A Justa Razão Aqui Delira

“Ergo sum, aliás, Ego sum Renatus Cartesius, cá perdido, aquí­ presente, neste labirinto de enganos deleitáveis – vejo o mar, vejo a baí­a e vejo as naus. Vejo mais. Já lá vão anos III me destaquei de Europa e a gente civil, lá morituro. Isso de “barbarus – non intellegor ulli” – dos exercí­cios de exilio de Ovidio é comigo. Do parque do prí­ncipe, a lentes de luneta, contemplo a considerar o cais, o mar, as nuvens, OS ENIGMAS e OS PRODíGIOS de BRASILIA. “

O filósofo Renatus Cartesius, nome fantasia de Rene Descartes e protagonista mí­tico do Catatau, delira no clima sub equatorial de Olinda, atormentado pelos pernilongos, pela febre, e pela erva que lhe deram para fumar. Descartes, que pesquisou profundamente as estruturas do pensar, encontrou nos trópicos uma realidade ainda não contabilizada. Com seu telescópio, o verrykikker, mantém os olhos fixos em Brasí­lia, nome em latim de nossa terra, e sede administrativa da república. A imagem do herói épico Leminskiano, é a do artista ativista, preocupado com o entorno social e refletindo a sua inscrição histórica no universo da linguagem. A ação “Leminski”, no Guaira amanhã, retorna este traço distintivo da atitude do poeta frente aos novos meios de comunicação e produção artí­stica disponí­veis no mundo comtemporâneo. A dramaturgia da peça vem se desenvolvendo através da web na Listaleminski, em Hackeando Catatau, no Embaplab, e no espaço colaborativo Desafiatlux no Sesc da Esquina.
A ação teatral, extendida já por quatro meses através da comunicação eletrônica e das atividades agendadas pela orquestra organismo, vem integrando diferentes gerações de artistas e ativistas da inclusão digital, da produção audiovisual, e da multiplicação do conhecimento dos sistemas operacionais em código aberto e do uso das ferramentas livres.

Naso Magister Erat

Publio Ovidio Naso, poeta romano autor de “A Arte de Amar”,
foi expulso de Roma pelo imperador Augusto.
Segindo o próprio Naso, a causa de sua perseguição se devia a “um erro e a um verso”.
Pedia a todos que porventura tirassem algum proveito dos seus ensinamentos que repetissem baixinho,
ainda que só para si: Naso magister erat!

Ovidio é uma das referências centrais do Catatau. Além das “metamorfoses”, que ocupam um lugar já conhecido na trajetória de Leminski, o Catatau atualiza o projeto inacabado do grande Naso. Os Fastos, obra escrita em exí­lio, incompleta, se propõe a cantar os dias, as festas e os ritos de Roma. Ovidio se utilizou do calendário romano como pré-roteiro do seu fabular poético. Talves seja esta a primeira tentativa declaradamente antropológica da história da literatura. Os paralelos com a última produção de Ovidio ficam evidentes quando associados ao silêncio imposto pela ditadura neste periodo da história brasileira. Ainda assim, o plano dos Fastos está “metamorfoseado” na carnavalização dos heróis literários presentes no Catatau. Desde a máscara pierrot de Renatus Cartésius para Riobaldo e a de Marckgrav para o í­mpeto taxidermista de Euclides da Cunha.

O Mapa da Mina

Historia Naturalis Brasiliae
A primeira enciclopedia sobre o Brasil publicada em Amsterdam em 1648

clique no link para acessar o texto traduzido por José Procopio de Magalhaes. É uma versao em portugues da HISTORIAE RERUM NATURALIUM BRASILIAE de Georg Marcgrav de Leibstad, publicado em Leiden e em Amsterdam in 1648, prerservando o formato original, ilustrações, e em boa parte, a tipografia
capitulo iv – dos peixes do Brasil – de georg marcgrav

A Justa Razão Aqui Delira

O paisagista Frans Post, na comitiva de Nassau, divulgou estas imagens paridisí­cas do cenário brasileiro nos palácios neerlandeses. Não faltou açucar!
As telas são referidas como: moinho de açucar, paisagem pernambcana com rio, e engenho de cana de açucar.



A Justa Razão Aqui Delira

Novos avós para o Brasil

As invasões holandesas í  costa brasileira no século XVII foram responsáveis pelo maior empreendimento editorial da época sobre o “novo mundo”. Até então os portugueses tinham apenas reunido cartas e documentos esparços sobre a imensa “ilha”. A Companhia das Indias Ocidentais, comandada por Mauricio de Nassau, trouxe consigo pintores, cientistas, gravadores, que prepararam a primeira publicação de caráter enciclopédico sobre o Brasil.

