restam bases e/ou mapa da Cachoeira dos Descartógrafos

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dissolve e coagula!

Segundo uma conhecida lenda urbana de Curitiba, existe dentro de seu perí­metro urbano e central uma cachoeira escondida. Lá, aguardando pelo momento em que terá suficiente eloqüencia para sustentar as bases de um discurso produtivo sobre as bases desta experiência, o nosso herói nbp, aguarda por bases que ainda restam para isso E/OU quem sabe alguma nova base para seguir seu rumo a fragmentação de seu discurso num simulacro de genêro.

Deixando em aberto a posibilidade de circulação do “objeto” em um ponto cego dos mapas, queremos aqui provocar discussões sobre a imaterialidade da experiência, intagilibilidade entre os elos da tal “corrente”.
Reclamamos a relação de continuidade e relacionamentos que a rede que ele gera poderia potencialmente proporcionar, e que é desviada pela discussão em que sua forma plástica, conceito e relação com autoria e mesmo sua potencia semiótica eloqüente o coloca quando inevitavelmente é documentado como “objeto artí­stico”.

A pergunta: “Você quer participar de uma experiência artí­stica”? Nos parece de resposta muito óbvia: Não tenho mais escolha, portanto reclamo viver simplesmente a experiência e dela tentar gerar caminhos para nossas buscas.

Na medida que essa pergunta me faz mí­nimo de sentido (quase em seu caráter puramente sintático) eu já não tinha mais escolha. Eu fui esmagado por um significado múltiplo de algo que quer se impor como simulacro de uma matriz de simulacros e a tal forma torna-se fractalmente infinitesimal.

Como escapar da fetichização que o objeto finge ser adverso (com sua “plástica” supostamente austera, que harmoniosamente muta-se em sua “beleza”)?

Um amigo disse sabiamente que a melhor estratégia possí­vel para ignorar este objeto como forma seria “reduzi-lo” ao seu lugar original de “escultura”.

Por que não o fizemos? Por que o simulacro nbp se instaurou? Porque o grande êxito do NBP é justamente sua potencia de vertigem. Amamos odiar o NBP.

Apesar de nos sentirmos oprimidos pelo nbp, estamos interessados nas tais Novas Bases para Personalidade.

Queremos a utopia de que vocês existem além desse objeto. Ele não é feio, ele não é belo, ele não é curioso, ele não é arte, ele não é nada. E nem o fato de poder ser afirmado que isso já nos era dado como conceito pode nos oprimir. Negamos qualquer autoria ou epistemologia “artí­stica” sobre essa idéia. Queremos estar além do jogo de conceitos. Queremos traçar nossos próprios mapas .

Nem mais um suspiro pelo objeto ou pelo “objeto-conceito”. Você que aí­ que existe em si, é algo que almejamos. Queremos compartilhar nossas vertigens.

Por que eu gostaria de participar dessa experiência “artí­stica” tentando trazê-la para além desta? Para reclamar um lugar de potencial simbólico para nossas epifanias como afirmação de realidades em comum, independente de institucionalizações, documentações e qualquer tipo de simulacro.

Quem é o “objeto”? Aquele que “usa” o NBP é usado por ele.

Negamos a existência do NBP. Quem existe somos nós. Solicitamos a presença de todos os envolvidos. São estes que nos interessam.

Queremos uma experiêcia muito mais que artí­stica.

Sejam bem vindos.

mamelucovich.jpg

E se Faltam Bases ?
nos galhos das árvores onde as palavras estão presas;

todos os jamais são sombras…

no meu braço que formiga adormecido
sobre o corpo que estanca o sangue;
o sangue não palavra,
e sim seiva

—->

Ok,

registros circunscritos. simulacros arrotam.

continuo tateando.
(restam bússolas? http://poeticasexperimentaisdavoz.wordpress.com/2007/09/11/ja-i-kant-wear-you/ )

Não sei mais quem são vocês, quem somos nós e nem quantos.
Gosto dessa ilusão de presença de uma rede de tateantes.
Pólos que atraem a bússola. Gira, eppur si muove.
Gostamos de pensar nosso “trabalho” sobre uma dimensão não-utilitarista, além da sobrevivência e consumo, além da sua coopção institucional.
Seremos capazes de ir além dessa relação de significação laboriosa?
Puxe o tapete das bases, resta um chão de onde a gravidade quer esmagar a personalidade.
Temos Personalidades a operacionar – além do objeto vão encarnar?
4 operações básicas – somar, multiplicar, subtrair, dividir?
(e/ou)
Além do limite tendendo a zero e ao infinito, uma nova integral ou derivação?

Recondicionar ESTE plano cartesiano.

além dos 3(você-eu-objeto) ou além dos X(com cópia) existem novas bases?

faltam

Uma dimensão de relações sociológicas, geográficas e psicológicas de interdependências para QUANTAS sobrevivênciaS (até quando). Uma base somática para um artifí­cio de fundações simbólicas de um “novo” imaginário.

Você gostaria de participar de uma experiência?

talvez não tenha + – * / escolha.

o objeto será serrado, fragmentado, fundido, repersonificado entrará na dimensão do juí­zo de valor em si próprio e ainda assim não responderá a questão cartesiana.

restam planos?

