Gororoba poética, digestão além da estética.

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Atenção: Mandem seus links sonoros,gráficos ou textuais que possam ser recombinados nos comentários deste post

Buscando a receita!!!! Calma, senão queima a lí­ngua:

O conSerto inicia-se com duas fontes sonoras em contraponto: uma panela de água fervente e um microchip de 8 bits alimentado pela energia dos limões de um balde de caipirinha.

Os participantes levam qualquer brinquedo eletrônico ou instrumento musical que possa ser modificado e descontruí­do e/ou qualquer tempero ou acompanhamento para o spaghetti e/ou sua presença instrumental tocando algo de sua preferência e/ou dados puros em qualquer formato áudio, texto ou imagem para serem cozidos.

A musica vai sendo costurada com o ferver das panelas, emendas de fios numa protoboard e código computacional sendo remendado ao vivo. Instrumentos de corda, percussão e sopro são bem vindos para ajudar a encontrar as tonalidades, além destes usaremos novos tipos de instrumentos que ainda estão buscando sua afinação e afiação.

Os dados vão cozindo até transbordar numa explosão de harmonia versus músicos famintos por digestão.

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Dados crus:

Trabalhando em um formato de grupo aberto a participações mediadas apenas pela intersecção de buscas sociais e estéticas, que organiza suas ações por meio de convergências de redes de coletivos principalmente pela Internet, a Orquestra Organismo tem um meio de trabalho onde o processo de “solda de discursos” é colocado desde seu í­nicio como o próprio “objeto” a ser realizado. Um “produto da ação destes encontros sendo moldado no tempo”, onde o objeto “em cena” é a própria intenção dos indí­viduos (e sua função como catalisador destas relações) buscando equilí­brio entre o grupo e sua dimensão subjetiva (além de qualquer análise social ou artí­stica). Obras que se constroem e são esculpidas de acordo com a interação e envolvimento e que trabalham também com idéia da transformação do significado destas ações nos espaços em que ele é percebido, sendo estas moldadas pelas institucionalizações em que se inscrevem (música, teatro, audiovisual, galerias, internet, bares, lares ou ruas), mas sempre reforçando a lúcida situação em que o que fica de todos estes signos são as relações humanas que eles permeiam e estimulam.
A proposta de “Cozinhando Puros Dados” pode ser vista como continuação dos trabalhos que a Orquestra Organismo desenvolveu em suas performances/mostras mais recentes: “Desafiatlux”, “A justa razão aqui delira” e teve sua genêse durante “Surface Tension@Curitiba”. A idéia em comum destes trabalhos é a de que vivemos uma época de sobrecarga de informações e possibilidade de conexão de redes moldadas em discursos similares que ultrapassam fronteiras sociais e geopolí­ticas. Por outro lado a organização cartesiana e sistemática destes dados, para qualquer tipo de função institucionalizada (da arte í  engenharia; do ativismo ao academicismo) tende a diluir-se no espaço onde ela quer tomar forma, e o fluxo de identidades que tocaram-se em subjetividade acaba perdendo a força moldando-se aos espaços, entrando em contradições e adquirindo um significado “institucional”. Observar estes discursos e “dados” como uma dança caótica de entidades, em forma de rituais simbolistas, teatros da crueldade e estetização da ação direta, molda sua prática e ética numa percepção imediata da dimensão humana. Esta é a busca destas performances.
