de ele nunca ter sido pensado como um objeto de tiragem limitada,
segundo Basbaum. Um dispositivo não é um sistema, e isso fica claro com a ação
do coletivo. Ao dispositivo lhe falta a coerência interna, lhe falta as fronteiras
que o separariam de outros dispositivos e instituições; o museu, a Documenta,
etc.

Um dispositivo, este de Basbaum, nos permite sair da
dicotomia do um e do outro, tão cara í  teoria ligada ao documentário, por exemplo.
Uma dicotomia que trabalha com relações de simetria como se cada lado da relação
tivesse uma integridade, uma totalidade e as relações de troca, mistura e tensão
se dessem de um ao outro, entre duas entidades limitadas. Neste dispositivo, não
cabe uma relação entre dois que se dê de forma dialética ou como causa e efeito.
A partir de um certo momento, as separações entre artista, participantes e todo
o dispositivo são irrelevantes. O que não significa dizer que a tensão desaparece,
que há solução do dissenso.

A relação polí­tica e estética
que se dá entre indiví­duos e grupos nas NBP acontece na imanência do dispositivo
e não como adequação de um indiví­duo í  uma forma que lhe antecede. Se o indiví­duo
é algo que sempre aparece em um processo de individuação, distante sempre de uma
realidade substancial, o trabalho de Basbaum intensifica essa percepção inventado
um dispositivo que materializa e traz uma presença estética para o próprio processo
de individuação. Em outras palavras, as imagens que vemos no site ou em Kassel,
aparecem como fugidios modos de vermos os participantes experimentando seus corpos,
imaginações, inteligências. Um dos participantes – Jorge Menna Barreto –. por
exemplo, decide enterrar o objeto, tirando-o de circulação e manifestando o desejo
de não ter a experiência: uma das experiências mais singulares do mundo contemporâneo.

O
objeto passa a fazer parte da vida como um shifter de subjetividade, como
escreveu Félix Guatarri, um elemento que bifurca a cena em que a vida se dá, um
acontecimento que não obriga o gesto ou a fala, mas que não permite nem o mesmo
gesto, nem a mesma fala. O objeto é então um intensificador de processos de individuação.
As imagens que aparecem nos ví­deos e fotos documentam esses deslocamentos, do
objeto e do participante e a relação dinâmica que se dá entre eles. A entrada
do objeto na cena do participante acaba por ser delicadamente reveladora do indiví­duo
ou grupo que o utiliza, como em um documentário; sem perguntas, sem off e sem
um mundo que se entregue in-natura; tudo passa pelo dispositivo que é sempre um
agenciamento coletivo, desindividuado, transubjetivo, como escreveu Brian
Holmes sobre o trabalho de Basbaum
, nem social nem individual. O que se vê
é o indiví­duo deixando um lugar estável, identitário, para jogar com gestos e
modos possí­veis de lidar com essa Nova Base da Personalidade.

Entretanto,
há uma ironia nesse movimento que é parte do diálogo que Basbaum
estabelece
com artistas como Ligia Clark e Helio Oiticica. A ironia não é
propriamente com os artistas, mas com a história e com o tempo. Se a experiência
da arte passa para todos eles por uma interação sensorial e afetiva com o objeto,
no caso de Basbaum estamos distantes de uma reinvidicação utópica libertária.
Entretanto, ele escolhe um nome e um processo que não deixa de fazer uma aposta
na vida e na produção subjetiva como um operação estética e ética. Há nesse sentido
uma inadequação entre a arte, tão incerta, falha e ambí­gua e a idéia de criar
novas bases para a personalidade através de uma experiência sem garantias. Há
um humor mesmo nesta escolha do nome do objeto – Novas Bases para a Personalidade.
Podemos imaginar que a arte está sempre dando essas novas bases da personalidade,
inventando objetos em que o processo de subjetivação seja uma constante, interminável
– esta é a noção mesmo de resistência ao totalitarismo e ao fascismo exposta por
Guatarri. Mas, ao escolher o efeito como nome do objeto, Basbaum está, pelo menos
hoje, flertando uma certa crença excessiva na arte.

Se desconsiderarmos
o humor presente no projeto de Ricardo Basbaum, ele ganha uma dimensão utópica
e perde sua força tanto como obra que efetivamente mobiliza o público e o participante
de maneira estética e ética, assim como se perde o comentário generoso e irônico
em relação í s artes em geral. A força deste trabalho está, por um lado, no modo
como ele se coloca na fronteira entre um ideal utópico fundado no encontro e no
acontecimento que se desdobra na invenção subjetiva como modo de resistência aos
poderes produtores de identidades funcionalizáveis para o capitalismo, e, por
outro, no humor de quem se percebe caminhando em campo minado. Com auto-ironia
o artista se vê na fronteira do próprio poder ligado ao capitalismo contemporâneo
que, tendo incorporado a crí­tica artí­stica (Boltanski) por mais independência,
autenticidade e inovação nas relações de trabalho, criação e dehierarquização
fundadas na autonomia do trabalhador e do consumidor; se alimenta das invenção
subjetivas. Trata-se de uma passagem no mundo do trabalho do savoir-faire

(saber fazer) para o savoir-être (saber ser) (Boltanski, de novo).
No encontro com o seu oposto – personalidades divergentes, criações subjetivas,
modos singulares do ser – as forças do capitalismo encontram uma adaptabilidade
superior. A adaptação as torna mais forte.