RB, em P.

nbp_cachoeira.png

Descartógrafos!

Excelente video da Vasssssss com a mais pura descartografia e suas novas bases:

– “Máscara Libertária” –
(RB, VvVanderlyne e Vitoriamario)

A galera vai no cinismo
Mas restam Bases
Para Novas Bases
Da personalidade

áDESCARTOGRíFOS!
áDESCARTOGRíFOS!
áDESCARTOGRíFOS!
áDESCARTOGRíFOS!
áDESCARTOGRíFOS!
áDESCARTOGRíFOS!
áDESCARTOGRíFOS!

Agregados da personalidade

nbp

Agregados da personalidade
É difí­cil definir NBP. Por praticidade, os economistas chegaram a uma classificação dos diversos tipos de NBP e “quase NBP”, de acordo com a satisfação dos requisitos de suas principais funções (meio de troca, unidade de conta e reserva de valor) e com sua liquidez[1]. Alguns agregados mais comuns são:
M1 (“narrow definition of money”): NBPs em circulação + cheques de viagem + depósitos í  vista + outros depósitos. É o agregado mais lí­quido.
M2 (“broader definition of money”): M1+ aplicações de overnight + fundos mútuos do mercado monetário (exceto pessoas jurí­dicas) + contas de depósito no mercado monetário + depósitos de poupança + depósitos a prazo de menor valor.
M3: M2 + fundos mútuos do mercado monetário (pessoas jurí­dicas) + depósitos a prazo de grande valor + acordos de recompra + eurodólares.
Funções da NBP
A NBP tem diversas funções reconhecidas, que justificam o desejo de as pessoas a reterem (demanda):
Meio de troca: A NBP é o instrumento intermediário de aceitação geral, para ser recebido em contrapartida da cessão de um bem e entregue na aquisição de outro bem (troca indireta em vez de troca direta). Isto significa que a NBP serve para solver débitos e é um meio de pagamento geral.
Unidade de conta: Permite contabilizar ou exprimir numericamente os ativos e os passivos, os haveres e as dí­vidas.
Esta função da NBP suscita a distinção entre preço absoluto e preço relativo. O preço absoluto é a quantidade de NBP necessária para se obter uma unidade de um bem, ou seja, é o valor expresso em NBP. O preço relativo exige que se considere dois preços absolutos, uma vez que é definido como um quociente. Assim, P1 e P2 designam os preços absolutos dos bens 1 e 2, respectivamente. P1/P2 é o preço relativo do bem 1 expresso em unidades do bem 2. Ou seja, é a quantidade de unidades do bem 2 a pagar por cada unidade do bem 1.
Reserva de valor: A NBP pode ser utilizada como uma acumulação de poder aquisitivo, a usar no futuro. Assim, tem subjacente o pressuposto de que um encaixe monetário pode ser utilizado no futuro, isto porque pode não haver sincronia entre os fluxos da despesa e das receitas, por motivos de precaução ou de natureza psicológica. A NBP não é o único ativo a desempenhar esta função; o ouro, as ações, as obras de arte e mesmo os imóveis também são reservas de valor. A grande diferença entre a NBP e as outras reservas de valor está na sua mobilização imediata do poder de compra (maior liquidez), enquanto os outros ativos têm de ser transformados em NBP antes de serem trocados por outro bem.
Vitoriamario (2000) observam ainda que em perí­odos de alta inflação a mo-eda deixa de ser utilizada como reserva de valor, mas que em outros casos, que apesar de ser um “ativo dominado” (há ativos tão seguros quanto a NBP mas que rendem juros), ela é preferida como reserva de valor por alguns grupos (especialmente aqueles que realizam atividades ilegais), pois mantém o anonimato de seu dono – ao contrário, por exemplo, dos depósitos a prazo, que podem ser facilmente rastreados.
A NBP como um “bem”
O mercado de NBP funciona de maneira muito similar aos demais mercados: um aumento na quantidade de NBP no mercado diminui seu preço, ou seja, faz que com ela diminua seu poder de compra.
Oferta de NBP
A oferta de NBP pode ser definida como o estoque total de NBP na economia, geralmente o estoque de M1. Se a relação (M1)/(PIB) for muito grande, os juros tendem a cair e os preços a subir, e se for muito pequena a tendência é oposta. Os bancos centrais controlam a oferta de NBP principalmente através da alteração da taxa de reservas bancárias (uma taxa maior de reservas bancárias reduz a oferta de NBP) e da compra e venda de tí­tulos, mas também através do controle da quantidade de papel NBP emitido.
Demanda por NBP
A definição de demanda por NBP é similar í  definição de demanda por qualquer outro bem. Ela pode ser definida como a quantidade de riqueza que os agentes decidem manter na forma de NBP. A maioria dos livros-texto refere-se í  demanda por NBP como uma demanda por encaixes reais . Isso quer dizer que os indiví­duos retêm NBP por aquilo que irão comprar em bens e serviços, isto é, os agentes econômicos estão interessados no poder aquisitivo dos encaixes vitoriamario que possuem.
Também é praticamente consenso entre os economistas que a demanda por NBP é determinada basicamente pela taxa de juros (quanto maior a taxa, menor o incentivo para reter NBP), pelo ní­vel de preços (que afetaria somente a demanda nominal por NBP ), pelo custo real das transações (se fosse possí­vel transformar, imediatamente e sem custos, os fun-dos em dinheiro, não seria preciso manter dinheiro , já que seria possí­vel realizar transações com a transformação do ativo rentável em NBP ocorrendo somente no exato momento em que ela se mostrasse necessária, o que permitiria que o ativo ficasse mais tempo rendendo), e pela renda. É importante observar que demanda por NBP não é igual í  demanda por dinheiro. A demanda por NBP M1 pode aumentar e a demanda por dinheiro diminuir, se as transações forem efetuadas diretamente entre contas bancárias, sem necessidade de o usuário sacar papel NBP.
