(…)conSerto <-> mimoSa<->conSerto<->mimoSa(…)

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“A existência de duas palavras com a mesma sonoridade mas com grafia distinta, Concerto como performance de orquestra e Conserto como reparo (onde se faz o uso frequente de ferramentas), inspira ao questionamento conceitual cerne da discussão tecnológica, que na ação ConSerto é sugerido através de uma série de ações culturais manifestadas em performances, jams, construção de instrumentos musicais, videos e composições. Tem a intenção de fomentar, em uma metodologia colaborativa e em constante remixagem, o significado de código aberto como poesia e conceito estético. ”

“A cultura está desequilibrada porque reconhece certos objetos, como o objeto estético, e atribui o direto citá-los no mundo dos significados, enquanto repele outros objetos, e em especial os objetos técnicos, ao mundo sem estrutura dos que não possuem significados, mas apenas um uso, uma função útil.” Extrato da obra Gilbert SIMONDON “do modo de existência dos objetos técnicos”.

ââ?¬Ë?La culture est déséquilibrée parce quââ?¬â?¢elle reconnaí®t certains objets, comme lââ?¬â?¢objet esthétique, et leur accorde droit de cité dans le monde des significations, tandis quââ?¬â?¢elle refoule dââ?¬â?¢autres objets, et en particulier les objets techniques, dans le monde sans structure de ce qui ne possí¨de pas de significations, mais seulement un usage, une fonction utile.ââ?¬â?¢ Extrait de lââ?¬â?¢ouvrage de Gilbert SIMONDON ââ?¬Ë?Du
mode d�existence des objets techniques�.

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One thoughtful comment

  1. Polissemia – multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locuÃ?§Ã?£o. Fonte: HOUAISS, A. DicionÃ?¡rio Houaiss da lÃ?­ngua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

    POLISSEMIA Polissemia, em geral, �© definida como a propriedade que uma palavra possui de apresentar diferentes sentidos sem que os mesmos sejam opostos ou excludentes. Sendo assim, os sentidos poliss�ªmicos mant�ªm-se dentro de um mesmo sentido geral. Portanto, pode-se facilmente perceber uma rela�§�£o sem�¢ntica entre os sentidos em maior ou menor grau. De acordo com a vis�£o cl�¡ssica da teoria do significado, apresentada por Moura (2000), a qual prop�µe uma an�¡lise sem�¢ntica diacr�´nica, a polissemia abrange os casos de altern�¢ncias de sentido que est�£o etimol�³gica e semanticamente relacionados. Ou seja, casos de palavras de uma mesma origem (rela�§�£o etimol�³gica) que t�ªm sentidos relacionados. Sob essa vis�£o, atribui-se ao uso metaf�³rico da linguagem a principal raz�£o para o surgimento da palavra poliss�ªmica. Os itens sublinhados t�ªm mais do que um sentido lexical. Se estes sentidos est�£o historicamente relacionados ou foi um acaso da combina�§�£o ortogr�¡fica e fonol�³gica �© irrelevante para prop�³sitos de constru�§�£o do l�©xico e para um estudo sincr�´nico do significado. A palavra posi�§�£o �© um caso t�­pico de polissemia, seus m�ºltiplos sentidos podem ser observados abaixo: (1) Estou cansado de ficar sentado nesta posi�§�£o. (2) Coloque-se na posi�§�£o correta para a foto. (3) Gostou da posi�§�£o dos m�³veis? (4) Na posi�§�£o em que estamos ser�¡ dif�­cil reverter a opini�£o do povo. (5) Felipe atingiu uma boa posi�§�£o na empresa. (6) Esta �© a minha posi�§�£o. Percebe-se que os sentidos de (1-6) s�£o diferentes; referindo-se o primeiro a postura f�­sica, o segundo a local, o terceiro a disposi�§�£o, o quarto a situa�§�£o ou circunst�¢ncia, o quinto a situa�§�£o econ�´mica e por fim a opini�£o. Entretanto, ainda que seja necess�¡rio que se selecione um dos sentidos, percebe-se que h�¡ alguma rela�§�£o entre os sentidos. Mesmo dentro da subcategoria da polissemia, observamos que as palavras apresentam diferentes tipos de varia�§�£o sem�¢ntica. Observe as seguintes frases: (7) A firma do meu pai construiu esta escola. (8) A escola de Daniel venceu o campeonato de futebol no ano passado.

