A obsolescência de nossos backups

(11:17:48) lucio: Olás!
(11:21:20) glerm: Olá!
(11:21:26) lucidasans: Aei…
(11:21:32) lucio: Bom, a Claudia está na escola, mas creio que ela gostaria de participar dessa conversa.
(11:21:49) lucidasans: Acho que a conversa pode ser em etapas, o Octavio também não está online.
(11:22:05) lucio: Podemos repetir a tentativa mais tarde com o Octavio e a Claudia.
(11:22:15) lucidasans: Temos que rever o material.
(11:23:33) lucio: Como passei pra vocês, temos mais alguns cds com algumas especificidades de conteudo para entregar. Mas é tranquilo, pois a base é o cd anterior que já enviamos pra ação educativa. Tem algumas coisas que não cabem pra nós, tipo: foto do grupo.
(11:25:06) lucidasans: Podia ser a foto do depósito da Santa Efigênia?
(11:25:15) lucio: Nem sei se temos uma imagem com todos juntos.
(11:25:25) lucidasans: Acho que não há.
(11:25:31) glerm: Na foto da Santa Efigênia há umas cinco pessoas.
(11:25:32) lucidasans: Tipo banda ou time de futebol.
(11:25:35) glerm: É o grupo, contando o cachorro da seis.
(11:26:09) lucio: Passa essa imagem pra eu ver.
(11:26:12) lucidasans: Não dá, o cabo usb está aí­ na 818. É uma imagem estranha, tipo um fosso.
(11:26:43) glerm: Cara, é um fosso não dá pra acreditar, parece aquele cofre do tio patinhas cheio de placa de computador. A imagem nem dá conta da vertigem que era o lugar.
(11:27:39) lucidasans: Pena que a câmera não pegou a profundidade de campo.
(11:28:40) glerm: O Octavio está escrevendo todas músicas dele em partitura. Vou passar pra midi.
(11:28:57) lucidasans: Eu estava vendo se convencia o Octavio a escrever pra Guitar Hero.
(11:28:59) glerm: E fazer algo com isso lá.
(11:29:12) lucidasans: De midi vai pra Guitar Hero?
(11:29:17) glerm: Sim.
(11:29:26) lucidasans: E depois pra Frets on fire. Haha, acho que tem a ver com o humor de canções.
(11:30:48) lucio: Vocês vem no 818 a noite?
(11:30:55) lucidasans: Sim, meus arquivos estão aí­, tenho quase nada aqui no Eee pra pensar em catálogo.
(11:31:14) lucio: Com relação ao espaço do Solar, pensei em um espaço auto gestionado.
(11:31:38) glerm: Meu relato do Campus Party.
(11:31:49) lucio: De certa forma como o 818 foi.
(11:31:51) lucidasans: Como assim auto gestionado?
(11:32:15) glerm: Vou ter que desabafar aqui. Não consegui a concentração que queria para trabalhar na proposta do “Bits e Volts na Unha”. Era necessário uma concentração meditativa para pensar em lógica binária ali na mesa, fazendo uma regressão aos primórdios da eletrônica analógica sendo digitalizada, desmistificando a necessidade do rigor acadêmico para sacar o assunto, mas aprofundando a parte atômica da coisa. Tipo “da onde vieram os bebês?”. Pensando bem, é muito triste isso, só falta cortar uma orelha.
(11:33:05) lucio: Sem hierarquias, principalmente com relação a qualquer tipo de dicotomia entre os seres que estiverem no lugar.
(11:33:06) glerm: Não quero expor isso, mas fica aqui registrado.
(11:33:09) lucidasans: A própria orelha ou a do soldado?
(11:33:50) glerm: Lúcio, a gente tem que pensar na problemática de ter que ficar batendo ponto lá.
(11:33:53) lucidasans: Mas são necessários dispositivos bastante ativos para garantir a não hierarquia.
(11:34:25) glerm: Como a gente vai resolver isso? Vai haver datas, horários?
(11:34:37) lucidasans: Não prometemos datas e horários fixos.
(11:35:00) glerm: Sim, mas o papo aqui está em torno de um projeto tipo o Desafiatlux.
(11:35:09) lucio: Entendo Simone, neste caso já existe uma hierarquia, que como o Glerm disse – a Fundação, mais especificamente o Solar, impõe.
(11:35:29) lucidasans: Oposição público-artista?
(11:36:02) lucio: Desconsiderando essa de público-artista… No entanto há um exercí­cio.
(11:36:31) lucidasans: Quando eu falei que era preciso ativar a desierarquia é porque também acho que já exista uma hierarquia natural naquele espaço, então estamos de acordo.
(11:36:56) lucio: Como essas etapas de documentação – catálogos oficiais, etc… que passam por uma forma de definição de quem são os propositores. Desse modo, a ocupação fala desse embate também.
(11:38:55) lucidasans: Entre propositores, interventores, consumidores?
(11:40:06) lucio: Sim, uma porção de delimitações – edital, espaço pré-demarcado de atuação, horários, etapas, agendamentos – um jogo.
(11:40:32) glerm: Mas interfaces é o que? Uma interface entre o jogo e o não-jogo?
(11:41:09) lucio: Dentro desse jogo é que se dilui nossa intenção. Esse jogo se chama instituição.
(11:41:53) lucidasans: Eu acho que invariavelmente é um jogo com máquinas, sejam as computacionais, sejam as burocráticas ou as conservas culturais.
(11:42:39) lucio: Como dialogar e diluir em espaços com regras bem definidas?
(11:42:43) glerm: Eu acho que esse jogo se chama retórica, porque não existe a não-instituição, isso seria a não-linguagem.
(11:43:28) lucio: É prática tambám.
(11:44:05) lucidasans: Sim, um jogo entre instituições.
(11:44:25) glerm: O que é o lixo?
(11:44:59) lucidasans: Diluir para neutralizar ou para prevalecer?
(11:45:48) glerm: Vamos pra gaza?
(11:46:20) lucidasans: Gaza está cheia de corpos, você fala ir fí­sico-newtonianamente?
(11:46:46) glerm: Vi a apresentação do Balbino e do Alê no Transmediale09, um grande evento de “Arte e Tecnologia”. Um cara de Burkina Faso me chamou atenção. Ele mostrou uma comunidade que fazia suas escolas, desde fazer os tijolos… Então ele tentava explicar que aquilo era feito pela necessidade, muito mais do que pra mostrar ali, mas as pessoas ainda ficavam perguntando das escolhas arquitetônicas deles, tipo porque teto era alto e uma hora ele falou: “eu estou aqui sobretudo pra convidar vocês pra irem lá, vamos?”. Acho que ele vai conseguir um dinheiro pra fazer mais tijolos, mas não sei se estas pessoas irão até lá. Mas já sei o que eles vão ter que ensinar nessas escolas. O que isso tem a ver com o “Interfaces”?
(11:49:46) lucidasans: Atá porque dá pra conseguir muito tijolo pelo valor da gasolina azul.
(11:49:47) glerm: Não sei, retórica – “carnaval malandros e heróis”.
(11:50:09) lucidasans: Tinha uma inscrição do discurso dele no Transmediale que ele explicou no começo.
(11:50:14) glerm: Alegoria – nota ().
(11:50:20) lucio: No caso – prevalecer/neutralizar/retórica – Quais as alternativas práticas? Continuar, parar, pular, voltar, esquecer, lembrar, rir. Uma lista de ações, quais as regras e antiregras dessa situação?
(11:55:53) gler1 [n=glerm@189.34.70.224] entrou na sala.
(11:55:55) lucio: Em meio a qualquer tipo de tática de objetivação, a um caos pseudo-organizado, como é essa sensação de diluição?
(11:56:04) gler1: Caí­, perdi um monte…
(11:56:26) lucio: Tem dois de Glerms na sala.
(11:56:37) gler1: Um deles eu perdi o link.
(11:57:03) lucio: Os Glerms se multiplicam.
(11:57:30) gler1: É um link perdido, a Simone está fora também. Onde parou a conversa?
(11:58:03) lucidasan1 [n=ieieie@189.34.70.224] entrou na sala.
(11:58:03) gler1: Cola aqui.
(11:58:08) lucio: Também passamos pelo sentimento da perda.
(11:58:11) claudi1 [n=claudia@189.4.43.181] entrou na sala.
(11:58:24) lucio: Oi Claudia!
(11:58:30) lucidasan1: Oi Claudia!
(11:58:33) claudi1: Oi!
(11:58:33) gler1: aqui ta como claud1
(11:58:51) claudi1: Deixa assim.
(11:59:07) lucio: Claudia, estamos conversando sobre multiplicações e diluições.
(11:59:21) gler1 mudou seu apelido para glermglerm
(11:59:58) claudi1: Multiplicações – Questões monetárias?
(12:00:29) lucio: Questões de duplicação de personas.
(12:00:44) lucidasan1: Onde estavam as multiplicações no assunto das intenções mesmo?
(12:00:54) glermglerm: Acho que a gente estava falando sobre “interfaces”.
(12:01:09) lucidasan1: Se interfaces era um jogo com máquinas.
(12:01:15) glermglerm: void()
(12:01:31) lucio: Qual era nossa intenção inicial quanto ao Interfaces?
(12:01:39) lucidasan1: E se era possí­vel declarar essas variáveis antes demais nada.
(12:02:27) lucio: Cabe ser fiéis a essas intenções?
(12:02:52) claudi1: Somos o que resta das diluições, multiplicações, intenções.
(12:03:25) glermglerm mudou seu apelido para guilhermerafaels
(12:03:36) lucio: Isso já é um estrago em tanto.
(12:03:40) guilhermerafaels mudou seu apelido para rafaelsoares
(12:03:57) claudi1: O que resta?
(12:04:11) lucio: Um novo nós…
(12:04:15) rafaelsoares mudou seu apelido para rg60166498
(12:04:52) rg60166498: Eu não acredito em mim, muito menos em vocês.
(12:04:59) lucidasan1: Pra haver um novo nós precisa haver um novo outros, senão não é nós-outros.
(12:05:05) claudi1: Eu também não.
(12:05:34) lucidasan1: Tudo bem Glerm, mim também não acredita em eu.
(12:05:34) rg60166498: Acho que é tudo sobre um dinheiro.
(12:05:35) lucio: Isso não deixa de ser crença.
(12:05:46) rg60166498: Que já foi gasto. O resto é simples, é viver e morrer sem matar. Mas interfaces era o que mesmo? máquinas?
(12:06:22) claudi1: As vezes matar.
(12:06:29) lucio: Pessoas.
(12:06:32) rg60166498: Não estou falando de metáforas, estou falando de gente que mata e se mata de verdade.
(12:06:45) lucio: O nome já diz.
(12:06:55) claudi1: Pessoas que agem como máquinas que agem como pessoas. Cães que agem como pessoas que agem como cães.
(12:07:28) lucidasan1: Crença = Programa.
(12:07:37) claudi1: Pode cagar na minha calçada.
(12:08:01) rg60166498: Existe uma discussão sobre o que é strictu sensu.
(12:08:02) lucio: Acham isso vertiginoso?
(12:08:17) lucidasan1: Não.
(12:08:20) rg60166498: Acho chato pra caralho, vertiginoso é surtar.
(12:08:51) lucio: “Vale a pena viver” – isso é uma conclusão?
(12:09:00) claudi1: Vertiginoso é estar.
(12:09:07) lucidasan1: Acho que até o futuro da internet é mais vertiginoso.
(12:09:09) rg60166498: Estar é fácil, basta ser. Não ser que é a questão.
(12:09:21) claudi1: Qual futuro?
(12:09:25) rg60166498: Vamos pra gaza?
(12:09:35) claudi1: Acho vertiginoso.
(12:09:42) rg60166498: Fazer as mães chorarem?
(12:09:46) lucidasan1: Se há futuro, está conversa estará nos backups.
(12:10:22) rg60166498: Acho tudo irrelevante.
(12:10:24) claudi1: E a seleção natural?
(12:10:33) lucio: Se a obsolescência permitir o resgate a esses dados.
(12:10:39) lucidasan1: O jornalista que jogou o sapato foi severamente torturado.
(12:10:49) rg60166498: Nunca se sabe.
(12:10:56) lucio: Porque errou.
(12:11:04) lucidasan1: Teremos que lutar pela volatilidade das nossas conversas e pela obsolescência dos dados, porque os servidores terão que manter entre aspas dados de três anos, não é?
(12:11:27) lucio: Na guerra o erro é a morte.
(12:11:32) lucidasan1: Pediu abrigo na suí­ça.
(12:11:37) rg60166498: O que eu faço com todo esse conhecimento, esqueço?
(12:11:45) lucidasan1: Mas está sendo investigado em um espaço que investiga terroristas no Iraque.
(12:12:30) rg60166498: Na sala vazia do museu.
(12:12:58) claudi1: Ocupação de fachada.
(12:13:13) lucidasan1: —-
(12:13:45) rg60166498: Tem gente que pinta fachadas e é feliz.
(12:14:58) lucidasan1 mudou seu apelido para glerm
(12:15:05) lucio: Existe um argumento: Vocês assinaram um contrato. Querem comentar algo?
(12:15:15) claudi1: Voltando ao dinheiro, e aí­ quem leva a melhor?
(12:15:36) rg60166498 mudou seu apelido para simone
(12:15:42) claudi1: Assinamos, lemos, erraram nossos nomes.
(12:15:54) glerm: Qual dinheiro?
(12:15:59) lucio: O que gastamos.
(12:16:03) claudi1: Aquele.
(12:16:03) glerm: O que já acabou?
(12:16:07) claudi1: Sim.
(12:16:19) simone: O contrato prevê como contrapartida uma exposição.
(12:16:19) claudi1: Quem levou a melhor?
(12:16:22) simone: Estou de acordo.
(12:16:34) glerm: Quem leva a melhor são os bancos.
(12:16:47) claudi1: Aêê!
(12:16:53) lucio: E como nos manifestamos diante disso?
(12:17:34) glerm: Eu fiz um monte de cacareco, quem quiser achar que vale alguma coisa que leve, senão talvez esse papo furado aqui valha algo. Os cacarecos não funcionam acho porque ainda não sei pra que servem.
(12:19:00) simone: Seguinte, eu vejo o catálogo como um extrato que não precisa necessariamente corresponder ao conteúdo da exposição.
(12:19:10) lucio: Servem pra ocupar um museu?
(12:19:39) claudi1: Ocupar o museu não é problema.
(12:19:47) glerm: Se servirem só pra isso corto minha orelha.
(12:19:47) simone: Precisamos deste tempo para nos dedicar a configurar e discutir a exposição.
(12:20:33) lucio: Van Gogh mordeu a orelha, hehe.
(12:20:50) claudi1: Mordeu a sua própria orelha.
(12:20:57) glerm: Pixe peixe.
(12:21:04) simone: Tyson, Pedro Simão.
(12:21:30) claudi1: Conhecemos um cara chamado Toto.
(12:21:42) simone: Sem acento?
(12:21:52) claudi1: Sim. Ele disse: Trabalho e produtividade.
(12:22:16) lucio: Como lema da bandeira.
(12:22:20) simone: Onde? Otimização e proatividade.
(12:22:54) simone: Onde vocês o conheceram?
(12:23:01) claudi1: Em Pontal do Sul.
(12:23:06) lucio: No embarque, mas seu afilhado escreveu: Vida e liberdade.
(12:23:31) simone: O que ele faz de tão inspirado?
(12:23:38) claudi1: Ele disse: Quem trabalha não ganha dinheiro.
(12:23:47) simone: Ah!
(12:23:51) lucio: O garoto tinha uns 10 anos e mandou essa.
(12:24:02) claudi1: Você estabelece graus de parentesco absurdos.
(12:24:03) simone: E a Ufpr escreveu: Scientia e labor, he!
(12:24:29) claudi1: Labor.
(12:24:33) glerm: A Ufpr tá certa, ciência e lavoura.
(12:24:56) lucio: E o barão mandou seus escravos construí­rem o espaço da exposição.
(12:25:05) simone: Ciência e laboratório.
(12:25:06) claudi1: Certo precisamos plantar.
(12:25:09) simone: Acho que eles acham.
(12:25:42) lucio: E os milicos construí­ram a outra parte.
(12:25:43) glerm: O pior de tudo não é que o barão supostamente morreu por nós, e sim que isso não me diverte.
(12:26:16) claudi1: Diversão, ciência e labor?
(12:26:37) simone: Distração, ciência e lavoura.
(12:26:46) lucio: E quanto aos desvios de conduta, isso existe?
(12:27:00) claudi1: Desvios?
(12:27:06) simone: Desde que não somos mais trens.
(12:27:14) glerm: Matar.
(12:28:01) simone: Pro Freud existem dois tipos, desvios de fins e desvios de meios.
(12:28:41) glerm: isso aqui é o texto do catálogo, ou é desvio?
(12:29:05) lucio: Vai passar antes pela censura.
(12:29:47) simone: E pelo liquidificador.
(12:30:18) claudi1: Claro, para uma mistura homogênea.
(12:31:26) lucio: Ou vai para o desvio do catálogo? Hoje havia de novo um passarinho preso no quarto do vitoriamario.
(12:34:25) simone: Ui!
(12:34:38) lucio: Conversei com ele e abri a janela.
(12:34:53) claudi1: E o que ele disse?
(12:35:18) lucio: Ele saiu e ficou no telhado na minha frente me olhando todo destrambelhado.
(12:35:31) claudi1: Tive uma idéia totalmente revolucionária.
(12:35:34) lucio: Piou e voou.
(12:36:18) simone: Putz, triste… Diga Claudia.
(12:37:17) lucio: Ou acha pouco seguro por IRC?
(12:37:52) claudi1: Estou esperando que mais pessoas estejam presentes.
(12:38:06) lucio: Como quem? Os revolucionários?