Em “Cozinhando Puros Dados” trabalhamos com uma cozinha no espaço da mostra que pode conectar-se com outros participantes pela Internet em qualquer lugar do planeta. A cozinha estará incubando o conceito antropológico de “Cru e Cozido” trabalhado por Levi Strauss: a criação de processos rituais que estabelecem uma dialética daquilo que era um dado “puro” e sem função e que passará até o final do perí­odo da mostra assumir diversas dimensões de significado, convergindo intenções dos “cozinheiros”. A cozinha também pode ser vista como o espaço onde existe freqüentemente coletividade para a construção daquilo que nos alimenta. Busca-se construir uma metáfora da cozinha como espaço de “alquimia” onde a tal dialética ferve as intenções de coletividade e a fome (ou gula) é um anseio que nos traz de volta a dimensão humana.
A instalação funciona da seguinte maneira:
1. Deve-se utilizar a cozinha do espaço da mostra e montar uma exposição plástica dentro dela, com rascunhos, pinturas, desenhos, esculturas, registros sonoros e audiovisuais, e principalmente objetos do cotidiano de participantes da ação, incluindo organizadores e visitantes da mostra que desejem interagir. Isto deve ser feito sem tentar tornar a cozinha uma “galeria”, o foco está em deixar diponí­veis os “dados” a serem cozidos. Isto tornará a cozinha um espaço em comum entre os participantes, para encontros informais que tentam trazê-la para uma dimensão de “zona autonôma temporaria” dentro do espaço onde os “dados” serão “fervidos”.
2. Simultaneamente ao local da mostra, pretende-se articular estruturas similares em diversas cidades do Brasil: Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Campinas, Belem, Porto Alegre, Recife, Brasilia e Florianópolis e possivelmente outras cidades em locais distintos no mundo. Tal ação será articulada pela internet e seu processo de articulação também faz parte do registro de “dados” a ser reprocessado a cada ação.
3. Desconstruindo a percepção de “lar”, faremos música com eletrodomésticos como liquidificadores, batedeiras, aspiradores de pó, abajures, ventiladores; que devem ser pintados como telas brancas e cobertos de escritos com trechos poéticos, desenhos e instruções técnicas para as ações. Os eletrodomésticos devem ser trocados entre os locais distintos e ficarão nas cozinhas. Estes eletrodomésticos poderão ser controlados remotamente via Intenet, por um website.
4. Serão programados rituais de “cozinha” no mesmo horário entre as cidades, considerando fusos, onde participantes preparam comida enquanto a ação é gravada em som e video, desenhada, fotografada, escrita e este registro interage com os outros locais no mesmo instante pela internet recombinando e transformando dados. Esta “realimentação” de dados no espaço da cozinha causa uma sensação de simultaniedade e a cozinha passa tornar-se um local único que vence barreiras geográficas tornando os dados repertórios comuns de construção de realidades. Estas influenciarão ações diretas e relacionamentos entre esta rede. Os processos desencadeados pela “cozinha” também devem ser registrados e reprocessado em novos rituais de cozinha e futuras ações.
5. Tempere a gosto e leve ao forno.
6. Estimula-se o uso rí­tmico da cozinha, leitura de textos e poemas, musicalização do ato de cozinhar e da refeição. Pede-se o uso de diferentes lí­nguas e sotaques ao fornecer os dados. Depois da refeição deve-se digerir os dados e consumir sua energia em ações diretas pelas ruas.