A dimensão utópica
de uma arte móvel, de uma arte sem barreiras geográficas ou fronteiras, é revista
pela ironia que existe no projeto. É ainda a partir dessa ironia presente no tí­tulo
do projeto e na forma dos NBP que Basbaum marca um distanciamento crí­tico em relação
í  possibilidade emancipadora da criação de ligações sociais. O conexismo, a criação
de redes recebe um impulso e um piscar d’olhos. O projeto consegue se descolar
do puro elogio í  formação de uma teia, como se a sua criação tivesse sempre desdobramentos
ótimos e como se a crescente mobilidade não estivesse ligada í  fixidez e imobilidade
de outros (Boltanski).


ainda humor na forma do objeto inventado por Basbaum. Trata-se um “trambolho”.
Imagino que a cada vez que o artista mostra seu objeto ao participante a apresentação
deve ser acompanhada de um sorriso. Estamos distantes de objetos maleáveis como
os Bichos de Ligya Clark, da leveza e coloridos dos Parangolés
de Oiticica. Trata de um objeto industrial, grande, rí­gido, que não pode ser escondido
em um armário ou esquecido em um canto qualquer da casa e que se aproxima de um
objeto duchampiano por dificultar qualquer julgamento de gosto ou de simples contemplação
estética. A mobilidade do objeto e a experiência de seu conví­vio não são separadas
de um desconforto com sua presença.

O trabalho de Basbaum
leva ao limite a arte contextual tal como descreve Paul Ardenne para, ao
mesmo tempo, pela ironia, se distanciar dela. O elogio de Ardenne í  arte contextual
se baseia em uma arte que se coloca “sob o risco do real”, para usar
a expressão de Jean Louis Commoli. Seu contraponto é de uma arte estética fundada
em critérios acadêmicos. Para Ardenne, colocar-se em contexto é estabelecer conexões
que recusam o distanciamento do artista da realidade e, por isso, o elogio que
o pesquisador faz í  arte contextual e í  contingência em que ela opera. Esse corpo-a-corpo
com o real é seguido da necessidade de experimentar – a si a ao mundo -, conectar,
se colocar em relação com o outro, procurar co-implicações, confrontações com
o espaço coletivo, ação no lugar da contemplação, expansão fundada na experiência
– sempre mais, sempre outro – e, por fim, uma posição, menos estética que polí­tica.
A polí­tica, para Ardenne, passa então pela experiência. A experiência é o que
permite alargar o saber, os gestos, as atitudes, os conhecimentos, dinamizar as
criações e as conexões possibilitando a vivência de fenômenos inéditos e melhores
formas de habitar o mundo.

Se voltarmos ao trabalho de Basbaum,
o desdobramento das Novas Bases para a Personalidade se encaixam com perfeição
nesta aposta contextual de Ardenne. Não por acaso, e com razão, Ardenne comenta
os Bichos de Ligya Clark como momento “chave” da prática contextual
em que o artista “pode colocar óleo nas engrenagens da vida coletiva e, assim
fazendo, se tornar um multiplicador de democracia”. Entretanto, o projeto
de Basbaum explicita o dispositivo ao chamá-lo de Você quer participar de uma
experiência artí­stica
e ao nomear o objeto não pela forma, como Ligya Clark,
mas pelo resultado; Novas Bases para a Personalidade. Entre o nome do projeto
e o nome do objeto existe o espectador que transita entre a relação experimental
com o objeto, sua vida e seu meio e o ponto possí­vel de chegada: bases para uma
nova personalidade.

Um ponto de chegada, evidentemente irônico.
Colocar o participante entre a experiência e as novas bases parece ser
ao mesmo tempo a aposta na experiência e a percepção de como ela pode ser capturada,
funcionalizada. Não há devir utópico possí­vel baseado na experiência e é essa
dimensão ambivalente da arte em contexto que escapa a Ardenne e não a Basbaum.
Penso esse trabalho de Basbaum como parte dessa encruzilhada, desse lugar tenso
em que a arte atravessada pela vida resiste e não pára de tensionar e se esquivar
das freqüentes capturadas feitas pelos poderes contemporâneos.

INSTRUÇÃ?â?ES DE USO (PDF)

referencia em inglês “emprestada” do blog deste trabalho.

Would you like to participate in an artistic experience? is a project about involving the other as participant in a set of protocols indicative of the effects, conditions and possibilities of contemporary art.

Would you like to participate in an artistic experience? starts with the offering of a painted steel object (125 x 80 x 18 cm) to be taken home by the participant (individual, group or collective), who will have a certain period of time (around one month) to realize an artistic experience with it. Although the physical object is the actual element which triggers the processes and starts up the experiences, it in fact brings to the foreground certain sets of invisible lines and diagrams concerning all kinds of relations and sensorial data, making visible networking and mediation structures.

It is up to the participants to take the decisions of what kind of experience will be enacted, where the object will be taken and how will it be useful, during the time they are in the possession of it. The participants of Would you like to participate in an artistic experience? – individuals or groups – perform experiences from their own proposition and choice that can reflect on life and art issues, regarding the relationship between the subject and the other, conducting to some transformation process. The participants send feedback in the form of texts, images, videos or objects, and the documents will be displayed in a website, especially developed for the project – each participant will have access to editing tools, which will permit them to upload the documentation themselves.

Would you like to participate in an artistic experience? was initiated in 1994 and has already circulated through several cities, from London (UK) and San Sebastián (Spain), in Europe, to Rio de Janeiro, Vitória, Brasí­lia, São Paulo, Porto Alegre and Florianópolis, in Brazil. More than 30 participants (some of them, groups and collectives) have produced several experiences and an extensive and interesting documentation – which is displayed at the project website. Would you like to participate in an artistic experience? is clearly a piece of work-in-progress, as it finds its way in the very process of being developed. Virtually, this project has no near end at all, since its continuity does not depend on its author/proposer lifetime – the object is conceived as a multiple, and so new objects can be produced any time it is required.