Encontro pelo Irc acontecido no dia 02fev2009.

Hermeto Pascoal = Copyleft Atitude

http://br.noticias.yahoo.com/s/01042009/25/tecnologia-hermeto-pascoal-libera-musica-fluir.html

“E, assim, Hermeto deixou suas pétalas ao vento. Desde novembro, abriu mão das licenças pela internet e liberou para uso de qualquer músico todas as composições registradas em seu nome. Nesta semana, promete disponibilizar parte da imensa e riquí­ssima discografia (são 34 álbuns) para download gratuito, num processo que chegará em alguns meses í  totalidade da produção formal.”(…)

hermeto

Code Poetry – requiem for peace (jaromil)

—–BEGIN PGP SIGNED MESSAGE—–
Hash: SHA1

/*
* Requiem for Peace (and one dead man in London.c)
*
* Cycle 78, year 26 (Ji-Chou), month 3 (Wu-Chen), day 7 (Ding-Chou)
*
* (A)m*dam(jrml)
*/

int moment = 0;

int justice = 7;

void *hanger = ”
There was a í pause, and an eerie silence, just before í he did it. í A
green í scarf í masking í his face, í the í man í held í a large í piece í of
scaffolding í above í his í  head í and, í surrounded í by í photographers,
eyeballed í the unprotected window í of the í Royal Bank í of Scotland’s
branch on Threadneedle Street.
“;

void *exception = ”
In that í split second, one voice í amid thousands in í the crowd broke
the silence. í – Don’t do í it – í she screamed – í He did – í This isn’t
violence – í retorted another voice in í the crowd – We í paid for this
building.
“;

unsigned int moment;
unsigned int imacy;
unsigned int cause;
bool represented;

extern void *wave;
extern void *street;
extern void *justice;
extern int death;

while(protest) {

for(moment=0; moment < justice; moment++) {

wave = malloc( sizeof( hanger ) );

// wave is filled with people
democracy[moment] -> reclaim(wave, street);

try {

// check if they smile
// http://www.repubblica.it/2006/05/gallerie/esteri/berlusconi-obama/1.html

represented = reality(moment);

if(!represented) throw(exception);

}

if( moment[wave] == death ) {

// One protester at the scene said the man was in his 30s and died
// of natural causes, the í Press Association news agency reported.

imacy í = moment[wave]; // zoom in

cause í = natural(imacy); // the cause is just an index

/* Alok, í currently í in Exchange í Square, í would í like to í thank
Muriel for í lending him í her pen when í his run out. í  He says
there are around 150 people í out in sympathy with the man who
died and 70 police. */
imacy -= democracy[cause] -> individual(justice);

rip(imacy); // the man was there to protest, but he is no more

}

// RFC: www.guardian.co.uk/world/gallery/2009/apr/01/g20-protest
if( !listen(moment) ) {
justice–; // will affect globally
}

}

catch(void *e) {

printf((char*)exception);

// Once they í had broken into the bank, í however, the protesters
// did not quite know what to do.

printf(“justice is %u”, justice);
printf(“hanger address is %p (out of bounds?)”, hanger);
printf(“it seems they are still smiling.”);
// seen before, anyway we send the warning

}

} // street protest ends, but the wave will hit more shores

/* this code won’t compile alone, it is part of a larger software. */

– —

jaromil, dyne.org developer, http://jaromil.dyne.org

GPG: 779F E8B5 47C7 3A89 4112 í 64D0 7B64 3184 B534 0B5E
—–BEGIN PGP SIGNATURE—–
Version: GnuPG v1.4.9 (GNU/Linux)

iEYEARECAAYFAknUtUcACgkQe2QxhL

U0C17aBgCg5mcB6OgarZ5Z+ebwkNpDSvRK
SfwAnjwpEW2lpECCqCRrlyj95AUC61/t
=RJ+9
—–END PGP SIGNATURE—–

– Mostrar texto das mensagens anteriores –

Azeredo: mosca da fruta

Eduardo Azeredo é um grande peso polí­tico do PSDB e senador por Minas Gerais. É conhecido pelo seu grande apreço pela democracia, que o levou a elaborar em 2006 um AI-5 da Internet projeto de lei visando a segurança do internauta brasileiro, que o obrigaria a se identificar para interagir com a Net.

Quando foi governador de Minas Gerais, Azeredo privatizou a CEMIG, companhia elétrica do Estado de Minas , obviamente levou a sua parte e tratou de remeter a um paraí­so fiscal qualquer.Azeredo e sua gangue são os pais genéticos de Marcos Valério .

Segundo Azeredo, o projeto de restrição í  liberdade da Net citado acima, visava a evitar a ocorrência de crimes online , fraudes e furto de massa cerebral pela cyber-dyne. Uma medida admirável, sem dúvida. Quanto menos ladrão na praça melhor, enfim a concorrência anda dura!
Eduardo Azevedo hoje em dia trabalha em um programa infantil e ensina as criancinhas a lavar

Recentemente, Azeredo se viu denunciado por desvio de dinheiro público e caixa dois feitos em 1998, com a ajuda de Lex Luthor. As acusações são obivamente falsas, pois, de acordo com as leis fundamentais da fí­sica elaboradas pela Veja, a corrupção no Brasil foi implantada pelo governo Lula. Antes disso, viví­amos em uma terra das maravilhas onde a grama era de chocolate e os rios eram de suco de morango. Tal perí­odo de nossa história foi esquecido devido í  lavagem cerebral promovida pelo PT por meio dos cyber-gremlins.

fonte: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Eduardo_Azeredo

produção em série: esse som é um mistério

Arte e conhecimento tecnológico compartilhados (1)

A coisa

Um poster retrabalhado com pinturas, rabiscos, grafite, escritos, anotações, colagens e agregações de dispositivos eletrônicos e computacionais. Esse som é um mistério: produção em série, um trabalho de Glerm Soares, do coletivo Orquestra Organismo.

As partes mais evidentemente tecnológicas compõem um hardware dedicado a áudio, uma pequena placa com os componentes de um microprocessador, ao qual somam-se um alto-falante, uma bateria, um joystick e seus respectivos cabos de conexão. Ligada, a obra repetidamente pronuncia a frase: “produção em série”. Uma fala maquinal, soando estranha e indefinida nos primeiros momentos, parecendo também dizer outros enunciados, como: “começou o ensaio”. Não há um player onde se acoplaria uma mí­dia avulsa analógica ou digital. O áudio modulado em números está gravado na memória do próprio hardware.

Aparência; o além da imagem; os layers de conceito; interfaces entre arte e tecnologia.

Na apreensão visual imediata, a plasticidade espontânea, caótica, expressiva e eclética sobreposta í  imagem de um poster (2). Aparências e ví­nculos de conteúdo com a imagética dadaí­sta, fluxista, psicodélica, cyberpunk.

A rastreabilidade de contextos – lastros interpretativos – com cada elemento visual da colagem e suas interconexões de significados passam longe de uma leitura linear, há tramas de linguagem intencionais, outras casuais, e algumas soldas entre elas (3). Não se trata de uma espontaneidade somente lí­rica ou gestual: o quadro é o receptáculo de um turbilhão de idéias. É simultaneamente uma crí­tica cultural aos saberes e fazeres tecnológicos subservientes í  indústria capitalista e também uma explí­cita ironia í  arte da pintura, especialmente aquela que quer se restringir, ainda hoje, ao exclusivo jogo da linguagem visual.

As idéias sobrepujam qualquer busca do belo, equilí­brio compositivo, qualquer referência restrita ao campo das artes visuais. O diálogo com a tradição da pintura e/ou da “Arte ocidental” ocorre na freqüência anti-arte. Arte de contra-cultura, subversiva. Há um repertório de anti-arte dentro da história da arte; se buscarmos algum campo de afinidade, esse é um deles.

