Descartografando Cartesanatos: Jardins de Volts e/ou Desafiatlux

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É um dos primeiros objetos relacionais concretizados e assumidos da tempestade cerebral que tem acontecido neste periodo de experimentação no conSerto Interfaces. Representação pictórica de uma espécie de mapa cerebral, trouxe algumas das sugestões e direções que emergiram na busca pela idéia do que seriam estes “novos rituais”.

A partir da urgência de sí­ntese, surge o contraponto de forma entre o tal colapso da informação total, que hoje vivemos em sua plenitude com as redes informacionais. Aqui nos aparecem cristalizadas numa percepção descendente da percepção de um sujeito pós-histórico no limbo joyceano da prosa-poema polifônica versus o sujeito instantâneo da busca atemporal zen de formas como o haikai e outros retumbantes epitáfios.

Curioso perceber que o haikai tenta definir 3 eixos, assim como a base da matemática dos números reais, dos chamados eixos cartesianos. O surto pictórico é em função de buscar o ponto de fuga para além da tridimensionalidade: não apenas um quarto eixo, mas uma quarta dimensão, trazendo novos planos por derivação de novos conjuntos, onde o eixo da relatividade de Einstein do objeto tridimensional observador da função do tempo é apenas um metáfora do universo de conjuntos de números complexos. Salta aos olhos: Reapropriação da ciência como arte. Discussão do Espectro Eletromagnético como espaço para trânsito autônomo de idéias.

Imaginemos então o ponto de fuga como um dado real. Cantar um mundo pós-digital, pós-industrial, onde todo esse lixo descartado pelo consumo poderia tornar-se semente de um mundo mais consciente da própria presença e ação no espaço do aqui-agora. Tomemos então em tal representação pictórica como um “ponto de fuga” como aquele que na composição, define o vetor que simultaneamente gera e é gerado pela “pira-faí­sca” do dito compositor.

Neste ponto encontramos o “compositor” oferecendo sua alma para um ritual que traz algumas ações diretas pautadas por uma metareciclagem daquele refugo de onde a ciência não serviu ao conformismo da linha de produção. Ali este “compositor” divide-se no tal termo “imaginário” (no sentido que encontramos na matemática). Dois números imaginários divididos entre si resultam em um número real.

Novos instrumentos eletroacústicos, agora independentes de uma produção em série e industrializada, alimentados pela energia elétrica direta da natureza. Um toscolão (metade violão, metade destroços de uma apocaliptica era digital) alimentado por uma bateria de limões, que ritualisticamente tornam-se logo em seguida combustí­vel para bebidas a serem consumidas nestes jogos não-competitivos de roda.

Televisão analógica descartada do seio de conví­vio da sala de estar letárgica da famí­lia nuclear, agora servindo de instrumento musical em conexão direta com outros subsistemas de recombinação inteligente do que queremos conectar em saltos quânticos pelas redes de informação total. E na base destas redes, kernels (núcleos de software-hardware) ideológicos. Poemas distribuí­dos em códigos abertos de sistemas operacionais livres. Inscrições em circuitos ideológicos, strictu sensu.

E das faí­scas geradas: novas piras em seu sentido grego, retornando a uma semântica primata, em seu sentido primal. O fogo transitando entre espaços, alimentando novos rituais. Libertado o Prometeu acorrentado, construindo satélites com sucata, agora voando de aldeia em aldeia, voando e bebendo com os corvos, espalhando a combustão.

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Jardim de Volts encontra Jardinagem Libertária

tensao.jpg

Desenrolando algumas tentativas de sugerir rituais, carnavais ou qualquer tipo de liturgia-comunhão que pudessem dar conta de simbolizar e sensibilizar para questões sobre relações entre tecnologia, sociedade e corpo que há alguns anos temos discutido em nossas redes,
tentei conceituar já há quase dois anos uma brincadeira-manifesto que foi batizada de Jardim de Volts.

Jardim de Volts busca encontrar uma forma de entendermos a tecnologia (e a “ciência” que a tornou possí­vel) como algo que não é uma magia da indústria e sim fruto da inteligência humana em observar a natureza. Então porque tudo se descontrolou tanto? Aquilo que poderia ajudar a humanidade a construir um mundo melhor ainda serve quase exclusivamente para gerar um consumo sem sentido, sem a menor responsabilidade social e sem medida da destruição do nosso instinto de integração com todo ecossistema.

Escrevi um rascunho de idéia que ao meu ver ainda continua muito crua:
( http://estudiolivre.org/tiki-index.php?page=JardinDeLosVolts )

Durante o encontro Submidiologia 2 a bricadeira foi tomando mais forma:
( http://pub.descentro.org/submidialogia_o_estudo_da_subversao_dos_meios )

Apesar de até hoje não ter elaborado melhor uma reflexão sobre a proposta tenho comentado aqui e ali e isso acabou rendendo alguns encontros.

Recentemente recebi um convite do pessoal que em Curitiba tem organizado uma ação direta muito esperta e divertida, que foi batizada de “Jardinagem Libertária”. Nesta o grupo celebra a busca por consciência ecológica promovendo encontros, bicicletadas, caminhadas e outras buscas onde revitalizam o espaço urbano plantando árvores pela cidade. O grupo chegou a criar uma praça num abandonado terreno baldio, que foi batizada de “Praça PIrata”…
( http://jardinagemlibertaria.wordpress.com/ )

Por duas vezes seguidas este ano, em Fevereiro e Março de 2008, tentei de alguma maneira conectar a proposta com a idéia do Jardim de Volts, e curiosamente fui surpreendido por contratempos que me fizeram refletir sobre o próprio processo que eu estava querendo trazer como discussão.