Este foi o primeiro passo substancial na formação do conceito de brasilidade no ambiente europeu. Primeiro espelho do Brasil e seu eixo de alteridade.

Pintores como Eckhout e Frans Post, e o naturalista Marcgrav, produziram as primeiras coleções de telas e gravuras retratando os habitantes, a fauna e a flora do “misterioso território”

A dança dos tapuias. Quadro emblemático de Eckhout, e do Brasil!
óleo sobre madeira [oil on wood] 168x294cm coleçâo The National Museum of Denmark, Copenhague

e agora desafiatlux?

Julgamento 23/09/2005 no Sesc as 19h00
23/09 – sexta – julgamento (inscrição na história – visão do outro – espetacularização do mito)
Ritual Tribunal de Júri sobre o papel de ORGANISMO na arte contemporãnea
Julgamento sobre a ação de ORGANISMO em DESAFIATLUX
Iní­cio da semana de aplicação da pena
Jejum
Inscrição histórica do processo

Le reproduction

1er décembre 1959 Traité de l’Antarctique, portant sur l’interdiction d’activités militaires. États-Unis, France, Grande-Bretagne, Japon, Union sud-africaine, URSS (1960); Argentine, Australie, Chili (1961); Chine, Inde (1983).
5 aoí»t 1963 Traité portant sur l’interdiction des essais nucléaires sous-marins et atmosphí¨riques. Australie, Chine, États-Unis, France, Grande-Bretagne, Inde, URSS (1963); Chili (1965); Argentine (1986).
27 janvier 1967 Traité réglementant la découverte et l’utilisation de l’espace. Australie, États-Unis, Grande-Bretagne, URSS (1967); Argentine (1969); France (1970); Inde (1982); Chine (1983); Chili (1991).
1 février 1967 Traité de Tlatelolco interdisant les armes nucléaires en Amérique latine. États-Unis, Grande-Bretagne (1971); Chili, Chine, France (1974); URSS (1979); Argentine (1994). Australie, Inde (pas de ratification).
11 février 1968 Traité sur la non-prolifération des armes nucléaires. Grande-Bretagne (1968); Irak (1969); États-Unis, Iran, URSS (1970); Australie (1973); Chine, France (1992). Argentine, Chili, Inde (pas de ratification).
10 avril 1972 Traité sur l’expérimentation, l’utilisation et la destruction des armes bactériologiques. Iran (1973); Inde (1974); États-Unis, Grande-Bretagne, URSS (1975); Australie (1977); Argentine (1979); Chili (1980); Chine, France (1984); Irak (1991).
26 mai 1972 Traité ABM sur la limitation des systí¨mes missiles antibalistiques. États-Unis, URSS (1976).
3 juillet 1974 Traité TTBT sur la limitation des essais nucléaires souterrains d’une puissance supérieure í  150 KiloTonnes. États-Unis, ex-URSS (1990).
6 aoí»t 1985 Traité de Rarotonga sur la région dénucléarisée du Pacifique sud. Australie, Nouvelle-Zélande (1986); URSS (1988); Chine (1989); France (1996). Argentine, Chili, États-Unis, Grande-Bretagne, Inde (pas de ratification).
8 décembre 1987 Traité sur l’élimination des missiles balistiques et de croisií¨re de moyenne et de courte portée (500 í  5.500 Kilomí¨tres). États-Unis, URSS (1987).
19 novembre 1990 Traité FCE sur les forces conventionnelles en Europe. 22 pays de l’OTAN et de l’ex-Pacte de Varsovie (depuis 1990, 8 autres pays ont adhéré). Date d’entréé en vigueur prévue le 9 novembre 1992.
31 juillet 1991 Traité STARTI sur la réduction et la limitation des armes stratégiques offensives (missiles balistiques et intercontinentaux). États-Unis, ex-URSS (1994).
3 janvier 1993 Traité STARTII sur la poursuite de la réduction et de la limitation des armes stratégiques offensives (ramí¨ne le nombre total d’ogives í  un nombre entre 3.000 et 3.500). États-Unis (1996); ex-URSS (1997).
13 janvier 1993 Convention sur la guerre chimique (interdiction de la fabrication, du stockage et de l’utilisation d’armes chimiques). 150 États signataires. Entrée en vigueur: 180 jours aprí¨s la 65e ratification.
24 septembre 1996 Traité TICE d’interdiction totale des essais nucléaires. 150 États signataires. La France et le Royaume-Uni ont été les premiers États í  ratifier le traité le 6 avril 1998.

