Cortina de Fé(rro)

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Figurinha alemã retratando a subida de Maomé aos céus, guiado pelo Arcanjo Gabriel (entidade comum aos três grandes Monoteí­smos da Civilização Humana). Parte de um álbum lançado pela Liebig, inventora do Caldo de Carne. Data: 1928.

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A controvérsia a respeito das caricaturas retratando Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-Posten irrompeu em violentos protestos internacionais. Neste exato instante, os principais jornais noticiam a invasão e o incêndio, por milhares de manifestantes, do consulado da Dinamarca em Beirute. Outros edifí­cios diplomáticos ocidentais foram ou estão sendo destruí­dos nas principais capitais do mundo islâmico.

Enquanto as nações muçulmanas estão exigindo um boicote internacional í  Dinamarca e seus produtos (deliciosos iogurtes, em sua maioria) e a qualquer outro paí­s que “ouse” veicular novamente as caricaturas, algumas nações européias insistem – contra a corrente, inclusive dos principais articulistas do beautiful people midiático ocidental – que a liberdade de expressão está acima das imposições de um relativismo cultural cada vez mais auto-imposto e que nos coloca cada vez mais violentamente na auto-censura.

É bom que se diga que não há nada mais insano e insensato do que exigir que nações inteiras peçam desculpas ao Islã pela publicação das caricaturas por um jornal privado, em um paí­s onde vigora a livre iniciativa.

O episódio revela em que medida o totalitarismo muçulmano (que nada tem a ver com a beleza teológica de que se reveste o Corão, mas resulta da degenerescência polí­tica de certas leituras deste) é nefasto, especialmente nos paí­ses que acolhem os imigrantes dos paí­ses onde se professa a revelação islâmica.

Se a representação pictorial da figura do Profeta é considerada idolatria pela fé islâmica, isso certamente não se aplica fora das suas fronteiras, especialmente em paí­ses onde impera a liberdade de culto. “Em Roma, como os Romanos”.
denmark

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Seguem as caricaturas publicadas pelo Jyllands-Posten:

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Clique aqui para ver uma retrospectiva iconográfica do Profeta Maomé, ao longo dos séculos. Há desde representações feitas dentro da própria cultura islâmica, com e sem representação do rosto, passando por representações feitas fora do Islã (Gustave Doré, Dali, Rodin, William Blake etc.) e até mesmo algumas mais recentes, de duvidoso gosto.
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Alguns outros cartoons que foram publicados após a polêmica:

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Capa do France Soir: “Sim, temos o direito de caricaturar Deus“. A capa e a republicação das caricaturas, custou o pescoço do editor-chefe Jacques Lefranc. O balão diz: “Não amole, Maomé. Aqui, todos foram caricaturizados”.

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rushdie

“Acho que já vi esse filme…”

8 comments

  1. Alguns certamente notaram que, embora os protestos estejam estourando agora, a primeira publica�§�£o das charges deu-se em 20 de setembro de 2005. Naquela oportunidade, passaram quase que desapercebidas. Isso traz s�©rias d�ºvidas se os protestos da comunidade isl�¢mica s�£o genu�­nos ou orquestrados com finalidades geopol�­ticas.

    O fato �© que o jornal dinamarqu�ªs n�£o publicou as charges com finalidades de ofensa religiosa. Os cartoons foram encomendados de diversos chargistas locais para ilustrar uma OUTRA mat�©ria: a de que um autor de livros infanto-juvenis dinamarqu�ªs estava com imensas dificuldades de finalizar a edi�§�£o de um livro para adolescentes europeus sobre o Profeta Maom�©, por recusa e medo de ilustradores europeus de ter problemas com os isl�¢micos. A mat�©ria onde as charges foram inseridas lidava com esse problema: da limita�§�£o da liberdade de express�£o em raz�£o do dogma reigioso.

  2. Pessoalmente, nem gostei muito das ditas charges.

    Qualquer pessoa que tenha o mÃ?­nimo de conhecimento sobre a questÃ?£o Ã?¡rabe repudiaria, por exemplo, a da bomba no turbante como uma possÃ?­vel generalizaÃ?§Ã?£o de que todo muÃ?§ulmano Ã?© terrorista. Impute-se tal simplificaÃ?§Ã?£o ao chargista (caso tenha sido esta a intenÃ?§Ã?£o), sem, no entanto, esse “jihad anti-cartoon” que estÃ?¡ violentamente tomando conta de tudo.