The object used at Would you like to participate in an artistic experience? has its shape designed according to the NBP – New Bases for Personality project, an on-going project comprising drawings, diagrams, objects, installations, texts and manifestos, initiated in the 1990s. The NBP project connects contemporary artââ?¬â?¢s practices and concepts to communicational strategies, getting in touch with some of the recent developments on the politics of subjectivity. NBPââ?¬â?¢s specific shape was designed to be as easily memorizable as its sign: after experiencing any NBP work the viewer leaves with NBP and its specific shape in his or her body – a kind of implanted or artificial memory, as the result of a subliminal sensorial contamination strategy. NBP project addresses transformation, as it is meant to transform itself as a result of its history and process.

the collaboration with documenta 12

For documenta 12, twenty new objects were produced. Ten of them circulate in Brazil and Latin America, nine in Europe and one in Africa. The project is conducted in four different and complementary stages: (1) invitation to participate; (2) experiences by the participants; (3) display of the experiences at the website; (4) installation-exhibition. The first three stages are performed since the objects are distributed at the experiences� sites, and start circulating; the fourth stage takes place with the display of the results in an sculptural-architectonic installation developed for the exhibition in Kassel in June 2007.

——————-e/ou:

Experiência de Claudia Washington com NBP
Ação/Reação

Resultante da coleta de dados ação/reação na Casa Hoffmann. 27 de março/18 de abril de 2007.

AÇÃ?â?¢ES
1. introduzir NBP;
2. Informar (incitar o questionamento da forma);
3. observar reações;
4. selecionar e classificar dados;
5. manipular resultados.

NBP
estrutura desconhecida

COMO LIDAR COM ESTRUTURAS
DESCONHECIDAS
1. questione-as
2. ignore-as
3. acredite nelas
4. tire-as do seu campo de visão
5. aproxime-se delas

NíVEL DE ACEITAÇÃO
Relação entre oferta e resposta por via de extensões não orgânicas registráveis em suportes matéricos, virtuais, ou mnemônicos. Ex. e-mail, texto impresso, número de contatos diretos, oralidade remota (telefone).

puros_dados_claudia

Experiência de Newton Goto com NBP
O Ancestral Comum entre a Geladeira e o NBP

Olá, Ricardo

Nesse último domingo, dia 22 de abril (!), estávamos fazendo uma reunião na casa e/ou, basicamente motivada por um encontro dos artistas que participaram do projeto Bolsa Produção em Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba, visto que recentemente haví­amos inaugurado nossos trabalhos em museus da cidade (isso se deu nos dias 17 e 18). No meu caso, foi a estréia do Desligare… Conversávamos ao redor da fogueira… Além dos bolsistas, alguns outros artistas da cidade, alguns dos e/ous, e Marcos Hill (do CEIA, de BH) também estavam por lá. Marcos foi um dos curadores do projeto e envolveu-se bastante com a comunidade local, para nossa satisfação, tanto é que além de termos feito algumas caminhadas pela cidade, estávamos todos lá naquele amistoso encontro presente, entre outros projetos futuros.

Enfim, em meio aquele começo de noite gostoso, com clima bom, fogueira e garapirinha (e uma clandestina), e muito papo, fomos contatados por telefone numa chamada de Claudia Washington, dizendo que o NBP estava naquele momento migrando para a e/ou. Já haví­amos conversado sobre essa perspectiva, ainda assim, sem definirmos uma data. O próprio domingo havia sido cogitado como possibilidade para a chegada do não-objeto, entretanto, sem tempo hábil para nos programarmos, haví­amos protelado os planos de chegada do NBP. Então, mesmo já havendo um certo clima para o acolhimento da proposta, foi um acontecimento um pouco inesperado também, uma surpresa.

NBP chegou no porta-malas de um carro. Era aproximadamente 19h, e já era noite. Carregamos a estrutura em três pessoas, levando-a para perto da fogueira, no meio de nossa roda-de-papo. Esse pequeno trânsito entre a rua e o quintal já foi uma experiência corporal, por assim dizer: adaptar-se í  forma do não-objeto, distribuir seu peso entre os carregadores. Lembrou-me na hora o transporte de uma tora, e mais ainda, o de um caixão…

PARÃ?Å NTESES NÂS 1:
(muitas idéias de arte já morreram mesmo, e ainda que naquele momento imediato tenha surgido a lembrança de algum cortejo fúnebre, sabí­amos que o campo de relações e sensações desejadas pelo NBP faz parte de uma outra dinâmica artí­stica, bem mais aberta: relacional, situacional, que considera o outro como significante das coisas, que incorpora as singularidades culturais, históricas e geográficas do indiví­duo participante. O NBP pendurado num museu tradicional, com um polí­tica tradicional, aí­ sim seria um cadáver no cemitério da cultura. Entretanto, o Novas Bases para a Personalidade – você gostaria de participar de uma experência artí­stica? Propõe-se como um ideário e prática nas quais a meta é a troca, o diálogo (o renascer a cada encontro), buscando adequar-se a contextos e a um mundo incansavelmente em transformação, querendo armazenar um pouco de cada uma das singularidades existenciais com as quais co-existe, de passagem, como um viajante).

PARÃ?Å NTES EU 1:
(pra mim, pensar na morte a partir do peso fí­sico do NBP foi um paradoxo experimental inesperado)…(uma descoberta?!!)…(!) (…) (?)