Outro contexto afim é a arte conceitual, entretanto, num viés diferente da tradição que privilegia a escrita (como Joseph Kosuth), e num caminho também distinto do conceitual que materializa-se organizada e sinteticamente em objetos e instalações, com suas imanências de significados culturais (como Cildo Meireles). O conceitual aqui é de aparência e consistência cumulativa e caótica. Se Catatau é o tupiniquim Finnegans Wake joyciano, leminskiano, imagine Hackeando catatau: “a justa razão aqui delira”, outra vez. Hackear Catatau diz muito sobre a filosofia do proceso em questão. Diz algo, ao menos; e mais pode ser encontrado no site homônimo do coletivo na internet. Uma tendência contemporânea essa, a da aleatória disponibilização de dados, onde os contextos acessados continuam agrupados em camadas entrópicas de informação, num denso subsolo disponí­vel para diferentes percursos a serem trilhados por novos exploradores. Navegação intersemiótica aberta, curadoria do usuário, busca motivada pelo desejo do momento, tendências de afinidade agrupadas por inteligência artificial após uma ignição de escolha humana. Em meio a narrativas, interpretações e contextos que continuam sendo necessários de serem revisitados, reinventados, organizados e produzidos no espaço/tempo contemporâneo, para que a vida não fique confinada nas freqüências dos ventrí­loquos do discurso oficial, as possibilidades mais anárquicas de comunicação também reinvindicam seu modo de existir. Hackear Catatau, “pois”…

O ambiente transdiciplinar associado í s relações entre arte e ciência evidenciam outra área de interesse. Os antecedentes históricos e possí­veis campos relacionais são muitos, entre artistas, acontecimentos e teorias. Leonardo da Vinci, László Moholy-Nagy, Bauhaus, Jean Tinguely, Abraham Palatnik, Waldemar Cordeiro, Eduardo Kac, Corpos Informáticos, Paulo Bruscky, Vilém Flusser, etc. Para Glerm, Lúcio Araújo e Simone Bittencourt, parceiros de mais longa data entre os componentes da Orquestra Organismo (4), talvez parte dessas referências – as mais focadas no campo das artes plásticas – não sejam tão fundamentais em suas trajetórias, visto que o percurso do grupo origina-se na música (Boi Mamão, Estúdio Matema, Vitoriamario, Rádio Macumba e Malditos ícaros do Microcosmos), caminho ao longo do qual foram incorporando o instrumental e a sonoridade eletrônica (5). Daí­ para a busca do entendimento das lógicas funcionais e de produção dos instrumentos foi um passo. E uma jornada ainda em curso. Isso sem falar nas investidas de aprendizagem nas áreas da matemática, antropologia e psicologia. Entre referenciais e repertórios de influências musicais do grupo, outros e muitos são os nomes que transitam por suas memórias (ver entrevista abaixo). E no campo das investigações computacionais e da comunicação pela internet, pesquisadores e ativistas como Richard Stallman, Linus Torvalds, Tim Berners são presenças muito mais próximas e intensas que a de artistas visuais. Agora tudo se mistura novamente, a mixagem se amplia: música, ciência da computação, crí­tica cultural, artes plásticas: Interfaces.

Pensando os pensamentos, ainda: os acumulados, os escritos, e, inclusive, os anunciados através dos objetos e suas imanências de valor cultural, funcionalidades e re-funcionalidades ali na obra aplicadas. Esses pensamentos sobreagregados focam na crí­tica do establishment da sociedade contemporânea – com sua lógica de produção em massa, mecanicista e alienada, que aniquila as subjetividades dos indiví­duos. Esses pensamentos crí­ticos não são colocados somente como tema ou referência, eles são também matéria e linguagem. Eles propõem também uma conduta: o sujeito, além de usuário e consumidor das tecnologias contemporâneas, pode e deveria ser, simultaneamente, um entendedor, experimentador e/ou desenvolvedor criativo da ciência, em seu próprio cotidiano (ao menos na relação com instrumentos tecnológicos dos quais faz uso, o que já não seria pouco). No âmbito da ciência da computação, essa atitude converge para as polí­ticas ciberatisvistas, propagadoras da inclusão digital, da cultura dos códigos livres e da humanização das máquinas, principalmente através das atuações das comunidades de software e hardware livre. A ciência e a tecnologia a serviço de uma vida mais criativa e libertária, ao invés de sua aplicação hegemônica na atualidade, sendo ferramenta para desenvolvimento de produtos para competição capitalista, concentração de poder e riquezas, exclusão social, fomento í  guerra. Mesmo sabendo-se uma pequena peça quase imperceptí­vel no meio da grande engrenagem, a obra Esse som é um mistério: produção em série vislumbra uma outra humanidade, não vitimada por uma de suas criações, a tecnologia. Como parte dessa grande engrenagem, a obra é, por um lado, objeto de sabotagem largado em meio í  máquina, desejando e incidindo no colapso total do macrossistema. E por outro lado, é proposição recodificante de atuação prática coletiva. Assim, na sí­ntese de desejos, pensamentos e materialidades, a obra é também um manifesto.

Conhecimento tecnológico compartilhado

ou

desalienação do circuito de produção tecnológica

ou

desideologização do capitalismo inserido nos circuitos industriais de produção tecnológica

“Não há um player onde se acoplaria uma mí­dia avulsa analógica ou digital. O áudio modulado em números está gravado na memória do próprio hardware”. Esse som é um mistério: produção em série é uma obra especí­fica, singular. Condensa conhecimento e é protótipo de um fazer tecnológico. Incidindo sobre si mesmo, como pensamento redundante, autocrí­tico, e sendo ao mesmo tempo exemplo de artesania computacional e experiência criativa, o trabalho é crí­tica da cultura contemporânea, conhecimento tecnológico compartilhado, objeto cultural anti-industrial, desalienação do circuito de produção tecnológica, desmistificação da tecnologia. É uma deseideologização do capitalismo inserido nos circuitos industriais de produção tecnológica, fazendo aqui analogia í  proposta Insersões em Circuitos Ideológicos – Projeto Coca-cola, de Cildo Meireles (6):

“Por pressuposto, a arte teria uma função social e teria mais meios de ser densamente consciente. Maior densidade de consciência em relação í  sociedade da qual emerge. E o papel da indústria é exatamente o contrário disso. Tal qual existe hoje, a força da indústria se baseia no maior coeficiente possí­vel de alienação. Então as anortações sobre o projeto “Inserções em circuitos ideológicos” opunham justamente arte í  indústria.”

Se em Cildo o projeto caracteriza-se na identificação de um circuito idustrial (e alienante) no qual a inserção (consciência) age num processo subversivo, em Esse som é um mistério: produção em série, há a tomada de consciência e compartilhamento dos saberes da produção tecnológica, o que, dentro da lógica vigente, já é ação subversiva (bastaria lembrar algumas das práticas das grandes corporaões empresariais: controle de patentes, segredo industrial, domí­nio de mercado, segmentação alienada das etapas do trabalho, produção e consumo em larga escala, etc). Há ainda o convite í  participação, o “insira algo no circuito”. Com essa chamada, a noção de circuito evoca outros dois sentidos: o circuito eletrônico especí­fico do trabalho e o circuito do conhecimento compartilhado, construí­do nas redes relacionais entre pessoas, na participação, na articulação de circuitos artí­sticos autodependentes. Em Cildo a participação é também base para a potencializar a ação.

Considerando as questões tocadas pelo trabalho especí­fico, e, genericamente, as produções do coletivo Orquetra Organismo, pontes reflexivas poderiam ser construí­das sobre a questão arte e tecnologia, reprodutibilidade técnica, produção em série. Haveria um repertório de negação a ser acessado quando esses conteúdos fossem associados í  estratégia pop de Andy Warhol, replicante de imagens da indústria, inclusive da indústria cultural, talvez irônico em algum sentido, certamente bastante condenscendente com o status quo, inclusive pela forma e conteúdos com os quais construí­a sua própria carreira e imagem pública. Por outro lado, surgiriam afinidades com a teoria de Walter Benjamin, por exemplo, ao aproximarmos as estratégias de veiculação e participação pela internet empreendidas pela Orquestra Organismo a alguns apontamentos de Benjamin em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica (7), no sentido da potencialização polí­tica oportunizada pela maior circulação de uma obra de arte reproduzida tecnicamente. O que também confluiria afirmativamente para ideários comuns é a vontade do envolvimento entre artistas, técnicos e comunidade, num processo coletivo, inclusivo, e focado no compartilhamento de saberes, como nas reflexões do texto O artista como produtor (8). E muitas outras conexões teórico/práticas poderiam ser feitas. Arte, ciência e tecnologia proporcionam um campo transdiciplinar para a investigação contemporânea, seja do presente ou do passado, em seus diferentes contextos.

Os comentários aqui elaborados poderiam estender-se para outras obras realizadas por Glerm Soares, assim como para outros trabalhos do coletivo Orquestra Organismo, o Toscolão, o manto polifônico, o painel eletrônico Não ouse amar o erro… Tendo a obra a dimensão de um manifesto dentro de si, o reverso de um comentário especí­fico pode também se dar: falar sobre a obra é também falar sobre as produções do grupo, ainda que cada investigação tenha campos especí­ficos de experimento tecnológico.E daí­ em diante, seria também falar sobre o ideário de outros grupos afins, como o Estúdio Livre, o Descentro, o Ystilingue. E falar de parte de uma cena do ativismo cultural contemporâneo, cujo ambiente de atuação é também uma interface entre grupos de autogestão de artistas e ciberativistas.

Aquele poster que serviu de suporte e base para a apropriação e reciclagem – lixo encontrado numa rua de Curitiba (trash object trouvé) – também pode tornar-se alvo num sentido crí­tico similar ao dito sobre a alienação dos processos industriais capitalistas, a tal “produção em série”. O referido poster pop serial é imagem esteriotipada reproduzida em série. A própria busca de estilo, no campo da arte, é algo fadado í  alienação, í  repetição de padronagens de pensamentos e formas, fórmulas, artesanato cerebral: “o estilo, seja das mãos, seja da cabeça (do raciocí­nio), é uma anomalia” (9). O serial nesse caso seria a estereotipação dos pensamentos e dos sentidos levado í  escala de múltiplo; num contexto bastante diverso daqueles desejos libertáros impactantes visualisados por Benjamin ao argumentar sobre a arte reproduzí­vel tecnicamente. O estilo, a subserviência ao mercado de arte e a crença de que arte é produto blindado a seu entorno social formam as bases do trabalho de arte anestesiado e alienado. Muito além da visualidade, o artista opera, através da linguagem, sobre as lógicas dos acontecimentos culturais, sobre o imaginário coletivo. Diferente de atrofiar-se no estilo individual e na podução em série, o artista expande-se no compartilhamento de consciência crí­tica, sensorial e afetiva. Mais engajamento com a vida e a liberdade, essas são algumas das bases psí­quicas e comportamentais do trabalho do artista, alguns de seus desejos, em qualquer época. As utopias continuam a existir. Esse som é um mistério, como a vida.

Mamelucovich, Cachoeira dos Descartógrafos, ano do boi.

NOTAS

1.

Este texto foi motivado por uma troca simbólica proposta a mim por Glerm Soares, conforme relato que segue: “Recebi de Glerm em novembro de 2007, em mãos, uma obra chamada Esse som é um mistério: produção em série. Eu havia acompanhado alguns momentos da construção do trabalho na casa 818, paragem temporária do coletivo Orquestra Organismo. Ao ver a coisa pronta, se é que chegou ao fim, gostei. Empatia pela aparência/conteúdo/processo. Layers de idéias, fazeres e ironias sobre arte e indústria. Foi uma satisfação receber o presente. Recentemente chegou por email o convite para elaborar um relato da experiência com a obra, alguma troca relacional, perspectiva de participação essa denominada “insira algo no circuito”. Isso como uma ação complemetar í  montagem da exposição Interfaces, empreendida pelo coletivo no Solar do Barão, resultado de um ano de pesquisa oportunizado pelo projeto Bolsa Produção em Artes Visuais, da Fundação Cultural de Curitiba, edital público do qual o Orquestra Organismo foi um dos contemplados. A exposição abre amanhã… Optei por escrever um texto para o “insira algo no circuito”: Arte e conhecimento tecnológico compartilhados. Com a escrita em curso, surgiu a idéia de fazer também uma pequena inserção no próprio trabalho… Tá (quase) lá (a obra está na exposição agora). No meio do processo senti ainda a necessidade de elaborar algumas perguntas a Glerm, para tirar certas dúvidas sobre o trabalho e sobre a história do coletivo. Frente í s generosas respostas dadas, resolvi incorporar a conversa por email como uma entrevista – Brainstorm sobre terramotors de bits – a qual segue logo após o texto. Aquela vontade de contextualizar os acontecimentos a partir de certa base de valores dos quais também me sinto cúmplice. Goto, Curitiba, 03/03/2009.”

2.

Em exercí­cio de arqueologia da cultura pop, rastreou-se o poster encontrado na rua que serviu de suporte para as derivações artí­sticas da obra Esse som é um mistério: produção em série. Trata-se de um desenho da artista (???) estadunidense Sara Moon, Girls by the fontain, de 1985.

3.

Alguma semântica sobre a imagética do poster: ele comunica pela escrita, através de um pequeno cartaz de divulgação, o horário de atendimento do serviço prestado ao público, somente para dias úteis e sábados; dias inúteis sem previsão. Essa mensagem associada í s figuras humanóides ali representadas e demais plasticidades acrescidas levam a algumas dúvidas sobre qual seria, afinal, o tal serviço ofertado: uma clí­nica de telepatas, de mestres em hipnose, de videntes mí­sticas, de emissárias de abduções, de massagem alucinatória tecno-erótica? Isso porque a clareza e a beleza idealizada (e estereotipada) das representações gráficas femininas que permanecem residuais no desenho evanesceram-se numa atmosfera psí­quica e fantasmagórica. Os rostos das garotas estão desfigurados e diluem-se na presentificação da imagem, na des-paisagem, na negação da perspectiva e de representações realistas. íreas de pintura chapada, escritas, linhas ortogonais grafitadas, sobreposição de colagens e objetos. Cabelos verdes esvoaçantes, desproporcionais, tornados grafismos. Um joystick está cravado na testa de uma das garotas (on/off da terceira visão?), enquanto a outra expande-se em barbas pela face, instanteaneamente congelada na lembrança de um eventual e andrógino ser do Planeta dos Macacos. Há ainda um poético instrumento de solda colado ao lado de um bucólico pincel de pintura. Duas linhas perpendiculares encontram-se na lateral esquerda do quadro, referindo-se í s dimensões bidimensionais do próprio suporte da obra, sua altura e comprimento: talvez indí­cio autoreferente de quantos centí­metros quadrados de arte há, numa improvável cobiça por alguma cotação monetária avantajada por árrea de trabalho artí­stico realizado. Há alguns componentes eletrônicos colados também, como dito. E eles funcionam… Conectando os cabos e mexendo no joystick, um pequeno altofalante emite a frase: “produção em série”. Enfim, loucurada. Além do que a obra está mais para patinho feio e Malasartes que para uma obra de Belas Artes. (Ver Nota (10))

4.

