Portais chineses pedem fim da “indecência” na internet
da Efe, em Pequim
Os 14 principais portais de internet chineses pediram ao setor que eliminem os conteúdos indecentes da rede, especialmente a violência e o sexo, informou ontem a agência oficial “Xinhua”.
Em comunicado conjunto, os proprietários dos principais sites –entre eles Sina.com, Sohu.com, Baidu.com e a versão chinesa do Yahoo!– pediram o fim da “cultura indecente na internet”.
“Nós somos totalmente contra as mensagens indecentes, que vão contra as virtudes sociais, a cultura e a tradição chinesas”, afirma o documento “Não aos textos e fotografias indecentes, não aos sistemas de busca para estes conteúdos, não aos links a sites insanos, e não aos jogos on-line que contenham sexo e violência.”
O comunicado também cita mensagens de áudio “ilegais, obscenas ou de mau gosto”, assim como fóruns e blogs com este tipo de conteúdo.
A China tem o segundo maior número de internautas do mundo, 111 milhões de usuários, atrás apenas dos Estados Unidos, com 159 milhões.
Nos últimos quatro anos, o governo chinês lançou diversas campanhas para “limpar” o universo virtual. Segundo seus representantes, “em um constante esforço para fornecer í juventude um conteúdo saudável”.
Mas esta também foi a desculpa usada para censurar informações, fóruns e blogs políticos e sociais críticos ao governo comunista.
Para controlar os conteúdos, o governo chinês contou com a tecnologia e a ajuda do Yahoo!, Google e Microsoft, entre outras empresas. O Yahoo! chegou a ajudar as autoridades a localizar um blogueiro, que foi detido.
Um editorial do “Diário do Povo”, porta-voz do Partido Comunista, elogiou ontem a iniciativa contra a “indecência na internet”. “Esta medida demonstra uma atitude saudável e positiva por parte dos portais chineses. Os sites são responsáveis, competentes e se uniram í luta contra as mensagens indecentes na rede”.
Além disso, o editorial afirma que “os sites com conteúdo indecente têm um mercado potencial promissor e conseguem lucrar. No entanto, como estes endereços traem os interesses da maioria da população, eles não durarão muito”.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, a China mantém 62 internautas presos por publicarem na web críticas ao governo.
NÃ?£o precisa nem dizer que os ditos ‘portais’ sÃ?£o todos controlados pela autoridade central chinesa, que orquestrou os ‘espontÃ?¢neos’ protestos contra ‘conteÃ?ºdo indecente’ (pois mulheres de seios de fora e o Quake 4 sÃ?£o, evidentemente, uma estratÃ?©gia burguesa para minar as conquistas do regime sino-democrÃ?¡tico).
Indec�ªncia, sim, s�£o os grotescos fuzilamentos em est�¡dios (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2001/010706_china.shtml), bem como a coexist�ªncia de um regime que mant�©m centenas de milh�µes na mis�©ria absoluta enquanto a elite burocr�¡tica das grandes cidades usa ipods, celulares bluetooth e dan�§a nas boates chiques de Shangai (normalmente, filhos bem nascidos de generais, dirigentes de estatais e escribas do governo).