Conversa com Adilson no �gua Verde

Eram por volta das sete da noite, colocávamos os sacos de lixo í  disposição da coleta diária da prefeitura quando ouvimos uma voz atravessando a rua em nossa direção. Era um rapaz por volta de seus 20 a 30 anos. Ao mesmo tempo em que solicitava algum tipo de ajuda contava sua situação e retirava da carteira uma série de papéis afim de comprovar a história. Partia do pressuposto de que nós não acreditávamos em suas palavras, suponho que pelo fato de ser caracterí­stica dos centros urbanos o distanciamento. Os papéis eram vários, o primeiro emitido pela assistência social dizia ser seu “atestado de pobreza”, o que lhe permitiria tirar documentos sem custo algum, em seguida desdobrou um bilhete cujo conteúdo era a anotação de um número de telefone para contato, anotado em grafia um tanto trêmula. Demonstrava ser importante guardá-lo, pois lhe servia como comprovante de residência no municí­pio. Completando a série vieram os rubricados pela polí­cia civil, entre outras instituições do gênero. Todos, além de bastante surrados, quase desmanchando em suas mãos aparentavam ter sido molhados pela chuva. Havia saí­do da penitenciária de Piraquara a poucos dias, onde ficou retido por seis meses por tentativa de homicí­dio e por 155.
Havia furtado uma espécie de ventilador de inflar barracas que segundo suas palavras custava em torno de “um barão” (mil reais), mas que havia repassado por sete reais e esse montante logo revertido em cachaça. Pelo fato da pessoa que havia registrado a queixa não ter comparecido em três das audiências voltadas ao caso, ele agora havia reconquistado sua “liberdade”, sob condição de permanecer em Curitiba e, de tempos em tempos, ter obrigatoriamente que se apresentar no CCC, o que viria a acontecer dentro de dois dias. Sabia que se complicaria se não o fizesse, portanto estava decidido em cumprir com a tarefa. Sobre a tentativa de homicí­dio, mencionou ter sido briga de bar, apontou para sua cabeça dizendo ter levado uma paulada e que não fez nada além de se defender do agressor. Ao todo somava em seu currí­culo oitenta e cinco passagens pela polí­cia, mas somente duas após a maioridade.
Sua forma de falar era um tanto confusa, mencionando nas mesmas frases familiares, conhecidos e um conjunto de lugares: Almirante Tamandaré, Vila Capanema, Trindade, Rio Branco, Matinhos. Uma vez que sua circulação abarcava as principais favelas de Curitiba e região metropolitana, embora não ter mencionado seu destino, deduzi que estava de passagem rumo ao Parolim, não muito distante de onde nos encontrávamos. Disse ter uma filha de treze anos que morava com a mãe mais o padrasto e em seus encontros a menina clamava para que ele vivesse ao seu lado, com ar de descontentamento respondia a ela que era melhor do jeito que estava, pois o padastro proporcionava seu sustento e educação, o que no momento não poderia fazê-lo. Revelou estar complicado entrar na Vila Capanema devido a um desentendimento com outro sujeito, fato que havia culminado em uns “pipocos” por lá, o que vinculei a tentativa de homicí­dio mencionada anteriormente. Mesmo assim, dizia que visitava a filha com certa frequência. Em outro momento da conversa comentou também sobre um outro filho mais novo, por volta dos sete anos, mas sobre o garoto não entrou em maiores detalhes.
Após Adilson ter aceitado como contribuição uma sacola de roupas que haví­amos separado para doação, percebi que vestia uma camiseta do pré-vestibular “Aprovação” e no fluxo da conversa, não sei bem o porque, acabei mencionando algo sobre caminhos os quais escolhemos seguir, ao ouvir isso imediatamente associou minha fala como sendo de cunho religioso e disse que tempos atrás era adepto assí­duo da igreja pentecostal, mas após seus pais e irmão terem “partido” tudo aquilo tinha perdido o sentido – “daí­ eu virei de vez”. A conversa toda durou cerca de quinze minutos, embora eu tenha ficado tempos depois com ela na cabeça. Na região em que moramos não são raras pessoas em situações similares a de Adilson.