Além da base estruturante do grupo, formada por Glerm, Simone e Lúcio, também participam do coletivo os artistas Octávio Camargo e Claudia Washington. O grupo está aberto a novas participações.

5.

Dentre eles, Lúcio é o único com formação especí­fica em artes visuais, mesmo vindo também da música. Claudia, a mais recente colaboradora do grupo, também tem formação em artes visuais.

6.

MEIRELES, Cildo. Inserções e Circuitos Ideológicos. Rio de Janeiro: Coleção ABC – Funarte, 1970. p.22

7.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In:_. Magia e Técnica, Arte e Polí­tica. São Paulo: Brasiliense, 1984.p. 165.

8.

. O autor como produtor. In: idem Nota (5). p. 120.

9.

MEIRELES, Cildo. Inserções e Circuitos Ideológicos. Idem Nota (4). p.24

10.

As Notas (1) e (2) acima escritas, interpretativas sobre a imagética da obra, tornam-se quase desnecessárias ao texto, supérflua busca de contexto na visualidade non-sense, iconoclasta e escrachante. Exercí­cio digressivo de semântica sobre a aparência das coisas, pensamento transcendente. Paradoxal rastreabilidade de significados da imagem num processo de trabalho intencionalmente construí­do para negar justamente a supremacia da imagem sobre os conteúdos. Ainda assim, quase supérfluas, as notas trazem dados sobre tudo aquilo que não importa e é negado, reforçando talvez as opções escolhidas, aquelas que apontam a articulação de conteúdos, a aplicação de conhecimento e o fazer consciente como fundamentais. Assim colocadas, essas notas esperam ter ganho sua razão de existir.
Brainstorm sobre terramotors de bits
(Mamelucovich) No trabalho Esse som é um mistério: produção em série, o que é aquela chapa onde estão fixados alguns componentes eletrônicos do harware de áudio? É o arduí­no?
(Glerm Soares) É uma placa derivada do projeto arduino,mas com projeto minimalista redesenhado a mão e batizado de “toscolino”.
Na exposiçao estamos tentando ao máximo usar placas que foram totalmente projetadas por nós mesmos.
A chapa daquele quadro especí­ficamente fui eu que fiz, desenhei a trilha a mão e queimei no percloreto.
Já o projeto arduino pode ser descrito como – um dos primeiros projeto de hardware livre que seguindo os passos do que aconteceu com o software decidiu licenciar todo o projeto de desenho da engenharia de hardware sob licença copyleft, do tipo creative commons. Este projeto ficou conhecido por ter uma abordagem de desmistificar o mundo dos microprocessadores dentro de cenários mais artí­sticos e hacktivistas.
(http://arduino.ccâË?ž)
Derivando da música, dá para dizer que alguns antecedentes do coletivo Orquestra Organismo foram o Boi Mamão e Estúdio Matema. Que outras configurações ou bandas ou grupos vocẽs formaram?
Vitoriamario, Rádio Macumba e Malditos ícaros do Microcosmos.
Este último com incursão pelo terreno dramaturgico com a peça Malditos somos nós tentando ser nós mesmos…
Quais músicos de alguma forma podem ter sido influência ou dialogam com o trabalho que vcs fazem?
essa lista é bem dí­ficil mesmo.
porque tem aqueles que soam e inexplicavelmente influenciam a audição, diariamente, independente de sua trajetória… e aqueles que tem uma trajetória as vezes até maior que sua obra musical.
por mim eu diria que influencia-me toda música que conduz o ouvinte por dentro do inesperado, e pra isso toda tentativa de vencer os canônes da música “maior-menor” que foi toda empalada de arestas pelas cruzadas “civilizatórias”… mas de qualquer forma sempre restam bases pros hinos que batizaram-nos com sobrenomes.
Quem são os caras que criaram, desenvolveram e influenciam as redes de desenvolvimento de software livre e pesquisa em computação?
acho que você está falando do Richard STALLMAN… ele é o filósofo por trás da licença GPL -e cunhou a filosofia das 4 liberdades –

1.

A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nú 0)

2.

A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade nú 1). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

3.

A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nú 2).

4.

A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie deles (liberdade nú 3). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.
Já o linux foi um dos primeiros sistemas operacionais a usar esta licença e alguns aplicativos que foram desenvolvidos a partir dela. O criador da parte central do linux é um finlândes chamado Linus Torvalds.
Além disso e das licenças,você pode por exemplo lembrar que o cara chamado Tim Berners Lee, que é o cara que inventou a web como conhecemos – aquilo que entendemos por “html” – navegadores com links, fotos diagramadas numa página com barra de rolagem e os protocolos, etc… o fez de uma maneira aberta e foi ali que a internet explodiu…
*curiosidade – primeira página web da história: http://www.w3.org/History/19921103-hypertext/hypertext/WWW/News/9201.htmlâË?ž
As modulações gráficas que vc fez nas experiências Curadoria e Esse som é um mistério: produção em série são somente numéricas ou há combinações entre números e letras?
é uma conversão direta de um formato digital usado industrialmente – o wav , um padrão que considera as necessidades da indústria , como o numero de bits que utiliza um CD ou DVD ou a velocidade da placa de som do computador -> para um formato cru, operando em ciclos de 8 bits contendo 8000 amostras em cada segundo (os toscolinos são como computadores pré-históricos de 8 bits, os atuais usam 32 ou 64 e suas placas de som operam a 48mil amostras por segundo)
Pra isso estamos considerando todos os parametros elétricos possí­veis de acontecer com um pequeno auto-falante de 0.5 watt controlado diretamente pelo microprocessador recortando 1 segundo em 8000 frames microsonoros.
Para entender a técnica é preciso “fotografar” os movimentos do autofalante em microsegundos de tempo e considerar essa movimentação derivada do impulso elétrico necessario para movê-lo. Essa “modulação númerica” que você se refere, é como pensar em uma palavra como um tipo de “bólide sonoro”, recortando 1 segundo com cada vogal e consoante que a palavra pede e fazendo uma escultura perceptí­vel pela audição.
Além do Esse som é um mistério: produlão em série, Toscolão, Manto polifônico, Curadoria, a TV que o Lúcio estava mexendo (com que nome ficou, mesmo?) e aquele painel eletrõnico, que outros trabalhos vocês estarão exibindo no Solar do Barão?
os trabalhos estão sempre em processo. chegamos a conclusão que eles nunca estão satisfatóriamente terminados pois são declaradamente experimentos e fazê-los ou consertá-los em frente aos interessados acabou inevitavelmente tornando-se parte do trabalho.
tem algumas dessas coisas semi-prontas que você citou, mas nao sei se tem tí­tulos e provavelmente tendem a serem acopladas entre si gerando novos derivados.
o painel eletrônico já está instalado e esta exibindo a seguinte frase: “Não ouse amar o erro”…
estou terminando também um protótipo de bateria-robô que vai servir de suporte para algum tipo de oferenda percussiva pós-industrial
também tem um software livre que eu desenvolvi, chamado navalha, que pode ser baixado pelo estudiolivre (onde também tem uma descrição de sua interface):
http://www.estudiolivre.org/tiki-index.php?page=NavalhaâË?ž
Continuando aqui, na real, tentando entender o que eu entendo sobre o que vcs fazem, contextualizando as coisas…
nós também, tentando entender.
valeu o brainstorm

Mamelucovich

Conversa com Adilson no �gua Verde

Eram por volta das sete da noite, colocávamos os sacos de lixo í  disposição da coleta diária da prefeitura quando ouvimos uma voz atravessando a rua em nossa direção. Era um rapaz por volta de seus 20 a 30 anos. Ao mesmo tempo em que solicitava algum tipo de ajuda contava sua situação e retirava da carteira uma série de papéis afim de comprovar a história. Partia do pressuposto de que nós não acreditávamos em suas palavras, suponho que pelo fato de ser caracterí­stica dos centros urbanos o distanciamento. Os papéis eram vários, o primeiro emitido pela assistência social dizia ser seu “atestado de pobreza”, o que lhe permitiria tirar documentos sem custo algum, em seguida desdobrou um bilhete cujo conteúdo era a anotação de um número de telefone para contato, anotado em grafia um tanto trêmula. Demonstrava ser importante guardá-lo, pois lhe servia como comprovante de residência no municí­pio. Completando a série vieram os rubricados pela polí­cia civil, entre outras instituições do gênero. Todos, além de bastante surrados, quase desmanchando em suas mãos aparentavam ter sido molhados pela chuva. Havia saí­do da penitenciária de Piraquara a poucos dias, onde ficou retido por seis meses por tentativa de homicí­dio e por 155.
Havia furtado uma espécie de ventilador de inflar barracas que segundo suas palavras custava em torno de “um barão” (mil reais), mas que havia repassado por sete reais e esse montante logo revertido em cachaça. Pelo fato da pessoa que havia registrado a queixa não ter comparecido em três das audiências voltadas ao caso, ele agora havia reconquistado sua “liberdade”, sob condição de permanecer em Curitiba e, de tempos em tempos, ter obrigatoriamente que se apresentar no CCC, o que viria a acontecer dentro de dois dias. Sabia que se complicaria se não o fizesse, portanto estava decidido em cumprir com a tarefa. Sobre a tentativa de homicí­dio, mencionou ter sido briga de bar, apontou para sua cabeça dizendo ter levado uma paulada e que não fez nada além de se defender do agressor. Ao todo somava em seu currí­culo oitenta e cinco passagens pela polí­cia, mas somente duas após a maioridade.
Sua forma de falar era um tanto confusa, mencionando nas mesmas frases familiares, conhecidos e um conjunto de lugares: Almirante Tamandaré, Vila Capanema, Trindade, Rio Branco, Matinhos. Uma vez que sua circulação abarcava as principais favelas de Curitiba e região metropolitana, embora não ter mencionado seu destino, deduzi que estava de passagem rumo ao Parolim, não muito distante de onde nos encontrávamos. Disse ter uma filha de treze anos que morava com a mãe mais o padrasto e em seus encontros a menina clamava para que ele vivesse ao seu lado, com ar de descontentamento respondia a ela que era melhor do jeito que estava, pois o padastro proporcionava seu sustento e educação, o que no momento não poderia fazê-lo. Revelou estar complicado entrar na Vila Capanema devido a um desentendimento com outro sujeito, fato que havia culminado em uns “pipocos” por lá, o que vinculei a tentativa de homicí­dio mencionada anteriormente. Mesmo assim, dizia que visitava a filha com certa frequência. Em outro momento da conversa comentou também sobre um outro filho mais novo, por volta dos sete anos, mas sobre o garoto não entrou em maiores detalhes.
Após Adilson ter aceitado como contribuição uma sacola de roupas que haví­amos separado para doação, percebi que vestia uma camiseta do pré-vestibular “Aprovação” e no fluxo da conversa, não sei bem o porque, acabei mencionando algo sobre caminhos os quais escolhemos seguir, ao ouvir isso imediatamente associou minha fala como sendo de cunho religioso e disse que tempos atrás era adepto assí­duo da igreja pentecostal, mas após seus pais e irmão terem “partido” tudo aquilo tinha perdido o sentido – “daí­ eu virei de vez”. A conversa toda durou cerca de quinze minutos, embora eu tenha ficado tempos depois com ela na cabeça. Na região em que moramos não são raras pessoas em situações similares a de Adilson.

Tarefa: Texto referente Ã?  proposta Ocupação, de Newton Goto, idealizada para acontecer na Galeria Ybacatu, Curitiba, em 1999.

ocupação

Apresentado no Curso de Pós – Graduação História da Arte Moderna e Contemporânea
Módulo: Teoria da Arte (Profê Mê José Justino)

por Sergio Moura, dez 2008.

Era pra ser uma exposição de arte com os ajustes corriqueiros que envolvem um espaço convencional e o artista expositor. Os lugares oficiais (museus, galerias, instituições etc), tradicionalmente estão habituados a receber objetos de arte formalista (pinturas, esculturas, gravuras etc) para ser contemplados. A arte aqui, e na maioria dos casos pode-se pensar assim, limita-se í  retina e a atitude do observador é quase sempre passiva.

Mas não era o que o artista tinha planejado e escrito em seu projeto: (1)

“A arte do século XX tornou visí­vel, entre tantas revelações, os espaços artí­sticos tradicionais do Museu e da Galeria não apenas como locais para se colocar pinturas e esculturas, mas definiu-os também como um lugar para o debate crí­tico, um ambiente de confluência para idéias conflitantes”. E prossegue: “Um dos mecanismos de atuação utilizados foi a apropriação de produtos com função definida em seu uso social e o deslocamento destes para o “ campo ” de exposições artí­sticas, acrescentando a eles colagens e outras interferências, reordenamentos disfuncionais, e um discurso invisí­vel – fazendo com que os caminhos percorridos para o entendimento da obra seguissem rotas não só visuais. Duchamp foi o protagonista mais radical dessa nova postura frente a obra de arte. Uma das conseqüências conceituais resultantes deste novo posicionamento foi a percepção de que cabe ao homem dar valor de uso í  matéria; o pensamento criativo pode dar novas funções í s coisas e então tudo o que existe no mundo pode ser objeto e instrumento de criação artí­stica (recriação, refuncionalização, resignificação)”.

Sua intenção tinha origem no ideal por uma arte que pudesse “refletir questões além das especí­ficas ao campo artí­stico”.

