Eis aqui as respostas í s perguntas que você me fez sobre o futurismo italiano: O movimento futurista, na Itália, perdeu, completamente, seus traços característicos, depois da guerra. Marinetti dedica-se muito pouco com o movimento. Casou-se e prefere consagrar sua energia í esposa. Monarquistas, comunistas, republicanos e fascistas participam, atualmente, do movimento futurista. Em Milão, onde, recentemente, se fundou um semanário político, Il Principe, que formula, ou procura formular, as teorias desenvolvidas por Maquiavel para a Itália do século XV, a saber: Só um monarca absoluto, um novo César Bórgia, colocando-se í frente dos grupos rivais, pode encerrar a luta, que divide os partidos locais e leva a nação ao caos. Dois futuristas, Bruno Corra e Enrico Settimelli, dirigem o órgão. Marinetti colabora hoje nesse periódico, embora tivesse sido preso por causa de violento discurso contra o rei, que pronunciou em 1920, durante manifestação patriótica, em Roma. Os principais porta-vozes do futurismo de antes da guerra tornaram-se fascistas, í exceção de Giovanni Papini, que se converteu ao catolicismo e escreveu uma história do Cristo. Os futuristas, durante a guerra, foram os mais tenazes partidários da “luta até a vitória final” e do imperialismo. Só um fascista, Aldo Palazzeschi, declarou-se contra a guerra. Rompeu com o movimento e terminou emudecendo como escritor, embora fosse dos mais inteligentes. Marinetti publicou um manifesto para demonstrar que a guerra – sempre, aliás, exaltada por ele – constituía o único remédio higiênico para o universo. Tomou parte no conflito como capitão de um batalhão de carros blindados, aos quais teceu um hino entusiasta no seu último livro, A Alcova de Aço. Escreveu também uma brochura intitulada Fora do Comunismo, na qual desenvolve suas doutrinas políticas – se se pode qualificar de doutrina as fantasias desse homem – que são por vezes espirituosas e sempre estranhas. A seção de Turim do Proletkult, antes da minha partida da Itália, pediu a Marinetti que explicasse, na abertura de uma exposição de quadros futuristas, o sentido do movimento aos operários. Ele aceitou, voluntariamente, o convite. Visitou a exposição com os operários e declarou-se satisfeito com o fato de demonstrarem mais sensibilidade que os burgueses no que concerne í arte futurista. O futurismo, antes da guerra, era muito popular entre os operários. A revista L’Acerbo tinha uma tiragem que atingia a 20.000 exemplares, dos quais quatro quintos circulavam entre operários. Quando de numerosas manifestações de arte futurista, nos teatros das maiores cidades italianas, os operários defendiam os futuristas contra os jovens – semiaristocratas e burgueses – que os atacavam. O grupo futurista de Marinetti não existe mais. Um certo Mario Dessi, um homem sem o menor valor, tanto como intelectual quanto como organizador, agora dirige o seu antigo órgão, Poesia. No Sul, notadamente na Sicília, apareceram muitas folhas futuristas nas quais Marinetti escreve artigos; publicam-nas estudantes que encobrem com o futurismo a sua ignorância da gramática italiana. Os pintores compõem o grupo mais importante entre os futuristas. Há, em Roma, uma exposição permanente de pintura futurista, organizada por um certo Antonio Giulio Bragaglia, fotógrafo falido, produtor de cinema e empresário. O mais conhecido dos pintores futuristas é Giorgio Balla. D’Annunzio, publicamente, nunca tomou posição em relação ao futurismo. Deve-se dizer que o futurismo, na sua origem, manifestava-se, expressamente, contra d’Annunzio. Um dos primeiros livros de Marinetti intitulava-se Les Dieux s’en vont, d’Annunzio reste(1). Ainda que durante a guerra os programas políticos de Marinetti e de d’Annunzio coincidissem em todos os pontos, os futuristas permaneceram anti-d’Annunzio. Eles, praticamente, não mostraram nenhum interesse pelo movimento de Fiúme, embora mais tarde participassem das manifestações.
Pode-se dizer que, depois da conclusão da paz, o movimento futurista perdeu completamente o seu caráter e dissolveu-se em diversas correntes, formadas no transcurso da guerra e em conseqüência dela. Os jovens intelectuais são quase todos reacionários. Os operários, que viram no futurismo elementos de luta contra a velha cultura acadêmica italiana, ossificada e estranha ao povo, hoje devem combater de armas na mão por sua liberdade e demonstram pouco interesse pelas velhas querelas. Nas grandes cidades industriais, o programa do Proletkult, que visa a despertar o espírito criador do operário para a literatura e a arte, absorve a energia daqueles que ainda têm tempo e desejo de ocupar-se com tais questões.
8 de setembro de 1922
António Gramsci
Proletkult…prefiro Yakult a essa novÃ?Âlingua de burocratas. Miniver, crimidÃ?©ia etc.
A maior contribui�§�£o de Trotski para a arte foi o oferecimento de seu cr�¢nio para a picareta de neve de Ram�³n Mercader.
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ââ?¬Å?A linguagem polÃ?Âtica destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitÃ?¡vel, bem como a imprimir ao vento uma aparÃ?ªncia de solidezââ?¬Â (Eric Blair)
“Os jovens intelectuais sÃ?£o quase todos reacionÃ?¡rios.”
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