/usr/lib/libornamental.so

Ultimo grito penúltimo ato
animo fato, aproximo, lato, arrimo.
Sensu cimo strictu vulgata – eu rato:
bibliotecas tive, narro a travessão:
– travessia.
– o fim da televisão.
– As serifas e as sem serifas também amam.

Comprimo escolas animalizo o que animo
desoprimo dí­zimo e: tropeço enquanto esgrimo
o Q estimo o exí­mio && exprimo: Hino!

cântico?
oní­rico ato eco!
cientí­fico sono vigí­lia?
cáustico é o que complico!

?
!
?
!

justifico um vendaval acidental
com um milhão de milharais:
Pipoca Cinema post pois
Publico
Imito
Mito e minto
E depois:

– Repito o primeiro grito.

Não diga que a canção está perdida – blogue outra vez

Gramático não é crí­tico literário
Cientista cantando no chuveiro
Quebrei um pé de verso epilético
Salivei hidrofobia pro coveiro

Antes que enterrem a resposta
Antes que repitam a proposta:

pós-punk schizopukemetalmatema da catexia
continuam guardados os timbres da nova era
numa caixa de supresas e tosqueiras
pretérito imperfeito: o gato mia ( Schrí¶dinger meio sem jeito )
no bar beatnik da minha tia;

Sinfonia;;

+ Metalingüistica? Suspiram.
Rompendo a Aeorta da Lingüiça
Salive cantando o tropeço no defunto:
O dito cujo trancou a Porta da preguiça;

E vomitou versinhos púberes para ogros cantarem:


Jacaré do Barigüi
Sem Coração
Engoliu o Sagüi
Arrotou Canção

Empalados os Pôneis do meu amigo
Empacados na cachaça Comigo

Jacaré do Barigüi
Latindo í  plenos pulmões
Rio Ivo transbordado no centro
Blindou os palcos dos teus porões

Nas Masmorras:
Um grito de Gol
Sodoma e Gomorra
Grite essa porra:

– De onde vem os bebês?!! Pra que sangrar todo Mês?!!

Revolta no teu hinário
ExuNoiseTudo no teu Armário
Pracinhas heróis na Praça
PsychoCarnaval da Zumbizada

Missionários Jogam dominó
Baralho em troca de cigarros
Expedicionários – Espermadulários

Em cima do tanque
O pior ex-panque
Surfando a Bomba
A Fábrica aponta

Olhando teus quadros
Pensando Abstrato
Perhapiness, nova edição
do porta-retratos

Errando uma letra do sobrenome no registro;
Dito e feito: Matamos Gutemberg, mas ontem eu nem a vi.
Thomas Edison registrou a lâmpada
mas nas entrelinhas
A idéia será tua
exclusivamente
uma parceria
com a minha tia

Gol! De quem?

Seca o Olho
Segue o Seco
Uma lágrima réptil
Sim, Tio Barnabé – o labirinto.

Chulé!

Ubaldino de Leão

canção-sonata em processo de fuga. glerm soares / octavio camargo em busca de novas parcerias e cortes epistemológicos navalha.

Ali onde a Amintas de Barros vira Prof. Brandão e cercanias
Desço de Patinete até a reitoria
Mastigo um pão com bife da padaria lusitana
Enquanto penso que sou russo fazendo curso no celin
Ensaio meu Я , eu mesmo.
00190.00009 01636.309005 00027.062181 5 50570000021750 (se alguem quiser verificar)
Aquela menina que pensam que é minha amante é só minha netinha
Os paparazzi do caderno Rascunho, gazeta do povo, tribuna, enxadristas da biblioteca pública tentando me afogar
no laguinho do passeio público
O Rio Barigüi inchará suas botas de lama rubra,
Não as mesmas que pisaram a Lua
Pé vermelho, Eufrates, a velha trema.

7 léguas, 7 quedas. O senhor perceba.

Nelsinho agora quer a Ucranianinha.
Teu Bí¤al não é nem Lucifer
Muito menos Barrabás
Será que és capaz de ser crucificado como Pedro
de ponta cabeça?

Casar Lia e Raquel de papel passado
Geladeira comprada na Disapel
Com 6 prestações pagas beeeeeeeeem adiantadas
de brinde um violão Made in China

Fui logo comendo um pastel ali na esquina da Tibagi com a Benjamin
Traí­ a velha padaria
da Reitoria.

robodog

Estudos para um naufrágio lunar compartilhado

primeiros estudos para o projeto “Esqueci todo esse conhecimento”. Apenas o primeiro diapasão.

(baseado em estudos de violão de Octavio Camargo e estudos para Toscolino de Glerm Soares)

I) Rito da Caverna


Dentro daquela caverna chamava a atenção o fato
De que rabiscos com sangue de porco do mato
Descreviam órbitas em antenas de latão

Nômades sem Satélite…

Um ábaco de barro
e válvulas de carvão
calculava em estalos e faí­scas
O risco da reinvenção

Eis que aproxima-se então
Um ser SEM corpo fechado
Com as tripas saltitando
em Ditongos sincronizando
Suas 3 cordas vocais
pendurados num banjo de bambu

Pousado sobre as tarrachas um urubu
Com cabeça de Uirapuru
Saiu logo latindo, miando e grousnando mais que pí­fano de Caruaru

Na fronte a marca do velho mundo:
‘Processador Turing’s Bite”.