    J�¡ a do Maom�© com tarja preta nos olhos, cercado por duas mulheres usando v�©us, e a do chargista com receio de desenhar Maom�© acho muito eloq�¼entes.

    Falando nisso: �´, Solda, vais desenhar algo a respeito?

  3. Veja a cronologia da pol�ªmica desencadeada pelas charges:

    30.set.2005

    O jornal dinamarquÃ?ªs “Jyllands-Posten” publica 12 charges do profeta Muhammad

    20.out.2005

    Embaixadores mu�§ulmanos reclamam ao premi�ª dinamarqu�ªs

    10.jan.2006

    O jornal norueguÃ?ªs “Magazinet” republica as charges

    26.jan.2006

    A ArÃ?¡bia Saudita retira seu embaixador e boicota produtos dinamarqueses. O tablÃ?³ide jordaniano “Al Mehwar” publica as charges

    30.jan.2006

    Homens armados atacam o escrit�³rio da Uni�£o Europ�©ia em Gaza, exigindo um pedido de desculpas

    31.jan.2006

    O jornal dinamarqu�ªs pede desculpas

    1�º.fev.2006

    As charges sÃ?£o publicadas nos periÃ?³dicos “Die Welt” (Alemanha), “France Soir” (FranÃ?§a), “La Stampa” (ItÃ?¡lia), “El PeriÃ?³dico” (Espanha) e “Volkskrant” (Holanda)

    2.fev.2006

    A revista semanal jordaniana “Shihan” publica trÃ?ªs charges. O premiÃ?ª dinamarquÃ?ªs tenta acalmar os Ã?¢nimos aparecendo na TV Ã?¡rabe. TrÃ?ªs jornais suÃ?­Ã?§os publicam as charges

    3.fev.2006

    Corte da Ã?frica do Sul proÃ?­be a publicaÃ?§Ã?£o das charges. Protestos na Embaixada da Dinamarca em Londres. Manifestantes atacam uma igreja cristÃ?£ no PaquistÃ?£o. Uma das charges Ã?© publicada no jornal irlandÃ?ªs “The Star”

    4.fev.2006

    Os jornais “Philadelphia Inquirer” (EUA) e “Courier Mail” (AustrÃ?¡lia) publicam uma das charges. Manifestantes incendeiam as embaixadas de Dinamarca, SuÃ?©cia, Noruega e Chile em Damasco. Protestos comeÃ?§am no AfeganistÃ?£o

    5.fev.2006

    O consulado dinamarqu�ªs em Beirute �© incendiado. Protestos ocorrem na Nova Zel�¢ndia e no Egito

    6.fev.2006

    Protestos em quatro cidades indon�©sias, Viena, Istambul e Bancoc. Jornais de Ucr�¢nia, Bulg�¡ria e Rom�ªnia publicam as charges. Protestos deixam ao menos cinco mortos.

    7.fev.2006

    Quatro manifestantes s�£o mortos por membros das for�§as de paz da Otan no Afeganist�£o. Protestos ocorrem tamb�©m no Azerbaij�£o, em Bangladesh, na Cro�¡cia, no Egito, em Gaza, no I�ªmen, na �ndia, no Ir�£, na Nig�©ria e no Paquist�£o.

  4. A PERGUNTA QUE NÃ?Æ?O QUER CALAR

    Se a publicaÃ?§Ã?£o das charges Ã?© proibida nos paÃ?­ses islÃ?¢micos (por representarem figurativamente a pessoa da MaomÃ?©)contra O QUÃ?Å  exatamente os muÃ?§ulmanos estÃ?£o protestando? Eles nem viram as charges…

    Desse jeito fica muito fÃ?¡cil para um bando de mulÃ?¡s inescrupulosos, comprometidos com um projeto de hegemonia geopolÃ?­tica manipularem as massas islÃ?¢micas nesses protestos ensandecidos, aproveitando-se de um genuÃ?­no sentimento de proteÃ?§Ã?£o aos dogmas religiosos…

  5. Do email que recebi:

    *Saem as primeiras charges sobre o Holocausto*

    O Globo

    RIO – A primeira charge sobre o Holocausto foi publicada hoje em um site iraniano pertencente Ã?  Casa da Charge do IrÃ?£, que, junto ao jornal “Hamshahri”, promove um concurso internacional de charges sobre o tema, numa retaliaÃ?§Ã?£o pela publicaÃ?§Ã?£o no Ocidente de charges sobre MaomÃ?©.

    http://www.irancartoon.com

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