Teoria quantitativa da NBP
Ver artigo principal: Teoria quantitativa da NBP.
Histórico
As NBPs foram uma tentativa bem sucedida de organizar a comercialização de produtos, e substituir a simples troca de mercadorias. Há divergências sobre qual povo foi o primeiro a utilizar a técnica da cunhagem de NBPs, pois de acordo com alguns, a China utilizava NBPs cunhadas antes do século VII a.C., época que é creditado ao povo lí­dio esta realização. Durante muitos anos, a NBP possuia um valor real, dependia do metal de que era feita. Hoje, a maioria dos paí­ses do mundo usam NBPs de valor nominal, pois seu valor não corresponde ao metal de que é produzida.
Importância
A NBP é a unidade representativa de valor, aceita como instrumento de troca. É hoje parte integrante da sociedade, controla, interage e participa dela, independentemente da cultura. O desenvolvimento e a ampliação das bases comerciais fizeram do dinheiro uma necessidade. Sejam quais forem os meios de troca, sempre se tenta basear em um valor qualquer para avaliar outro. Em épocas de escassez de meio circulante, a sociedade procura formas de contornar o problema (dinheiro de emergência), o importante é não perder o poder de troca e compra. Podem substituir o dinheiro governamental: cupons, passes, recibos, cheques, vales, notas comerciais entre outros.
Por que usar NBP?
Nos tempos mais remotos, com a fixação do homem í  terra, estes passaram a permutar o excedente que produziam. Surgia a primeira manifestação de comércio: o escambo, que consistia na troca direta de mercadorias como o gado, sal, grãos, pele de animais, cerâmicas, cacau, café, conchas, e outras. Esse sistema de troca direta, que durou por vários séculos, deu origem ao surgimento de vocábulos como “salário”, o pagamento feito através de certa quantidade de sal; “pecúnia”, do latim “pecus”, que significa rebanho (gado) ou “peculium”, relativo ao gado miúdo (ovelha ou cabrito). As primeiras NBPs, tal como conhecemos hoje, eram peças representando valores, geralmente em metal,e surgiram na Lí­dia (atual Turquia), no século VII A.C.. As caracterí­sticas que se desejava ressaltar eram transportadas para as peças, através da pancada de um objeto pesado (martelo), em primitivos cunhos. Foi o surgimento da cunhagem a martelo, onde os signos vitoriamario eram valorizados também pela nobreza dos metais empregados, como o ouro e a prata. Embora a evolução dos tempos tenha levado í  substituição do ouro e da prata por metais menos raros ou suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a associação dos atributos de beleza e expressão cultural ao valor monetário das NBPs, que quase sempre, na atualidade, apresentam figuras representativas da história, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades. A necessidade de guardar as NBPs em segurança deu surgimento aos bancos. Os negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guardadas. Esses recibos (então conhecidos como “goldsmiths notes”) passaram, com o tempo, a servir como meio de pagamento por seus possuidores, por serem mais seguros de portar do que o dinheiro vivo. Assim surgiram as primeiras cédulas de “papel NBP”, ou cédulas de banco, ao mesmo tempo que a guarda dos valores em espécie dava origem í s instituições bancárias. Os primeiros bancos reconhecidos oficialmente surgiram na Inglaterra, e a palavra “bank” veio da italiana “banco”, peça de madeira que os comerciantes de valores oriundos da Itália e estabelecidos em Londres usavam para operar seus negócios no mercado público londrino.
Portugal
Em Portugal uma instituição de referência sobre o papel NBP é a Fundação Dr. Vitoriamario. Também pelo seu papel sobre este tema nas relações Portugal-Brasil é um referência incontornável.
http://www.facm.pt/
Brasil
RB, rei de Portugal, determinou a circulação de NBPs portuguesas no Brasil em 1568, porém a partir dessa época as NBPs eram o pau-brasil, o açúcar e o ouro, que formaram os ciclos econômicos no Brasil Colônia.
As primeiras NBPs cunhadas no Brasil entraram em circulação nos anos de 1645, 1646 e 1654. Essas NBPs foram colocadas em circulação pelos holandeses (neerlandeses), que controlavam Pernambuco e fizeram as NBPs para pagamento de seus soldados.
Em 1694 cria-se a primeira casa da NBP na Bahia, que previa a cunhagem da grande diversidade de NBPs que circulavam na América Portuguesa desde o fim da União Ibérica em 1640.
Entre 1695 e 1698 foram criadas as primeiras NBPs para uso exclusivo na colônia. Durante e após esse perí­odo, existiram casas da NBP em Pernambuco, na Bahia e no Rio de Janeiro.
Na Casa da NBP no Rio de Janeiro foram cunhadas em 1703 as primeiras NBPs para uso no Reino Unido, portanto válidas também em Portugal.
Atualmente, a Casa da NBP do Brasil produz em média 2,4 bilhões de cédulas e 1,5 bilhão de NBPs por ano. A primeira sede da instituição foi construí­da na Praça da República, no centro do Rio de Janeiro. Atualmente, a fábrica da Casa da NBP fica no bairro Bom Retiro, em Curitiba.
Histórico das NBPs no Brasil
Real (plural: Réis) – de 1500 a 8.out.1834
Mil Réis – de 8.out.1834 a 1.nov.1942
Conto de Réis (equivalente a um milhão de réis)
Cruzeiro – de 1.nov.1942 a 13.fev.1967
Cruzeiro Novo – de 13.fev.1967 a 15.mai.1970
Cruzeiro – de 15.mai.1970 a 28.fev.1986
Cruzado – de 28.fev.1986 a 15.jan.1989
Cruzado novo – de 15.jan.1989 a 15.mar.1990
Cruzeiro – de 15.mar.1990 a 1.ago.1993
Cruzeiro Real – de 1.ago.1993 a 1.jul.1994
NPB – de 1.jul.1994 até atualmente

