Iliada na Casa do Saber / Cantos III e XXII / Lori Santos e Patricia Reis Braga / 06 de outubro de 2006 � s 20h00

Texto reproduzido da página da Casa do Saber
http://www.casadosaber.com.br

A Casa do Saber anuncia mais um sarau homérico. Depois de encenar os cantos 1 e 16 da Ilí­ada, obra fundadora da mentalidade e da sensibilidade ocidental, a Companhia Iliadahomero de Teatro apresenta os Cantos 3 e 22 de modo integral.
No canto 3, Páris, prí­ncipe de Tróia, desafia Menelau para um duelo, na tentativa de decidir o destino da guerra entre gregos e troianos. Menelau vence, mas Páris sobrevive, salvo por Afrodite. No canto 22 , Aquiles duela com o troiano Heitor para vingar a morte de seu amigo Pátroclo. Aquiles o mata e desonra seu cadáver, arrastando-o ao acampamento grego.
Nas apresentações dessas pequenas rapsódias dos dois cantos, o espectador entra em contato com toda a riqueza da Ilí­ada, de Homero, na tradução de Odorico Mendes (1799-1864). Os atores narram dramaticamente a história e representam os heróis. Após o espetáculo, haverá bate-papo com o diretor Octavio Camargo.

Atores: Lori Santos e Patrí­cia Reis Braga
Direção: Octavio Camargo

A Casa do Saber fica na Rua Dr. Mário Ferraz, 414. no Jardim Paulistano – SP

A imagem acima é de Menelau, em detalhe de uma cópia da pintura de Thimantes, pintor grego do século IV a.c., reproduzida num mural de pompéia. No Canto III da Ilí­ada, Menelau se dispõe a resolver a disputa em um duelo singular contra Páris. Este, porém, é salvo por Vênus no último momento.

Fragmento da fala de Agamenon no Canto III (trad. Odorico Mendes)

“Do Ida augusto senhor, máximo padre,
Sol que vês e ouves tudo, rios, Terra,
Vós que no inferno castigais perjuros,
Desta aliança fiadores sede.
Se Páris vence a Menelau, conserve
Toda a riqueza e a dama, e nós voguemos;
Se o vence o louro Atrida, aqui nos rendam
Helena e o seu tesouro, e por memória
Multa condigna paguem: morto Páris,
Se Prí­amo e seus filhos ma refusam,
Té que os force ao dever, não largo as armas.”

Neste quadro de David, Andromaca e Astianax são representados ao lado do corpo de Heitor. A morte de Heitor é narrada no canto XXII da Iliada. o corpo do herói só é recuperado após as súplicas de Priamo (Pai de Heitor) í  Aquiles, no Canto XIV.

Fragmento da fala de Andrômaca no Canto XXII (trad. Odorico Mendes)

“Heitor, ai! Triste,
Com fado igual nascemos, tu nos paços
Do rei Prí­amo em Tróia, eu na Tebana
Hipóplaco selvosa, onde criou-me
De menina Eetion para infortúnios,
E antes me não gerasse! Ora ao subtérreo
Orco desces profundo, e em luto e nojo
No viúvo aposento me abandonas;
Nem do nosso filhinho és mais o arrimo,
Nem ele o teu será. Da crua guerra
A escapar, não se escapa í  desventura;
Mudado o marco, o esbulharão do prédio.
O pupilo no dia da orfandade
Perde os jovens amigos: baixo o rosto,
ígua nos olhos, se o do pai segura,
Um pela túnica, outro pela capa,
Indigente é repulso; o mais piedoso
Bebida num copinho lhe escanceia,
Que os beiços banha e o paladar não molha.
O que possui os genitores ambos,
Fero da mesa o expulsa, espanca e enxota:
-Sai, conosco teu pai já não convive. –
Tal há-de vir choroso í  mãe viúva
O infante meu, que aos paternais joelhos
Com tutanos de ovelha se nutria,
E lasso de brincar, entregue ao sono,
Da nutriz afagado ao brando colo,
Contente em mole berço adormecia.
Ârfão, misérias sofrerá meu filho,
Que Astianax os nossos denominam,
Porque eras, nobre Heitor, único apoio
Destas muralhas. Ante as naus rostradas,
Longe dos pais, hão-de roer-te vermes,
Depois que nu te comam cães raivosos,
A ti, que hás finas e elegantes vestes,
Por tuas servas e por mim tecidas.
Já que para a mortalha nem te servem,
Em honra tua ao fogo vou queimá-las,
Dos Teucros em presença e das Troianas.”

7 comments

  1. Duas coisas que tÃ?ªm “Patrono” no Brasil: a repÃ?ºblica e o concretismo. Ambos fundados por corjas que queriam apenas garantir o seu lugar na histÃ?³ria. Coitado do Odorico Mendes, merecia mais que isso.

  2. Gostaria de te convidar para a apresenta�§�£o. Assim voc�ª poder�¡ fazer uma cr�­tica com alguma consist�ªncia. Tenho certeza de que voc�ª n�£o conhece este trabalho.

    grato

  3. Luk Iskar�³lquer teoricamente at�© teria raz�£o, mas sua acusa�§�£o certamente n�£o se aplica ao valoroso e quixotesco trabalho da Cia. Il�­adahomero.

    Luk falou bobagem e, tal como Rolando, merecia levar uma surra dos Mouros em Roncevaux.

  4. E quem disse que eu estou criticando Ã?ªsse trabalho, que aliÃ?¡s nÃ?£o vi e pode ser Ã?³timo? Estou criticando, como sempre, os IrmÃ?£os Campos! 😛 O “isso” que Odorico Mendes nÃ?£o merecia Ã?© o tÃ?­tulo de Patrono da TranscriaÃ?§Ã?£o! Agora comentÃ?¡rio de blog virou sinÃ?´nimo de crÃ?­tica teatral? Pra longe de mim, umbigos!!

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