    Analisando as frases acima, percebe-se que em (7) o sentido evocado Ã?© o de uma estrutura fÃ?­sica. Pelo contrÃ?¡rio, em (8) o sentido Ã?© o de um grupo de pessoas participantes da escola. Os sentidos nestes casos nÃ?£o sÃ?£o nem excludentes, nem antagÃ?´nicos. Ao contrÃ?¡rio dos exemplos (1-6), ocorre apenas uma focalizaÃ?§Ã?£o maior em uma parte dos sentidos contidos na palavra escola. HÃ?¡, portanto, apenas uma sutil variaÃ?§Ã?£o semÃ?¢ntica, sendo mantido o mesmo sentido geral em ambos os contextos. Tanto nos casos (7) e (8), quanto de (1-6), Ã?© percebida uma clara diferenÃ?§a de sentido e Ã?© mantida alguma relaÃ?§Ã?£o intuitiva entre os sentidos. No entanto, a relaÃ?§Ã?£o entre os sentidos (7) e (8) Ã?© mais prÃ?³xima do que de (1-6). NÃ?£o Ã?© necessÃ?¡ria uma seleÃ?§Ã?£o entre os sentidos (7) e (8), mas sim uma seleÃ?§Ã?£o entre especificidades dentro de um mesmo sentido. Dessa forma, a palavra escola em (7) e (8), Ã?© considerada uma palavra sistematicamente polissÃ?ªmica ââ?¬â?? de acordo com Cruse (2000) ââ?¬â?? ou logicamente polissÃ?ªmica ââ?¬â?? de acordo com Pustejovsky (1995). O autor diz que este Ã?© um tipo de ambigÃ?¼idade que envolve sentidos lexicais que sÃ?£o manifestaÃ?§Ã?µes de um mesmo significado bÃ?¡sico da palavra, visto que ela ocorre em diferentes contextos. Em linhas gerais, pode-se dizer este Ã?© o caso de palavras que apresentam um baixo grau de ambigÃ?¼idade. Propriedade tambÃ?©m encontrada na palavra universidade, que pode apresentar quatro sutis variaÃ?§Ã?µes de sentido. Considere os exemplos abaixo: (9) A universidade estÃ?¡ em festa. (10) A UNISINOS comeÃ?§a em fevereiro. (11) A universidade foi fundada hÃ?¡ 31 anos. (12) A universidade estÃ?¡ em obras. Percebe-se que universidade Ã?© utilizado em (9) como o grupo de pessoas que fazem parte da universidade, em (10) como o processo de aprendizagem que se dÃ?¡ na universidade, em (11) como a instituiÃ?§Ã?£o universidade e em (12) como a estrutura fÃ?­sica da universidade. Isso nos mostra que nÃ?£o hÃ?¡ sentidos diferentes na palavra universidade, hÃ?¡ apenas uma focalizaÃ?§Ã?£o maior em uma das particularidades do termo mais amplo. Este tipo de polissemia apresenta duas propriedades bÃ?¡sicas. Uma delas Ã?© o fato de os sentidos que sÃ?£o atribuÃ?­dos Ã?  palavra nÃ?£o serem excludentes, razÃ?£o pela qual Pustejovsky (1995) denomina-a de polissemia complementar. Outra caracterÃ?­stica deste tipo de ambigÃ?¼idade Ã?© que o mesmo tipo de variaÃ?§Ã?£o de sentido pode ser encontrado em vÃ?¡rias outras palavras; dizemos que se podem identificar classes de palavras que apresentam o mesmo tipo de variaÃ?§Ã?£o, por isso este fenÃ?´meno Ã?© chamado de polissemia sistemÃ?¡tica ou regular. Para que se possa comprovar esta propriedade regular da polissemia basta substituir a palavra universidade, nos exemplos (9-12)Ã?¸ por qualquer outro termo que represente lugar, como escola, biblioteca, fÃ?¡brica etc. Como serÃ?¡ possÃ?­vel perceber, estas palavras apresentarÃ?£o os mesmos tipos de variaÃ?§Ã?£o semÃ?¢ntica de universidade. Seguindo as anÃ?¡lises feitas por Cruse (2000) e Pustejovsky (1995), pode-se ir mais a fundo no estudo da sistematicidade da multiplicidade de sentidos e percebe-se que realmente hÃ?¡ uma sistematicidade na variaÃ?§Ã?£o de sentido. HÃ?¡ algumas relaÃ?§Ã?µes semÃ?¢nticas que apresentam uma certa vagueza no significado e esse mesmo tipo de vagueza ocorre com outras palavras, o que mostra que hÃ?¡ uma regularidade. AlÃ?©m da alternÃ?¢ncia entre lugar / pessoas apresentada entre (9-12), encontram-se outras variaÃ?§Ã?µes de sentido sistemÃ?¡tica, casos de polissemia lÃ?³gica, apresentados por Pustejovsky (1995). Observem-se os seguintes exemplos: (13a) Compre cinco bombons para a sobremesa. (= contÃ?¡vel) (13 b) Precisamos de farinha para o bolo. (= nÃ?£o contÃ?¡vel) (14 a) CÃ?­cero quebrou a xÃ?­cara. (= continente) (14 b) Alice tomou toda a xÃ?­cara de cafÃ?©. (= conteÃ?ºdo) (15a) Arthur abriu a janela. (= objeto fÃ?­sico) (15b) Paula precisou passar pela janela. (= abertura) (16a) O jornal comemorou a repercussÃ?£o da reportagem. (= produtor) (16b) Mariana derramou Ã?¡gua sobre o jornal. (= produto)