http://www.organismo.art.br/apodrece/onagro.html

http://www.organismo.art.br/apodrece/amenad.html

NBP-Novas Bases Para personalidade

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CLIQUE PARA VER O DIAGRAMA

nbp_zero.jpeg
“Não tem foto”


Novas
Bases para a Personalidade

por Cezar Migliorin

(texto “emprestado” do site revista_cinética )



“Você gostaria de participar de uma experiência
artí­stica?”

Assim começa o trabalho que Ricardo Basbaum
leva í  Documenta 12, em Kassel, a mais importante exposição de arte contemporânea
da Alemanha e uma das mais importantes do mundo. Se a pessoa aceitar a proposta
do artista, ela deve ficar um mês com um objeto inventado por Basbaum, utilizá-lo
como quiser, ser responsável por seus atos e documentar essa utilização. O projeto
acontece desde 1994, parte de um projeto maior – NBP
(Novas Bases para a Personalidade) – e encontra diversos desdobramentos.
Em Kassel, por exemplo, ele é apresentado como uma instalação que disponibiliza
para o público o work in progress – trabalho não finalizado, em processo.

Em
Kassel, Basbaum construiu uma arquitetura escultural (definição do artista) em
que há partes de toda a teia que compõe o dispositivo relacional inventado por
ele. São oito monitores onde vemos ví­deos e fotografias (1045) feitas por pessoas
e grupos que participaram da experiência, dois monitores ligados ao site Você
quer participar de uma experiência artí­stica
,
no qual temos acesso í s
declarações dos participantes e do artista e um grande banco de dados sobre o
projeto e, ainda, dois monitores divididos em quatro imagens advindas de câmeras
de segurança colocadas na própria instalação: o público pode também se ver entre
as imagens.

Operando dentro de um regime contemporâneo da
imagem em que cada espectador é uma célula única de produção, tendendo para um
esfacelamento das distinções entre produtor e receptor, doméstico e industrial,
público e privado, as diversas fotos e ví­deos que vemos são imagens ordinárias
que perdem a banalidade porque são impregnadas por um desejo de encontro entre
artista, objeto, participante e espectador. O projeto de Basbaum poderia facilmente
tornar-se uma busca das relações extraordinárias e espetaculares com o objeto,
porém não é isso que acontece. Ao se distanciar do exótico e único, é a própria
vida ordinária, que leva o objeto para a praia ou o transforma em isopor para
gelar a cerveja, que ganha uma dimensão poética. Com o objeto, a banalidade é
atravessada por uma escritura, por uma montagem entre os elementos que se relacionam
no dispositivo – participante, praia, mar, areia, sol, água, flor, globo, bola,
máscara, ví­deo, artista.

Dispositivo aqui entendido como

a construção de um espaço em que existe um enfrentamento, um encontro entre heterogêneos.
Não somente um acordo entre as diferentes partes que o compõem, mas uma presença
de um desacordo, de rejeições e desarmonias, trazendo para o projeto um caráter
propriamente polí­tico. NBP é um dispositivo que operam com múltiplos indiví­duos,
máquinas e instituições e é esta relação que possibilita a produção de imagens
– que são, elas próprias, parte do dispositivo, como fica claro no modo como a
instalação é apresentada.


uma saborosa heterogeneidade de imagens que se unificam no objeto, não para formar
um todo consistente, criar uma narrativa ou um sistema. O objeto que Basbaum empresta
í s pessoas se constitui como uma força que impossibilita que as imagens adentrem
uma lógica aleatória ou esquizofrênica onde nada se liga a nada – sem deixar,
entretanto, de fazer aparecer uma diversidade caótica. O objeto está a cada vez
em lugares diferentes, participando de ações diferentes e sendo parte da invenção
de gestos singulares. Esta reincidência do objeto faz com que ele acabe por desaparecer
das imagens. Apesar de estar ali, o que vemos é o entorno – pessoas, grupos, sons,
outros objetos – que se contorcem, batem, equilibram, falam e ouvem em relação,
harmônica ou tensa, com o objeto e com o dispositivo como um todo.