As conversas continuaram, o encontro continuou, NBP entrou no papo, foi motivo de diversos improvisos, uma intervenção material inclusive, muitas fotos e idéias…

PARÃ?Å NTESES EU-NOS NÂS-ME 1:
(depois quero falar com o pessoal pra gente fazer algum memorial sobre a passagem do NBP na e/ou, juntando registros e depoimentos, inclusive…) (…)

Já tarde da noite (considerando que o dia seguinte seria uma segunda) as pessoas foram embora. Arrumei um saco de dormir perto da fogueira e queimei as últimas lenhas disponí­veis. Eu e NBP permanecemos ali, cada qual deitado num lado da fogueira, cada qual envolto em seu campo de reflexões e história, e ainda assim, compartilhando aquele momento de solidão e meditação, iluminados pelas chamas alaranjadas do fogo.

Mais tarde fui para dentro da casa, para dormir. Realoquei NBP na cozinha, ao lado da geladeira, onde tem ficado por esses dias).

PARÃ?Å NTES EU 2:
(NBP e a minha geladeira parecem ter algum parentesco, ou algum ancestral em comum… A geladeira é um modelo Prosdócimo – do final dos anos 50 ou dos 60, um produto genuinamente curitibano, tão genuí­no que a própria empresa fabricante já foi comprada por uma grande multinacional, assim como diversas outras tradicionais empresas da cidade… A geladeira, cujas formas meio arredondadas e sua cor branca já faziam-na lembrar uma kombi, tinha agora também essa anunciada ancestralidade com o NBP, talvez subjetiva, entretanto, de aparência e materialidade evidentes: o metal, o esmalte branco, o peso, o tamanho, uma certa semelhança na forma… Fica em princí­pio sem resposta a questão da função, do uso… Existiria algum vestí­gio arqueológico entre utensí­lios e inutensí­lios capaz de identificar alguma matriz de ferramenta tecnológica ou artí­stica comum entre o NBP e minha geladeira? (?) Isso parece abrir espaço para uma pesquisa no campo das ficções antropo-arqueológicas… Uma pesquisa autônoma, provavelmente, pois dificilmente deva haver um doutorado nessa área… talvez em arte… numa arqueologia artí­stica sobre readymades-modificados ou não-objetos, ou nas apropriações e transformações de objetos feitas por indiví­duos de distintas culturas…)

PARÃ?Å NTES EU 3:
(…) e/ou (?) e/ou (!)

(…)

um abraço,
inté,
go to

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ui don nid nou edukeixion vitoriamario ooioo

a meu deux do xéu vai falar serio assim lá no inferno

Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo.
Paulo Francis
outra:
Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo.
post idem
achei num site de frases prontas do paulo freire

imagem intern0: matema upgrade

desenho feito por Matheus Rufino dos Santos que me mandou em email para ser publicado com o “álbum” do Matema. Taí­ o primeiro upgrade… Vamos juntando os traços…As músicas tão aí­ pra mutar, estruturas que sempre existiram e sempre estiveram no nosos fluxo…o que é, ja é, sempre foi…

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segue o tal álbum em podcast:

PPC_T/Farkadona – 1st Art Biennale of Thessalonik – Orquestra Organismo – Iliadahomero

fotos: Thiago Novaes
fonte: http://picasaweb.google.co.uk/tnovaes

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Estas imagens foram feitas durante a participação dos pesquisadores brasileiros em tercnologias livres na 1a Bienal de Arte de Thessaloniki. Thiago Novaes, Carlos Paulino e Otavio Savietto, estabeleceram parceria de colaboração com o grupo PPC_T/Farkadona no uso de tecnologias digitais em código aberto. O trabalho tem se desenvolvido de forma autogerida e independente.
O PPC_T realiza projetos voltados a comunidade de repatriados gregos residentes em Farkadona. Informações atualizadas sobre a atividade deste grupo podem ser encontradas na pagina:http://ppc-t.blogspot.com

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PPC_T/Farkadona is an interdisciplinary, self-administrated collaborative project. It consists of a series of cultural activities, workshops, devices of interaction with territory and public events. Moreover, it focuses primarily on Emergency Case Situations as seen at the settlement of the repatriated community of Greek-Pontians from the former Soviet Union in Farkadona, in the district of Trikala, Thessaly-Greece.

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A cidade de Thessaloniki, porto dos portos no meditarrâneo desde o seculo III a.c, com seus predios baixos de 5 a 6 andares, é um mar de antenas. A presença da Cia iliadahomero na cidade é decorrente da colaboração entre a orquestra organismo e os pesquisadores brasileiros que prestam consultoria ao PPC_T.
O evento conSerto, marco deste intercâmbio, aconteceu em Curitiba em abril de 2007.
http://conserto.organismo.art.br

Informações sobre projetos culturais através do uso de tecnologias livres no âmbito internacional podem ser encontradas na pagina do desCentro em:
http://pub.descentro.org
O desCentro também oferece um mapeamento detalhado destes projetos no Brasil, com atualização diária.

Christos Aleveras / iliadahomero / PPC_T/Farkadona / 1st art Biennale of Thessalonki / Roman Agora / 01-06-2007

These drawings by Christos were made during the performance at the Roman Agora on the 1st of June. In the begining, Tasos Karapanagiotidis, made a short description of the contents of Book 1 of the Iliad for the greek audience. A couple songs followed this introduction, and then Claudete presented the performance of the rapsody. Some of the drawings also describe the place and the public.