    (17a) Os exames t�ªm o objetivo de avaliar a evolu�§�£o dos alunos. (=processo)

    (18b) O exame de proficiÃ?ªncia Ã?© em dezembro. (=resultado) AlÃ?©m das alternÃ?¢ncias com preservaÃ?§Ã?£o categorial (casos 13-18), pode-se ter a ambigÃ?¼idade complementar com alternÃ?¢ncia categorial, segundo Weinreich (1964) . Como exemplo: (20) SerÃ?¡ um longo caminho atÃ?© chegar em casa. (21) Eu caminho todos os dias Ã?  tardinha. Cruse (2000) apresenta a metonÃ?­mia ââ?¬â?? figura de linguagem que se caracteriza pela associaÃ?§Ã?£o, utilizando especialmente a parte para referir-se ao todo ââ?¬â??

    como uma das maiores estratÃ?©gias para extensÃ?£o do significado das palavras, responsÃ?¡vel pela maior parte dos casos chamados de polissemia sistemÃ?¡tica. Como exemplo, temos o caso da palavra boca empregada em (22) no seu sentido literal, e em (23) no seu sentido figurativo. (22) NÃ?£o fale de boca cheia. (23) HÃ?¡ muitas bocas para alimentar. A regularidade dos casos (22) e (23) pode ser comprovada, pois o mesmo tipo de variaÃ?§Ã?£o ââ?¬â?? parte pelo todo ââ?¬â?? pode ser percebida em (25) sentido literal e (26) sentido figurativo. (24) Ele tem uma voz alta. (25) Ele Ã?© a voz do povo. HÃ?¡ tambÃ?©m alguma sistematicidade em casos de autohiponÃ?­mia no que se refere a diferenÃ?§as de masculino e feminino, conforme nos mostra Cruse (2000). A autohiponÃ?­mia ocorre quando uma palavra estÃ?¡ subordinada a um sentido mais geral e a um sentido contextualmente restrito, que Ã?© mais especÃ?­fico. Caracteriza-se por apresentar uma relaÃ?§Ã?£o de Ã?â?° UM entre um termo mais especÃ?­fico ââ?¬â?? subordinado ââ?¬â?? e um termo mais geral ââ?¬â?? superordenado ââ?¬â?? sob o ponto de vista do subordinado. Como exemplo temos a relaÃ?§Ã?£o entre o termo cachorro, que apresenta dois sentidos, um sentido geral e um sentido mais especÃ?­fico, conforme vemos nos exemplos (26) e (27). (26) Os donos dos cachorros e gatos devem registrar seus animais de estimaÃ?§Ã?£o. (Membro da raÃ?§a canina) (27) Aquilo nÃ?£o Ã?© um cachorro, mas sim uma cadela. (o macho da raÃ?§a canina) Cruse (2000) explica que casos nos quais uma categoria (como cachorro) apresenta uma subdivisÃ?£o binÃ?¡ria (como masculino e feminino), e somente uma das subcategorias apresenta um nome especÃ?­fico (como cadela expressando o feminino) para designÃ?¡-la, entÃ?£o o termo superordenado (como cachorro) irÃ?¡ desenvolver uma leitura mais especÃ?­fica para preencher os espaÃ?§os (novamente o emprego do termo cachorro). Aplicando as consideraÃ?§Ã?µes do autor aos exemplos dados: em (26) Ã?© evocado um sentido mais geral do que em (27). EntÃ?£o, no caso de cachorro, subcategoria de animal masculino e feminino, somente o feminino tem um nome distinto ââ?¬â?? cadela, logo o termo superordenado se particulariza para preencher a lacuna. Percebe-se entÃ?£o que hÃ?¡ uma classe de termos que abrangem cachorro, homem, pessoa, entre outros, que apresentam o mesmo tipo de variaÃ?§Ã?£o em masculino ou feminino, o que os caracteriza como palavras sistematicamente polissÃ?ªmicas. Isto considerando as idÃ?©ias apresentadas por Cruse (2000), explicaÃ?§Ã?£o que parece convincente nestes casos. Entretanto, se olharmos para estes termos sob a visÃ?£o de Kempson (1977), eles serÃ?£o classificados como vagos, conforme veremos mais adiante em 1.2.1.3. Cruse (2000) diz que a relaÃ?§Ã?£o oposta Ã?  da autoholonÃ?­mia Ã?© a autosuperordenaÃ?§Ã?£o (ou autohiperonÃ?­mia, como poderia ser chamada). Um exemplo de autosuperordenaÃ?§Ã?£o Ã?© o uso da palavra homem para referir-se Ã?  raÃ?§a humana, ou a qualquer outro uso do termo masculino para generalizar uma espÃ?©cie ââ?¬â?? sentidos estes que sÃ?£o contextualmente restritos. Outro exemplo, agora envolvendo a generalizaÃ?§Ã?£o do termo feminino, Ã?© o uso da palavra vaca para referir-se aos bovinos de ambos os sexos. Mais um caso de polissemia apresentado por Cruse (2000) Ã?© a automeronÃ?­mia, fenÃ?´meno que ocorre em um caminho paralelo ao da autohiponÃ?­mia, a nÃ?£o ser pelo fato de que a leitura mais especÃ?­fica representa uma subparte e nÃ?£o um subtipo. Nem sempre Ã?© fÃ?¡cil definirmos se estamos falando de automeronÃ?­mia ou de autohiponÃ?­mia. No entanto, serÃ?£o apresentados aqui apenas casos tÃ?­picos de automeronÃ?