Diz o artista: (2)

“O social na arte e a arte como objeto social: é a partir desta dupla relação (dialética) que esta proposta manifesta seu intuito construtivo. Dentro dessa abordagem a estruturação da obra se dá através de uma análise da relação entre arte e mí­dia”.

De natureza conceitual, onde o que mais conta é a veiculação da idéia, a obra propunha inúmeras questões para serem pensadas, cobrando do público uma atitude cerebral. O que essa arte tinha a ver com reivindicações polí­tica sociais, movimento organizado, problemas, exercí­cio do pensamento e reflexão, exigindo em contrapartida a ação do observador que, na maioria das vezes, sabe apenas contemplar? Que questões eram essas?

O artista antecipa ainda que “a obra é elaborada, a princí­pio, em dois sentidos processuais”:

– Apropriação da imagem sí­mbolo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, reproduzindo-se a imagem e levando-a para dentro da galeria, concretizando, pela modalidade da instalação, a ocupação do espaço fí­sico arquitetônico do espaço expositivo.

– A imagem do sí­mbolo destinado a galeria é reproduzida e tornada mí­dia divulgando e registrando o evento. A ocupação se apropria do espaço público de circulação de informações.

Ousadia e radicalidade são atributos favoráveis ao artista que sabe da importância de construir e preservar sua integridade. Mas, pra tomar esse partido, precisa de coragem, desprendimento e liberdade assumida.
Ao pretender discutir em seu trabalho as questões do MST, movimento organizado de forte engajamento polí­tico social e que ostenta um retrospecto assumido de ocupação e cidadania em favor da luta pela terra, da conquista de moradia, da autonomia do trabalho pelo cultivo da própria terra, o artista não poderia evitar a abordagem contundente e daí­ o inevitável conflito com a galeria. E Goto promove a ação ética, atitude que é fundamental e indispensável para a sobrevivência da democracia.
No ofí­cio de artista pensador tenta alterar velhas regras do jogo, mas, o que não sabia era que seria censurado e proibido de mostrar, aquilo que os dominantes não tem vontade de desvelar.
Repensando a verdadeira função da arte quando esta é próxima da ação polí­tica, reafirma valores essenciais e exalta a liberdade como premissa inteligente a todas as demais formas de ser, sentir, pensar, agir, atestando, sobretudo seu compromisso com sua verdade e elevando a Arte í  sua dimensão monumental.

A arte dita contemporânea, para honrar seu tí­tulo pomposo, deve antes de tudo lidar com a realidade, e, portanto, em primeiro lugar estar mais relacionada com a vida e com a liberdade. Como enfatiza Gregory Battcock: (3)

“A arte ignora a crise e se frauda na busca de irrelevantes estéticas, enquanto o sistema polí­tico destrói a vida humana. Esse mesmo sistema polí­tico representa interesses de grupos ao invés de servir í s necessidades do povo e, portanto, tornou-se uma mentira para a verdadeira democracia. A arte tornou-se um jogo sem sentido para exclusivo benefí­cio dos que estejam engajados na supressão da vida humana e de seus valores, o brinquedo da cultura branca que, neste paí­s, destrói a cultura dos negros e dos í­ndios, a elite que lhes impõe a cultura estrangeira e irrelevante.
A arte é usada para distrair as pessoas da urgência de suas crises. E se você, como artista, aceita a repressão da sociedade e trabalha com o sistema, você pode retardar as transformações. Enquanto o artista lisonjear a elite, ela estará apta a controlar a arte e não permitirá a sua livre expressão. É preciso que seja relevante e antitrivial. É preciso que agite a mente dos que a admiram a fim de que se compenetrem da essência da crise; É preciso que dirija e envolva seus admiradores para a ação; É preciso que questione; É preciso que provoque.”

O próprio artista reafirma: “Minha intenção é burlar as especificidades de cada área”. Colagem, reprodução serial, e ainda, visão crí­tica da sociedade, posicionamento polí­tico, provocação í s elites dominantes, crí­tica a hegemonia de mercado, ausência de conscientização sóciopolí­tica da categoria, e por aí­ vai.

E Susan Sontag nos faz lembrar: (4)

“O que importa agora é recuperarmos nossos sentidos. Devemos aprender a ver mais, ouvir mais, sentir mais”.

Entretanto, uma grande dúvida que fica: porque expor um trabalho de natureza questionadora, crí­tica e filosófica, explosiva até, dentro de uma galeria que tem total comprometimento com o status quo, que é associada ao mercado e vinculada ao poder econômico, que estimula a competitividade e que como qualquer empresa necessita de lucro para sua manutenção e existência? Onde a ética está submetida por uma estética de aparências e superficialidades camufladas por pseudo-culturalidade? O que tem a ver uma proposta de arte que resolve negar um sistema que, nas palavras de Lebel (5) “produz mais abortos do que partos”, impede a real democracia e a transformação da vida, e ao mesmo tempo procurar nele o suporte de viabilização para a fruição da sensibilidade estética (?).

Aqui a sacada reveladora que atingiu o alvo: A proposta que o artista Newton Goto queria levar para dentro da galeria, continha enorme carga ideológica decorrente de extraordinário poder simbólico a serviço da emancipação, representando por isso séria ameaça com repercussões importantes na vida cotidiana. Daí­ o medo e a conseqüente autocensura que geralmente encobre a censura disfarçada e não assumida.

“É sempre mais fácil a autocensura, pois esta não deixa pistas desagradáveis”. (6)

O caminho, de fato então, era totalmente oposto, todavia coerente, justo e, sobretudo, verdadeiro. Nos varais montados pelo artista, no mesmo chão do MST, podemos conferir algumas questões inquietantes e pontuais como:

“Por que um artista pode se apropriar de uma imagem de refrigerante e não pode fazer o mesmo com o sí­mbolo de um movimento popular?”;

“Por que o senso crí­tico sobre a sociedade só parece ser válido para a produção artí­stica de outros paí­ses?”;

“Por que a censura e a repressão continuam existindo numa sociedade teoricamente sem ditadura e supostamente democrática?”;

“Por que as pessoas haveriam de ter medo de um movimento popular organizado?”;

“Por que o que está próximo nos parece tão proibido e perigoso?”;

“Toda arte é um ato polí­tico”;

“E não seria função da arte criar novos pensamentos, gerar debates crí­ticos, propor novas relações da obra com o público?”.

Rechaçado pela impostura da galeria e pressionado, o artista, solidário í  causa dos sem-terra, monta seu barraco no mesmo lugar onde estava o MST, confirmando o ideário projetado e consolidando seu verdadeiro lugar: a obra estava “em casa”. Aí­ sim, o debate se amplia sem restrições e a proposta encontra seu ponto notável. No cruzamento do contexto arte-polí­tica, a rua é o ponto central onde essa discussão deveria confluir, motivada pela presença – envolvimento de seus personagens principais: o cidadão comum e o artista mediador.

Preocupações sociais, sonho da casa própria, liberdade, justiça, saúde, espaço social, necessidades básicas, reforma agrária, enfim cidadania, são questões vitais para o homem comum que se somam í s expectativas que desafiam todo artista contemporâneo.
Arte na rua, interferência na cidade, liberdade criativa, provocação estética, autonomia da obra de arte (7), cultura de massa, panfletagem ideológica, inquietações que caracterizam tempos passados onde os cidadãos eram bem mais conscientes e informados, tudo isso pode banhar-se nas mesmas águas, pois apontam para o mesmo alvo – o sonho que todo ser sensí­vel e todo artista devem cultivar – imaginando possibilidades e meios de construção de melhoria da vida em sua comunidade bem como ao mundo global.

“A pergunta pela função da terra traz subjacente a pergunta pela função da arte. E a arte se abre como um sistema de possibilidades” . (8)

“A função da arte, como questão, foi proposta pela primeira vez por Marcel Duchamp. Realmente é a Duchamp que podemos creditar o fato de ter dado í  arte a sua identidade própria. Com o ready-made não-assistido, a arte mudou seu foco da forma da linguagem para o que estava sendo dito. E toda arte (depois de Duchamp) é conceitual (por natureza), porque a arte só existe conceitualmente”.(9)

A obra Ocupação reúne um conjunto de instalações que se prolongou por diversos lugares, depois que o artista teve vetado sua exposição no local anteriormente previsto. Ao acampar na Praça Nê Srê de Salette, em maio de 1999 onde ficou durante três (3) semanas, no Centro Cí­vico e em frente a sede do poder público, o artista obtém relativo apoio da população mas conquista relevo maior quando, pela conjunção de ideais próximos – liberdade, igualdade e solidariedade – em comunhão ideológica com o radical movimento social, restabelece o diálogo há muito perdido da estética com a ética social e isso possibilita inclusive ir mais além, transpondo fronteira para alcançar outro lugar. No Rio de Janeiro, em junho do mesmo ano, o mesmo trabalho se fez ver no chão da Funarte. No ano seguinte, em 2000, recebeu sinal verde da Prof. Mê José Justino e de volta a Curitiba, marcou presença na Sala Arte & Design da Reitoria da UFPR.

Na série de instalações o signo reconfigurado, tornado objeto artí­stico em diversas abordagens que lembram os ready-mades refuncionalizados. Nelas, o artista se valeu dos panfletos reproduzidos com a emblemática logo e tanto na apropriação como na repetição ou no estratégico deslocamento da imagem circulante, não se pode deixar de reconhecer a herança proporcionada por alguns gigantes da arte pop mundial: M. Duchamp, A. Warhol, J. Kosuth, o brasileiro Cildo Meireles, além do teórico Walter Benjamin e da extraordinária e histórica vanguarda DADí.
Estes são alguns dos expoentes referenciais que emprestam significativas contribuições e dá profundidade í s muitas reflexões, acompanhadas de surpreendente avaliação que o artista faz tanto do mundo da arte quanto da produção artí­stica.

“Por sua vez, a estética do desequilí­brio, a que afeta estruturas, que precisa de total participação ou total rejeição, não dá espaço para o conforto da alienação. Ela leva ao confronto que trará mudança. Ela leva í  integração da criatividade estética com todos os sistemas de referências usados na vida cotidiana. Ela leva o indiví­duo a ser um criador permanente, a ficar em um estado de percepção constante. Ela o leva a determinar o seu ambiente de acordo com as suas necessidades e a lutar para alcançar as mudanças”. (10)

REFERÃ?Å NCIAS BIBLIOGRíFICAS

1 GOTO, Newton;Texto – projeto: Ocupação, 1999

2 Idem;

3 BATTCOCK, Gregory; A Nova Arte, Col. Debates 73, Ed. Perspectiva;

4 SONTAG, Susan; Contra a interpretação, Porto Alegre, 1987;

5 LEBEL, J. J; Happening, Editora Expressão e Cultura, Rio de Janeiro, 1969;

6 BOURDIEU, Pierre e HAACKE, Hans; Livre -Troca, Diálogos entre Ciência e Arte Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1995;

7 “Talvez a caracterí­stica mais distintiva das atitudes estéticas práticas, hoje em dia, tenha sido a concentração da atenção na obra de arte como coisa independente, artefato de padrões e funções próprias, e não instrumento fabricado no intuito de favorecer propósitos que poderiam ser igualmente favorecidos por outros meios”.

OSBORNE, Harold; Estética e Teoria da Arte: uma introdução histórica; Editora Cultrix, São Paulo, 1974;

8 JUSTINO, Mê José; Texto: A Pele Social da Arte – O que a arte tem a ver com o MST, 2000;

9 KOSUTH, J.; A arte depois da filosofia, Escritos de Artistas (Glória Ferreira e Cecí­lia Cotrim) anos 60/70 Jorge ZAHAR Editor, Rio de Janeiro, 2006;

10 CAMNITZER, L.; Arte contemporânea colonial, Escritos de Artistas ( Glória Ferreira e Cecí­lia Cotrim) anos 60/70 Jorge ZAHAR Editor, Rio de Janeiro, 2006.

www.aartedesergiomoura.com.br

Submundixlogix

QUASE INFINITO E/OU APODRECE E VIRA ADUBO SUBMIDIíTICO

Abordar modos de sobrevivência. Anotações sobre existência. Refletir sobre diferentes exercí­cios. Identificar e ecoar alerta sobre instâncias opressoras (e o sentido de significá-las), apontar o acesso ao conhecimento não aparente como princí­pio emancipatório frente a tais estruturas castradoras. Transitar táticas, experiências, circulações, compartilhar procedimentos de não perpetuação dos modelos inadequáveis, indesejáveis, insustentáveis, insuportáveis… A liberdade trata também da mobilização e difusão dessas práticas.

O abandono da civilização genocida e o sexo único. No modelo de civilização exploratório, prejudicial, o desperdí­cio esgota recursos naturais em canto de descaso, promovido por um progresso pseudo-ordenado. Incentivo ao consumo é técnica de hipnotismo. Planificação das relações estagnadas em autoritarismo e exclusão. Sua pauta é a ratificação da famí­lia nuclear baseada na figura do pai, substanciada em lastros históricos como o domí­nio por herança. Promove a limitação da existência a condição de atores fixos não humanizados, e explora parcelas da população divididas basicamente em classe e gênero. O que torna impossí­vel o permanecimento nesse sistema segregador, já que optamos pela plena atividade criativa dos seres. Constatando as desorientações dessa existência nos declaramos responsáveis pela não perpetuação das idéias e práticas desse mundo, agimos para seu desmantelamento e nos sentimos satisfeitos com seu aniquilamento não espetacular.