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BIOS 4. ARTE BIOTECNOLÃ?â??GICO Y AMBIENTAL

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Fecha: Del 3 de Mayo al 2 de Septiembre de 2007
Lugar: Centro Andaluz de Arte Contemporáneo

El comienzo del Proyecto Genoma Humano en 1990 -con la identificación de los 20.000-25.000 genes del ADN humanoque hubiera sido difí­cil de realizar en 13 aí±os sin el poder y rapidez de cálculo de los ordenadores digitales, coincide con el desarrollo del arte biotecnológico y el arte medioambiental. Bios 4 es una exposición y una plataforma de información con ejemplos seleccionados de estos dos importantes segmentos del arte en los inicios del siglo XXI.
El uso de ordenadores, lenguajes de programación, procedimientos computacionales, técnicas de laboratorio, aplicaciones metodológicas de trabajo en la naturaleza, conocimientos cientí­ficos y técnicas sofisticadas de robótica o de manipulación de materias vivas y genéticas caracterizan claramente la consolidación mundial de un arte de base tecnológica y cientí­fica. La colaboración estrecha y sistemática entre artistas, tecnólogos y cientí­ficos en nuevos proyectos creativos es la marca distintiva de la más reciente tendencia al acercamiento entre arte y conocimiento o arte cognitivo, como lo designa Antonio Cerveira Pinto, comisario de esta muestra.
En el arte biotecnológico o bioarte, cuyos antecedentes se encuentran en el Body Art de los aí±os 1960-70 -en el que el artista ofrecí­a su cuerpo al ideal operativo de la expresión artí­stica-, la materia prima de la expresión artí­stica es la vida o sus materiales originarios: genes, tejidos fragmentarios, órganos u organismos desarrollados, o bien la materia viva virtual, simulacros digitales del ADN, de las proteí­nas, o incluso el resultado del cruce entre estas dos realidades.
El interés por este nuevo potencial de manipulación de lo vivo ha propiciado recientemente un debate filosófico y ético. El bioarte no es indiferente a esta discusión y sus obras reflejan con frecuencia un ejercicio metafórico irónico o claramente crí­tico. En el arte de la naturaleza, medioambiental, ecológico o de la sostenibilidad, cuyos antecedentes los podemos encontrar en el Land Art de los aí±os setenta -recuperando el paisaje y la idea de naturaleza para el arte contemporáneo-, la materia prima de la creación artí­stica es el espacio natural en toda su extensión y complejidad. La idea de conectividad estrecha entre todos los seres que vienen construyendo desde hace miles de millones de aí±os la vida terrestre – Tierra Madre o Gaia- inspira la definición dinámica de este nuevo campo artí­stico. Los problemas agudos de la contaminación, de quiebra de las fuentes de energí­a fósil y del calentamiento global se están transformando rápidamente en las nuevas áreas de interés especí­fico de los artistas medioambientales en este principio de siglo.

leia mais

Desfaça-se a LUZ que eu quero passar!

we’re nothing but PIXELS

ceci n’est pas une helio leites





viu. é por isso que ando preocupado com essas questões estéticas do pano. quando estendo meu pano penso na liberdade das pessoas se expressarem. mas o que elas farão com esta liberdade? saberão elas quando estão caindo em armadilhas de seus próprios preconceitos ou inércias? penso isso diaramente quando ando pelas ruas destas redes.

o-artista-quando-o-tal

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A SOCIEDADE DO ESPECTíCULO

CAPITULO I

A SEPARAÇÃO ACABADA

E sem dúvida o nosso tempo… prefere a imagem í  coisa, a cópia ao original, a representação í  realidade, a aparência ao ser… O que é sagrado para ele, não é senão a ilusão, mas o que é profano é a verdade. Melhor, o sagrado cresce a seus olhos í  medida que decresce a verdade e que a ilusão aumenta, de modo que para ele o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.

control C + control V

Sistema de arte ou sistemas de arte?

sesc

Sistema de arte ou sistemas de arte?

Existe o sistemão e me parece que tudo que surge de novo fora dele gera um novo sistema… Outrora, seriam movimentos, hoje vejo-os como sistemas. Sim e não, ainda não tenho certeza disso, mas uma coisa me parece certa – se tentarmos arrolar todos os tipos de trabalhos e ações artí­sticas veremos que desde as mais antigas formas de nosso mercado, as galerias, í s intermediárias, as instituições, até as mais novas, que lidam com processos abertos, polí­tica, intervenções no espaço público – encontra-se um ponto comum: a nossa total inabilidade para lidar e criar no contexto econômico-financeiro. Seja para lidar com sistemas já existentes e/ou ultrapassados ou para criar novas formas de conduta, nos colocamos sempre fora, como se o contexto econômico não fosse polí­tico e como se o pensar e criticar (n)essa esfera não pudesse ser matéria de nosso trabalho. Essa questão é imensa e mexe desde com o próprio sentido do trabalho até com a herança histórica do mecenato e das nossas relações com o poder.

O artista de galeria hoje não assina contrato, não tem controle sobre o preço final de sua obra e vê a mais-valia de seu trabalho bancando a inépcia dos galeristas em lidar com novas formas de comércio de arte na contemporaneidade.

O artista de instituição não recebe pelo seu trabalho e muitas vezes paga para ver o seu trabalho devidamente montado e iluminado. Eventualmente, recebem em forma de escambo alguns produtos como textos, catálogos, convites. Recebimento integral e em espécie, que cubra a execução da obra e cachê, é rarí­ssimo!