­mia, como em (28) e (29) (28) Passe por aquela porta. (29) Tire as dobradiÃ?§as da porta. Em (28), porta estÃ?¡ sendo utilizada em seu sentido representativo de abertura. Ao passo que em (29), o sentido evocado Ã?© o de objeto fÃ?­sico, ou seja, sentido estrutural. Seguindo as consideraÃ?§Ã?µes de Cruse (2000), em (28) hÃ?¡ um caso de automeronÃ?­mia, pois a parte Ã?© tomada pelo todo. JÃ?¡ Pustejovsky (1995), considera este um caso de polissemia lÃ?³gica ââ?¬â?? como vimos nos exemplos (15 a-b) Diferenciar automeronÃ?­mia de autoholonÃ?­mia nem sempre Ã?© tarefa fÃ?¡cil. Considere o exemplo: (30) Jane ama mostrar seu corpo. Em (30), a intenÃ?§Ã?£o do locutor certamente Ã?© a de representar o corpo todo, nÃ?£o somente o tronco. O todo Ã?© evocado sendo um caso de autoholonÃ?­mia. Mas considere a seguinte frase: (31) Ela recebeu algumas graves pancadas no seu corpo. Neste caso (31), somente estÃ?¡ sendo sugerindo que ela recebeu pancadas em seu tronco. A parte Ã?© focalizada. Sendo um caso de automeronÃ?­mia. Observem-se agora exemplos onde o que estÃ?¡ em questÃ?£o Ã?© a inclusÃ?£o ou nÃ?£o da mÃ?£o no sentido de braÃ?§o, exemplos apresentados por Cruse (2000). (32) Um arranhÃ?£o no braÃ?§o. Em (32), o sentido desejado Ã?© definitivamente o braÃ?§o sem incluir a mÃ?£o. Caso de automeronÃ?­mia, pois a parte Ã?© o foco. Mas observem-se os exemplos abaixo: (33) Ele perdeu um braÃ?§o no acidente. ou (34) Ela estava abanando seus braÃ?§os. Em ambos os exemplos, (33) e (34), o locutor refere-se ao braÃ?§o todo, incluindo a mÃ?£o. Deve-se considerar como casos de autoholonÃ?­mia os casos (33) e (34) pelo fato de incluÃ?­rem a mÃ?£o (parte) no sentido de braÃ?§o (todo). Dessa forma conclui-se que se a parte for incluÃ?­da no todo chamamos o fenÃ?´meno de autoholonÃ?­mia. Vimos atÃ?© aqui vÃ?¡rios casos polissÃ?ªmicos que ocorrem entre os nomes. PorÃ?©m, a polissemia tambÃ?©m se manifesta e de maneira ainda mais produtiva entre os verbos. Como exemplo de verbos polissÃ?ªmicos temos tornar nas frases abaixo . (35) Uma grande parte do centro da cidade foi submetida a esta espÃ?©cie de operaÃ?§Ã?£o plÃ?¡stica, numa tentativa ousada de o tornar atraente aos olhos dos turistas e dos homens de negÃ?³cios que visitam a cidade. (= transformar) (36) Nunca fiquei com vontade de me tornar catÃ?³lico, embora em algumas ocasiÃ?µes, Maureen costumasse jogar uma indireta ou confessar seu desejo. (= vir a ser) Analisando as frases (35) e (36) percebe-se que ambas apresentam o sentido de transformaÃ?§Ã?£o; porÃ?©m, em (35) o verbo tornar Ã?© empregado no sentido de transformaÃ?§Ã?£o fÃ?­sica, de modificaÃ?§Ã?£o de um mesmo ser em algo diferente ââ?¬â?? no caso mais atraente. JÃ?¡ em (36), vÃ?ª-se o mesmo verbo, porÃ?©m referindo-se a uma transformaÃ?§Ã?£o espiritual, de crenÃ?§a. Fica claro que (37) e (38) encontram-se dentro de um mesmo campo semÃ?¢ntico. (37) Carol escutara, recordava-se Judy, escutara sempre, mas depois limitara-se a dizer, na sua voz calma, lenta, que nÃ?£o perdera a entoaÃ?§Ã?£o californiana, que Judy devia tornar a acender a vela e avanÃ?§ar para a escuridÃ?£o. (= voltar a fazer algo) No sentido (37), tornar apresenta-se uma variaÃ?§Ã?£o semÃ?¢ntica um pouco maior, porÃ?©m ainda Ã?© possÃ?­vel perceber relaÃ?§Ã?£o entre eles. Tomando como base as anÃ?¡lises acima, tornar podes ser considerado um verbo polissÃ?ªmico. AlÃ?©m dos casos polissÃ?ªmicos sem mudanÃ?§a categorial , como os nomes e verbos apresentados acima, a polissemia tambÃ?©m pode se manifestar entre categorias gramaticais diferentes. Nesse caso, um mesmo termo pode apresentar ao mesmo tempo um significado como verbo e outro como nome. Esse Ã?© o caso de palavras como caminho, canto, andar, etc. Observem-se os exemplos abaixo: (38) Eu caminho todos os dias Ã?  tardinha. (= verbo) (39) SerÃ?¡ um longo caminho atÃ?© chegar em casa . (= substantivo) Percebemos nas frases acima que caminho pode significar tanto uma passagem (38) quanto a primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo caminhar (39), como vemos nas frases acima. A variaÃ?§Ã?£o categorial tambÃ?©m pode ocorrer entre adjetivo e verbo, como Ã?© o caso da palavra sÃ?£o nas frases abaixo. (40) Quem mora em SÃ?£o Paulo chegarÃ?¡ a Congonhas de carro. (= adjetivo)