Famí­lia como sinônimo de “idéia de famí­lia”. Diferentemente da noção do remoto sexo único – a considerar mulher como homem atrofiado – dele derivado – reivindicamos o sexo único em respeito as caracterí­sticas peculiares dos seres humanos, complexo irredutí­vel a dubiedade mulher/homem. Criticamos a premissa hegemônica de gênero a partir da concepção biológica e natural que desconsidera outros fatores, a exemplo o social, agente de/em construção.

Satélites a deriva, sobrevoam insetos meteoritos. Satélites artificiais – congestionamento espacial, lixo tecnológico paira sobre cabeças – objetos identificados aos monopólios das telecomunicações – projetos militares – abarcam diversos objetivos, entre eles o controle da comunicação, o climático catastrófico, passando do mapeamento í  espionagem, voyeurs unioculares voltados ao controle. Rompe o pleroma da estratosfera um mistério de soberania de técnicas espaçocratas. Aparelhos conceituais concretizam-se em projéteis. MSST. Movimento dos sem sátelite. Utopia ou Distopia? Seria delí­rio a conspiração autônoma em busca do lançamento de satélites? Lixo e mais lixo no espaço. A nova geração fazendo passeatas pela reciclagem dos satélites. Paralelos Epistemológicos. Percepção em hypertexto. Acordo ortográfico. Alfabetizados agora ficcionam a noví­lingua. Sem trema. O Miguxês. Crianças no Orkut e no Google Docs estão vivendo simulacros reais. Ontologia do voyerismo de scraps. Redes Sociais. Shopping Centers são infovias fechadas em rotas de pacotes precisos de dados. Dinheiro ganho, dinheiro gasto. Dinheiro impresso, empréstimo. Espaço. Jogo de colisões e inércia. Retoma o pleroma para o campo ciência. Sintaxe como álgebra. Metafí­sica do materialismo dialético em eterno retorno de uma mais valia perdida. Luzes apagadas. Sociedade do audiovisual. Cheiro de banheiro. Fome. Desejo. Não-Fome.

Calendários. Espelhos.
A polí­tica do arrebatamento e as negociações para além do humano. Desde antes da prática da venda de terrenos no Céu temos o estabelecimento de um mercado do dogma, hoje estendido a vários outros ramos além do imobiliário; moda, música, atitude, automobilismo, futebol, mí­dias de massa. Não ter a opção, somente ser aterrado por uma avalanche de simbologias ditas sólidas e milenares para deixar a vida para uma próxima, eternidade muito aquém de ser alcançada. A qualidade de vida e a proporção do medo – contra as ideologias que promovem a insegurança e o temor. Quando se abandona o lamento resta a condição de agentes das ações – transformação, sujeito integrante de um ambiente onde não se está sozinho – dialógico com as comunidades e circuitos pelos quais transita. (contrário da postura heróica) relações interpessoais. Os vegetais e a grande trepadeira do sistema: orgânicos como moda. Agrotóxicos são os temperos de uma dieta alimentar pobre e envenenada. Não se conhece o que se come, nem sequer se sente o gosto. Carne é crime, fome é foda. Não se sabe o que fazer com os entulhantes dejetos. Cachorros e outros estimados animais domésticos são levados todas as tardes para passear, idiotia urbana, cativeiro e escravidão no âmbito animalesco das indústrias de ração e produtos cosméticos veterinários. Sinuca da simulação, sarna, estado de óbito, verticências…

Sem bússola, mensagem na garrafa, quase uma reza. Cadência no ritmo das frases, mesmo sem rima. 15 sí­labas e alguém querendo mais que formas.
Eu penso, tu falas, ele escuta, ela decide. Alem de gêneros e plurais. Um motivo, um avião decola, Itaipú segue imponente sobre as 7 quedas, ali na esquina. Ali na esquina. Um despacho. Mo-ti-vo pra cir-cu-lar por baixo de tudo, força motriz, 7 quedas. impulso; desvios; significados; cruzamentos lingüí­sticos; mais-valia; ethos; desmontes das bombas; Então responda-nos, em fluxo mais fluí­do. Léxicos em queda, definindo afluentes: A trí­plice fronteira e a aliança neoliberal numa velocidade espiral. Segurança defronte ao labirinto abismo. Extensão das formas fixas, mestiçagem da alucinação contra as forças centripetas de estagnação pela ordem segundo interesses parciais, indiferentes, das suas decisões imposições, efeito dominó: opressão. Espaço de disputa desigual, tédio de inexpressividade e alienação.

Acesso ao sonho crí­tico. Verdade do planeta. Sânscrito e latim para macacos. Selvageria as avessas. Na entrada e na saí­da, buraco úmido. A bula do cosmos. Gênese. A E I O U. Escolha suas consoantes. Morda a teta.

1 In nova fert animus mutatas dicere formas
2 corpora; di, coeptis (nam vos mutastis et illas)
3 adspirate meis primaque ab origine mundi
4 ad mea perpetuum deducite tempora carmen!
5 Ante mare et terras et quod tegit omnia caelum
6 unus erat toto naturae vultus in orbe,
7 quem dixere chaos: rudis indigestaque moles
8 nec quicquam nisi pondus iners congestaque eodem
9 non bene iunctarum discordia semina rerum.

Automatismo do mistério. Metamorfosis de Oví­dio. Salsa e cebolinha na retórica acadêmica. Declaração da precária condição do sistema artí­stico e suas trocas. Vamos a pastelaria. Pastel. Pastelaria. Pastelão. Pastiche. cientista: Quem não tem ciência atire a primeira tese.

inconscientista:…
artista: Faz desfazendo.
anti-artista: Desfaz fazendo.
aartista: preposição.
pasteleiro: O papel da estética na busca por articulação de uma solução
básica para problemas de sobrevivência feito de modo a estimular catarse coletiva por alegorias de uma forma ideal destes objetos que conduzem e satisfazem demandas das mais fisiológicas. Demandas, necessidades pulsionais. A Arte do Pastel desengordurado. Papel Absorve os excessos. Chistes salgam a massa com algum Ethos arbitrário determinado pelos mais escamoteados recalques de algum tipo de desejo por significar. Algo além da fome?

Servidão e/ou processos artí­sticos. Caleidoscópio, seja qualquer lado que gire novas formas e novas expressões vem í  luz. Cubo da mais-valia : apresenta um número finito de superfí­cies planas, seis quadriláteros, em cada um dos lados do cubo pixa-se: Babel.

Trabalho escravo. Um ônibus na estrada. Tratava-se evidentemente de trabalhadores assalariados, um deles tinha a cabeça encostada na janela e sustentada por uma fralda com a imagem de Dayse Margarida Disney, a namorada do Pato Donald. Plante. Operação vão no vácuo. Olhar sub mundo das coisas. Uma experiência de olhar como se estivesse um passo atrás, como no estranhamento, alguém observa-se em ação. Um olhar sub mundo. Após o encontro aqui – outro lado dali – vem entoar o mantra, grito ao sustento.

Tomada de recisão. Desescalada dos puleiros das instituições que promovem ví­nculos empregatí­cios. O lí­der foi liderado. Os retornos dos trabalhadores para nunca mais voltarem – tempo de extinção dos contratos e ví­nculos empregatí­cios – extinção da exploração, da mão de obra.

Quero estudar. Alguém pode me dizer como posso estudar? R.: Ela não fala em Escola. Escola: espaço social ao qual tenho direito assegurado e o dever de usufruí­-lo. Quem não tem, sente falta, desvantagem como moral de exclusão. Caminho: para difundir experiências e práticas próprias da comunidade como formas de sabedorias e conhecimentos singulares, valiosos. Conhecimentos institucionalizados, legitimados. Conhecimento informal. Escola problema solução, passar a valorizar a pessoa (por) e suas vivências, princí­pio dela mesma, nela se encontra. Já era pedagogia do poder, implosão da escola, movimentos de moralização e disciplina militarizante berram, ainda esperam por filas paralelas e carteiras desconfortáveis entulhadas em uma sala controle. Uma educação desvinculada de obrigatoriedade, da formação curricular carreirista. Pós-dia, liberdade para as crianças, adolescentes e jovens enclausurados por meio perí­odo (em certos casos perí­odo integral) por cerca de 20 anos. Outras formas de acesso ao conhecimento que não impliquem em enclausuramento. Perseguição ao analfabetismo : a moral que a sociedade ejacula sobre si mesma no mundo vazio. Pintar fora das linhas, fora das páginas. Sabedorias, conhecimentos que não são legitimados excêntrificados. Sabedorias, conhecimentos hegemônicos (leitura, escrita) como herança da humanidade, enraizamento em livros sagrados/épicos – erudição secular, dádiva dos deuses.

Empobrecimento : superstição de ficar presx no tempo – cimento sossego (ou seja, a lápide clássica que envolve os corpos cansados demais, pesados demais, leves demais, sujos demais, puros demais, alegres demais, tristes demais, mutantes demais e demais corpos). Instinto : sabedoria vivência virulência afirmação negação justaposição negação afirmação questionamento. Econ0mí­dia : na hierarquia dos demônios os que tem um chifre são devorados pelos que tem dois ou três chifres. Monstruosos dentes de leão. Criar um sistema economico baseado em trocas mútuas – prática da abundância – atuações compartilhadas.

Ilusão: tomada de recisão. Tudo isso, a idéia e idéia de conhecimento são muito parecidas, a universalidade de conhecimentos amplia os universos. Impossibilidade de mensurar o inconsciente. O pensamento hegemoniza parte do ser, existência subordinada a linguagem. O limite do pensamento, concretude de pensamento, ato de ampliar a história pelo pensamento. Paradoxo – ampliação de algo que não se condiciona a ser mensurado. A racionalidade, a que se auto define como estratégia de sobrevivência pra esse mundo especí­fico, bum.

Perseguição ao escravo hiper-necessário. Capitalismo ecológico. Treinamento. O homem antiautoritário sucumbiu ao tubo de raios catódicos e í s várias ondas.

Outras possibilidades além do capitalismo, sem tentativas comparativas: Nenhum tipo de outro capitalismo. Possibilidade de circulação de comunidades móveis, nômades. Nomadismo de idéias, capacidade de se adaptar a qualquer tipo de pensamento. Flutuar por um imenso espaço volátil de idéias ou estabelecer bases para o questionamento do entorno?

Como desmontar as cidades. Destruir as estradas e cemitérios; quebrar os muros; jogar fora todas aschaves e cadeados; fissão nuclear espontânea dos regimes controladores e prefeituras; mas se a fissão for espontânea teremos que ficar esperando? Podemos acelerar o processo “espontâneo” provocando modificações climáticas, aplicando fertilizantes, no que poderia acarretar tais acontecimentos para tanto é preciso ainda apontar quais as atitudes para se chegar a isso: fim dos meios de transporte poluentes; busca de moradias que refletem a personalidade e não a classe social; fim da propriedade, do medo das trocas, dos aparatos do poder; neocolonialismo, neocorrupção; de qualquer possibilidade de considerar forças que nos oprimem; da indução que aceitemos os males do mundo e que nos acostumemos a viver com eles; das hierarquias, da repressão sexual, do autoritarismo, da sociedade tecnocrática, competitiva, individualista e consumista, da nação, das olimpí­adas, do superhumano, dos recordes, da discriminação e do preconceito; do lucro; da carne; dos conservantes, acidulantes, da quí­mica alimentí­cia, da produção de lixo, da utopia das metrópoles, da crí­tica inexpressiva, da polí­cia e do exército, das armas, do estabelecimento da guerra, da sociedade de classes unidimensionais: com sua capacidade de uma classe absorver outras tornando-as não-contestadoras e acomodadas, da alienação; das formas sofisticadas de controle social e repressão (arte, tecnologia,…); do mercado; das ruas; do anacronismo, da miséria, das especulações; doscontratos, cartórios e burocracias; de rastejar, do mundo;

Continuação dos suicí­dios;
Retomada do plantio natural;

Iní­cio de outras possibilidades; outras trocas; da subsistência; das sociedades solidárias e igualitárias; da construção de jardins; da recuperação dos rios; do estabelecimento de ligações; relações uns entre outros, cooperativas e não-competitivas;

Lago imenso negro de idéias. Lago negro imenso de idéias (in)justiça? exuberância de sensações; não nos responsabilizarmos por quem somos; Respondemos por algumas coisas que fazemos, somos quem somos. E daí­? Caralho! nos sentirmos bem em relação a vida; nós: tomando decisões e assumindo as conseqüências. As ações fazem diferença. Observadores passivos.

Educação, mutação de pontos de vista, práxis, idéia de liberdade, experiências sobre liberdade. liberdade é uma construção do pensamento e uma realidade do corpo em situações extremas, idéias, imagine por conta das catástrofes nas contas bancárias dos aristocratas. Quem são os aristocratas no caso de liberdade existem conceitos, os de pensadores sobre liberdade. A nossa liberdade. Desafie o Estado escravo das corporações! A resistência não é fútil!A criatividade e o espí­rito humano dinâmico que recusa-se a submeter-se! Voto – participação ocasional e puramente simbólica da liberdade. Escolher entre o fantoche A ou o fantoche B. Ostentação, frivolidade, desastre, merda, parasitismo, dominação, moralidade”¦ guerra, predação. Favela, doze horas na rua, exercí­cio de pureza. Moradia em trânsito, pessoas e movimento e probreza e uma forma de organização não nuclear. Inalienável. Sexo e abandono.