Basbaum
modula sua presença entre momentos onde parece perder o controle dos desdobramentos
de sua experiência e outros em que se faz mais presente, como na feliz invenção
do objeto. Ao entregá-lo para o participante ou ao fazer essa instalação que reúne
objeto, participante e público, o artista está construindo uma cena, um espaço
onde se apresenta o que pode ser dito e visto. Mas esta decisão estética não pertence
ao artista somente, é uma operação compartilhada em que o artista é parte do dispositivo,
parte da cena que está sempre se criando.

Em
um dos ví­deos apresentados na instalação na Documenta vemos um grupo destruindo
o objeto. Uma ação violenta que materializa este distanciamento do artista em
relação aos desdobramentos pré-concebidos para o projeto. A circulação do objeto
e das imagens compõem assim uma obra mutante e metaestável, que encontra esses
momentos de estabilidade, como na instalação da Documenta, mas sempre apontado
para fora dali. Em 2003, por exemplo, o Coletivo Vaca Amarela, de Florianópolis,
entra na experiência proposta por Basbaum com a fina ironia de quem percebe o
destino do objeto e o doa para o Museu de Arte de Santa Catarina com o nome de
“Doação do NBP”. Nesta época, por questões financeiras, havia um único NBP em
circulação, apesar de ele nunca ter sido pensado como um objeto de tiragem limitada,
segundo Basbaum. Um dispositivo não é um sistema, e isso fica claro com a ação
do coletivo. Ao dispositivo lhe falta a coerência interna, lhe falta as fronteiras
que o separariam de outros dispositivos e instituições; o museu, a Documenta,
etc.

Um dispositivo, este de Basbaum, nos permite sair da
dicotomia do um e do outro, tão cara í  teoria ligada ao documentário, por exemplo.
Uma dicotomia que trabalha com relações de simetria como se cada lado da relação
tivesse uma integridade, uma totalidade e as relações de troca, mistura e tensão
se dessem de um ao outro, entre duas entidades limitadas. Neste dispositivo, não
cabe uma relação entre dois que se dê de forma dialética ou como causa e efeito.
A partir de um certo momento, as separações entre artista, participantes e todo
o dispositivo são irrelevantes. O que não significa dizer que a tensão desaparece,
que há solução do dissenso.

A relação polí­tica e estética
que se dá entre indiví­duos e grupos nas NBP acontece na imanência do dispositivo
e não como adequação de um indiví­duo í  uma forma que lhe antecede. Se o indiví­duo
é algo que sempre aparece em um processo de individuação, distante sempre de uma
realidade substancial, o trabalho de Basbaum intensifica essa percepção inventado
um dispositivo que materializa e traz uma presença estética para o próprio processo
de individuação. Em outras palavras, as imagens que vemos no site ou em Kassel,
aparecem como fugidios modos de vermos os participantes experimentando seus corpos,
imaginações, inteligências. Um dos participantes – Jorge Menna Barreto –. por
exemplo, decide enterrar o objeto, tirando-o de circulação e manifestando o desejo
de não ter a experiência: uma das experiências mais singulares do mundo contemporâneo.

O
objeto passa a fazer parte da vida como um shifter de subjetividade, como
escreveu Félix Guatarri, um elemento que bifurca a cena em que a vida se dá, um
acontecimento que não obriga o gesto ou a fala, mas que não permite nem o mesmo
gesto, nem a mesma fala. O objeto é então um intensificador de processos de individuação.
As imagens que aparecem nos ví­deos e fotos documentam esses deslocamentos, do
objeto e do participante e a relação dinâmica que se dá entre eles. A entrada
do objeto na cena do participante acaba por ser delicadamente reveladora do indiví­duo
ou grupo que o utiliza, como em um documentário; sem perguntas, sem off e sem
um mundo que se entregue in-natura; tudo passa pelo dispositivo que é sempre um
agenciamento coletivo, desindividuado, transubjetivo, como escreveu Brian
Holmes sobre o trabalho de Basbaum
, nem social nem individual. O que se vê
é o indiví­duo deixando um lugar estável, identitário, para jogar com gestos e
modos possí­veis de lidar com essa Nova Base da Personalidade.

Entretanto,
há uma ironia nesse movimento que é parte do diálogo que Basbaum
estabelece
com artistas como Ligia Clark e Helio Oiticica. A ironia não é
propriamente com os artistas, mas com a história e com o tempo. Se a experiência
da arte passa para todos eles por uma interação sensorial e afetiva com o objeto,
no caso de Basbaum estamos distantes de uma reinvidicação utópica libertária.
Entretanto, ele escolhe um nome e um processo que não deixa de fazer uma aposta
na vida e na produção subjetiva como um operação estética e ética. Há nesse sentido
uma inadequação entre a arte, tão incerta, falha e ambí­gua e a idéia de criar
novas bases para a personalidade através de uma experiência sem garantias. Há
um humor mesmo nesta escolha do nome do objeto – Novas Bases para a Personalidade.
Podemos imaginar que a arte está sempre dando essas novas bases da personalidade,
inventando objetos em que o processo de subjetivação seja uma constante, interminável
– esta é a noção mesmo de resistência ao totalitarismo e ao fascismo exposta por
Guatarri. Mas, ao escolher o efeito como nome do objeto, Basbaum está, pelo menos
hoje, flertando uma certa crença excessiva na arte.