Gigio Venturelli

Olí­mpia
ígua
Da Grécia
Que em sonho
Sem clórum
Me banho-amém/
Vivo dos que já foram/
Espero pelos q já

Vêm

———————————————–)
(——————————-

Eu budista
A admirá-la
Nessa água de véspera
A banhar-se
Nua/
Sem ágora nem agora
sem ser antes ou depois
Sendo justo-minuto
de intacto silêncio
Puro/
E ela?
Ela mandrágora de mim.

______________________________) ) ______________

Mentempsicose / Blavatsky e Kardec

Todos sabemos da qualidade antoropofágica da cidade de Curitba, onde o dito “Santo de Casa…” é levado ao pé da letra. Tentando driblar este estigma, a Orquestra à Base de Sopro vai realizar neste final de semana três concertos: Um na Faculdade Espí­rita e dois na Ordem Rosa Cruz, apelando í s forças exotéricas para que auxiliem na jornada de trabalho, que já dura sete anos.

A Orquestra convidou a flautista e compositora Léa Freire para favorecer a aura do evento, que contará no programa com 12 composições dela e uma de Gabriel Schwartz (em homenagem a convidada).

Dia 16 de setembro, í s 19h30 na Faculdade Espí­rita de Curitiba. Rua Tobias de Macedo Junior 333 – Santo Inácio – entrada franca

Certos do entendimento do apelo universal, sem preconceitos, contamos com a presença de todos, vivos ou não, prestigiando um belo concerto, com muita paz e trocas de energia (boa!).

Amém,

Sérgio Albach

De Architetura / Vitruvio

[1] Cum divina tua mens et numen, imperator Caesar, imperio potiretur orbis terrarum invictaque virtute cunctis hostibus stratis triumpho victoriaque tua cives gloriarentur et gentes omnes subactae tuum spectarent nutum populusque Romanus et senatus liberatus timore amplissimis tuis cogitationibus consiliisque gubernaretur, non audebam, tantis occupationibus, de architectura scripta et magnis cogitationibus explicata edere, metuens, ne non apto tempore interpellans subirem tui animi offensionem.

[2] Cum vero adtenderem te non solum de vita communi omnium curam publicaeque rei constitutionem habere sed etiam de opportunitate publicorum aedificiorum, ut civitas per te non solum provinciis esset aucta, verum etiam ut maiestas imperii publicorum aedificiorum egregias haberet auctoritates, non putavi praetermittendum, quin primo quoque tempore de his rebus ea tibi ederem, ideo quod primum parenti tuo de eo fueram notus et eius virtutis studiosus. Cum autem concilium caelestium in sedibus immortalitatis eum dedicavisset et imperium parentis in tuam potestatem transtulisset, idem studium meum in eius memoria permanens in te contulit favorem.

Itaque cum M. Aurelio et P. Minidio et Cn. Cornelio ad apparationem balistarum et scorpionem reliquorumque tormentorum refectionem fui praesto et cum eis commoda accepi, quae cum primo mihi tribuisiti recognitionem, per sorosis commendationem servasti.

[3] Cum ergo eo beneficio essem obligatus, ut ad exitum vitae non haberem inopiae timorem, haec tibi scribere coepi, quod animadverti multa te aedificavisse et nunc aedificare, reliquo quoque tempore et publicorum et privatorum aedificiorum, pro amplitudine rerum gestarum ut posteris memoriae traderentur curam habiturum. Conscripsi praescriptiones terminatas ut eas adtendens et ante facta et futura qualia sint opera, per te posses nota habere. Namque his voluminibus aperui omnes disciplinae rationes.

1. Whilst, O Cí¦sar, your god-like mind and genius were engaged in acquiring the dominion of the world, your enemies having been all subdued by your unconquerable valour; whilst the citizens were extolling your victories, and the conquered nations were awaiting your nod; whilst the Roman senate and people, freed from alarm, were enjoying the benefit of your opinions and counsel for their governance; I did not presume, at so unfit a period, to trouble you, thus engaged, with my writings on Architecture, lest I should have incurred your displeasure.