Da sua testa projetou-se um holograma
A imagem da sepultura de um velho bhrama
O amistoso e sorumbático epitáfio:
“Nem tente, fio”.

e Gritou gutural:
– “A dor que deveras mente
apagarei de sua memória!
Junto com toda História
Numerais e Alfabetos
e renascerás entre Naufrágos!”

#shutdown -r now!

(continua…)

Falanges de Estanho

– Falanges de Estanho –
(glerm soares / lucida sans)

Ela pediu para tatuar-lhe o punho esquerdo
com ferro de solda modificado
não vacilei e fui desenhando
as falanges dos 4 dedos

Em cada junta um trí­tono
E nem de tuba, nem de pí­fano
tal rugido poderia
gritar os timbres da nova era (nem mesmo a solidão solipsista, fera)

ainda espera?

E desta nova quimera
O grito curava até o japão
Beijávamos cada chão
Como se fosse nosso solo

ââ?°â?¦ âË?¢âË?¢âË?¢âË?¢âË?¢ ÏË? Praxis && Axis estômago de corvo || Pena de Urubu – Hack+is tinta y Tecnologia da Escrita 0.1mm âË?° âË?± âË?² âË?³ âË?µ âË?¶ âË?·

ossídíÃ?â?í¹íí¯ ou opílíÇsuí± ‘líossíd Ã?â? Hí¥ oí íí¯íí¹Ã?Ÿuí±íW op Ã?â?¢Ã?â?¢Ã?â?¢oí±í¹áuí±q op oí±í¹édí¯í± o opuíÃ?â?uíqsíp íÇí¹odsuíí¹ÇílíÇ op íí±Ã?â?uêí±Ã?â? âË?â?¬ :ípípí±líÃ?â?ol oãu íí¯n í±nbâË?â?¬
|
Caminhando pela rua em uma viagem pela cidade-motor do atlântico leste, Non Ducor Duco, |
na desconvergência por 3 linhas do metrô e suas diferenças na divisão social do trabalho |
eu sinto uma palpitação, um sopro, arritmia e penso novamente nos limites de todos discursos, |
a falência múltipla de todos os orgãos… |
Mas insisto numa escrita radical que há dias me perturba a gênese deste rabisco aqui. |
|
O deslocamento da não-localidade e a tentativa axiomática pela invenção do século 22, |
que passa por aqui em direção dos nossos cinquentenários de vida &/ou obra, septuagenários acentos e filas, nonagenária quase conquista |
até a possibilidade de convencer e conhecer a existência do anti-câncer, |
o delí­rio in vitro do outro eu-você, do backup cerebral. |
|
Tudo aquilo que nos policí­a as moléculas e a respiração—————-ââ?¬â?¹————————–ââ?¬â?¹————————–ââ?¬â?¹————————–ââ?¬â?¹——————-
|
Antes do sopro eu imaginava este rabisco como uma espécie de [corda~] em ressonância
Ressonância com tudo aquilo que é desesperadamente negado pelo misticismo, pela superstição
e pelas cosmogonias analfabetas neste idioma e distantes da latinidade deste alfabeto.
Uma espécie de liturgia: a forma sinfônica em colisão com mantras monofônicos, de uma simetria impossí­vel mas contorno tangí­vel
num cálculo de fórmulas coladas escritas em pulsos cortados por esta topologia
hypercubica, hyperbólica bólide, tragicamente hypercartesiana

este Léxico amadiçoado pelos colonizados não-excomungados prestes a serem queimados na testa
com a marca do mais assimétrico triscaedecágono

pelas cruzadas rumo ao iluminismo cego de um gluon-foton
Biosfera 3.x
Ressuscitando aqueles desenhos fotorealistas de anatomia:
homens corteses, suas batinas e bisturis.
E da mais afiada Navalha agora o corte,
um corte no fí­gado de Prometeu ou de um g)Ã?Ë?Ã?â?ºú qualquer Trimegisto de Corvo e Nanquim
;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ââ?¬â?¹;;;;;;;;;;; a talha hipocrática:

Post scriptum, o boneco de lama que surge da matemática porvir
o objeto e seu problema funcionalista, estruturalista, pósitron progressista
versus o elétron inutensí­lio,
explodindo em cacos de frascos de remédios genéricos numa esteira
a carregar o vidro aqui recomposto
em imagens de um pretérito acerca
até o girar alienado da rosca e
a fechar tais frascos.

Mãos proletárias,
precariado cognitivo.