Movimento dos Sem-Satélite (msst). Comunidade de artesãos de bits e volts, poetas humanistas, cientistas nômades, para onde estamos indo? Confio no pulso dos seus passos, nossa revolução é o próximo segundo e o desafio constante de não render-se ao conformismo de simplesmente entreter-se ou entreter, distraindo o fato de que vivemos além da história, dos muros, da semelhança dos corpos e suas consagüinidades. Queremos um ecossistema condizente com toda esta pirotecnia prometéica de um suposto ser vivo Sapiens, uma simbiose duradoura e enfim poder pensar em criar e imaginar outros espaços e formas para todo esse conhecimento que mantemos aceso nesta chama. Mas se ainda hoje nossos semelhantes marcham por um pedaço de chão para sobreviver, e alienam seus instintos mais criativos em busca de algum reconhecimento dentro de uma esmagadora cultura de consumo auto destrutivo, nos deparamos com a questão: qual o papel que nós aqui já alimentados e abrigados temos em pensar numa soberania e transmissão de conhecimentos que buscam reverter esta pulsão auto destrutiva da humanidade? A conjectura deste manifesto é em função de apontar uma necessidade pontual no horizonte: Criaremos nosso primeiro satélite feito í  mão emandaremos ao espaço sideral entulhado de satélites industriais corporativos e governamentais. Será nosso satélite capaz de tornar nossas redes ainda mais autônomas? Ou o caminho é repensar toda atual estrutura de nossa tecnocracia e ciência a ponto de decidirmos estratégicamente um caminho totalmente diferente? Qual?? Muito mais que cobaias da Tecnocracia!

Sonhando e Dançando: marcham os Sem-Satélite”¦

Vertigem: diálogos e prospecções a partir da memória do lugar

Ação direta. Pontes. Amizade. Rio. Paraná. Fronteira. Brasil. Paraguai. Fraternidade. Iguaçu. Argentina. Sudoeste. Limite. Natural. Polí­tico. Lugares. Experiência. Percepção. Simbólico. Ambiente. Desencadeamento. Situações criativas. Contato. (tempo/espaço). Relação. Pessoas. Encontro. Atitude. Diluir. Reverberar. Troca. Polí­tico-geográfico. Sensação/memória. Agora. Lembrança. Prospecção. Diálogo. Cultural. Vizinhos. História. Conexões. Contrastes. Conteúdo. Material. Implicações. Mí­dia impressa. Audiovisual. Web. Porção de mundo. Demandas identitárias. Fatores externos. Polí­ticas de controle. Exclusão. Dinâmica. Fundamento. Unidade. Transgressão. Norma. Trí­plice. Geologia. Intervenção. Humano. Civilizatório. Produto. Engenharia. Estratégia. Ocupação. Entrelaçamento. Trânsito. Sobreposições. Regras. Observação. Exercí­cio. Questionamento. Transitoriedade. Estar. Trabalho. Embate. Imagens mentais. Vivência. Espaço público. Fluxo cotidiano.

ao invés de mas devolvem – dialogam com Sonhos, desejos e projeções calcados em modelos de identidade e felicidade em meio aos confrontos do cotidiano. ilusão/desilusão

Irreversibilidade. Acontecimentos. Inscrições. Reflexão. Concepções. Subjetividades. Expectativa. Respeito. Presente. Futuro. Existência. e/ou. Presença. Outro. Projeções. Códigos. Situações transitórias. Fronteiriças. Propósito. Interligar. Transpor. Transbordar. Materializar. Ultrapassar. Penetrar. Realidade. Marca. Obcessão. Identidade. Estados. Nações. Mercados. Invenção. Passado. Crise. Obstáculos. Princí­pio. Mundo. Sí­ntese. Social. Disparidades. Manifestações. Entrecruzar. Irrevogável. Subordinação. Projeto. Adaptação. Condição. Comunicação. Alteridade. Camada. Movimento. Vertigem. Ancestral. íguas. Marginal. Deriva. Ambulante. Colaboradas. Coletividade. Autogestão. Autonomia. Descartografia. Registro. Acervo. Circulação. Distribuição.

A ação é baseada no estatuto do lugar: “A ponte reúne enquanto passagem que atravessa”, disseram.

Compartilhe suas leituras – Entrevista especial de Silvia Ribeiro

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sinopse: O consumo excessivo e injusto é intrí­nseco í  lógica capitalista. Leitura do texto da entrevista especial do Instituto Humanitas Unisinos com Silvia Ribeiro – http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=18754
palavras-chave: transgênicos, capitalismo, indústria alimentí­cia, alimentação, exploração, terra, multinacionais, ativismo, mobilização, denúncia.

Musica pra ninar vizinho e a tal da calma…

Ví­deo gravado por Carlos Kaspchack e postado por Renata Mele.

Alta madrugada í­a na Barreirinha í  dentro. Violão, grunhidos, as cordas vocais reverberando. Lá pelas tantas uma voz da parte baixa do morro, sem sabermos precisar de onde, grita de uma só vez: Vizinho Fanfarrããããão!!! No ato eu, pessoalmente, achei de uma educação suprema. Tanto palavrão pra gritar, o vizinho se limitou a um “fanfarrão”. Entramos na casa do Polaco, fechamos portas, janelas e fizemos, Thadeu, Octavio e eu, esta singela canção de ninar vizinho.(…)

~ por barbarakirchner em Dezembro 10, 2008.
fonte: curitibaneando

e a tal da calma:

(…)”vendo você fazer o SOBROLHO PENSATIVO como se estivesse diante de um morto vivo:
Uma alma penada, sem lembrança do tempo em que foi feliz”(…)

Apoio ao movimento dos sem satelites

glerm: MSST (Movimento dos Sem Satélite): http://pixa.devolts.org/?p=37

Comunidade de artesãos de bits e volts, poetas humanistas, cientistas nômades, para onde estamos indo? Confio no pulso dos seus passos, nossa revolução é o próximo segundo e o desafio constante de não render-se ao conformismo de simplesmente entreter-se ou entreter, distraindo o fato de que vivemos além da história, dos muros, dos bancos, da semelhança dos corpos e suas consagüinidades. Queremos um ecossistema condizente com toda esta pirotecnia prometéica de um suposto ser vivo Sapiens, uma simbiose duradoura e enfim poder pensar em criar e imaginar outros espaços e formas para todo esse conhecimento que mantemos aceso nesta chama. Mas se ainda hoje nossos semelhantes marcham por um pedaço de chão para sobreviver, e alienam seus instintos mais criativos em busca de algum reconhecimento dentro de uma esmagadora cultura de consumo auto destrutivo, nos deparamos com a questão: qual o papel que nós aqui já alimentados e abrigados temos em pensar numa soberania e transmissão de conhecimentos que buscam reverter esta pulsão auto destrutiva da humanidade? A conjectura deste manifesto é em função de apontar uma faí­sca rachando no horizonte: Criaremos nosso primeiro satélite feito í  mão e mandaremos ao espaço sideral entulhado de satélites industriais corporativos e governamentais. Será nosso satélite capaz de tornar nossas redes ainda mais autônomas? Ou o caminho é repensar toda atual estrutura de nossa tecnocracia e ciência a ponto de decidirmos estratégicamente um caminho totalmente diferente? Qual??Muito mais que cobaias da Tecnocracia! Sonhando e Dançando: marcham os Sem-Satélite”¦

23:02 me: Só os satélites poderão nos responder!!!!!@!!!!! GLORIA!!!!!!
23:03 que massa velho
caraca que massa
caraca
caraca
porque ai eh o ponto final
ou essa porra funciona
e a gente fica autobnomo na transmissao de conhecimento
23:04 ou a gente quebra tudo
cartinha
mandar pra museu
mandar pra porra toda
lancar esse satelite
e descobrir qual eh a real
que tah foda figar devagando em pensamentos
argumentos
e papinhos
enquanto o mundo tah desse jeito mesmo
eh aquilo mesmo
eu jah esperava
eu jah estava esperando
acabou o neo liberalismo
23:05 aquilo neh, foi pro saco, um onte de teorico se mostrou tonto
a direita se viu uma pessima aluna
e dai o capitalismo retorna
de novo
nesse zigzaag capital-tempo
capital-tempo
porque o neo liberalismo foi o caminho errado, el soh queria se expandir mais
23:06 ele, o capitalismo
quer sempre se expandir
nao eh?
pois eh
e entao a esquerda
masi equivocada que tudo
ficou boladona
agora que caiu o sistema
e eles nao percebeeram a nao ser no momento que caiu
23:07 querem tomar o poder
acredita?
tava lendo cadernos da flacso
e a esquerda estah preocupada
pois o plano deles de contrahegemonia nao estah pronto!
huahauhuha
eles querem a hegemonia!!!!!!
e dai sobrou nois
o movimento dos sem satelite
dos sem terra
dos sem beck
dos sem tudo
galera que nao tem nada
agora quer ter tudo
23:08 ou pelo menos alguma coisa que ele acredite ser o tudo
seu tudo
e dos seus outros todos
o satelites para quem eh de sateelites
mas se os satelites nao derem conta
seremos humildes
e vamos pro movimento dos sem correiso
correios
poorque nao esqueca
eh o fim do mundo
e o fim do mundo eh isso, a cada retorno que se dajh nesse zigzag
23:09 milhares de pesoas morrem
tah tendo tiroteio na india, terra do respéito í  vida!
tah tendo temporal devastador em santa catarina, terra de criciuma e figueirense!
e avai!
fico preocupado com essas coisas
23:10 eh por isso que eu apoio o movimento dos sem satelites.
se eles nao funcionarem, que tentemos outras formas de contato e troca de conhecimento, quee, a hora que a geleira derreter, aonde vou pagar a conta da coelba?

Yes, we have bananas!

“desenvolvedores de softwares utilizam seus algoritmos para criar a mais nobre e esquecida arte da representação lingüí­stica: a poesia…”

Vitória Mário, I Love You, Museum for Applied Arts Frankfurt, 2002

O primeiro condiví­duo idealizado por brasileiros de que se tem notí­cia é “Vitoriamario”. Segundo o site ” Apodrece e vira adubo” (www.http://www.organismo.art.br/apodrece/), o nome surgiu em 1985 e cometeu “suicí­dio” em 1999. Em seus treze anos de existência, os vitoriamarios produziram romances, teses, ensaios e livros-reportagem, grande parte disponí­vel na web, com a popularização do meio. Alguns deles eram mais radicais e defendiam idéias como a depredação da propriedade. Como já explicitamos anteriormente, não há como delinear que tipo de vertente os assinantes de um condiví­duos seguirão, visto que estamos diante de uma identidade “aberta”. Assim, mesmo tendo se “suicidado” em 1999, segundo texto do “Apodrece e vira adubo”, podemos encontrar textos do ano em curso assinados por Vitoriamario na rede.

Há dois outros condiví­duos famosos, originalmente brasileiros. Embora não haja nenhum estudo a respeito, nossas pesquisas na Internet revelaram vários textos, blogs, publicações sob os condinomes: “Ari de Almeida” e “Timóteo Pinto”. A produção dos dois é bem parecida e segue as estratégias do “condividualismo” í s quais nos referimos antes: caráter lúdico, crí­tica ao capitalismo, ataque í  mí­dia, plágio, ensaios, notí­cias falsas; enfim, caracterí­sticas do ativismo polí­tico cultural que encontramos na rede atualmente.

O fato de brasileiros fazerem ativismo utilizando condiví­duos como forma de estratégia é a primeira justificativa para o tí­tulo deste trabalho. Uma vez que o condiví­duo é uma identidade e uma estratégia de ação “aberta”, automaticamente a iniciativa é uma ação em escala global, isto é; qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, pode assinar o nome múltiplo. Por outro lado, o fato de brasileiros sentirem necessidade de criar um condiví­duo demonstra que o movimento tem um caráter local, isto é, embora esteja engajado em causas inerentes ao ativismo mundial (como o copyleft, o anticapitalismo, o ataque í  cultura hegemônica, entre várias outras), os ativistas sentem necessidade de se envolver em questões essencialmente brasileiras, ou seja, locais.

Dessa forma, eis a primeira constatação de que o fenômeno dos nomes múltiplos é uma questão nem tão somente global, nem local; mas sim uma sinergia entre as duas, no que chamamos de glocal. Como concluimos em estudo anterior (VARGES, 2005), neste tipo de sinergia ambas as estãncias, local para o fortalecimento do movimento em escala global e a recí­proca é verdadeira. O que acontece localmente serve, entre outras coisas, para dar popularidade í  idéia de condiví­duo em escala global e; por sua vez, esta projeção global estimula iniciativas locais. Como podemos observar, o processo gera contí­nuo feeedback.

fonte:
http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2007/resumos/R0520-1.pdf

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Classificação
1-Palmeiras 28 18 7 3 34-11 43
2-Grêmio 28 15 10 3 28-13 40
3-Cruzeiro 28 13 10 5 34-22 36
4-Santos 28 13 9 6 39-20 35
5-América-MG 28 11 13 4 30-16 35
6-São Paulo 28 10 15 3 29-16 35
7-Fortaleza 28 10 15 3 32-19 35
8-Goiás 28 12 10 6 32-16 34
9-Vitória 28 12 10 6 23-14 34
10-Coritiba 28 14 5 9 33-20 33
11-Internacional 28 12 9 7 26-20 33
12-Guarani 28 10 13 5 34-24 33
13-Botafogo 28 10 11 7 29-20 31
14-Vasco da Gama 28 10 11 7 27-20 31
15-Corinthians 28 10 11 7 29-24 31
16-Ceará 28 9 13 6 26-23 31
17-Bahia 28 10 10 8 29-22 30
18-Tiradentes 28 10 10 8 21-19 30
19-Santa Cruz 28 9 12 7 30-33 30
20-Atlético-MG 28 10 9 9 34-29 29
21-Nacional 28 7 14 7 28-30 28
22-Remo 28 11 5 12 25-28 27
23-Fluminense 28 9 9 10 25-25 27
24-Flamengo 28 11 4 13 31-34 26
25-América-RN 28 9 8 11 33-36 26
26-Comercial 28 9 8 11 30-36 26
27-Desportiva 28 8 9 11 20-22 25
28-Atlético-PR 28 8 9 11 20-24 25
29-Portuguesa 28 7 11 10 33-31 25
30-Rio Negro 28 7 10 11 20-21 24
31-Olaria 28 7 10 11 27-29 24
32-Sport 28 7 9 12 24-36 23
33-CEUB 28 8 6 14 23-33 22
34-Náutico 28 7 8 13 20-33 22
35-Figueirense 28 5 12 11 15-29 22
36-CRB 28 6 7 15 23-43 19
37-América-GB 28 5 9 14 22-34 19
38-Paysandu 28 3 8 17 18-42 14
39-Moto Clube 28 1 12 15 11-43 14
40-Vitoriamario 0 0 5 50 11 13

Another diverse collective is vitoriamario, presented their work at Submidialogia. Activities include video, web-art, photography, music (among others by the Printer�s Orchestra) and publications, many of which are issued under the names Vitoriamario and Apodrece. Vitoriamario, a collective personality composed of several hundred persons was active during 13 years before he announced his suicide in 1999. In his decomposing state, Vitoriamario, now also called Apodrece, became free for appropriation by the next generation of communications guerilla, issuing manifestos, proposing a new global currency and denouncing all property.