2. When, however, I found that your attention, not exclusively devoted to state affairs, was bestowed on the state of the public buildings, so that the republic was not more indebted to you for its extended empire, in the addition of so many provinces, than for your numerous public buildings by which its grandeur is amply manifested, I considered it right that no time should be lost in laying these precepts before you. My reverence for the memory of your virtuous father, to whom I was well known, and from whom, now a participator in council with the gods, the empire descended to you, has been the cause of your good will towards me. Hence, together with M. Aurelius, P. Numisius, and Cn. Cornelius, I have been appointed to, and receive the emoluments arising from the care of, the various engines of war which you assigned to me on the recommendation of your sister.

3. As, through your kindness, I have been thus placed beyond the reach of poverty, I think it right to address this treatise to you; and I feel the more induced to do so from your having built, and being still engaged in the erection of, many edifices. It is proper to deliver down to posterity, as a memorial, some account of these your magnificent works. I have therefore given such definite directions for the conduct of works, that those already executed, as well as those hereafter to be constructed, may be by you well known and understood. In the following pages I have developed all the principles of the art.

Adorno wurde am 11. September 1903

O Conceito de Esclarecimento

No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objectivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber . Bacon, “o pai da filosofia experimental”, já reunira seus diferentes temas. Ele desprezava os adeptos da tradição, que “primeiro acreditam que os outros sabem o que eles não sabem; e depois que eles próprios sabem o que não sabem. Contudo, a credulidade, a aversão í  dúvida, a temeridade no responder, o vangloriar-se com o saber , a timidez no contradizer, o agir por interesse, a preguiça nas investigações pessoais, o fetichismo verbal, o deter-se em conhecimentos parciais: isto e coisas semelhantes impediram um casamento feliz do entendimento humano com a natureza das coisas e o acasalaram, em vez disso, a conceitos vãos e experimentos erráticos; o fruto e a posteridade de tão gloriosa união pode-se facilmente imaginar. A imprensa não passou de uma invenção grosseira; o canhão era uma invenção que já estava praticamente assegurada; a bússola já era, até certo ponto, conhecida…

Theodor W. Adorno

aplauso / rua xv de novembro / 22 minutos

vamo lá! aplauso. 26 de maio, aplauso. começa aqui? ó o fiscal! já tem alguma coisa pra esquentá! um abraço.. é a borboleta 13, corre hoje! vocês são loucos! eu vou seguir vocês ate onde vocês forem. é ator!, é ator!. surdo você não é. péra aí­, deixa eu ver se eu descubro alguma coisa, eu vou ficar junto,

.

não! quero saber! artistas vocês são para fazer isso! de curitiba? voces são de curitiba? eu tô bêbada! são paulo? você é do rio de janeiro? alguma coisa que vocês aplaudem? atores? algum tipo de artista? artista plástico? a gente bebe pra esquentar no frio. mas eu goxtei. vocês tão indo longe. eu vou bater palma também! Eu quero entender. aí­ sérgião, beleza? então voce é músico! sergião, tá dificil a situação aqui. eu já andei mais do que eu devia andar. punks da xv são gente também.

agora vocé, serginho. você vai me dizer se você é de curitiba ou não. eu sou do rio. você tem 27 anos? eu tô bêbada mas eu tenho consciência das coisas que eu tô fazendo. luta de classes. lutando contra o facismo, contra a guerra. eu tenho certeza que vocês tão fazendo isso por que eu estou bêbada demais. vou me despedir, assim. parabéns, tchau!

muito bem, muito bem, vamos ao cafézinho…

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Moto Contí­nuo — O que é?

Um moto-contí­nuo seria uma máquina que operaria indefinidamente, sem consumo de energia ou ação externa, apenas por conversões internas de energia, ou seja, uma máquina totalmente conservativa, o que segundo os fí­sicos não poderia existir porque toda máquina sempre dissipa energia, por menor que seja, mas dissipa. E essa energia perdida pode ser liberada em forma de calor, som, luz e etc.

Simplício Maria das Necessidades

FICO

hackeado de: www.novomilenio.inf.br

Pressionado pelas Cortes Constituintes de Lisboa para que voltasse a Portugal, o que significaria esvaziar o poder da monarquia no Brasil, D. Pedro I cedeu entretanto aos pedidos brasileiros para que ficasse no Brasil. Essa decisão foi anunciada em 9 de janeiro de 1822.

