Cristais

Caro(a) Sr.(Sra.):

Dois Bloody Mary preparados por mim mesmo (ou seja: duplos, ambos) justificam que eu comece a redigir este texto sem saber ainda a que destinatário o encaminharei. De mais a mais encontro-me, estranhamente em Goiás, do outro lado da linha das Tordesilhas. O que isto significa é algo que compete ao tempo elucidar.
(parágrafo, na outra linha) Suponho que o (a) destinário (a) tenha surgido nestas plagas há mais de -pelo menos- três décadas e possa apreender minhas arcaicas gracinhas: fecha parênteses. Terá a falta de assunto produzido algum bom literato ao longo da história? Evidentemente os oradores estão excluidos. Pois…
Pois, petit-pois…. Vê-se que os efeitos daninhos do álcool na mente humana manifestam-se com surpreendente clareza.
O que tem me aborrecido sobremodo é esta empulhação do digital. Digital bom, para mim, é o dedo-médio estendido, em meio a seus irmãos dobrados- gesto que tardiamente surgiu em minha vida. O similar nacional -ora em desuso- era o OK dos nossos irmãos do norte, invertido. Pois. Não conseguiram ainda me convencer da superioridade dos sistemas digitais em relação aos analógicos senão pelo pouco tempo decorrente da leitura da publicidade ao uso de fato dos mesmos. Ora direis, ouvir válvulas…
Com minha paranóica-perspicácia-multi-etí­lica, observei, com meus parcos recursos cartesianos, a abolição dos cristais nos equipamentos digitais, elementos estes fundamentais nos analógicos. Baseio-me basicamente nos aparelhos de reprodução ótica e sonora (lembra das agulhas?).
O impasse que deve se colocar, penso eu, é que o avanço tecnológico alcançou maravilhas no âmbito da simulação dos sentidos visuais e auditivos mas praticamente nenhum nos outros há longo considerados: o olfato, o paladar e o tato. Sendo assim, e para simplificar as coisas, vou ver se a massa do meu pão já cresceu e para tanto, encerro estas tolices.

Cordiais saudações

Haroldo Viegas

3 comments

  1. Um enorme “nariz eletrÃ?´nico”, 100% nacional, serÃ?¡ desenvolvido por pesquisadores pernambucanos atÃ?© o final do ano. E para que serve? A princÃ?­pio deverÃ?¡ identificar cheiros de diesel e gasolina, com a finalidade de evitar vazamentos de Ã?³leo da Petrobras como os que ocorreram em julho no ParanÃ?¡ e em janeiro no Rio.
    A reportagem da Folha diz que se dentro do seu nariz existisse um painel eletr�´nico com pontos que acendem e apagam, cada cheiro acenderia um grupo diferente desses pontos, formando padr�µes luminosos caracter�­sticos.

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