Agosto

2005/dia 20 – sábado – manhãzinha.

Amanhece, enfim para descanso dos amantes
E também os que sozinhos de amores
Podem com o dia outros ventos nos cabelos.

Cruel e desinteressadamente já se foi a lua,
Oposta ao sol
Que agora
Espalha seu acolhimento claro e quente pelo quarto.

2005/dia 21 – domingo ao anoitecer.

Já as sombras da noite tudo invadem com total dedicação.
Todos os telhados,
Esquecidos em abandono
Sobre nossas casas.
Sós, telhados e tetos sobre nós.
E nos separam do infinito em sombras.

Nascem as sombras da terra
E í  terra toda abraçam,
Só não se as ceifam luzes.
(silêncio faz-se í­ntimo das trevas)

Telhados e tetos a encobrir
Pedaços de espaço
Roubados í  infinita bondade do mundo.

2005/dia 22 – segunda feira – começo da noite.

Úmidos troncos de árvores,
Cor negra,
Remota memória.
Já morriam também em minha infância.
Morrem ainda agora,
Ciclo
Que também um dia vai.
Em bolor envoltos docemente,
Troncos mortos de árvores,
Corpos a se revirarem terra
Tal qual os nossos quando um dia irão.
Apenas protelado o dia, restamos insepultos.

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