O artista que lida com outras formas de atuação geralmente pratica uma mescla de várias coisas, enquanto segue o seu processo e busca novas respostas para velhas perguntas: Como produzir livremente? Algum dia fomos livres para produzir? Algum ser humano é incondicionalmente livre?

Alguns de nós ainda criam produtos. Os produtos mudaram, mas o mercado os engessam perseguindo ainda a tal aura do objeto único, insistindo em tiragens mí­nimas, que não mais se relacionam com o processo e limitação do suporte, mas apenas com a demanda do mercado. Outros prestam serviços, mas não são agenciados e nem remunerados devidamente. Existe uma total confusão temporal atingindo o nosso mercado de trabalho e nunca nos detemos para analisar suas causas e conseqüências.

Como exemplo de uma tentativa de remuneração por serviço, temos o Canal Contemporâneo, cujo processo já leva quatro anos e meio; sua cobrança de assinaturas, que funciona como uma espécie de vaquinha entre a comunidade para promover a sua autosustentabilidade, ainda não é capaz, depois de três anos em vigor, de gerar sua auto-suficiência. Ou seja, aquilo que ele oferece a sua comunidade não é suficiente para gerar sua independência financeira e, para seduzir outras contribuições, seria necessário oferecer mais. Para oferecer mais, é preciso mais recursos para investir nessa demanda. Aí­ entram as parcerias com instituições e patrocinadores… Faz parte do processo, certo, mas como entrar em contato com outras esferas do sistema sem prejudicar a substância do trabalho?

Tenho pesadelos ao pensar na situação atual do PT, que, como partido, pretendia obter os seus recursos de campanha na própria coletividade, através das contribuições vindas de seus integrantes. Em que momento isso mudou? Em que momento o crescimento do partido gerou uma demanda maior do que a que a sua própria coletividade podia bancar?

Enfim, pensar o nosso contexto com o ruí­do dos acontecimentos nacionais, pensar micro e macro cruzando todas as experiências e resultados, não é mole, não…

Abraços,
Patricia Canetti

Chamada NOVA

Segunda Feira
–>
25/07/2005

ECOGRAFIAS DE ORGANISMO

Filmagens para uso na concepção de Organismo – Levem + cameras ( temos 2)
Sessão de Cinema aleatório ( trechos randômicos de Waking Life, PI, Idade da Terra, Revolution Os e o que + levarem)
Logí­stica para a festa de Crisma-Mitzvah-Ramadã-PERDA DO CABAÇO de ORGANISMO NA SEQUENCIA…

Local:
ESTUDIO MATEMA
Rua Marechal de ODORo ao lado da c and A – Prédio da Galeria Ritz

2o andar – 207

19:33
dúvidas: 99889285 (glerm)


e na sequencia:
CELEBRAÇÃO DO FIM DE MOONDAY – O DIA DA LUA

LOCAL:
NOSSO POSTO ABANDONADO

23:59hs
R. Solimões esquina
 com Rua Tapajós

Que legaaaalllll!!!

zumbibola

É preciso perceber que o seu hálito é ruim. E você ainda tem o hábito de falar muito próximo í s pessoas…. consulte um dentista ou pergunte com sinceridade í  alguma amigo ou amiga como é o seu hálito, e eles te dirão. Você leu numa revista que mascar um dente de alho pela manhã faz muito bem í  saúde, mas e os outros que são obrigado a sentir o cheiro de alho em sua boca o dia todo? Você gosta de sanduí­che de mortadela com guaraná sem gelo. Isso pode ser do seu gosto, mas a mortadela fermentando em seu estômago o faz arrotar azedo a tarde toda…

Você perdeu a noção do ridí­culo e pensa que é engraçado(a) o tempo todo. Faz piadinhas de todo mundo, ironiza com a roupa dos colegas, põe apelido no primeiro que passa í  sua frente. Todos riem e você pensa que é engraçado…. Muitas pessoas riem é “de vocꔝ e não das gracinhas que você faz. Aquela sua mania de contar piadas toda vez que chega perto de um grupo, saiba que muitas vezes é ridicularizada por todos. Você deixa de ser levado(a) a sério e fica conhecido como o(a) engraçadinho(a) de mau gosto e só!

Ah, e cuidado! Decididamente você não freqüentou uma pré-escola pois é incapaz de saber que pessoas educadas, no mí­nimo, pedem desculpas, dizem “por favor” e “obrigado” e além disso pedem licença ao passar ou ao interromper uma conversa. Você não! Você parece que saiu de uma estrebaria! Você é grosso(a) e não percebe. Você entra no meio das conversas sem pedir licença. Você passa na frente dos outros atropelando todo mundo como uma motoniveladora. Você pede as coisas sem dizer “por favor” e quando recebe parece nunca ter ouvido a palavra “obrigado” que da sua boca nunca foi ouvida. “Desculpe-me” então, jamais alguém ouvirá. Você não se subordina a essas “bobagens”….

Mais uma coisa. Você não se apercebe, mas as pessoas já colocaram em você o apelido de “gambᔝ! Você não usa desodorante; não lava suas roupas com a necessária freqüência. Você cheira a cigarro. Seu cabelo parece uma caixa ambulante de charutos! Não custa usar um perfume. Hoje existem lavandas que não são caras e que podem tirar aquele odor de corpo que o(a) caracteriza e que todos notam. As células olfativas se adaptam com muita rapidez e você não sente o próprio cheiro que todos abominam. Vivemos num paí­s tropical e nem sempre temos ar condicionado í  nossa disposição em todos os lugares. Assim, o suor é normal e quase sempre tem um cheiro não muito agradável. Pense nisso. Invista num bom desodorante e perca o medo de tomar um bom banho todos os dias…. Seus colegas de trabalho ficarão muito gratos!