Marca da besta estampada num microchip processador microcontrolador Imperador do Binário Anno Domini.
í¿Laboratórios?
í¿
í¿
Você tenta me convencer de que despreocupadamente investiga algo sobre a possibilidade da “grande invenção” aspasaspasaspas
uma meta-elegia do velho e ressuscitado zumbi-liceu-agora-ágora,
donde sábios diletantes despreocupadamente salvam o mundo e criam estoicamente seus semi-deuses
, ou as vezes por acidente algum apocalipse,
mas quando não,
acidentalmente criam 12 a 12 mil trabalhos heróicos para tal precariado semi-algo.
Calculando música das esferas do moto-contí­nuo do Motor Non ducor Duco
Mimetizando cores de uniformes
trágica borda de invenção da Pólis sem a expulsão platônica de sua classe.
Arrancam-lhe os órgãos e espalham pelo bico de 12 mil abutres, grous, tucanos, águias-carecas e papagaios verdes
ursos e onças a nadar numa geleira que flutua do írtico a íntartica,
adaptados ao hyperaquecimento,
hypercubo,
hypercésio,
hyper-ultimo-elemento-da-tââ?¬â?¹abela periódica, Teu nome em vão, Ununoctium.

Diabulous in Musica onde não mais há uma onipresente liturgia,
teus chips tua mpusica, tuas cordas tua música,
o diapasão dos teus tambores,
ou refrões de seus hinos-lar
– Migrando Sistemas – Abraço do Bando –
mas a fresta do corte anti-hipocrático Cirurgia
o desespero além da clí­nica, o corte honesto e melhor possí­vel
a arrancar-lhe os apêndices e amí­gdalas,

Amigadalectomia – cicatriz motriz

Enquanto você ritualí­sticamente
corta
copia
e cola
Bulas prontas a negar os escribas com sua fé inabalável numa Natura além desses sintagmas…

…Uma inclusão digital impossí­vel na Quarkcracia pós-orientalista
trama-se nas entranhas de uma Marte colonizada por terráqueos
entre bravas plantas e animais pioneiros,
Matematização sensí­vel das topologias tangí­veis
de um ábaco que agora e por aqui codamos.

A além bastardo do Anti-édipo sem órgãos com Elektra haplóide pós-corpo . O século 22 com você e seu bicentenário clone curando-se de todo Ununoctium.
O anti-herói de uma nova tipografia
sintaxe de novos alfabetos e sistemas numéricos
O anti-Heródoto H.
Duas pontes H (eu-você) e 1 O bem grande no meio.
Borbulhando.
Respire.
2 O.
buraco.
ponte.
Sinapse em carbono.
ossídíÃ?â?í¹íí¯ ou opílíÇsuí± ‘líossíd Ã?â? Hí¥ oí íí¯íí¹Ã?Ÿuí±íW op Ã?â?¢Ã?â?¢Ã?â?¢oí±í¹áuí±q op oí±í¹édí¯í± o opuíÃ?â?uíqsíp íÇí¹odsuíí¹ÇílíÇ op íí±Ã?â?uêí±Ã?â? âË?â?¬ :ípípí±líÃ?â?ol oãu íí¯n í±nbâË?â?¬

Capital sin fronteras

chuva

apocalipse da caixa preta

libertar todos os backups

falar português direitinho

checar os emails

desligar a internet e escrever a tese

em águas despatriadas

furar o bloqueio

escrever a tese

levantar a laje

herdar a briga

Ruidocrática {antes que tudo vire cultura}

EM SÃOPAULO-SP ->mapa

Isto é uma última.primeira chamada de ócios e trabalhos, num encontro sob o sensório em cima da hora. E ainda assim nada lúdico.
Barulho delicado, ruí­dos deliciosos para os sentidos entre poéticas esparsas.

Esquizotrans e os degenerados…
MSST e a geada de volts…
Prixel e os aromas e gostos do sensí­vel…
Chiu Yi Chih e os olhos das mortas…
Gli Altri e os barulhos do oní­rico…
Tsaaa e as paletas de cores do fractal…
Márcio Black e interferência barulho.org…
Kynemas Fluxuz e as nanodesimagens…
F?Ri? gnoise e o ponto de interrogação…
Cineclube Sócio Ambiental e o colapso…
Gera Rocha e o ffmpeg -i +kernelknst…
Adbuster e o pico informacional…
Paula Pin e a gestação do virtual…
Submidialogia e as metareciclagens…
Fagus e os descaminhos do corpo

Sexta 14/05
das 15:00 í s 20:30
rua Dom José de Barros #337
esquina com a Av. São João, alt. nú 519 no largo do Paissandú

25ú25’40″S 49ú16’23″W && MSST bunkers

“Se um homem que tivesse a habilidade de transformar-se em muitas pessoas e imitar todas as coisas chegasse a nossa Cidade e quisesse fazer uma performance dos seus poemas (…) dirí­amos a ele que não existe este tipo de homem em nossa Cidade e nem sequer é permitido que haja. Depois de derramar mirra em sua cabeça e coroá-lo com louros, mandá-lo-í­amos para outra Cidade.”
Sócrates – A República

(Utopia Aplicada – glerm soares)

Entrevista de glerm soares p/ Estrela Leminski, para um Doutorado em etnologia da música curitibana. Algumas canções e coagulações pontuando o diletante tateando.

