Soneto
Cristo morreu há mil e tantos anos;
Foi descido da cruz, logo enterrado:
Mas até aqui de pedir não têm cessado
Para o sepulcro dele os franciscanos.
Tornou Cristo a surgir entre os humanos,
Subiu da terra aos céus, lá está sentado,
E ainda í saúde dele sepultado,
Bebem (o saco o paga) estes maganos.
E cuida quem lhes dá a sua esmola,
Que eles a gastam em função tão pia?
Quanto vos enganais; oh gente tola!
O altar mor com dois cotos se alumia;
E o frade com a puta que o consola,
Gasta de noite o que lhe dais de dia.
(Filinto Elísio)
O altar mor com dois cotos se alumia;
E o frade com a puta que o consola,
Gasta de noite o que lhe dais de dia.
O amor, com dois cotos n�£o se alumia.
E o pobre com a puta que o consola,
Gasta de noite o que lhe d�¡ o dia.
(…)
Te arrojas, que �© for�§oso, Ad�£o moderno,
A dar a novas coisas nomes novos.
E os que atalhar se atrevem com barreiras
Do teu ousar o arrebato curso,
N�£o s�£o vates, nem vates folhearam.
(Filinto ElÃ?Âsio)