Um rascunho da carta com essa decisão, escrita pelo prí­ncipe sob o pseudônimo de Simplí­cio Maria das Necessidades (acima, a última folha, com essa assinatura) é conservada no Museu Imperial de Petrópolis/RJ:

Infelixend / Música de Cassamento / Semana da Pátria / Desafiatlux / Sssc 09-09-2005

A midsummerôs night mare

Ação coletiva de músicos em Desafiatlux

09/09 – sexta – casamento (aliança de clãs – patriarcado/matriarcado – estruturalismo e parentesco)

Ações com trocas e permutações de indí­viduos
Filmes sobre encontros de “deriva” entre pessoas desconhecidas
Ritual de conexão do Organismo com algum outro ORGANISMO localizado e criado externamente ao espaço da mostra
Trabalho sobre a genealogia destes fluxos de coletividade

O General da Banda “Félix Mendelssohn”,
famoso embalsamador de núpcias.
O avô era filósofo…

O comediógrafo e dramaturgo William Shakespeare,
Lúmem inspirador de Infélix.
A marcha nupcial foi escrita como música incidental
para a peça “sonhos de uma noite de verão”

A história mãe foi contada por Moisés e Charms
A tela é de Rubens

Octavius von Dusseldorf fala Thimpor no Polavra

Textos inauditos do Chargista e Cartunista Solda no Evento Polavra
no Sesc da Esquina, dia 02/09 em Desafiatlux

Livre-se!
(Informações de cocheira sobre a nossa ração cultural diária
)

O HOMEM DE TÚNICA, de Josias Crátilo de Souza; Editora Crí­ton; 239 páginas que dão a impressão de 600; 10 cruzeiros.

Na Universidade de Mexelin, onde morreu de febre amarela
(bonita cor) em 1956, ele costumava dar longos passeios trajando uma túnica amarrotada com a inscrição: “A Arte proporciona í  Ciência o meio para se conhecer uma rã no escuro” bordada no peito.
E não passou disso. A existência marcada pela fatalidade possibilitou í  Josias Crátilo uma narrativa coerente e desigual, raramente encontrada em escritores canhotos, solteiros ou macrobióticos.
Em seu primeiro livro, “Desdiálogos”, ele achava Platão horrí­vel, a começar pelas espáduas.
E afirmava categoricamente: “A idéia de uma república nova, governada por filósofos, em Siracusa, não partiu de Platão, e sim de um escravo subnutrido que queria trabalhar na cozinha, com o intuito de poder matar aquilo que o estava matando, ou seja, a fome”.
Em “O Homem de Túnica”, novas investidas contra o filósofo: “Sabemos perfeitamente que Platão nasceu de uma famí­lia nobre e ilustre. Ora, com todo esse empoamento social, como poderiam ter-lhe dado, quando garoto, o apelido de Platinha”? “Platinha”, sinceramente, senhores!”
Este livro nada acrescenta í  curta carreira de Josias, muito mais seguro e maledicente em “Duro de Cintura”, onde narra a tragédia que envolve os camarões com mau hálito nas ilhas do Pací­fico. No fim da vida, como se pode notar, Josias nutria pela literatura um amor simplesmente platônico.

A MíQUINA DESCALÇA, de J. Forbes; Editora Ptolomeu; 226 páginas frente e verso; 226 cruzeiros (1 por página); capa grátis.

Uma holandesa é raptada por seres extraterrestres e levada ao planeta 662 – ramal 23, onde permanece 132 anos como prisioneira das potentes máquinas pensantes que habitam o misterioso corpo celeste, do tamanho de uma laranja sem sementes.
Como prisioneira dos estranhos seres, a holandesa não diz uma só palavra e, até que as máquinas cheguem í  uma conclusão, permanece sentada sobre um exemplar da revista “GutGut”, distribuí­da nos banheiros públicos de Londres.
Quando finalmente resolve abrir a boca e dizer algo, uma das máquinas, semelhante í  uma lavadora automática cheia de roupas sujas, lhe desfere um pontapé no traseiro, ato imediatamente revidado pela holandesa, que fica com o pé inchado durante o resto de sua permanência naquele planeta.
Devolvida í  Terra, ela é encontrada por um povo extremamente desenvolvido, recebendo sessões diárias de acupuntura até que, lendo o jornal de domingo, encontra um emprego de peneira e foge de tudo.
A narrativa forte de J. Forbes evoca Isac Asimov da fase azul, com exceção da parte em que a holandesa sobe as escadas em direção ao WC da Diretoria. Para os leitores da moderna ficção cientí­fica com problemas no trato urogenital, um livro perfeito.

CICUTA SEM GELO, de José Parmênides de Eléia; Editora Priori; oitocentas e tantas páginas, uma mais enfadonha que a outra.