Da primeira vez uma chuva impedia que minha proposta de tirar energia de limões, usando computador pra transformar poéticas sonoras recombinadas de arquivos mandados para mim se realizasse. Da segunda, um HD com problemas atrasava toda a preparação do sistema para o tal.

Enquanto preparava o HD pra tentar realizar aquilo que eu imaginava como uma colaboração, eu fui aos poucos refletindo sobre o ritmo que eu mesmo me encontro agora, depois de tantos anos vivendo em função da internet e sua promessa de informação e comunicação total.

Pensei também na minha paranóia de “eficiência”, também parte de um sintoma de todo esse prometido “progresso”, que eu queria criticar com uma retórica tão metida a eloqüente.

Curiosamente no sábado de manhã eu fui aos poucos conseguindo deixar o sistema pronto, mesmo tendo freado um pouco meu ritmo, influenciado pela reflexão.

Chegando no lugar, me deparei com dezenas de pessoas, fazendo intervenções num muro de tapume de um outro terreno baldio (uma nova Praça Pirata?), e fui visitar a já citada e arborizada primeira Praça Pirata.

O fato é vendo a naturalidade com que a piazada tava lidando com aquilo, me caiu a ficha que toda aquele meu processo metódico de determinismo pra fazer um tipo de “demonstração” de expressões da eletrônica fora do processo industrial ainda estavam muito viciados na ilusão de “ter tudo sob controle” como prega nosso cego processo civilizatório.

Ao invés de imediatamente influenciar todo aquele esforço manual que estava acontecendo ali pra prestar atenção em algo completamente desviante que eu estava preparado pra fazer, eu decidi tentar ajudar nas intervenções, entender, compartilhar os processos e tentar pensar um pouco daquilo que o Jardim de Volts estava propondo a partir daquela experiência.

Naquele exato momento percebi o quanto as pessoas estavam aparelhadas com suas tintas, pás, estiletes, canetas, máquinas fotográficas, instrumentos musicais, impressos e outros utensí­lios que além de ferramentas super úteis para a ocasião, também contribuiram para o giro de toda uma economia industrial.

Todo aquele belo romantismo de desenhos nos tapumes do terreno baldio e plantar árvores no quarteirão em volta estava ali inevitavelmente sujeito a um processo industrializado que vai culminar num eminente uso do terreno pelo seu proprietário. Talvez toda a revitalização do quarteirão até ajude na especulação imobiliária do terreno.

Obviamente que toda essa reflexão pelo viés pessimista cai numa perspectiva totalmente radical de encarar o processo civilizatório do qual somos indissociáveis avatares, como em teorias do Anarco-Primitivismo ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Anarco-primitivismo ) .

Não é dí­ficil presumir porque reflexões tão profundamente realistas sobre a incapacidade do homem usar sua incrí­vel inteligência para uma comunhão mais saúdavel com o planeta podem cair em surtos de violência irracional como a desesperada ação do Unabomber ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Theodore_Kaczynski )…

No entanto, como pensar uma maneira não-violenta em que de dentro pra fora possamos redesenhar nossa função em construir uma “ciência” mais alinhada com as necessidades do mundo, e não apenas com o egoí­smo consumista e imediatista que nos surge pelos tradicionais simulacros com a idéia de progresso e prosperidade?

Obviamente a resposta não é nada simples, mas acredito que ali na Jardinagem Libertária, entre algo de uma energia bastante pueril e ingênua de jovens querendo afirmar seus traços, haviam também esforços extremamente responsáveis, bravos e inteligentes de fazer sua parte para criar um mundo melhor e menos alienado do que está a sua volta.

Quanto aos Volts, aos poucos eles vão encontrando maneira de entoar mantras nos Jardins, buscando entender como esse conhecimento sobre a energia pura e canalizada pode ser menos destrutiva e mais esperta.

Por enquanto, fico bastante feliz em poder ver crescer o pé de limoeiro que plantamos ali ao lado da calçada naquele dia. Espero que ele possa um dia dar frutos. Que estes possam ajudar para que por trás dos tapumes ao invés de ignorantes templos de consumo apareçam mais Jardins Libertários.

limoeiro.jpg

Almoço, Jardinagem, Mantras e Jardim de Volts em Curitiba

Pessoal,

Convidando a todos para participar dum primeiro mantra de um “Jardim de Volts” que vai acontecer na Praça Pirata, em Curitiba.

Um esboço do que pode ser um Jardim de Volts, está aqui: http://estudiolivre.org/tiki-index.php?page=JardinDeLosVolts

Voce pode participar de 3 maneiras:

1 – Mandando um mp3 ou ogg de 1min a 5min pra organismo@gmail.com (ou postando em www.estudiolivre.org e me avisando nesse email). Os arquivos sonoros devem conter qualquer mensagem musical e/ou em forma de frase para sua contribuição no mantra.

2- Plantando uma árvore – no mesmo dia em sua cidade (De preferencia um limoeiro, pra poder rolar a bricadeira com volts”¦ mas qualquer ato simbólico registrado ja é algo).

3. compareçendo ao encontro na Praça Pirata em Curitiba (leve o arquivo sonoro ! )

A concentração acontece no Govardhana Yogashala *Rua Augusto Stresser, 207* com um almoço crudí­voro, música indiana, prática de yoga, trocas etc.

Prática de Yoga – 10hs

Almoço Vivo – 13hs

cronos – comida para bebês?

massa
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