    (41) NÃ?£o se preocupe, pois jÃ?¡ estou sÃ?£o. (= adjetivo) (42) Os homens sÃ?£o muitas vezes menos racionais do que os prÃ?³prios animais. (= verbo) Para concluir a caracterizaÃ?§Ã?£o da polissemia, Ã?© importante que se fale nos critÃ?©rios do conteÃ?ºdo lexical e da obrigatoriedade de determinaÃ?§Ã?£o no contexto . Moura (2000) diz que esses critÃ?©rios permitem caracterizar a polissemia de uma maneira mais efetiva do que as definiÃ?§Ã?µes tradicionais baseadas apenas na anÃ?¡lise diacrÃ?´nica do significado. Uma condiÃ?§Ã?£o importante para a identificaÃ?§Ã?£o da polissemia Ã?© identificar a ambigÃ?¼idade tem origem no lÃ?©xico, ou seja, se o conteÃ?ºdo existente no lÃ?©xico Ã?© determinante para a atribuiÃ?§Ã?£o de sentido Ã?  frase. Outra caracterÃ?­stica importante para a caracterizaÃ?§Ã?£o da polissemia Ã?© a propriedade de nÃ?£o obrigatoriedade de determinaÃ?§Ã?£o no contexto ââ?¬â?? conforme Moura (2000), visto que os sentidos polissÃ?ªmicos nÃ?£o sÃ?£o contrastantes e que muitas vezes eles se sobrepÃ?µem, conforme observou-se nos casos das palavras sistematicamente polissÃ?ªmicas.

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