Onde você nasceu?

Curitiba-PR Brasil. América.

Você é descendente de europeus? Quais? Sabe a sua história?

Também. No lado materno tenho mais afirmada a ascendência européia pois vieram de colônias alemãs, minha mãe foi da primeira geração a casar fora da colônia. Originalmente são da região gaúcha de Ijuí­, Cruz Alta, Santa Rosa, Horizontina, Santiago, Tupanciretã (Oeste do Rio Grande do Sul). Curiosamente a famí­lia do meu pai também é da mesma região, porém na famí­lia dele ja tem um orgulho mestiço anterior, diz-se que são descendentes de Bugres, o que não diz exatamente uma etnia e sim é um tipo de apelido da raí­z í­ndigena por ali (bastante próxima dos Guarani, mas devem haver outras raí­zes perdidas nos povos das missões). Recentemente meu pai me disse que sua avó casada com o avô bugre era italiana, disse até o nome e sobrenome dela, mas acho que hoje já estão distantes estes 8 ou 16 sobrenomes…

(Dinossauro de Proveta – glerm soares)

O que é a música Curitibana?

Realmente não sei. Música feita em Curitiba ou música feita por curitibanos? Música feita por descendentes de curitibanos? Uma música que só exista aqui e tenha a cara daqui? É uma cidade bastante provinciana até hoje (pelo bem e pelo mal), que não vive de um ethos cultural próprio e sim de um suposto cosmopolitismo (um cosmopolitismo afetadamente provinciano), o que implica ser uma cidade de consumidores mais do que produtores. Certamente temos vários avatares para afirmar e louvar, que ainda habitam aqui ou até mesmo constroem um imaginário das ruas e mitos locais, porém acho que tendem a fechar-se nelas mesmas quando ficam nessa pequenez de “cena local”. Qual o raio dessa “cena”? Região metropolitana? Ecos em São Paulo e pontuais festivais de gênero em capitais? Muita gente boa com certeza, mas hoje acho bem problemático um músico daqui não extravazar para outros sintomas metropolitanos. A internet acabou com as fronteiras, vivemos uma época de encontrar mapas mais multidimensionais do que o plano cartesiano geopolí­tico. A pergunta sobre “cena” até fazia algum sentido nos anos 90, o auge daquele delí­rio de gravadoras pseudo-independentes (braços de multinacionais) e os cadernos de cultura dos jornais criando cenários, mas era sofrido, pra que repetir aquilo? Hoje é possí­vel identificar pares em qualquer sí­tio do planeta e encontrar seu circuito. Se música curitibana é só aquilo que sai no caderno G da Gazeta do Povo, eu tou fora. A história que vivo é contemporanêa e sem fronteiras.

(Coroa da pena do pássaro sagrado da eternidade – Matema )

Quem são os principais grupos compositores ou autores de Curitiba?

Octavio Camargo, Felipe Cordeiro, Lúcio Araújo, Nillo Ferreira, Gus Pereira, Renê Bernunça, Thadeu Wojciechowski, Marcos Gusso, Rubens Kulczycki, Chico Mello, Barbara Kirchner, Gustavo X.X.X., Jr. Ferreira, Gengivas Negras, Domingos, Wandula, Ruí­do por milí­metro, Magog, Woyzeck, coligere, Igor Ribeiro, Limbonautas, Pogobol, July et Joe, Pelebrói não sei, Imperious Malevolence, Beijo aa Força, Chucrobilly, Marcos Prado, Orquestra de Sopros de Ctba, Digão Duarte, Manoel Neto, Ademir Plá, Mamelucovich, Observatório Nome de Mulher, L.F. Leprevost, Malditos ícaros do Microcosmos, Tenuipalpus Blanch, Matema, um guri de 12 anos que tava tocando violão numa festa da Bicicletada e aquela banda do Rimon que eu não lembro o nome, um amigo gaúcho (Cristiano Figueiró) que morou aqui 6 meses e fez umas 5 músicas conosco, Pan&tone (portoalegrense) e rbrazileiro (olindense) fazendo barulho com Orquestra Organismo no espaço E/ou… essa lista vai aumentar todo dia e não vai ter lógica temporal ou geográfica. Eu moro aqui e quando não moro volto, tudo que é feito aqui ou por gente que ja passou por aqui é daqui também… Muito difí­cil pra mim pontuar isso, porque pra mim é uma vida diária e cada vez que algo soa e que eu estou junto… Ja toquei com uma banda carioca (Jason) na Eslovênia. Ja berrei trechos do Catatau (Paulo Leminski) fazendo música com amigos valenciano, recifense e siciliano na Noruega ou com bahianos, paulistas, gaúchos e outros ainda sem cidadania curitibana em Recife. Aquilo era música curitibana? Também. Mas do sintoma metropolitano deles também, lembrando ainda que o Catatau fala exatamente disso, deste sentimento de ser um pária na própria lí­ngua materna tentando filosofar por categorias que botam em cheque meu latim.