//COZINHANDO DADOS PUROS
//COZINHANDO DADOS CRUS
//IDEIAS CRUAS ?

Receitas convergentes…
Estamos sempre prontos para cozinhar…

Estas idéias cruas fervem por vivermos uma época de sobrecarga de informações que ao mesmo tempo nos
conectam a redes formadas por discursos que vão além de fronteiras territoriais e lingüisticas.

Por outro lado, esses DADOS tendem a sujeitar-se a uma organização
cartesiana e sistemática através de sistemas institucionalizados como artes,
engenharia, ativismo ou teoria social

De qualquer maneira, estas identidades fluidas de dados crus tendem a extravazar tentativas de formatá-las – produzindo contradições ao infiltrar-se em modelos instituicionais.

Nosso esforço é que todos estes “discursos-de-DADOS-processados” sejam percebidos

como uma caótica dança de entidades, esculpindo-se em rituais simbólicos,
“teatros da crueldade”, estética e REAL PRESENÇA da ação direta, dirigindo-nos
para uma percepção imediata da dimensão humana.

Esta é a ambição dos projetos que “cozinhamos”

Esta re-alimentação e espelhamento de dados irá causar uma
sensação de presença e as “cozinhas” irão tornar-se lugares que
transcendem fronteiras geográficas, articulando os ingredientes e contribuindo
para uma base de dados para construção de realidades.

Este trabalho vai influenciar a ação direta e relacionamentos
através da rede. O processo causado pela “cozinha” deve também ser
registrado e reprocessado em novos rituais e novas idéias.

Nós estimulamos o uso rí­tmico da “cozinha”, poesia falada,
musicalização do ato de cozinhar. Nós sugerimos o uso de
diferentes lí­nguas e sotaques enquanto você cozinha estes dados.
Depois da “ceia”, digerir os dados e espalhar a energia resultante
em ação direta pela ruas.

Estudiolivre, Barcelona, 2006

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//COCINANDO DATOS PUROS
//COCINANDO DATOS CRUDOS
//IDEAS EN CRUDO ?

Recetas convergentes…
siempre estamos preparados para cocinar…

Estas ideas en crudo provienen de reconocer que vivimos en una época
de sobreinformación que nos provee al mismo tiempo con posibilidades
para conexión en redes formadas por discursos compartidos más allá de
fronteras territoriales y lingüí­sticas.

Sin embargo, esta DATA en crudo tiende a ser sometida a la
organización cartesiana y sistemática a través de sistemas
institucionalizados como el arte, la ingenierí­a, el activismo o la
teorí­a social.

Pero esas identidades fluyentes de data cruda sobrepasan cualquier
intento de formatearlos – produciendo contradicciones incluso
mientras adquieren un significado “institucional”.

Nuestro esfuerzo es para que todos los “discursos-procesados-de
DATA” sean percibidos como una danza caótica de entidades,
esculpidas como rituales simbólicos, estéticas del “teatro de
crueldad” Y PRESENCIA REAL de accion directa, que conducen a una
percepción inmediata de la dimensión humana.

Esta “retroalimentación” y replicación de data causará la sensación
de presencia simultánea y las “cocinas” se volverán lugares que
transcienden fronteras geográficas tomando los ingredientes, y
contribuyendo, de una base de datos común para constucciones de
realidad.

Estimulamos el uso rí­tmico de la “cocina”, palabras habladas,
musicalización de los actos de cocina. Pedimos el uso de diferentes
lenguages y acentos a medida que cocinas esta data. Después de la
comida, uno debiera digerir la data y gastar la consecuente energí­a a
través de acciones directas en las calles.

Estudiolivre, Barcelona, 2006

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COOKING PURE DATA
COOKIN RAW DATA
RAW IDEAS ?

Converging recipes”¦
weââ?¬â?¢re always ready to cook”¦

These raw ideas stem from recognizing that we live in an age of
information overload which provides us at the same time with
possibilities for connection over networks formed by shared
discourses beyond territorial and linguistic borders.

However, this raw DATA tends be subjected to Cartesian and systematic
organization through institutionalized systems like arts,
engineering, activism or social theory.

Nonetheless, these flowing identities of raw data overflow any
attempt to format them – producing contradictions even while
acquiring an “institutional” meaning.

Our effort is for all “DATA-processed-discourses” to be perceived as
a chaotic dance of entities, sculpted into symbolic rituals, “cruelty
theater” aesthetics AND REAL PRESENCE of direct action, leading to an
immediate perception of human dimension.

This is the ambition of “cooking” projects.

This feedback and mirroring of data will cause the sensation of
simultaneous presence and the “kitchens” will become places that
transcend geographical borders taking the ingredients from, and
contributing to, a common database for reality constructions.

This will influence direct action and relationships through the
network. The processes caused by the “kitchen” should also be
registered and reprocessed in new rituals and future ideas.

We stimulate the rhythmic use of the “kitchen”, spoken words,
musicalization of cooking acts. We ask for the use of different
languages and accents as you cook this data. After the dinner, one
should digest the data and spread the consequent energy through
direct action in the streets.

Uma das encarnações deste ritual, em Barcelona 2006 –