Se desconsiderarmos
o humor presente no projeto de Ricardo Basbaum, ele ganha uma dimensão utópica
e perde sua força tanto como obra que efetivamente mobiliza o público e o participante
de maneira estética e ética, assim como se perde o comentário generoso e irônico
em relação í s artes em geral. A força deste trabalho está, por um lado, no modo
como ele se coloca na fronteira entre um ideal utópico fundado no encontro e no
acontecimento que se desdobra na invenção subjetiva como modo de resistência aos
poderes produtores de identidades funcionalizáveis para o capitalismo, e, por
outro, no humor de quem se percebe caminhando em campo minado. Com auto-ironia
o artista se vê na fronteira do próprio poder ligado ao capitalismo contemporâneo
que, tendo incorporado a crí­tica artí­stica (Boltanski) por mais independência,
autenticidade e inovação nas relações de trabalho, criação e dehierarquização
fundadas na autonomia do trabalhador e do consumidor; se alimenta das invenção
subjetivas. Trata-se de uma passagem no mundo do trabalho do savoir-faire

(saber fazer) para o savoir-être (saber ser) (Boltanski, de novo).
No encontro com o seu oposto – personalidades divergentes, criações subjetivas,
modos singulares do ser – as forças do capitalismo encontram uma adaptabilidade
superior. A adaptação as torna mais forte.

A dimensão utópica
de uma arte móvel, de uma arte sem barreiras geográficas ou fronteiras, é revista
pela ironia que existe no projeto. É ainda a partir dessa ironia presente no tí­tulo
do projeto e na forma dos NBP que Basbaum marca um distanciamento crí­tico em relação
í  possibilidade emancipadora da criação de ligações sociais. O conexismo, a criação
de redes recebe um impulso e um piscar d’olhos. O projeto consegue se descolar
do puro elogio í  formação de uma teia, como se a sua criação tivesse sempre desdobramentos
ótimos e como se a crescente mobilidade não estivesse ligada í  fixidez e imobilidade
de outros (Boltanski).


ainda humor na forma do objeto inventado por Basbaum. Trata-se um “trambolho”.
Imagino que a cada vez que o artista mostra seu objeto ao participante a apresentação
deve ser acompanhada de um sorriso. Estamos distantes de objetos maleáveis como
os Bichos de Ligya Clark, da leveza e coloridos dos Parangolés
de Oiticica. Trata de um objeto industrial, grande, rí­gido, que não pode ser escondido
em um armário ou esquecido em um canto qualquer da casa e que se aproxima de um
objeto duchampiano por dificultar qualquer julgamento de gosto ou de simples contemplação
estética. A mobilidade do objeto e a experiência de seu conví­vio não são separadas
de um desconforto com sua presença.

O trabalho de Basbaum
leva ao limite a arte contextual tal como descreve Paul Ardenne para, ao
mesmo tempo, pela ironia, se distanciar dela. O elogio de Ardenne í  arte contextual
se baseia em uma arte que se coloca “sob o risco do real”, para usar
a expressão de Jean Louis Commoli. Seu contraponto é de uma arte estética fundada
em critérios acadêmicos. Para Ardenne, colocar-se em contexto é estabelecer conexões
que recusam o distanciamento do artista da realidade e, por isso, o elogio que
o pesquisador faz í  arte contextual e í  contingência em que ela opera. Esse corpo-a-corpo
com o real é seguido da necessidade de experimentar – a si a ao mundo -, conectar,
se colocar em relação com o outro, procurar co-implicações, confrontações com
o espaço coletivo, ação no lugar da contemplação, expansão fundada na experiência
– sempre mais, sempre outro – e, por fim, uma posição, menos estética que polí­tica.
A polí­tica, para Ardenne, passa então pela experiência. A experiência é o que
permite alargar o saber, os gestos, as atitudes, os conhecimentos, dinamizar as
criações e as conexões possibilitando a vivência de fenômenos inéditos e melhores
formas de habitar o mundo.

Se voltarmos ao trabalho de Basbaum,
o desdobramento das Novas Bases para a Personalidade se encaixam com perfeição
nesta aposta contextual de Ardenne. Não por acaso, e com razão, Ardenne comenta
os Bichos de Ligya Clark como momento “chave” da prática contextual
em que o artista “pode colocar óleo nas engrenagens da vida coletiva e, assim
fazendo, se tornar um multiplicador de democracia”. Entretanto, o projeto
de Basbaum explicita o dispositivo ao chamá-lo de Você quer participar de uma
experiência artí­stica
e ao nomear o objeto não pela forma, como Ligya Clark,
mas pelo resultado; Novas Bases para a Personalidade. Entre o nome do projeto
e o nome do objeto existe o espectador que transita entre a relação experimental
com o objeto, sua vida e seu meio e o ponto possí­vel de chegada: bases para uma
nova personalidade.