(Leite em Pó – glerm soares)

Você atua de que maneira na música curitibana?

Sendo curitibano e músico. Atualmente estou com um trabalho com software e hardware livre, fazendo softwares de música e instrumentos digitais artesanais que podem ser customizados por qualquer pessoa ( http://artesanato.devolts.org ). Tou com um projeto com gente de varias partes do planeta, chamado “Movimento dos Sem Satélite” (http://devolts.org/msst) disso sai música também, além de outros experimentos pós-industriais e questionamento da tecnocracia.

Quem faz música em Curitiba?

Quem quiser. Música não tem fronteiras e aqui não vamos pedir passaporte ou tolerar xenófobos.

Qual é o papel da polí­tica cultural em Curitiba?

Abrir os olhos para uma arte menos alienada em mercado, em genêro musical, em formatos midiáticos fechados. Mandei um projeto pra construir instalações sonoras e instrumentos de artesania digital pro edital de música municipal, ele não passou. O mesmo edital passou em artes visuais. Sabe por que? Porque o edital de música entendia que música é gravar CD e fazer show em palco… agora que ta aparecendo uns editais de publicar songbooks… Gravar CD, prensar 1000 CDs pra ficar dando pra editor de caderno de cultura de jornal escrever uma notinha que amanhã todo mundo esqueceu… isso é polí­tica cultural? A polí­tica cultural deve investir na base, Universidades livres e liceus de luthiers e musicólogos, em espaços autônomos, em produção de tecnologia musical e de publicação de conteúdo aliada a criatividade artí­stica. Deverí­amos ter mais rádios livres, estúdios livres, rádios universitárias. Essa polí­tica que finge estar aliada a um pseudo-mercado que nunca existiu por aqui é muito deprimente. O festival de música de Curitiba é um bom eixo, mas poderia ser menos elitista e buscar atender outros fluxos fora os acadêmicos, como arte sonora independente de formação musical proposta por artistas conceituais ou outros poetas e boemias. Aquela divisão “M.P.B” versus “erudita” é muito gagá, eu posso ser um erudito do punk, do noise, da música concreta ou eletrônica, ou posso também estar propondo a criação de paisagens sonoras num ambiente público, nas ruas – e isso seria popular, porque não?

( 0xriFFFFFFFFFFFFFF – glerm soares )

Quais caracterí­sticas você apontaria na música Curitibana?

Cosmopolitismo provinciano, confusão ideológica, português estranho, inglês britânico ou ramonesco, punk finlandês, indie í­ndio, academicismo diluí­do, erudição onanista, cageanos de raí­z, elektronische musik, kraut rock, musique concrí¨te, caipira-curupira-capital, catatau, góticos, pós-punk antes do punk, no-wave cheio de onda, industrial cabeção, psychobilly, macumba pra gringo & mpb pra turista, desespero, ansiedade, perfeccionismo extremo paranóico obsessivo. Falo tudo isso no bom sentido. 🙂

Qual é o lugar de curitiba no mundo?

latitude 25ú25’40″S e longitude 49ú16’23″W

( Gambi Mimese – glerm soares )

Como é a relação da música de curitiba com a indústria cultural?

Depende de qual indústria você se refere. Uma indústria local que autoconsome música composta em Curitiba por seus cidadãos ou habitantes? Uma indústria brasileira ou global da música e sua relação com esta produção local? Seria preciso analisar todos os fatores: industria fonográfica, circuito midiático de rádio e tv, festas e festivais, interrelações com outros circuitos fora deste raio municipal. O problema industrial continua sendo o mesmo: uma grande fatia da produção independente querendo responder a uma suposta demanda dos veí­culos de massa, as rádios e tvs abertas que tem concessão pra operar impondo um padrão de comportamento que supostamente responde a um mercado de celebridades. Mas no fundo isto é uma máquina de iludir pessoas criativas a entrar num filtro cruel de servidão a um status quo cultural.

Acho curioso que Curitiba tenha um Festival de Teatro e de Música que atrai tantos estudantes e diletantes destas artes do Brasil todo (considerando aqui que teatro precisa de música também), mas que não gere uma continuidade profí­cua de produção local consumida naquela mesma escala e voracidade. São dois Festivais diferentes em alguns aspectos, pois o festival de música tem um viés didático e parece ser consumido mais por pessoas interessadas na música como métier, já o festival de teatro é uma espécie de carnaval municipal onde as pessoas são guiadas pelo programa das peças mais caras e oficiais, peças que tem atores da globo no elenco e outras figurinhas carimbadas. O curioso é que isso não seja suficiente pra firmar a cidade como um pólo produtor autosuficiente e confiante de suas intenções.