O autor não é, seguramente, pela Ética Tomista. Esta, baseada na finalidade metafí­sica, supõe que todos os seres têm um fim prefixado.
Neste livro, José Parmênides contraria toda uma filosofia iniciada em “Raios Catódicos”, polêmico e fundamental para a carreira do volúvel mineiro, que, aos 97 anos, é considerado um dos baluartes do “orelhismo”, movimento banido da Semana de 22 por não ter pé nem cabeça.
Na página 346, Parmênides nega tudo o que disse antes ao propor que “para se chegar a um determinado fim, é preciso passar pela metade, assim, um outro fim foi atingido, não o fim final, mas o fim começo” ou “o cume da escolástica é muito mais alto do que se imagina”.
Se os orelhistas atuais não estivessem tão euforicamente encurralados, teriam em Parmênides um colaborador de grande vulto, principalmente depois que, encarado pela intelectualidade pós-guerra, ele virou o rosto e escreveu “Moldando Baquelite”, oferecido í s duas irmãs numa dedicatória simples e fulminante: “à Dulcinéia e í  Rutinéia, sem as quais eu não continuaria na boléia”.
Permênides sempre teve na baderna uma arma contra a imensa seriedade peculiar de seus contemporâneos.
Olhar os lí­rios da estante, para ele, sempre foi uma discussão linguí­stica, mas “Cicuta Sem Gelo” dificilmente será aquilo que todos esperam de um livro de Parmênides, contraditório do começo ao fim, em todas as páginas.
A mais cara das contradições, que deve custar ao autor o esquecimento por muito tempo, está na tonalidade discursiva, demonstrando talento e habilidade ao folhear o palavreado, mas deixando para trás o motivo inicial do livro, isto é, a finalidade dialética pura de encontrar a verdade.
E ela estava debaixo do tapete

VIDA, de Carmem Nunes Taciano; Editora Bodelér; 123 páginas; 100 cruzeiros, com direito a devolução.

A poesia morreu?
Não, segundo Carmem Nunes Taciano, que estréia com este “Vida” cheio de lirismo, contrastando com uma realidade dura e melancólica, embora um pouco trôpego e com erros de revisão.
A autora inspira confiança nas idéias, desde o poema “Linotipista Mí­ope”, que abre o livro e nos entrega í s meditações, até “Ode ao Transí­stor”, de uma agressividade í­mpar, devolvendo ao leitor a raiva comovente da tragédia de Romeu e Julieta, os amantes de Verona, separados e ao mesmo tempo eternamente unidos pela rivalidade das famí­lias.
Os tropeços de “Vida” são insignificantes perante a habilidade da autora ao abordar temas perigosos, como a patética, porém romântica, aventura da moçoila que perde a virgindade num pife demorado.
Carmem Nunes Taciano garantiu com este “Vida” seu lugar na estante poética brasileira.
Os pecados da revisão, como por exemplo, na página 45, onde se lê: “Sede, gengibirra, lobo!”(Vêde, como gira o globo!) refletem o amadorismo da editora, prejudicando tão brilhante autora em seu livro inicial, mostrando as preocupações de uma jovem com os problemas do tio aposentado.

OS PIGMEUS, OS PIGTEUS, de Rolando Siqueira; Editora Ananás; 146 páginas de rolar de rir; vinte e tantos cruzeiros.

Em Borboréia, onde reside, ele é chamado carinhosamente pela população de “Dez Merréis”, apelido adquirido quando ainda era proprietário do único boteco da cidade, o saudoso “Arrebentou a Mi”, ponto de encontro de boêmios e seresteiros da cidade. E foi com essa vivência musical que Rolando Siqueira aprendeu a contar piadas, fazer trocadilhos e nunca mais tocar no assunto, conforme o prefácio de Igor Cabeça de Vodka, “Lo Borracho”. A leitura de “Os Pigmeus, os Pigteus” nos mostra um humorista maduro, caindo pelas tabelas, soltando foguetes pelo fim da censura prévia, apesar dos trocadilhos infames e exagerados.
Os dramas de um dono de boteco, nariz vermelho, em eterna discussão com uma esposa cheirando a bolinho-da-graxa, que lhe exige fidelidade até no truco, narrados com esperteza e linguagem inovadora, fazem deste volume um livro indispensável a todos os paus dââ?¬â?¢água que tomam mais de quatro ââ?¬Ë?saideiras”.
Ou, como no trocadilho de Rolando Siqueira: “o mundo inteiro não vale o meu bar”.