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Bilder fuer freies Wissen

Image Banks
Videoarbeiten von Johanna Billing, Nina Fischer / Maroan el Sani, Nate Harrison, Sean Snyder, VitoriaMario, Florian Zeyfang, u.a. Das Programm zeigt künstlerische Reflexionen über die kulturelle und
politische Bedeutung aktueller Bildarchive.

Ab 22 Uhr im Klub: radio cidadao comum: netbatucadabrasileira on free and piracy music

Image Agents
Videoarbeiten von Anna La Chocha, Anja Kirschner, Tobias Werkner, u.a. Gezeigt werden Videoarbeiten, die einen produktiven Umgang mit vorhandenem Bildmaterial pflegen oder neue Konzepte für mediale Wissensproduktion verfolgen.

Ab 22 Uhr im Klub: MyTube & Yourspace
from Dj Hugo Chavez & Vj Ahmedinejad

Als Partner der Konferenz ‘Wizards of OS 4 — Information Freedom Rules’ prí¤sentiert TESLA zwei Videoprogramme, kuratiert von Vera Tollmann. Ausgehend von der Diskussion über Urheberrechte beschí¤ftigt sich ?Bilder für freies Wissen” mit der Privatisierung groÃ?Ÿer Mengen von Bildern in Datenbanken und mit den Mí¶glichkeiten alternativer Bildproduktion in den Grauzonen der Copyright-Gesetzgebung, wie z.B. mit dem Handy. Die Âsthetik aktueller Nachrichtenbilder ist von marktkompatiblen Standards bestimmt, komplette Bildarchive, die Jahrhunderte überdauern sollen, werden eingelagert und nur gebührenpflichtig wieder verfügbar gemacht. Welche standardisierten
Bildertypen bestimmen heute die Diskurse der Medien? Für die Besitzer populí¤rer File-Sharing-Netze sind die ausführlichen Nutzerprofile am interessantesten: was sieht sich die Kundschaft von morgen an? Welche Methoden etablieren sich innerhalb der enormen Produktion in online Video-Communities? Wird mehr Wissen verfügbar, oder werden mehr Geheimnisse geschaffen?

Im Programm werden künstlerische Strategien vorgestellt, die in Bildern reprí¤sentierte Machtverhí¤ltnisse und mediale Bildpolitiken reflektieren. Für einen Moment wird die Logik des kapitalistischen Wertekreislaufes vorgeführt. Oder die Arbeiten verbinden sich mit aktuellen Forderungen nach einem freieren Umgang mit Bildern.

Qual o seu real valor? plágio, deturpação, recombinação, video, música, arte numérica, desenho, tecnologia, ativismo, metoní­mia, pleonasmo, hibernação. SANGRE!

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CLIPOEMA No. 6
Tí­tulo: DONA MATILDE
Autor (es): Poema e Clipoema: Vitoriamario
Ficha técnica Recursos utilizados (tecnologias): Câmera digital e animação Flash
Som Leitura do texto
Versão impressa:
Dona Matilde

“A hipérbole do cabeleireiro de crocodilo e da bengala…”.
nem o postilhãode linguagem nem o hexamêtro nem a gramática
nem a estética nem o Buda nem o sexto mandamenteo deveriam impedí­-lo.
o poeta cacareja, xinga, suspira, gagueja canta í  tiroleza e ao seu bel-prazer
seus poemas são como a natureza: ninharia.
são tão preciosos para ele como uma retórica sublime.
porque na natureza cada partí­cula
é tão bela e importante quanto uma estrela
e os homens é que se julgam no direito de determinar
o que é belo e o que é feio “

(Vitoriamario)

A obra vale-se do uso quase exclusivo da câmera para explorar parodicamente os clichês e os lugares-comuns da linguagem da televisão, efetuando uma crí­tica de seus efeitos sobre as pessoas simples. Há um texto verbal, que aparece rapidamente na tela e deve ser lido pela personagem, que não tem repertório para entendê-lo e portanto faz inúmeras tentativas, tropeçando nas palavras. O texto é uma espécie de manifesto sobre a poesia, no estilo dadaí­sta (?) o que permite perceber a concepção metalingüí­stica (metapoética) do clipoema. A leitura desse texto é o fio condutor da narrativa, constituindo-se num fato inusitado naquele ambiente doméstico reduzido, em todos os sentidos.

Percebe-se claramente que é um texto narrativo, principalmente no registro visual. Imagens de uma infância nostálgica no campo efetuam o contraponto entre o real – tecnológico e restrito – e o imaginário, que aparece ligado a uma vida em contato com a natureza. Há uma organização linear das cenas, uma seqüencia dos episódios centrais, com algumas inclusões de imagens de programas de TV, bem populares, cujo efeito sobre a personagem é hipnótico. Ao final, Dona Matilde, uma senhora idosa, que acreditava ser real tudo o que via na telinha, vai ver-se e ouvir-se na TV; e a câmera registra o impacto desse evento sobre ela, com a troca de papéis na subversão da idéia de espetáculo.

Os programas citados visualmente constituem protótipos da representação visual e da imagem da mí­dia: imagem onipresente e invasora, imediatamente associada í  TV de forte apelo popular e conformadora do repertório de Dona Matilde. A heterogeneidade das imagens (os múltiplos materiais que as compõem) articulam suas significações especí­ficas entre si, para a produção da mensagem
global veiculada.

Como assinalamos anteriormente, consideramos equivocada a classificação dessa obra como clipoema. Por seu teor crí­tico-social e por seu caráter narrativo, seria mais apropriado inscrevê-la num concurso de curtas-metragem ou algo similar.

fonte: POESIA VISUAL & MOVIMENTO: DA PíGINA IMPRESSA AOS MULTIMEIOS – DENISE AZEVEDO DUARTE GUIMARÃES

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Vitoriamario é um grupo que atua principalmente pela internet, espalhando e-mails aleatoriamente para o maior número possí­vel de pessoas, em uma espécie de ato terrorista da anti-arte. Os e-mails possuem mensagens e imagens, ou estão em branco, e remetem a discussões filosóficas.
Em seu site o Apodrece Vira Adubo (www.organismo.art.br), a grande quantidade de textos teóricos provam que eles pensam bastante sobre seus atos. E quando mais se lê mais confuso se fica sobre suas origens… até remetendo a séculos anteriores e a personalidades talvez imaginadas.
Como exemplo o trecho abaixo retirado do texto “Acorde!”, que também comenta alguns dos objetivos do grupo:

“Quando anunciou seu suicí­dio, em 1999, o perigoso terrorista cultural Vitoriamario era uma rede subversiva (e muito divertida) composta por algumas centenas de pessoas, em sua maioria anarquistas, e isso só no Brasil. Ao esvaziarem o condiví­duo – ou nome múltiplo – os veteranos do movimento deixavam uma reputação estabelecida e uma máscara vazia para ser adotada pela nova geração.
“O objetivo desse condiví­duo? Além de umas boas risadas, fazer guerrilha psí­quica ou, citando o movimento Critical Art Ensemble, criar choques semióticos que contribuam para a negação da cultura autoritária. Em outras palavras, dar í s pessoas uma oportunidade de olhar para o mundo com outros
olhos, (…) O coletivo se pauta por uma série de resoluções. Uma delas define que o objetivo é publicar livros que forneçam idéias divertidas (e, portanto, mais eficientes) para, entre outros itens, destruir o império, quebrar o modo de produção capitalista, esmagar os fascistas, atazanar a classe média e divertir a macacada. Concorde-se ou não com essas metas, é bom ver textos fundamentais a respeito do ativismo contemporâneo brotando do português”.
Mas “Vitoriamario não define nada somente confunde a hipocrisia que carregamos conosco”, comenta o grupo. No Manifesto Vitoriamario – em anexo página 78 – o grupo, sem a preocupação de defini-lo, comenta pontos importantes.

da linguagem a muleta
ossos olhos

O resultado do envio de e-mails são os mais variados, desde pessoas que não entendem até outras que se sentem invadidas/agredidas e são retiradas das listas de envio de e-mails. Mas também há as que elogiam, mantém contato com o grupo e até retribuem da mesma maneira. Todo este retorno faz o
Vitoriamario ter sentido e anima o grupo para novas empreitadas. “Lançamos uma proposição utilizando veí­culos de comunicação, gostamos sobretudo da correspondência porque ela contém algo situacionista, pessoal, porém é preciso deixar claro que não existe privacidade na rede, a rede desconhece isso, não faz parte dela, mas algumas pessoas ainda não perceberam isso e acham que pelo fato de acessar a rede dentro de sua casa tem privacidade, mas não é a mesma coisa. Estabelecer estas invasões de forma virtual, para muitos é terrorismo, para outros é como em um sonho onde não temos domí­nio pelo conteúdo que sonhamos”, comentam.
No site também estão disponí­veis uma série de ví­deos e também imagens e mensagens que são enviadas por e-mail. Também existe um espaço para postar imagens no site.
Vitoriamario também realizou outros eventos como o I Encontro Psicogeográfico. Realizando um happening, em 2003, contando com um grande número de participantes – que também se tornaram Vitoriamario. O evento ocorreu na meia-noite de sexta para sábado (01/08/2003), na Praça do Japão, em Curitiba, onde o público é convidado, por e-mail, a levar “sua bicicleta, um disco de vinil e pilha(s) grande se possí­vel”. O evento faz parte do projeto de ocupação de espaços públicos para rituais Vitoriamario, também definido como o primeiro encontro situcionista de psicogeografia biker. Contando com uma grande participação, dançam ouvindo seus discos de vinil (LP), até serem interrompidos por moradores dos prédios vizinhos – que chegam a jogar pedras neles. Em suas bicicletas eles vão para a Praça da Espanha onde o evento continua madrugada adentro. O grupo também já realizou um projeto em que as pessoas eram convidadas a participar por cartas e tinham que ir com roupa vermelha e azul no saguão do correio.

Vitoriamario é um grupo diferente dos pesquisados neste trabalho. Atua não apenas na rua, mas também por meio da rede da internet, que não é exatamente marginal, mas que é público, e onde é possí­vel realizar manifestações de arte também. Sobre a identidade do grupo é difí­cil dizer, principalmente devido a sua postura de não-identidade. E as pessoas que sabem sobre o Vitoriamario se tornam um Vitoriamario! Dessa maneira ampliando ainda mais o grupo. Portanto, se você leu esse texto você também se tornou um Vitoriamario. “Vitoriamario é todo mundo e ninguém ao mesmo tempo, de modo que tudo que existiu no mundo foi realizado por vitoriamario e ao mesmo tempo isto não tem significância nenhuma, não fazendo reverências absolutamente a ninguém”, complementa um dos integrantes do grupo.

fonte: ARTE MARGINAL – A ARTE FORA DOS EIXOS, JULIANO DE PAULA ANTOCEVEIZ

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No campo das artes, esse gênero de ações têm sido favorecidas com o relativo barateamento de mí­dias e tecnologias no exterior e no Brasil, que ajuda a disseminar as produções da chamada “arte midiática” ou “tecnológica”. Algumas vezes, tais produções vão explorar artisticamente as potencialidades dos novos meios. Outras vezes vão adquirir igualmente um cunho polí­tico e ganhar uma dimensão coletiva ao se propagarem na Rede. Exemplos locais seriam grupos como o Vitoriamario, de Curitiba, os paulistas do Bijari e os mineiros do Poro, que usam a internet para gerar campanhas de protesto, mobilizar para ações presenciais, veicular trabalhos de ví­deo-arte com cunho polí­tico e também intervenções e performances em espaços públicos.

fonte: Resistência nômade: arte, colaboração e novas formas de ativismo na Rede – Fernando do Nascimento Gonçalves

Bússola

sembussola

Limite Geopolí­tico ao Sul, saí­da da cidade.

Sem Bússola.

subtropico.jpg

Se tanto ajudar o engenho e a arte, cantando espalhar por toda parte:

Limites somente climáticos. Biosistemas. Crí­ticos.