Vale também analisar o circuito de música urbana descendente direto do rock europeu e norte americano, nos anos 90 era fortí­ssima a diversidade com festivais como o B.I.G. (bandas independents de garagem), o selo Bloody e algumas outras coisas que sucederam. Mas aquela iniciativa sucumbiu a suposta necessidade de incluir-se no eixo Rio-São Paulo entrando naqueles selos pseudo-independentes, braços de multinacionais. Aquela época a internet fez muita falta e a articulação fora desta perspectiva era muito mais lenta. No fim dos noventa veio o estouro do rock feito pra MTV e acho que isso ainda domina até hoje este circuito, neutralizando possibilidades realmente alternativas, que nos melhores casos corre pelas bordas e vai muito bem, fazendo suas conexões em circuitos bem especí­ficos, achando seu lugar por dentro da internet.

Um exemplo interessante e bem especí­fico curitibano ja firmado nessa primeira década dos 2000 foi o PsychoCarnival, que acabou virando uma meca de um genêro bastante peculiar, derivado ali de bandas como Cramps e Meteors, mas com uma raí­z bem especí­ficas em bandas curitibanas como Missionários e Cervejas e toda aquela cena “punk o’ billy” que rolava no fim dos oitenta também em outras praças.

Mas a palavra indústria já é por si só muito cruel. Prefiro pensar a música se reproduzindo e sobrevivendo como um organismo, um ser-vivo com sua própria subjetividade do que essa coisa de esteira de montagem.

De alguma maneira a configuração dos imigrantes europeus refletiu na música de Curitiba?

Da mesma que a resistência nativo-americana, africana, asiática e de outros continentes perdidos, pois o que não reflete, reverbera como falta. Agora, nessas décadas que sucedem ao delí­rio industrial do século dos estados-nação, somos muito mais universais, somos muito mais poliglotas e o limite dos continentes são só estes oceanos a serem transpostos com nossa música em comum. A música pode revelar este elo perdido onde a diversidade de nossas raí­zes entram em curto-circuito e criam cidades psicogeograficas entre os pares.

(Da capo! – ensaio de orquestra – Fellini )

Milhões e Milhões de Alices

“Milhões e Milhões de Alices no ar

Perigo iminente. Atenção, a menor linha de fuga pode fazer explodir tudo. Vigilância especial aos pequenos grupos perversos pulsando palavras, inventando frases, atitudes suscetí­veis de contaminar populações inteiras. Neutralizar prioritariamente todos aqueles que poderiam ter acesso a uma antena. Guetos por toda parte – autogeridos, se possí­vel – õ-Ðâ??УÐâ?ºÃÂÃâ?? por toda parte, ate mesmo na famí­lia, no casal e inclusive na cabeça, de modo a segurar cada indiví­duo, dia e noite(…)a escrita percorre transversalmente as ordens recompondo-as de maneira(…)”
(Felix Guatarri, Revolução Molecular, pág 56, editora brasiliense)

buzzíÃÂ»ÃÂ¾ÃÂ²ÃÂ¾…
“Parece que os termos da questão foram, aqui, inexplicavelmente, formulados de uma forma um tanto exagerada. Não precisamos atribuir ao “animalzinho” individual a posse de um aparato filosófico completo para explicar a razão pela qual ele pode ter a capacidade de fazer um “reconhecimento falso” de si próprio no reflexo do olhar do outro, que é tudo o que precisamos para colocar em movimento a passagem entre Imaginário e Simbólico, para utilizar termos de Lacan(http://migre.me/qG8n). Afinal, de acordo com Freud(http://migre.me/qG9D), para que se possa estabelecer qualquer relação com o mundo externo, a catexia básica das zonas de atividade corporal e o aparato da sensação, do prazer e da dor devem estar já “em ação”, mesmo que em forma embrionária. Existe, já, uma relação com uma fonte de prazer (a relação com a Mãe no Imaginário), de forma que deve existir já algo que é capaz de “reconhecer” o prazer. O próprio Lacan observou, em seu ensaio sobre o estágio do espelho, que “o filhote de homem, numa idade em que, por um curto espaço de tempo, mais ainda sim por algum tempo, é superado em inteligência pelo chimpanzé, já não reconhece obstante como tal sua imagem no espelho”.
Além disso, a crí­tica parece estar formulada em uma lógica binária: “antes/depois”, “ou isto ou aquilo”. A fase do espelho não é o começo de algo, mas a interrupção – a perda, a falta, a divisão – que inicia o processo que “funda” o sujeito sexualmente diferenciado (e o inconsciente) e isso depende não apenas da formação instantânea de alguma capacidade cognitiva interna, mas da ruptura e do deslocamento efetuados pela imagem que é refletida pelo olhar do outro. Para Lacan, entretanto, isso já é uma fantasia – a própria imagem que localiza a criança divide sua identidade em duas. Além disso, esse momento só tem sentido em relação com a presença e o olhar confortadores da mãe, a qual garante sua realidade para a criança. Peter Osborne (1995) observa que, em “O campo do Outro”, Lacan (1977b) descreve “um dos pais segurando a criança diante do espelho”. A criança lança um olhar em direção a mãe(sic-“ou um dos pais?”) como que buscando confirmação: “ao se agarrar í  referência daquele que o olha num espelho, o sujeito vê aparecer, não seu ideal do eu, mas seu EU IDEAL. (p.257 [242]).”
(HALL, Stuart. Quem precisa de identidade. In: SILVA, Tomáz Thadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2000. p. 118)
E
“Há em muitos, julgo, um desejo semelhante de não ter de começar, um desejo semelhante de se encontrar,
de imediato, do outro lado do discurso, sem ter de ver do lado de quem está de fora aquilo que ele pode
ter de singular, de temí­vel, de maléfico mesmo. A este querer tão comum a instituição responde de
maneira irónica, porque faz com que os começos sejam solenes, porque os acolhe num rodeio de atenção
e silêncio, e lhes impõe, para que se vejam í  distância, formas ritualizadas.
O desejo diz: “Eu, eu não queria ser obrigado a entrar nessa ordem incerta do discurso; não queria ter
nada que ver com ele naquilo que tem de peremptório e de decisivo; queria que ele estivesse muito
próximo de mim como uma transparência calma, profunda, indefinidamente aberta, e que os outros
respondessem í  minha expectativa, e que as verdades, uma de cada vez, se erguessem; bastaria apenas
deixar-me levar, nele e por ele, como um barco í  deriva, feliz.” E a instituição responde: “Tu não deves
ter receio em começar; estamos aqui para te fazer ver que o discurso está na ordem das leis; que sempre
vigiámos o seu aparecimento; que lhe concedemos um lugar, que o honra, mas que o desarma; e se ele
tem algum poder, é de nós, e de nós apenas, que o recebe.”