Desculpe, mas eu sou seu amigo e tinha que dizer isso, pro seu próprio bem.

Inutensílio

Inutensí­lio – Paulo Leminski

A ditadura da utilidade
A burguesia criou um universo onde todo gesto tem que ser útil. Tudo tem que ter um para quê, desde que os mercadores, com a Revolução Mercantil, Francesa e Industrial, substituí­ram no poder aquela nobreza cultivadora de inúteis heráldicas, pompas não rentábeis e ostentosas cerimônias intransitivas. Parecia coisa de í­ndio. Ou de negro. O pragmatismo de empresários, vendedores e compradores, mete preço em cima de tudo. Porque tudo tem que dar lucro. Há trezentos anos, pelo menos, a ditadura da utilidade é unha e carne com o lucrocentrismo de toda essa nossa civilização. E o princí­pio da utilidade corrompe todos os setores da vida, nos fazendo crer que a própria vida tem que dar lucro. Vida é o dom dos deuses, para ser saboreada intensamente até que a Bomba de Nêutrons ou o vazamento da usina nuclear nos separe deste pedaço de carne pulsante, único bem de que temos certeza.

Além da utilidade
O amor. A amizade. O conví­vio. O júbilo do gol. A festa. A embriaguez. A poesia. A rebeldia. Os estados de graça. A possessão diabólica. A plenitude da carne. O orgasmo. Estas coisas não precisam de justificação nem de justificativas.
Todos sabemos que elas são a própria finalidade da vida. As únicas coisas grandes e boas, que pode nos dar esta passagem pela crosta deste terceiro planeta depois do Sol (alguém conhece coisa além- Cartas í  redação). Fazemos as coisas úteis para ter acesso a estes dons absolutos e finais. A luta do trabalhador por melhores condições de vida é, no fundo, luta pelo acesso a estes bens, brilhando além dos horizontes estreitos do útil, do prático e do lucro.
Coisas inúteis (ou “in-úteis”) são a própria finalidade da vida.
Vivemos num mundo contra a vida. A verdadeira vida. Que é feita de júbilo, liberdade e fulgor animal.
Cem mil anos-luz além da utilidade, que a mí­stica imigrante do trabalho cultiva em nós, flores perversas no jardim do diabo, nome que damos a todas as forças que nos afastam da nossa felicidade, enquanto eu ou enquanto tribo.
A poesia é u principio do prazer no uso da linguagem. E os poderes deste mundo não suportam o prazer. A sociedade industrial, centrada no trabalho servo-mecânico, dos USA í  URSS, compra, por salário, o potencial erótico das pessoas em troca de performances produtivas, numericamente calculáveis.
A função da poesia é a função do prazer na vida humana.
Quem quer que a poesia sirva para alguma coisa não ama a poesia. Ama outra coisa. Afinal, a arte só tem alcance prático em suas manifestações inferiores, na diluição da informação original. Os que exigem conteúdos querem que a poesia produza um lucro ideológico.
O lucro da poesia, quando verdadeira, é o surgimento de novos objetos no mundo. Objetos que signifiquem a capacidade da gente de produzir mundos novos. Uma capacidade in-útil. Além da utilidade.
Existe uma polí­tica na poesia que não se confunde com a polí­tica que vai na cabeça dos polí­ticos. Uma polí­tica mais complexa, mais rarefeita, uma luz polí­tica ultra-violeta ou infra-vermelha. Uma polí­tica profunda, que é crí­tica da própria polí­tica, enquanto modo limitado de ver a vida.

O indispensável in-útil
As pessoas sem imaginação estão sempre querendo que a arte sirva para alguma coisa. Servir. Prestar. O serviço militar. Dar lucro. Não enxergam que a arte (a poesia é arte) é a única chance que o homem tem de vivenciar a experiência de um mundo da liberdade, além da necessidade. As utopias, afinal de contas, são, sobretudo, obras de arte. E obras de arte são rebeldias.
A rebeldia é um bem absoluto. Sua manifestação na linguagem chamamos poesia, inestimável inutensí­lio.
As várias prosas do cotidiano e do(s) sistema(s) tentam domar a megera.
Mas ela sempre volta a incomodar.
Com o radical incômodo de urna coisa in-útil num mundo onde tudo tem que dar um lucro e ter um por quê.
Pra que por quê?

In ANSEIOS CRIPTICOS, Ed. Criar, Curitiba, PR, 1986, p. 58-60.

NOTA: Este ensaio foi acrescido ao final do ensaio ARTE IN-ÚTIL, ARTE LIVRE? e publicado com pequenas modificações sob o tí­tulo A ARTE E OUTROS INUTENSíLIOS no jornal Folha de S. Paulo, caderno Ilustrada, p. 92, 18/10/1986, e apresentado como primeira aula do curso POESIA 5 LIÇÃ?â?¢ES ministrado por Leminski na Fundação Armando ílvares Penteado, em São Paulo em 20/10/1986.

http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/kamiquase/nindex.htm

[urgente]AÇÃ?â??O de GENÃ?Å SE E CONCEPÇÃO DE ORGANISMO – QUARTA 20/07 – 20:00


Contamos com a presença de todos na ação de coleta e discussão dos gametas envolvidos em mais uma concepção de

“ORGANISMO”

“um corpo sem orgãos é uma linguagem sem estrutura –
– Deleuze”
“Corpo sem órgãos não tem nem sombra de organismo, mizifio!! Nem com aspas nem sem! 😉
– Alencastro”