BREVES OBSERVAÇÃ?â?¢ES SOBRE CONTRAMÃO/E/OU

  1. A alma do peixe;
  2. A ferpa na mão;
  3. A gentileza;
  4. Bem feito;
  5. Luvas travesseiro para mãos frias e cansadas;
  6. Flores roxas (crisântemos);
  7. Esporte – tênis de porta.

A alma do peixe: alguns afirmaram que as almas dos peixes estão vivas;

A ferpa na mão: entre a carne e a pele instalou-se um pequeno pedaço de madeira, mí­nimo, mas que ali naquele lugar causava incômodo contí­nuo. Para interromper a sensação causada pela ferpa tomou-se um instrumento metálico pontiagudo que serve, no seu uso cotidiano, para atar partes separadas e descrever percursos lineares. O instrumento criou um novo sulco na pele e fez eclodir a ponta da ferpa. Para retirá-la foi necessário fazer uso de um outro instrumento metálico, que no cotidiano serve para retirar ferpas, pelos e outras coisas que incomodem. O resultado foi positivo;

A gentileza: gentileza é … ;

Bem feito: placa bonita, branca com letras pretas, design avançado;

Luvas travesseiro para mãos frias e cansadas: confortáveis, dadas ao social (cada unidade serve para dois pares de mãos);

Flores roxas (crisântemos): do grego chrys- (dourado) e -anthemon (flor):

Esporte – tênis de porta: Nunca durante as refeições.

http://www.nbp.pro.br – uma experiência kÃ?¼nstlerischen

danospaguem
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Ok,registros circunscritos. simulacros arrotam.

continuo tateando.
(restam bússolas? ???? )

Não sei mais quem são vocês, quem somos nós e nem quantos.
Gosto dessa ilusão de presença de uma rede de tateantes.
Pólos que atraem a bússola. Gira, eppur si muove.
Gostamos de pensar nosso “trabalho” sobre uma dimensão não-utilitarista, além da sobrevivência e consumo, além da sua coopção institucional.
Seremos capazes de ir além dessa relação de significação laboriosa?
Puxe o tapete das bases, resta um chão de onde a gravidade quer esmagar a personalidade.
Temos Personalidades a operacionar – além do objeto vão encarnar?
4 operações básicas – somar, multiplicar, subtrair, dividir?
(e/ou)
Além do limite tendendo a zero e ao infinito, uma nova integral ou derivação?

Recondicionar ESTE plano cartesiano.

além dos 3(você-eu-objeto) ou além dos 7(com cópia) existem novas bases?
Uma dimensão de relações sociológicas, geográficas e psicológicas de interdependências para QUANTAS sobrevivênciaS (até quando). Uma base somática para um artifí­cio de fundações simbólicas de um “novo” imaginário.

Você gostaria de participar de uma experiência?

talvez não tenha + – * / escolha.

o objeto será serrado, fragmentado, fundido, repersonificado entrará na dimensão do juí­zo de valor em si próprio e ainda assim não responderá a questão cartesiana.

restam planos?

RB, em P.

http://hackeandocatatau.arquiviagem.net/?cat=30

login: rb.restambases@gmail.com

senha: 814fh2_rb

foi (é) no sentido de que algo desta conversa seja enviado ao site do projeto, para um acesso ampliado í queles que têm acompanhado (aqui, lá fora, etc) aquela conversa em torno do tal “objeto + projeto”.

nestes emails em circulação circular os tópicos ficam em torno das “comunidades dos senhores NBP” – sugiro ampliação e envio de algo a

Username: rb
Password: f099957
http://hackeandocatatau.arquiviagem.net/wp-login.php

( x ) pode ser

( x) já é

( x) u

abraços,

RB.

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