Sirius Funesta

insculpiu nele os céus e o mar e a terra;
Nele as constelações, do pólo engastes,
Orion valente, as Hiadas, as Pleias,
A Ursa que o vulgo denomina Plaustro,
A só que não se lava no Oceano

iliada xviii O.M.

Edna Leigh argumenta que os 45 regimentos detalhados no catalogo das naus, no canto II da Ilí­ada, representam as 45 constelações conhecidas na antiguidade clássica na Grécia. Parte desta evidência deriva de um poema entitulado “phaenomena” escrito por Aratus no ano 270 a.c e dedicado ao grande matemático Eudoxus, do século IV a.c, colaborador de Platão. Este poema nomina estas 45 constelações, porém as situa nas posições correspondentes ao céu de 3000 – 1800 a.c. Não somente as constelações combinam em número com os regimentos da ilí­ada, este poema de Aratus é também mais uma evidência do alcance da poesia no conhecimento astronômico da época. A isto segue-se uma comparação entre os regimentos e as constelações. As estrelas individualmente são representadas por heróis, sendo que as mais brilhantes em cada constelação representam os principais chefes. Aquiles é Sirius na constelação de Cão Maior. Odysseus, Arcturus. Menelau, a estrela vermelha gigante Antares em Escorpião. Agamemnom, Regulus em Leão. O enredo da ilí­ada também corresponde ao movimento destas constelações no céu noturno ao longo de milênios. Porém o argumento mais contundente proposto por Edna é a identificação na Ilí­ada das mudanças no céu decorrentes da precessão do eixo da terra, um ciclo de aproximadamente 26.000 anos, mais conhecido como “precessão dos equinócios.
As primeiras mudanças observáveis causadas pela precessão dos equinócios são primeiramente: o giro das constelações heliacais (constelações que surgem com o sol durante o equinócio ou solstí­cio). Segundo, o surgimento ou desaparecimento de um grupo especifico de estrelas, dependendo da sua latitude, e terceiro, o movimento da estrela polar.
De acordo com Leigh, Homero descreve o movimento das constelações heliacais através da morte ou vitoria dos seus heróis. Assim, por exemplo, Menelaus de Escorpião é atacado por Pândaro de Sagitário. Menelau vence e Pândaro morre, espelhando a mudança de sagitário para escorpião nas constelações heliacais no equinócio de outono ocorrida por volta de 4400 a.c. O giro das constelações heliacais vernais também é registrado da mesma maneira assim como as mudanças que ocorreram no seguinte giro equinocial por volta do ano 2200 a.c
A morte de Osí­ris possivelmente representa o desaparecimento de Orion das constelações heliacais por volta do ano 6700 a.c.
Ã?Ë? o retorno de Aquiles ao campo de batalha que nos remete no calendário astronômico até 8700 ac. Sirius, a estrela mais brilhante do hemisfério norte desapareceu dos céus da grécia por volta de 15 000 anos antes de cristo em função da precessão dos equinócios. O seu ressurgimento certamente foi dramático, se é que esta memória permaneceu na mente dos antigos. A autora argamenta convincentemente, que a importância dada ao retorno deste herói na ilí­ada representa este mega evento astronômico
Uma das mais elaboradas descrições deste evento na ilí­ada esta no canto XVIII, na descrição do novo escudo de Aquiles confeccionado por Vulcano
É aqui que Homero nos apresenta uma imagem astronômica direta: “Ele esculpiu os céus, a terra, e o mar. A lua cheia e o Sol incansável, com todos os signos que glorificam o rosto do céu. As plêiades, as Hiades, o imenso Orion, a Ursa, que sempre se volta ao mesmo ponto em direção a Orion, e é a única que jamais repousa no Oceano.” Estas estrelas em particular marcam a região dos céus noturnos na qual Sirius e sua constelação, Cão Maior, ressurgiram

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