(1970: Foucault, A Ordem do Discurso, SP: Loyola, 1995.)
Editar18:14

Hermeto Pascoal = Copyleft Atitude

http://br.noticias.yahoo.com/s/01042009/25/tecnologia-hermeto-pascoal-libera-musica-fluir.html

“E, assim, Hermeto deixou suas pétalas ao vento. Desde novembro, abriu mão das licenças pela internet e liberou para uso de qualquer músico todas as composições registradas em seu nome. Nesta semana, promete disponibilizar parte da imensa e riquí­ssima discografia (são 34 álbuns) para download gratuito, num processo que chegará em alguns meses í  totalidade da produção formal.”(…)

hermeto

Code Poetry – requiem for peace (jaromil)

—–BEGIN PGP SIGNED MESSAGE—–
Hash: SHA1

/*
* Requiem for Peace (and one dead man in London.c)
*
* Cycle 78, year 26 (Ji-Chou), month 3 (Wu-Chen), day 7 (Ding-Chou)
*
* (A)m*dam(jrml)
*/

int moment = 0;

int justice = 7;

void *hanger = ”
There was a í pause, and an eerie silence, just before í he did it. í A
green í scarf í masking í his face, í the í man í held í a large í piece í of
scaffolding í above í his í  head í and, í surrounded í by í photographers,
eyeballed í the unprotected window í of the í Royal Bank í of Scotland’s
branch on Threadneedle Street.
“;

void *exception = ”
In that í split second, one voice í amid thousands in í the crowd broke
the silence. í – Don’t do í it – í she screamed – í He did – í This isn’t
violence – í retorted another voice in í the crowd – We í paid for this
building.
“;

unsigned int moment;
unsigned int imacy;
unsigned int cause;
bool represented;

extern void *wave;
extern void *street;
extern void *justice;
extern int death;

while(protest) {

for(moment=0; moment < justice; moment++) {

wave = malloc( sizeof( hanger ) );

// wave is filled with people
democracy[moment] -> reclaim(wave, street);

try {

// check if they smile
// http://www.repubblica.it/2006/05/gallerie/esteri/berlusconi-obama/1.html

represented = reality(moment);

if(!represented) throw(exception);

}

if( moment[wave] == death ) {

// One protester at the scene said the man was in his 30s and died
// of natural causes, the í Press Association news agency reported.

imacy í = moment[wave]; // zoom in

cause í = natural(imacy); // the cause is just an index

/* Alok, í currently í in Exchange í Square, í would í like to í thank
Muriel for í lending him í her pen when í his run out. í  He says
there are around 150 people í out in sympathy with the man who
died and 70 police. */
imacy -= democracy[cause] -> individual(justice);

rip(imacy); // the man was there to protest, but he is no more

}

// RFC: www.guardian.co.uk/world/gallery/2009/apr/01/g20-protest
if( !listen(moment) ) {
justice–; // will affect globally
}

}

catch(void *e) {

printf((char*)exception);

// Once they í had broken into the bank, í however, the protesters
// did not quite know what to do.

printf(“justice is %u”, justice);
printf(“hanger address is %p (out of bounds?)”, hanger);
printf(“it seems they are still smiling.”);
// seen before, anyway we send the warning

}

} // street protest ends, but the wave will hit more shores

/* this code won’t compile alone, it is part of a larger software. */

– —

jaromil, dyne.org developer, http://jaromil.dyne.org

GPG: 779F E8B5 47C7 3A89 4112 í 64D0 7B64 3184 B534 0B5E
—–BEGIN PGP SIGNATURE—–
Version: GnuPG v1.4.9 (GNU/Linux)

iEYEARECAAYFAknUtUcACgkQe2QxhL

U0C17aBgCg5mcB6OgarZ5Z+ebwkNpDSvRK
SfwAnjwpEW2lpECCqCRrlyj95AUC61/t
=RJ+9
—–END PGP SIGNATURE—–

– Mostrar texto das mensagens anteriores –

Na sala de espera do hospício

O que é que há ?