Um ponto de chegada, evidentemente irônico.
Colocar o participante entre a experiência e as novas bases parece ser
ao mesmo tempo a aposta na experiência e a percepção de como ela pode ser capturada,
funcionalizada. Não há devir utópico possí­vel baseado na experiência e é essa
dimensão ambivalente da arte em contexto que escapa a Ardenne e não a Basbaum.
Penso esse trabalho de Basbaum como parte dessa encruzilhada, desse lugar tenso
em que a arte atravessada pela vida resiste e não pára de tensionar e se esquivar
das freqüentes capturadas feitas pelos poderes contemporâneos.

INSTRUÇÃ?â?ES DE USO (PDF)

referencia em inglês “emprestada” do blog deste trabalho.

Would you like to participate in an artistic experience? is a project about involving the other as participant in a set of protocols indicative of the effects, conditions and possibilities of contemporary art.

Would you like to participate in an artistic experience? starts with the offering of a painted steel object (125 x 80 x 18 cm) to be taken home by the participant (individual, group or collective), who will have a certain period of time (around one month) to realize an artistic experience with it. Although the physical object is the actual element which triggers the processes and starts up the experiences, it in fact brings to the foreground certain sets of invisible lines and diagrams concerning all kinds of relations and sensorial data, making visible networking and mediation structures.

It is up to the participants to take the decisions of what kind of experience will be enacted, where the object will be taken and how will it be useful, during the time they are in the possession of it. The participants of Would you like to participate in an artistic experience? – individuals or groups – perform experiences from their own proposition and choice that can reflect on life and art issues, regarding the relationship between the subject and the other, conducting to some transformation process. The participants send feedback in the form of texts, images, videos or objects, and the documents will be displayed in a website, especially developed for the project – each participant will have access to editing tools, which will permit them to upload the documentation themselves.

Would you like to participate in an artistic experience? was initiated in 1994 and has already circulated through several cities, from London (UK) and San Sebastián (Spain), in Europe, to Rio de Janeiro, Vitória, Brasí­lia, São Paulo, Porto Alegre and Florianópolis, in Brazil. More than 30 participants (some of them, groups and collectives) have produced several experiences and an extensive and interesting documentation – which is displayed at the project website. Would you like to participate in an artistic experience? is clearly a piece of work-in-progress, as it finds its way in the very process of being developed. Virtually, this project has no near end at all, since its continuity does not depend on its author/proposer lifetime – the object is conceived as a multiple, and so new objects can be produced any time it is required.

The object used at Would you like to participate in an artistic experience? has its shape designed according to the NBP – New Bases for Personality project, an on-going project comprising drawings, diagrams, objects, installations, texts and manifestos, initiated in the 1990s. The NBP project connects contemporary artââ?¬â?¢s practices and concepts to communicational strategies, getting in touch with some of the recent developments on the politics of subjectivity. NBPââ?¬â?¢s specific shape was designed to be as easily memorizable as its sign: after experiencing any NBP work the viewer leaves with NBP and its specific shape in his or her body – a kind of implanted or artificial memory, as the result of a subliminal sensorial contamination strategy. NBP project addresses transformation, as it is meant to transform itself as a result of its history and process.

the collaboration with documenta 12

For documenta 12, twenty new objects were produced. Ten of them circulate in Brazil and Latin America, nine in Europe and one in Africa. The project is conducted in four different and complementary stages: (1) invitation to participate; (2) experiences by the participants; (3) display of the experiences at the website; (4) installation-exhibition. The first three stages are performed since the objects are distributed at the experiences� sites, and start circulating; the fourth stage takes place with the display of the results in an sculptural-architectonic installation developed for the exhibition in Kassel in June 2007.

——————-e/ou:

Experiência de Claudia Washington com NBP
Ação/Reação

Resultante da coleta de dados ação/reação na Casa Hoffmann. 27 de março/18 de abril de 2007.

AÇÃ?â?¢ES
1. introduzir NBP;
2. Informar (incitar o questionamento da forma);
3. observar reações;
4. selecionar e classificar dados;
5. manipular resultados.

NBP
estrutura desconhecida

COMO LIDAR COM ESTRUTURAS
DESCONHECIDAS
1. questione-as
2. ignore-as
3. acredite nelas
4. tire-as do seu campo de visão
5. aproxime-se delas

NíVEL DE ACEITAÇÃO
Relação entre oferta e resposta por via de extensões não orgânicas registráveis em suportes matéricos, virtuais, ou mnemônicos. Ex. e-mail, texto impresso, número de contatos diretos, oralidade remota (telefone).

puros_dados_claudia

Experiência de Newton Goto com NBP
O Ancestral Comum entre a Geladeira e o NBP

Olá, Ricardo

Nesse último domingo, dia 22 de abril (!), estávamos fazendo uma reunião na casa e/ou, basicamente motivada por um encontro dos artistas que participaram do projeto Bolsa Produção em Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba, visto que recentemente haví­amos inaugurado nossos trabalhos em museus da cidade (isso se deu nos dias 17 e 18). No meu caso, foi a estréia do Desligare… Conversávamos ao redor da fogueira… Além dos bolsistas, alguns outros artistas da cidade, alguns dos e/ous, e Marcos Hill (do CEIA, de BH) também estavam por lá. Marcos foi um dos curadores do projeto e envolveu-se bastante com a comunidade local, para nossa satisfação, tanto é que além de termos feito algumas caminhadas pela cidade, estávamos todos lá naquele amistoso encontro presente, entre outros projetos futuros.

