daqui a duzentos anos

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eu: buenas
16:45 marcioabr: buenas
eu: cade você?
marcioabr: rs
em vários lugares
tentando pouso
eu: vale
16:46 por que só daqui a duzentos anos?
marcioabr: não só
mas… e daqui a duzentosanos?
16:47 “eu naõ queria ouvir isso, eu queria um discurso sincero e triste, mas ningue o fez, foi insuportávelmente triste”
eu: é tchekov?
16:48 marcioabr: é gorki
sobre tchekhov
numa carta prara a mulher falando do enterro dele
16:49 eu: o gorki esteve no enterro de tchecov?
marcioabr: sim, esteve.
16:50 e achou indelicado ele chegar num vagão para transporte de ostras
16:51 Gorki, que foi absorvido e negado pela revolução (ao mesmo tempo)
eu: e tchekov, que destino lhe deu a revolução?
16:52 marcioabr: ele morreu antes, em 1904, antes da pré revoluçaõ de 1905, inclusive.
Ele não teria aguentado
era um homem simples , delicado e generoso
16:53 muitos o consideravam a polí­tico
eu o considero revolucionário
nos anos 50 publicaram suas obras completas na russia
16:54 inclusive a peça sem nome
eu: e durante a revolução
vc sabe se ele foi lido
marcioabr: que ele não publicou enquanto vivo
eu: ou foi um autor relegado?
marcioabr: ficou meio esquecido
16:55 e retornou fora da russia
e também lá
vieram outros quem foram, como disse, “absorvidos” : Gorki, Maiakovski
16:58 eu: Maiakovski apesar de “absorvido” acabou se suicidando. Porque vc acha que tchecov não teria “aguentado”
16:59 marcioabr: ele viveu no “entretempo”, quando as coisas já não eram mais e tampouco tinham se transformado em outra coisa. Ele escreveu sobre isso, sobre essa gente no “limbo”, na iminência
17:00 ele dizia: todo homeme deve ser belo, tanto o rosto, como a roupa, a alma, os pensamentos”
17:01 falava de vidas minúsculas
do mí­nimo em nós
17:03 eu: mudei de máquina. ja estou aqui de novo
marcioabr: buenas
eu: buenas
marcioabr: onde vc está?
17:04 eu: dificil definir
na sua última fala
marcioabr: bem..
aí­ estamos
eu: em vidas minusculas
marcioabr: rs
17:05 eu: o que poderia ser minimo na gente?
17:06 tentando entender um pouco este foco
marcioabr: difí­cil de definir
17:07 mas se pensamos em tudo aquilo que se opõe í  figura do herói…
eu: o comun, cotidiano
marcioabr: qual é o maior “feito” da tua vizinha?
17:08 que viveu a vida toda alí­?
sim, mas há cotidianos diferentes
deve haver algum herói por aí­, com uma vida incrí­vel e perfumada
17:10 eu: daqui a duzentos anos aborda estes aspectos da vida mí­nima então? da vida não espetacular?
17:11 marcioabr: sim.entre outras coisas, talvez o que projetamos paraum futuro incerto, a partir de quem somos, só isso
17:12 “nada de novo. saúde. um forte aperto de mão”
eu: a peça acontece hoje no act?
17:13 marcioabr: sim, hoje e por mais 3 semanas, de quinta a domingo.
eu: ja tinho sido apresentada antes?
17:14 marcioabr: sim, a estréia foi ha exatamente 2 anos. Giramos o paí­s e agora fazemos em curitiba.
demorou conseguir essa “façanha” de apresentar uma temporada na própria cidade
17:15 é mais facil ir que ficar
permanecer é a tarefa “hercúlea”
17:16 eu: na cidade que come seus filhos…
marcioabr: sim, e não os digere, o que é pior
melhor seria comê-los e obrá-los
17:17 vc foi ao banheiro hoje?
rs
eu: sim
pretendo ir de novo daqui a pouco
17:18 esta peça foi fruto de uma longa oficina para atores, se me lembro bem
da qual o Jaques brand participou, a
tuca
17:19 o gabriel gorozito
estou certo?
marcioabr: não exatamente,mas de um grupo de estudos que incluiu atores e gente de outras áreas, incluindo o emérito e grandissí­ssimo Jaques
17:20 eu: o luis felipe leprevost
marcioabr: depois do perí­odo de pesquisa, comecei oprocesso de criação da peça
sim, sim
contribuições inestimáveis
17:21 eu: quais os atores que estão no elenco?
17:22 marcioabr: André Coelho, Edith de Camargo e Luis Melo
A Edith compôs e executa a Trilha sonora em cena
17:23 eu: tocando e cantando?
marcioabr: sim
e falando
17:24 tudo é música em algum momento na vida
eu: gosto muito da musica que ela faz, e dela também
marcioabr: digo o mesmo
eu: lembro que durante o periodo de pesquisa
17:25 houve uma proposta de pequenas performances sobre o tena “tchekov”
marcioabr: sim fizemos 5 aberturas do processo
eu: encontrei uma noite o leprevost e a tuca
no café do teatro
17:26 eles tavam quebrando a cabeça com a coisa
marcioabr: com performances, leituras, publicações de textos, ensaios, traduções
rs
eles trabalharam uma época com umapeça curta genial chamada O Urso
17:27 Que o Dalton adora
eu: Sugeri à Tuca que levasse uma bacia
com água
e tomasse um banho Tcheco(v)
marcioabr: rsrsrsrs
eu: ela fez idsso?
marcioabr: pena que ela não fez
17:28 teria sido inesquecí­vel
e é denão esquecer que precisamos as vezes
eu: o act está fazendo anos?
marcioabr: rs, sim
17:29 6 anos
tem uma exposição sobre tudo o que foi feito
é legal de ver
é um registro necessário.
17:30 afirmar a memória própria
eu: soube disso pelo Beto
17:31 tem uma serie de eventos acontecendo por la também
17:32 marcioabr: além da peça e da exposição tem uma peça de rua fruto, essa sim, de uma oficina para atores iniciantes sobre comedia dell’arte, dirigida pelo Roberto Inoccenti, um diretor italiano.
vcs seguem o trabalho e eu sigopara o meu.
17:33 a conversa tá ótima
seguimos falando depois
com cerveja junto
eu: massa, que horas é a peça
?
marcioabr: um abraço forte Otavio
21h
eu: acabei de intimar a galera pra ir
marcioabr: espero vcs
beleza
eu: vou lá
marcioabr: quando quiserem e puderem
17:34 eu: valeu márcio
merda
!
marcioabr: merda!

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