************1.
CURITIBA
Quarta 20/07/05 – 20hs
Estudio Matema – Galeria Ritz
2o andar – 207 – Entrada pela Marechal Deodoro
(ao lado da c&a)

************2.
AÇÃO NA REDE

se você não mora em Curitiba entre la pelas 21:00 no IRC
SERVIDOR freenode.irc.net #orquestraorganismo

se você não tem cliente IRC instalado, instale o gaim:
http://gaim.sourceforge.net/downloads.php

se precisa mais informações sobre isso email para organismo@gmail.com

ou tente o chat do blog neste mesmo horário: http://www.organismo.art.br/blog
( sujeito a congestionamento)

************3.
Está avisado. Depois não reclame que perdeu a festa. você foi convidado.

**********************************************


í¿ qual seu real valor ?

Soldenstein

Desafiatlux

Proposta de ocupação do espaço oferecido pelo SESC da Esquina, entre 15 de agosto a 30 de setembro de 2005, como obra-processo que discorre sobre a condição do artista ativista na era da informação total das redes globais autônomas.
Usando de um processo ritualí­stico que percorre todo o perí­odo da mostra, a obra propõe tornar-se uma métafora do “agenciamento coletivo” com o qual a Orquestra Organismo vem trabalhando desde sua formação. Para isto a obra discursa sobre o nascimento de um “ser-instalação” representado por uma entidade plástica-sonora: um conceito, uma escultura ou corpos conectados ao mundo externo, localizados num espaço de mostra artí­stica. Como um “Frankeinstein” construí­do de fragmentos de máquinas, orgãos de animais (identidade da semelhança dos orgãos e tecidos), objetos do cotidianos e inessencialidades, sobretudo conexões com o mundo da informação em rede por meio da internet e outras mí­dias. O público da mostra tem datas cifradas durante a exposição para interagir num processo de socialização do Organismo, onde ele será influenciado pelas aspas a sua volta.

A Orquestra Organismo é um corpo semiótico agenciador de coletivos de arte. Este fluxo acontece em convergência com as ações de articulação entre os grupos: Matema, Museu do Poste, Embaplab, Dezenhistas, Epa, Interlux, Esqueleto Coletivo, Situação, Ruí­do/mm, Estúdio Livre, Debian-pr, Zumbi do Mato, na Listaleminski e na revista eletrônica Hackeando Catatau, por enquanto.

Agenda

15/08 – segunda – abertura da exposição – nascimento do ORGANISMO (ritual da pulsão de vida)

Video sobre a gênese do ORGANISMO
Concerto celebração com Matema
Primeiras palavras de ORGANISMO
Produção do álbum de fotos do nascimento de ORGANISMO
Ritual de conexão do ORGANISMO no “pleroma da sociedade”
Depoimentos

19/08 – sexta – batismo na instituição ARTE. (religião – rumo – crença – psiquê)

Missa-celebração de batismo de ORGANISMO na ARTE – Sincretismo de diversas missas e anti-missas. O estádio do espelho
Ferro de batismo, água benta, etc.
Invocações, promessas e oferendas

26/08 – sexta – perda da virgindade (sexo – sexualização – gênero – escolha)

Interação para acoplamento de “armas fálicas” do ORGANISMO
Interação para acoplamento de “úteros” do ORGANISMO
Obras, discursos e desconstruções sobre gênero e escolha
O anti-édipo
Sala para coleta de esperma (com freezer e cabine)
Rituais de acasalamento e troca de genes: primeiro convite a alguma continuidade fora do espaço do Sesc

02/09 – sexta – formatura (mercado – globalização – indústria)

Ação direta simultânea em cidades diferentes em Outdoors e Webdoors
Criação de manifestos sobre “papel do artista” em “mercado”
Ativismo e lucro
MenSALÃO de arte polí­tica. Exposição de cartuns polí­ticos
Apresentação do happening “A Incrí­vel Máquina de Fazer Moedas”
Saí­da para as ruas para colagem de stickers e intervenções urbanas

09/09 – sexta – casamento (aliança de clãs – patriarcado/matriarcado – estruturalismo e parentesco)

Ações com trocas e permutações de indí­viduos
Filmes sobre encontros de “deriva” entre pessoas desconhecidas
Ritual de conexão do Organismo com algum outro ORGANISMO localizado e criado externamente ao espaço da mostra
Trabalho sobre a genealogia destes fluxos de coletividade

16/09 – sexta – reprodução (destino – impotência sobre o outro – responsabilidade)

Ritos de popularização do mito ORGANISMO pela cidade
Banalização e profanação do seu nome em manifesto
Criação e discussão de uma problemática sobre a identidade ORGANISMO e os futuros avatares
Festas simultanêas em locais distintos

22/09 – quinta – miniauditório – Teatro Guaí­ra – 21h00

Ação Secreta, Hackeando ORGANISMO

23/09 – sexta – julgamento (inscrição na história – visão do outro – espetacularização do mito)

Ritual Tribunal de Júri sobre o papel de ORGANISMO na arte contemporãnea
Julgamento sobre a ação de ORGANISMO
Iní­cio da semana de aplicação da pena
Jejum
Inscrição histórica do processo

30/09 – sexta – morte (desmonte – desmanche – inscrição no inconsciente coletivo)

Desafiatlux
Desmonte do projeto
Ritual de celebração em jam aberta
Registro final do “desencarnar” – ritual de Páscoa
Intervenções artí­sticas nos cemitérios da cidade