DESAFIATLUX

DESAFIATLUX

“Eu não estou ouvindo música, é outra coisa que está acontecendo. Signos evidentes por si mesmos, por incrí­vel que cresça e apareça, multiplicai-vos! Creio em um sinal. Ei-lo. Não me lembro bem. Distraio-me. Perco os sentidos, ganho os dados. Deus não morreu. Perdeu os sentidos. Sempre que possí­vel, o contemporâneo já passou. Perdeu-se no fim. (…) um segredo óbvio. Eu, contemporâneo do meu fantasma, olho-me no espelho e vejo nada. Submeto-me a isso. A percepção. (…) Atenção. Quero a liberdade de minha linguagem. Vire-se. Independência ou silêncio. As núpcias da Essência e da existência. Vir a ser é assim.” Paulo Leminski – Catatau.

Não deverí­amos ter expectativa alguma do que fazemos, o que fazemos não é bom nem ruim, o que fazemos é nada. Os acontecimentos somente fazem parte de um coeficiente infinito: 0=0, pura redundância. Cúmplices de uma farsa, nossa lógica não é limpa, somos exorcizados a golpes inautênticos gerados pela cultura econômica dos excessos. Toda nova informação é formulada por uma expectativa frustrada, absoluta e que aponta para um único sentido/abismo.
Desvio ou catástrofe? Delirium tremens. Ser o tormento dos próprios pensamentos, perturbação da nossa própria ordem. O desafio como ruí­do.

semiótica russa

TEORIA LITERíRIA – ciência cujo objeto de estudo são a literariedade (JAKOBSON) e o procedimento (CHKLÂVSKI). A literatura é considerada uma variante dentre os sistemas de signos que usam a linguagem de modo a produzir estranhamento.

LINGÃ?Å?íSTICA ESTRUTURAL – parte do conceito de estrutura e das relações dinâmicas entre partes e funções num todo. Estrutura concebida como um conjunto de diferenças, por exemplo, o signo lingüí­stico. É a partir da estrutura que se pôde chegar í  compreensão da estruturalidade entre sistemas.

SEMIÂTICA – teoria que trata de semiosis como propriedade do signo. Um signo só pode ser compreendido í  luz de outro signo. A semiose está na raiz do conceito de modelização. Além de ser núcleo fundamental para as ciências do homem, a Semiótica sistematizou aspectos de uma teoria geral dos signos.

CIBERNÉTICA – apresenta o conceito de sistema como um conjunto de invariáveis dentro de variações capazes, portanto, de regular comportamentos. Institui a noção de controle como mecanismo de eficácia das mensagens no sentido de impedir a entropia.

TEORIA DA INFORMAÇÃO – valoriza o processo comunicativo como troca interativa de códigos na produção de mensagens. Explora a possibilidade de medir quantitativamente a informação de uma mensagem para ulterior análise de seu significado. Apresenta o código, bem como o processo de codificação / decodificação / recodificação como chave para a análise semiótica.

ANTROPOLOGIA – valoriza o homem e suas manifestações culturais (formas ritualí­sticas de comportamento social) como conjuntos heterogêneos e interelacionados. Daí­ a noção de homem como sistema de signos (BAKHTIN).

CRíTICA DA ARTE – exercí­cio de compreensão da arte como linguagem, ou melhor, como conjunto de várias linguagens. A experimentação aproxima arte, ciência, técnica como esferas interligadas na cultura. Destaque para a noção de arte como máquina perfeita (LOTMAN) e como convencionalidade (USPÃ?Å NSKI).

BIOLOGIA MOLECULAR – noção de vida como código: a proximidade entre o código genético e o código verbal se deve í  noção de seus constituintes como componentes discretos que servem para a construção das significações. Compreensão semiótica do fenômeno da hereditariedade e da cultura como memória não-hereditária.

NEUROLINGÃ?Å?íSTICA – NEUROBIOLOGIA – classificação das afasias segundo mapeamento das lesões nos hemisférios cerebrais, de onde surge a noção de afasia como distúrbio de comunicação. Importância da estrutura da linguagem, dos processos de seleção e de combinação, para a topografia do cérebro e relações entre simetria e assimetria.

Provindia Curitiba

Cidade de Curitiba por volta de 1830.

Soldados da Proví­ncia de Curitiba conduzindo prisioneiros indí­genas. Imagem de Debret: Releitura
Mokoi kunha, ha’e irundy kyringue’i.
Pytu tei ogueraa tema mombyry, omoxã eravy.
Kyringue’i haxe ma okaruxevy tei, jurua kuery ndoikuaaxei.
Ha’eramo ixy kuery aipoe’i:
– Jajaru rive rãema!
– Nhandekuery aema Nhanderuvixa nhanemonguetaa nanhaendui vyma kova’e rã py nhavae.
“São duas mulheres presas carregando cinco crianças que estão chorando de fome, e mais dois soldados que estão acompanhando. Elas estão presas. Elas conversam:
– Puxa, a gente devia ter ouvido o cacique. Agora a gente está presa e nenhum parente nunca mais vai saber o que aconteceu com a gente.
– A gente está presa porque não ouviu o cacique.”

página errante

Castatau – o grande o pequeno

81-82 – página arrancada – a viajante volátil –

aviãozinho

de papel
sue conteúdo – enigmático –
está decretado