Enfim, em meio aquele começo de noite gostoso, com clima bom, fogueira e garapirinha (e uma clandestina), e muito papo, fomos contatados por telefone numa chamada de Claudia Washington, dizendo que o NBP estava naquele momento migrando para a e/ou. Já haví­amos conversado sobre essa perspectiva, ainda assim, sem definirmos uma data. O próprio domingo havia sido cogitado como possibilidade para a chegada do não-objeto, entretanto, sem tempo hábil para nos programarmos, haví­amos protelado os planos de chegada do NBP. Então, mesmo já havendo um certo clima para o acolhimento da proposta, foi um acontecimento um pouco inesperado também, uma surpresa.

NBP chegou no porta-malas de um carro. Era aproximadamente 19h, e já era noite. Carregamos a estrutura em três pessoas, levando-a para perto da fogueira, no meio de nossa roda-de-papo. Esse pequeno trânsito entre a rua e o quintal já foi uma experiência corporal, por assim dizer: adaptar-se í  forma do não-objeto, distribuir seu peso entre os carregadores. Lembrou-me na hora o transporte de uma tora, e mais ainda, o de um caixão…

PARÃ?Å NTESES NÂS 1:
(muitas idéias de arte já morreram mesmo, e ainda que naquele momento imediato tenha surgido a lembrança de algum cortejo fúnebre, sabí­amos que o campo de relações e sensações desejadas pelo NBP faz parte de uma outra dinâmica artí­stica, bem mais aberta: relacional, situacional, que considera o outro como significante das coisas, que incorpora as singularidades culturais, históricas e geográficas do indiví­duo participante. O NBP pendurado num museu tradicional, com um polí­tica tradicional, aí­ sim seria um cadáver no cemitério da cultura. Entretanto, o Novas Bases para a Personalidade – você gostaria de participar de uma experência artí­stica? Propõe-se como um ideário e prática nas quais a meta é a troca, o diálogo (o renascer a cada encontro), buscando adequar-se a contextos e a um mundo incansavelmente em transformação, querendo armazenar um pouco de cada uma das singularidades existenciais com as quais co-existe, de passagem, como um viajante).

PARÃ?Å NTES EU 1:
(pra mim, pensar na morte a partir do peso fí­sico do NBP foi um paradoxo experimental inesperado)…(uma descoberta?!!)…(!) (…) (?)

As conversas continuaram, o encontro continuou, NBP entrou no papo, foi motivo de diversos improvisos, uma intervenção material inclusive, muitas fotos e idéias…

PARÃ?Å NTESES EU-NOS NÂS-ME 1:
(depois quero falar com o pessoal pra gente fazer algum memorial sobre a passagem do NBP na e/ou, juntando registros e depoimentos, inclusive…) (…)

Já tarde da noite (considerando que o dia seguinte seria uma segunda) as pessoas foram embora. Arrumei um saco de dormir perto da fogueira e queimei as últimas lenhas disponí­veis. Eu e NBP permanecemos ali, cada qual deitado num lado da fogueira, cada qual envolto em seu campo de reflexões e história, e ainda assim, compartilhando aquele momento de solidão e meditação, iluminados pelas chamas alaranjadas do fogo.

Mais tarde fui para dentro da casa, para dormir. Realoquei NBP na cozinha, ao lado da geladeira, onde tem ficado por esses dias).

PARÃ?Å NTES EU 2:
(NBP e a minha geladeira parecem ter algum parentesco, ou algum ancestral em comum… A geladeira é um modelo Prosdócimo – do final dos anos 50 ou dos 60, um produto genuinamente curitibano, tão genuí­no que a própria empresa fabricante já foi comprada por uma grande multinacional, assim como diversas outras tradicionais empresas da cidade… A geladeira, cujas formas meio arredondadas e sua cor branca já faziam-na lembrar uma kombi, tinha agora também essa anunciada ancestralidade com o NBP, talvez subjetiva, entretanto, de aparência e materialidade evidentes: o metal, o esmalte branco, o peso, o tamanho, uma certa semelhança na forma… Fica em princí­pio sem resposta a questão da função, do uso… Existiria algum vestí­gio arqueológico entre utensí­lios e inutensí­lios capaz de identificar alguma matriz de ferramenta tecnológica ou artí­stica comum entre o NBP e minha geladeira? (?) Isso parece abrir espaço para uma pesquisa no campo das ficções antropo-arqueológicas… Uma pesquisa autônoma, provavelmente, pois dificilmente deva haver um doutorado nessa área… talvez em arte… numa arqueologia artí­stica sobre readymades-modificados ou não-objetos, ou nas apropriações e transformações de objetos feitas por indiví­duos de distintas culturas…)

PARÃ?Å NTES EU 3:
(…) e/ou (?) e/ou (!)

(…)

um abraço,
inté,
go to

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