Publio Ovidio Naso, poeta romano autor de “A Arte de Amar”,
foi expulso de Roma pelo imperador Augusto.
Segindo o próprio Naso, a causa de sua perseguição se devia a “um erro e a um verso”.
Pedia a todos que porventura tirassem algum proveito dos seus ensinamentos que repetissem baixinho,
ainda que só para si: Naso magister erat!
Ovidio é uma das referências centrais do Catatau. Além das “metamorfoses”, que ocupam um lugar já conhecido na trajetória de Leminski, o Catatau atualiza o projeto inacabado do grande Naso. Os Fastos, obra escrita em exílio, incompleta, se propõe a cantar os dias, as festas e os ritos de Roma. Ovidio se utilizou do calendário romano como pré-roteiro do seu fabular poético. Talves seja esta a primeira tentativa declaradamente antropológica da história da literatura. Os paralelos com a última produção de Ovidio ficam evidentes quando associados ao silêncio imposto pela ditadura neste periodo da história brasileira. Ainda assim, o plano dos Fastos está “metamorfoseado” na carnavalização dos heróis literários presentes no Catatau. Desde a máscara pierrot de Renatus Cartésius para Riobaldo e a de Marckgrav para o ímpeto taxidermista de Euclides da Cunha.