( Reflexões na sala de espera do hospí­cio
cercado de cadernos 2 por todos os lados.)

há os de barbicha de mágico de mafuá
quando entram na entrevista
falando pelos cotovelos

quem lhes decifra os garranchos ?

há os que dão cotoveladas de amor
há os que ajoelhou tem que resenhar
carolas coronários do normal

quem lhes ouve a ladainha ?

há os que se escrevem de bruços
pra justificar o dialeto
de seus amigos diletos

quem lhes aplaude a tolice ?

há os que acertaram um dia
ao pegar de susto
e até hoje tiram o sono dos justos

quem lhes publica a insônia ?

há os zagueiros violentos
que levantam sepulturas com seus podres
sem conseguir abrir mão do osso

quem lhes rói os traumas ?

há, principalmente, os impublicáveis,
hienas aplaudindo a volta da carniça
que dá vida e graça í s suas claques

quem lhes fareja a sabujice ?

e há ainda, os balões de ensaio,
egos inflados por prisão de ventre,
digerindo os cheiros do passado heróico

quem lhes conta a verdade ?

Thadeu W e Roberto Prado

em http://polacodabarreirinha.blogspot.com/

Chega de verão e de saudade e de cozinhar a 40 graus

na rua o tom de cinza tenta dar um clima
avermelhado pro curitibano se despir do pudor
e a chuva deixa dentro um fogo um cataclisma
pulsando um outro sentimento que nos dá calor

show Casa Gomm, 25/10/2008 – Curitiba

Música: Octávio Camargo
Letra: Alexandre França

Nem toda história de amor acaba em morte, mas

Em Curitiba estes números assustam, pois

Quando o inverno chega por aqui

Os suicidas de amor se multiplicam por dois

Mais um poeta da dor se joga fora do bar

Onde a garoa cai guardando suas palavras

No piso de pedra do Alto da Glória para

Toda a boemia abraçada rir cantando

Nem toda história de amor acaba em morte, mas

Em Curitiba estes números assustam, pois

Quando o inverno chega por aqui

Os suicidas de amor se multiplicam por dois

Esta doença de amor não tem remédio, porém

Em Curitiba no inverno os bares enchem mais

De gente fria esquentando com cachaça

Um desejo que no fundo só faz bem de mais

Eu mesmo largo mão de tanta hipocrisia

Dançando com as mocinhas da cidade

que eu não dava valor

em cada esquina mais um santo se agita

ao ler a missa que Dioní­sio saberia de cor

na rua o tom de cinza tenta dar um clima

avermelhado pro curitibano se despir do pudor

e a chuva deixa dentro um fogo um cataclisma

pulsando um outro sentimento que nos dá calor

é a polaca do Batel deixando a boca sorrir

falando alto, sem vergonha, pro comboio ouvir

que o esporro vai continuar na sua casa

outra casa cabisbaixa para farra enfeitar

com cores novas a fachada desbotada

cheia de lambrequins

um vinho campo largo pinta os dentes de um infeliz

que agora fala pelos cotovelos que não doem tanto

quanto antes numa época em que o amor doí­a como

aneurisma ou pontadas na barriga, o amor era uma briga

que batia um coração desajustado, tão cansado de sofrer

por opção

Nem toda história de amor acaba em morte, mas

Em Curitiba estes números assustam, pois

Quando o inverno chega por aqui

Os suicidas de amor se multiplicam por dois

Mas toda noite do mundo que se preze também

Possui no fundo da gaveta um suicida bem do tipo

Que não liga tanto para a vida, mas

Que para morte nunca deu a mí­nima.

quanto mais estuda mais cavalo ele fica

seu pai gastou tanto dinheiro
para que ele fosse um poliglota
como recompensa foi o primeiro
a sentir o sabor da sua bota

quanto mais estuda
mais cavalo ele fica

estudou teologia e filosofia pura
montando a dialética de sua cavalgadura
absorveu do mestre a suprema sabedoria
pra transformar seu templo em uma estrebaria

quanto mais estuda
mais cavalo ele fica

recebeu do mundo só amor e carinho
sólida cultura, todo o conhecimento
mas a grande eureca ele teve sozinho
burro é mistura de égua com jumento

quanto mais estuda
mais cavalo ele fica

Roberto Prado, Marcos Prado, Edilson Del Grossi, Trindade


http://polacodabarreirinha.blogspot.com/2008_11_23_archive.html