O rapaz de Tristeresina

Foi lançada, dia 19, na Ghignone da Comendador, a biografia de Torquato Neto ” Pra Mim Chega”, de Toninho Vaz.
Quem quiser conferir o que fazia o menino piauiense da Tropicália é só comprar o livro.

Quando meu amigo Torquato se matou
(e o gás, até agora, me asfixia a alma)
lembro de uma pequena notí­cia num jornal detalhando o fato:
vestia apenas uma cueca, e era vermelha.
Não sei por que, lembrei de seus pés enormes e bonitos,
de sua boca larga, cheia de dentes e poesia,
e lembro dele no elevador, a pasta sob o braço (ou não havia pasta?)
Mas os braços, lembro que eram enormes
como agora é enorme a cueca vermelha, suja não do vermelho-sangue
hemorrágico, mas do sangue das mulheres menstruadas ou desvirginadas;
apenas vermelho como o vermelho dos tiés-sangue e dos cardeais, falo dos pássaros,
ou estarei falando das púrpuras cardinalí­cias, dos solidéus? do que estou falando?

Hermí­nio Bello de Carvalho

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